Quando os avós são uns monstros.
PeuGuto, meu sobrinho, O Cara, recebeu a visita da vó e do vô neste dia das crianças. Quando o neto é único, O Cara manda e os velhos obedecem. E O Cara disse:
- Quero ir no Pé Grande, querendo dizer Playland (um desses parquinhos de fibra de vidro no subsolo do shopping mais perto de você.)
Vovô e vovó com o netinho no AUTORAMA
Dia das crianças. Mil e trezentas crianças por metro quadrado, e todas querendo andar no autorama. Vovó e vovô armam um singelo esquema tático de guerrilha urbana pra favorecer o netinho: quando PeuGuto estiver a dez crianças do início da fila, vovó vai pro final da dita cuja; e quando o netinho sair de sua autoramada campeã (que a platéia aplaude de pé e se admira de ver como aquele pingo de gente pilota, gente!), vovô passa com ele por cima da gentalhada toda e o deposita no início da fila, onde vovó já está a dez crianças da próxima rodada.
Uma mãe, desavisadamente, repara:
- Ué, esse menino vai brincar de novo? Ele não sai daqui não?
Vovó e vovô se entreolham, ficam com os pêlos eriçados, rosnam, babam e gritam impropérios pra mãe distraída. Distraída porque, se ela estivesse prestando atenção, saberia que quem paga o brinquedo e entra na fila tem direito de andar no diabo do autorama quantas vezes o neto quiser. E só não disseram mais porque o menino não tem idade suficiente pra ouvir o tipo de palavrão cabeludo que essa raça de mocréia despreparada merece ouvir.
Quando vovó e vovô chegam tarde demais pra evitar o pior
PeuGuto resolve entrar num daqueles brinquedos angustiantes, cheios de túneis e pontes que tiram o contato visual dos avós com o neto por algumas frações de segundo. Entre um túnel e outro, vovô percebe a iminência do perigo: dois irmãozinhos cercam PeuGuto de forma ameaçadora. Parece que desta vez O Cara levará a pior, mas vovô nada pode fazer atrás das grades que cercam o brinquedo angustiante, senão aguardar. Ouve-se um choro de criança. De uma criança qualquer, então foda-se. PeuGuto sai do túnel carregado pela multidão, maravilhada com sua vitória sobre o garoto grandão. Até agora não se sabe o que foi que aconteceu nem com que dedo PeuGuto furou o olho do outro menino, mas podem ter certeza: o avô d'O Cara teria feito pior. Melhor que tenha sido assim: criança contra criança. Bater na criança dos outros é muito estressante, mas se for pra defender os nossos, a gente bate.
- Quero ir no Pé Grande, querendo dizer Playland (um desses parquinhos de fibra de vidro no subsolo do shopping mais perto de você.)
Vovô e vovó com o netinho no AUTORAMA
Dia das crianças. Mil e trezentas crianças por metro quadrado, e todas querendo andar no autorama. Vovó e vovô armam um singelo esquema tático de guerrilha urbana pra favorecer o netinho: quando PeuGuto estiver a dez crianças do início da fila, vovó vai pro final da dita cuja; e quando o netinho sair de sua autoramada campeã (que a platéia aplaude de pé e se admira de ver como aquele pingo de gente pilota, gente!), vovô passa com ele por cima da gentalhada toda e o deposita no início da fila, onde vovó já está a dez crianças da próxima rodada.
Uma mãe, desavisadamente, repara:
- Ué, esse menino vai brincar de novo? Ele não sai daqui não?
Vovó e vovô se entreolham, ficam com os pêlos eriçados, rosnam, babam e gritam impropérios pra mãe distraída. Distraída porque, se ela estivesse prestando atenção, saberia que quem paga o brinquedo e entra na fila tem direito de andar no diabo do autorama quantas vezes o neto quiser. E só não disseram mais porque o menino não tem idade suficiente pra ouvir o tipo de palavrão cabeludo que essa raça de mocréia despreparada merece ouvir.
Quando vovó e vovô chegam tarde demais pra evitar o pior
PeuGuto resolve entrar num daqueles brinquedos angustiantes, cheios de túneis e pontes que tiram o contato visual dos avós com o neto por algumas frações de segundo. Entre um túnel e outro, vovô percebe a iminência do perigo: dois irmãozinhos cercam PeuGuto de forma ameaçadora. Parece que desta vez O Cara levará a pior, mas vovô nada pode fazer atrás das grades que cercam o brinquedo angustiante, senão aguardar. Ouve-se um choro de criança. De uma criança qualquer, então foda-se. PeuGuto sai do túnel carregado pela multidão, maravilhada com sua vitória sobre o garoto grandão. Até agora não se sabe o que foi que aconteceu nem com que dedo PeuGuto furou o olho do outro menino, mas podem ter certeza: o avô d'O Cara teria feito pior. Melhor que tenha sido assim: criança contra criança. Bater na criança dos outros é muito estressante, mas se for pra defender os nossos, a gente bate.
Jamais duvidem que famiglia é máfia.
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