Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, maio 17, 2009

Van'Or tá meio velhinha, mas ainda responde

Quando todos pensavam que a coluna tinha se esgotado por falta de cartas, eis que surge um inusitado correio sentimentalóide na caixa de entrada do vanorresponde arroba gemeio ponto com. Dizia mais ou menos assim:

Querida Vanor,

A gente não se conhece, mas eu te leio há tanto tempo que sinto como se te conhecesse, como se fôssemos amigas de longa data, etc. (Por favor, não me horrorize por isso.) Como temos a mesma idade (só que eu sou cinco anos mais moça) e somos mulheres solteiras no Rio de Janeiro, e me parece que você tem uma certa estrada, ou pelo menos muuuuuito mais estrada do que eu, resolvi te escrever pra ouvir um conselho de alguém mais experiente que não seja minha mãe. Porque minha mãe certamente surtaria se eu contasse pra ela um terço do que vou te contar agora: estou saindo com 3 caras diferentes, e um não sabe do outro. Eu estava levando a coisa na flauta, e coisa e tal, pra aplicar um psicotécnico aqui e ali e cortar os candidatos mais fracos nas eliminatórias, mas esses caras só melhoram com o tempo, então eu não consigo abrir mão de nenhum, pois um deles pode ser o homem da minha vida! O grande problema é que agora eu me vejo super requisitada num sábado, por exemplo, e tenho de dar meu jeito de jantar em Ipanema das sete às dez pra poder encontrar o outro na Gávea das onze às duas e partir pra saideira na Lapa de duas em diante. É uma rotina exaustiva, eu não aguento mais! Por favor, me ajude!

beijos,

Perereca do Brejo


Querida Perereca Ululante,

Antes de tudo, obrigada por dizer que temos a mesma idade e depois me avisar que você é cinco anos mais jovem (ou que sua bunda é cinco anos menos caída, tanto faz). Obrigada também por admirar minha quilometragem e observar que eu sou muito mais rodada que você. Pelo andar da carruagem, amiga, em breve eu estarei pegando conselhos contigo. Então vamos considerar este prólogo uma troca normalíssima de gentilezas semi-pontiagudas entre mulheres e partir pra análise semi-profissional de seu conflito psico-pegadológico.

Você diz que está saindo com três caras diferentes e aparentemente funcionais, e que se desdobra para dar conta dos três até decidir quem vai ficar com Mary. Querida, desapegue-se já! Esta sua ganância indecisa está dificultando a vida de pelo menos duas outras mulheres solteiras que não teriam dificuldade alguma para decidir o que você não consegue. A fila tem que andar, a regra é essa, mas enquanto você se trancar no banheiro por horas só pra retocar o batom, toda a mulherada lá fora vai te odiar; e enquanto você for odiada por todas as mulheres solteiras - e possivelmente por todos os homens que agora se perguntam se a namorada foi mesmo dormir às dez da noite no sábado ou se partiu para outros braços em outra festa -, nada de bom jamais acontecerá pra você. Deus dá, Deus toma!

Você me deu muito pouca informação pra opinar sobre qual seria o azarão ideal pra você. Se você é do tipo que acorda cedo, deve ficar com o carinha do jantar às sete no sábado. É um pouco careta sair às sete em qualquer dia da semana, mas ao mesmo tempo é bastante esperto: nesse horário, você nunca enfrentará filas nos restaurantes desta cidade - exceto se resolver jantar durante o Rio Restaurant Week -, mas é igualmente provável que o chef ainda não tenha chegado na casa e que você tenha de se entupir de couvert até que a comida seja servida depois das nove. Noves fora zero, acho mesmo que o cara das sete é a melhor opção pra você, porque é só aí que encontramos um candidato à sua altura: classudo, esperto, malandrão e que provavelmente sai com outra garota depois que te deixa em casa, às dez. Eu, por exemplo, só saio por volta desse horário. Pano rápido.

Pode deixar que se ele sair comigo, eu te aviso por e-mail.

beijinhos estalados no ar com o veneno escorrendo pelos cantinhos,

sua grande amiga, Van'Or