Quebrando tabus
Um post da Maria Paula* me fez perceber que as mulheres perderam a vergonha de entrar em sex shop. Antigamente, pra ir a uma loja dessas, era necessário vestir sobretudo, chapéu, pôr bigode postiço e torcer pra não ser vista. Confesso que eu mesma, se quisesse ir a uma sex shop, sentava na lanchonete ao lado, fazia um brunch interminável, lia todo o jornal, me espreguiçava e, duas horas depois, olhava pra loja que eu queria ir desde o início, com cara de "Ué, que lugar estranho será este?" e entrava, simulando mera curiosidade sócio-antropológica.
Entrar numa dessas sex shops da idade da pedra, com suas vitrines pretas, ar viciado e neon a la bordel, me dava a sensação tenebrosa de estar penetrando (com trocadilho, por favor) um submundo sinistríssimo ou adentrando a ante-sala do inferninho. Se eu encontrasse um homem atendendo no balcão, então, me limitava a ver etiquetas de preço e não encontrava a coragem necessária para pedir pra ver a nova camisinha feminina ou outras coisas de que as revistas femininas ou Sex and the City falam. Não me considero tímida, mas num ambiente lúgubre daqueles, tudo o que eu menos queria era iniciar uma conversa casual sobre sexo com gente estranha em festa esquisita. Pode ser um defeito de fabricação meu, mas sexo pra mim não é roxo, preto e nem vermelho: é branco, azul, fresquinho e arejado, de forma que eu não me sentia nada à vontade naquelas cavernas com clima de punheteria de auto-mecânica.
Hoje, como a Mary bem lembrou, há lojas lindas de apetrechos sexuais pensadas para a mulher. Nelas, tudo é rosa e lilás, da logo à vitrine, o ambiente é arejado e perfumado, e as atendentes são mocinhas bonitas e saudáveis, recém saídas da puberdade, que poderiam perfeitamente ser vendedoras da Cantão ou da Ecletic. Dá gosto de ver! Se você porventura tiver dúvida sobre o funcionamento do rabbit com pérolas metálicas, elas vão descrever em detalhes (porque está cientificamente provado, por algum americano desocupado, que mulheres falam cinco vezes mais que os homens, por isso dão tantos detalhes) como usar o brinquedinho; e ainda vão explicar como ele fica muito melhor com o gel mentolado que solta fogos de artíficio em contato com a pele, e como você pode associar o rabbit, o gel e o namorado ao mesmo tempo sem contraindicações ou risco de contorções. Como as atendentes são treinadas para simular sua melhor amiga, elas vão dizer que já fizeram tudo isso com o rabbit, o gel, o estimulante, o vibrador e as bolas de pompoarismo e que a-ma-ram. E que o sexo anal pra elas nunca mais foi uma coisa dolorosa, e vão dar relatos pessoais extraídos de algum manual de treinamento razoavelmente bem escrito, por quase convincente que é.
Entrar numa dessas sex shops da idade da pedra, com suas vitrines pretas, ar viciado e neon a la bordel, me dava a sensação tenebrosa de estar penetrando (com trocadilho, por favor) um submundo sinistríssimo ou adentrando a ante-sala do inferninho. Se eu encontrasse um homem atendendo no balcão, então, me limitava a ver etiquetas de preço e não encontrava a coragem necessária para pedir pra ver a nova camisinha feminina ou outras coisas de que as revistas femininas ou Sex and the City falam. Não me considero tímida, mas num ambiente lúgubre daqueles, tudo o que eu menos queria era iniciar uma conversa casual sobre sexo com gente estranha em festa esquisita. Pode ser um defeito de fabricação meu, mas sexo pra mim não é roxo, preto e nem vermelho: é branco, azul, fresquinho e arejado, de forma que eu não me sentia nada à vontade naquelas cavernas com clima de punheteria de auto-mecânica.
Hoje, como a Mary bem lembrou, há lojas lindas de apetrechos sexuais pensadas para a mulher. Nelas, tudo é rosa e lilás, da logo à vitrine, o ambiente é arejado e perfumado, e as atendentes são mocinhas bonitas e saudáveis, recém saídas da puberdade, que poderiam perfeitamente ser vendedoras da Cantão ou da Ecletic. Dá gosto de ver! Se você porventura tiver dúvida sobre o funcionamento do rabbit com pérolas metálicas, elas vão descrever em detalhes (porque está cientificamente provado, por algum americano desocupado, que mulheres falam cinco vezes mais que os homens, por isso dão tantos detalhes) como usar o brinquedinho; e ainda vão explicar como ele fica muito melhor com o gel mentolado que solta fogos de artíficio em contato com a pele, e como você pode associar o rabbit, o gel e o namorado ao mesmo tempo sem contraindicações ou risco de contorções. Como as atendentes são treinadas para simular sua melhor amiga, elas vão dizer que já fizeram tudo isso com o rabbit, o gel, o estimulante, o vibrador e as bolas de pompoarismo e que a-ma-ram. E que o sexo anal pra elas nunca mais foi uma coisa dolorosa, e vão dar relatos pessoais extraídos de algum manual de treinamento razoavelmente bem escrito, por quase convincente que é.
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Tenho uma grande amiga que diz que toda mulher, hetero ou homo, solteira ou não, deve ter um vibrador pra chamar de seu. Hoje, com toda essa facilidade das lojas de apetrechos sexuais women-friendly, só não tem seu personal brinquedinho quem não quer. Este, espero, é mais um tabu que caiu por terra.
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* O blog da Mary fica em http://www.segredinhosecretinhos.blogspot.com. Não consegui linkar porque há mais entre o Blogger e a terra do que supõe nossa fã filosofia.
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