Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, junho 07, 2007

Snoopy come home.

Black e seu novo amigo contemplam a vida boa que sempre sonharam.

Quando cheguei ontem à Diretoria Social do Clube dos Ridículos, encontrei um envelope mastigado, ainda úmido de baba canina, sobre a mesa. Como o Clube dos Ridículos é o único lugar onde eu posso ser eu mesma, joguei todas as minhas bolsas pro alto, atirei meus celulares pela janela e pus-me a ler a cartinha, escrita em um cachorrês bastante distraído, o que é típico dos Labradores. Resumindo muito, era uma carta do Ilustríssimo Presidente, o peludo Black, explicando que a vida é curta demais pra se jogar fora, e que ele iria aproveitar a sua da melhor forma possível, ou seja, com uma criança de três anos e outros bichos engraçados num quintal, e que portanto precisaria se afastar indefinidamente da presidência do Clube.

Fiquei com aquela carta na mão até a baba secar. Fui ao terraço do prédio e uivei pro horizonte, esperando um uivo de 35 kg como resposta, mas o Black já estava fora da área de cobertura, num reino tão-tão distante, e não respondeu ao meu chamado. Já que estava ali mesmo, contemplei o pôr-do-sol perfeito e só desisti de uivar quando a lua cheia mudou de forma, fazendo uma carinha sorridente pra me animar.

Porque eu sou humana, e os humanos são naturalmente ridículos, a primeira coisa que senti foi saudade: pensei como seria difícil chegar à sede do clube todos os dias e ver aquela mesa, toda roída, vazia. Senti vergonha de mim mesma por não ter ainda desenvolvido o desapego, mas a vergonha cedeu lugar à mentalização altruísta que uma pessoa muito evoluída uma vez me ensinou, e que nada mais é que se imaginar trocando de lugar com o outro. Pois eu troquei de lugar com o Black e fiquei feliz por ele ter feito suas trouxinhas e se mandado prum lugar onde seu único trabalho é brincar o dia inteiro. Às vezes é entediante ser presidente, mesmo quando se trata da presidência do Clube dos Ridículos, porque um presidente tem muitas obrigações chatas, como vocês podem imaginar.

Depois, porque eu gosto de criança, e entre duas pessoas absolutamente iguais aquela que gosta de criança é um ser humano mais leve, comecei a rir, como se estivesse sentindo cosquinha na barriga, e meu riso se abriu numa enorme gargalhada, só de imaginar o Black em seu novo quintal, com seu novo coleguinha humano de três anos, tentando entender porque o cara não sabe latir nem abanar o rabo, coisas que muitos filhotes humanos tentam fazer até se convencer de que infelizmente não são cães, processo que pode durar muitos anos se os pais da criança forem muito legais.

Por último, porque um leitor deste blog escreveu que "jealous of ass is cock", e por isso ele é muito ridículo, a cadeira de presidente do nosso Clube já tem um novo dono: o Joel. E bola pra frente, que atrás vem gente!