Primeiras lembranças
Acho que a primeira lembrança que tenho na vida foi de um churrasco na casa do Tio Carrinho (devia se chamar Carlos). Na verdade, da casa dele, pouco me lembro; a memória que tenho é da casa do cachorro, um pastor alemão bonzinho. Eu fiquei fascinada com a casa do cachorro -- uma casinha de verdade, com teto, porta e tudo --, e passei a tarde toda ali dentro, importunando com o cachorro, comendo de sua comida e bebendo de sua água, claro, como se fosse eu mesma um viralatinha. Devia ter uns três anos. Acho que naquele dia comi Bonzo, mas não tenho certeza porque eu não sabia ler. Sei que passei dias pensando que ser cachorro era a melhor coisa do mundo.
Depois disso, lembro de uma catedral azulada por vitrais turquesa, onde ocorreu batizado de minha irmã, Samantha. Do batizado mesmo, não me lembro xongas, mas lembro como era bom correr e patinar naquele chão de mármore branquinho, especialmente de meia calça.
Ah, sim, me lembro de minha tia Eliana me levando pro primeiro dia de aula do jardim de infância, na SQS 102 de Brasília. Eu estava animadíssima com a animação dela, que era adolescente, e toda adolescente é assim, naturalmente empolgada. Minha empolgação acabou por completo quando ela tentou entregar minha pequena mãozinha à mão de minha professora, que por sua vez tentou me puxar portão adentro (o portão era como uma cercinha de curral separando os pais das crianças, e era toda branca, da altura dos pequenos de 3 anos). Eu pisei firme no portal, agarrei a mão da Djindinha com toda a força e gritei a plenos pulmões, até depletar toda a atmosfera de moléculas de oxigênio. Meu primeiro dia na escola foi um fiascão. Chorei até dormir, e quando dormi a professora me deitou numa esteirinha de palha no chão, como se faz com os bichos. Minha avó achou que eu nunca fosse gostar de escola, mas felizmente disso eu até gostei. O problema é que eu cresci sem gostar de meias verdades. Tornei-me um perigo pra sociedade.
Depois disso, lembro de uma catedral azulada por vitrais turquesa, onde ocorreu batizado de minha irmã, Samantha. Do batizado mesmo, não me lembro xongas, mas lembro como era bom correr e patinar naquele chão de mármore branquinho, especialmente de meia calça.
Ah, sim, me lembro de minha tia Eliana me levando pro primeiro dia de aula do jardim de infância, na SQS 102 de Brasília. Eu estava animadíssima com a animação dela, que era adolescente, e toda adolescente é assim, naturalmente empolgada. Minha empolgação acabou por completo quando ela tentou entregar minha pequena mãozinha à mão de minha professora, que por sua vez tentou me puxar portão adentro (o portão era como uma cercinha de curral separando os pais das crianças, e era toda branca, da altura dos pequenos de 3 anos). Eu pisei firme no portal, agarrei a mão da Djindinha com toda a força e gritei a plenos pulmões, até depletar toda a atmosfera de moléculas de oxigênio. Meu primeiro dia na escola foi um fiascão. Chorei até dormir, e quando dormi a professora me deitou numa esteirinha de palha no chão, como se faz com os bichos. Minha avó achou que eu nunca fosse gostar de escola, mas felizmente disso eu até gostei. O problema é que eu cresci sem gostar de meias verdades. Tornei-me um perigo pra sociedade.
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