Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Câmbio, desligo.

Passei dias atormentada por um pensamento mórbido extremamente persistente: imagino estar num dos aviões do 11 de setembro e, diante da percepção do fim iminente, sinto o impulso de telefonar para alguém. O dilema mórbido é: PARA QUEM EU TELEFONARIA? Depois de muito noves-fora-zero, resolvi a coisa óbvia: ligaria pra minha analista.

- Alô?
- Carmem? Sou eu, Van.

Um dos motivos d'eu ter optado por ligar pra Carmem é que ela sabe que eu nunca telefono, nem mesmo em maré pré-suicida, porque eu tenho a humildade de esperar pela minha vez. Só isto já me pouparia os segundos de ice-breaking que a gente desperdiça em todas as conversas. A Carmem perceberia que o caso é de morte ou morte.

- O que foi? Não vais me dizer que estás pensando em morrer.
- Pensar, eu não estava. Mas rolou, aliás: tá rolando. Uns terroristas tomaram o avião.
- Sei.
- Eu fui má, Carmem?
- Não, foste até boa demais, sobretudo com aquela vaca da tua chefe. Só és má contigo mesma.
- Mas desta vez eu não tenho culpa, né? Só pra que você não duvide do meu humor numa hora dessas, ó: estou até sorrindo!
- Ah, que felicidade quando tomam a culpa da gente!
- Você fala com a minha mãe que eu liguei?
- Se ela ligar, eu falo.
- Ó, tenho que ir. Estou entrando num edifício.

***

A Liana tem razão: o pensamento é uma besta-fera que precisamos adestrar e, em alguns casos extremos, até decorar com lacinhos.