Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, setembro 07, 2008

Mamma Mia, hoje é meu último dia!

Eu passei os últimos dias no maior bode porque minhas férias estavam acabando, além de outros motivos menos relevantes e mais costumeiros para as minhas oscilações de humor. Comi muito chocolate, como o Tom recomendou, mas assim sentia profundamente a falta de alguma coisa mais hardcore que chocolateína. Foi então que o Ken sugeriu que eu aumentasse minha concentração sérica de mammamialina, um neurotransmissor feliz somente encontrado nos cérebros alegres das pessoas que curtem Abba. Então lá fomos nós para o olho do furacão de NYC, o Time Square, comprar nossos ingressos. Eu fiquei maravilhada quando a mocinha dos ingressos me apresentou à box, uma caixinha lateral super fofa que até parece um camarote, com o pequeno porém de oferecer visão parcial do palco, defeito compensado facilmente pelas precinhas marravilhosas. Fechamos negócio na hora.


Um parêntese aqui só pra constar e defender a honra do Ken: ele fez isso por mim, tá? O Ken, como quase todo homem espada que não está em coma desde 1980, não curte Abba. Esse sorriso que vocês estão vendo no rosto dele é falso. Eu sou testemunha de que ele teve pesadelos com as rainhas dançantes na véspera do espetáculo.


Eu queria muito ter tirado fotos sem flash do espetáculo, mas depois que fiz esta, mostrando minha humilde visão parcial do palco, fui abordada por uma mulher grande e larga que tinha a energia calma e assertiva de que o Cesar Millan fala, e foi com essa voz calma e assertiva que ela me mandou guardar a câmera (e eu quase me borrei). Como todo cachorro bonzinho, obedeci com medo de ter a cabeça decepada por uma mordida.

Aí começou a peça, que alegria! Viver no presente, eis a maior lição dos cães pros não-cães. A visão parcial do palco nem atrapalhava tanto, e foi engraçadíssimo ver as letras do Abba contextualizadas numa trama. Tinha horas que eu me quebrava de rir, e porque estávamos num curralzinho anti-VIP, só pro Ken e pra mim, eu podia soltar os braços e fluir na música sem atrapalhar a vovozinha do assento de trás. Mas aí começou a acontecer muita coisa no nosso ponto cego do palco, e quando isso acontecia e todo mundo ria, menos nós dois, eu fui barrando a irritação, fui barrando, até que fiquei exausta (porque não se aborrecer cansa!). A partir do segundo ato, rico em ações no ponto cego, comecei a olhar sem parar pro relógio, me perguntando que horas ia acabar e como diabos eles iam incluir Waterloo naquela história.

Duas horas e meia depois, quando a peça acabou logo depois de Waterloo, que foi apenas um número musical isolado, eu saí do teatro vacinada contra Abba, mas com a sensação importante de dever cumprido. O Ken deu 6 pro espetáculo, eu dei 8,5, e tenho certeza de que Mamma Mia será o próximo Cats e terminará banida de NYC pelos seus residentes, que não agüentam mais esbarrar nos milhares de cartazes do show espalhados pela cidade ou nos turistas, que, ao vê-los, cantam distraidamente: "Mamma mia, here I go again. My my, how can I resist you?"

Ainda bem que eu tive a chance de ver Mamma Mia antes que isso aconteça.