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Dou o maior valor ao Durango Kid e não quero que pareça aqui que lhe estou cobiçando o emprego, mas resolvi fazer uma lista, pra minha própria clareza mental, de programas gratuitos (ou quase) para pessoas duras e orgulhosas demais pra pleitear bolsa-esmola ou um vale-pobre-cultural:
1. Praia. Pra evitar cair no golpe do coco gelado e do queijo coalho, os duros devem sempre levar de casa: um sanduíche de queijo (sem molhos ou saladinha, que estragam em questão de segundos sob o sol); uma garrafa de litro e meio de mate caseiro (Leão é só pra quem pode) e outra de água, ambas congeladas pra guardarem o frescor ártico sem o mico do isopor. Duro que é duro mesmo, economiza os quatro reais do ônibus, vai à praia de bicicleta e "estaciona" o veículo na areia, que mesmo com cinco cadeados não dá pra dar mole pra mané.
2. Teatro nas salas da prefeitura. Ingressos no último domingo de cada mês são vendidos a preços simbólicos, subsidiados -- olha que maravilha! -- pelo próprio suor dos artistas. O valor dos ingressos ainda pode cair à metade se você, como toda a torcida do Vasco (ô, gente sem coração!), apresentar uma carteirinha falsa de estudante de Engenharia de Produção da UFRJ. A minha já venceu, mas durango que é durango não tem dinheiro nem pra reimprimir uma carteira falsa (e atribui a não-"renovação" do vale-meia a valores morais elevadíssimos).
3. Museu de Arte Contemporânea, Niterói. Dá pra andar das barcas ao MAC: o trajeto todo oferece uma vista linda pro Rio, o que é o pretexto ideal pra se economizar dois reais por trecho. Às quartas, a entrada no museu é gratuita. Além de ser o edifício mais incrível do planeta, do arquiteto mais ídem, tem sempre uma exposição bacana por lá.
4. Todos os museus do Rio também tem seu dia "digrátis". Durango que é durango, vê de graça todas as exposições da cidade e acha ridículo, mané e inculto quem perdeu, por exemplo, O Aleijadinho do CCBB. O tema "exposição" é ótimo pra mudar de assunto quando alguém começa a falar sobre uma peça que está em cartaz num teatro ricaço-friendly, do tipo que cobra 50 pratas na meia, só porque hoje em dia toda a torcida do Vasco (ô, gente pérfida!) é estudante falso de engenharia de produção da UFRJ, com carteirinha carimbada e tudo.
5. Roda de capoeira. É onde os duros sarados e suados se aglomeram. Procure a roda de capoeira mais próxima de você e: a) aprenda a bater palmas, tocar pandeiro e berimbau de graça (há cursos que cobram os olhos da minha cara pra isso e, mesmo com o melhor dos professores, estatísticas americanas seriíssimas revelam que um terço das pessoas jamais aprende); b) ganhe uma barriguinha tanque em sete cordéis (o tempo pra se chegar ao sétimo é bastante subjetivo); c) case com um suíço, sueco ou alemão (duro e/ou estudante e/ou antropólogo e/ou sociólogo) em um ou dois cordéis e, de brinde, ganhe uma cidadania européia pra ser fodido num lugar mais chique e mais distante do olhar crítico dos seus pais e amigos de infância. Geralmente, nesses reinos tão-tão distantes, se você souber cantar e tocar qualquer música do Roberto Carlos, você também é rei. Convém, contudo, jamais traduzir a letra.
6. Jantar na casa dos pais. Por pior que seja a ocasião, por mais banal que seja a conversa, terá sempre cerveja, vinho e comida de graça. O vale-tique agradece a poupança.
7. Festa na casa de amigos. Se a cerveja for compulsória, passe no Mundial e compre seis latas de qualquer marca a oito reais. No meio de duzentas latas de Skol, ninguém vai perceber que foi você que levou Kaiser ou Bavária. Se não for obrigatório levar algum come ou bebe, leve apenas a sua cara-de-pau e mostre o quão feliz você está por estar na presença de gente tão ilustre e generosa. Beije os pés do anfitrião e chore de emoção, se você estiver muito na m*e-rda: vai te fazer bem.
8. Corrida de rua. Dispensa academia de ginástica, emagrece e, se você for geneticamente selecionado, obstinado e desesperado, ainda pode render algum prêmio. Morra tentando: o pior que pode te acontecer é... morrer. Mas as despesas do enterro não serão suas, fique tranqüilo.
9. Trampo. Arrume um frila pra te ocupar enquanto o resto dos teus amigos gasta tudo, até a última ponta. Quando reclamarem que você sumiu, faça um sorriso enigmático, levante apenas uma sobrancelha e diga que "o sinhozinho tá te dando no couro legal". Eles nunca saberão ao certo se isso quer dizer que você está trabalhando ou trepando mais do que um ser humano normal suportaria num dia de 24h. E você ainda pode tirar uma onda de mistério se não abrir a matraca pra dizer que é um trabalho chato pra cac*eta, mas fazer o quê, é isso ou isso mesmo, bla bla bla, aquela chatice de sempre.
10. Seja ridículo. É gostoso, leve, engraçado e não custa nada. E quando a gente dá de ser ridículo, até o Labrador preto da sua amiga pode te render boas gargalhadas durante uma luta corporal pela última gota d'água mineral duma garrafa que estava na geladeira há decênios. Eventualmente, deixe o labrador ganhar a luta: afinal, ele não só é mais ridículo que você, como também é infantil. Como todo cachorro.
1. Praia. Pra evitar cair no golpe do coco gelado e do queijo coalho, os duros devem sempre levar de casa: um sanduíche de queijo (sem molhos ou saladinha, que estragam em questão de segundos sob o sol); uma garrafa de litro e meio de mate caseiro (Leão é só pra quem pode) e outra de água, ambas congeladas pra guardarem o frescor ártico sem o mico do isopor. Duro que é duro mesmo, economiza os quatro reais do ônibus, vai à praia de bicicleta e "estaciona" o veículo na areia, que mesmo com cinco cadeados não dá pra dar mole pra mané.
2. Teatro nas salas da prefeitura. Ingressos no último domingo de cada mês são vendidos a preços simbólicos, subsidiados -- olha que maravilha! -- pelo próprio suor dos artistas. O valor dos ingressos ainda pode cair à metade se você, como toda a torcida do Vasco (ô, gente sem coração!), apresentar uma carteirinha falsa de estudante de Engenharia de Produção da UFRJ. A minha já venceu, mas durango que é durango não tem dinheiro nem pra reimprimir uma carteira falsa (e atribui a não-"renovação" do vale-meia a valores morais elevadíssimos).
3. Museu de Arte Contemporânea, Niterói. Dá pra andar das barcas ao MAC: o trajeto todo oferece uma vista linda pro Rio, o que é o pretexto ideal pra se economizar dois reais por trecho. Às quartas, a entrada no museu é gratuita. Além de ser o edifício mais incrível do planeta, do arquiteto mais ídem, tem sempre uma exposição bacana por lá.
4. Todos os museus do Rio também tem seu dia "digrátis". Durango que é durango, vê de graça todas as exposições da cidade e acha ridículo, mané e inculto quem perdeu, por exemplo, O Aleijadinho do CCBB. O tema "exposição" é ótimo pra mudar de assunto quando alguém começa a falar sobre uma peça que está em cartaz num teatro ricaço-friendly, do tipo que cobra 50 pratas na meia, só porque hoje em dia toda a torcida do Vasco (ô, gente pérfida!) é estudante falso de engenharia de produção da UFRJ, com carteirinha carimbada e tudo.
5. Roda de capoeira. É onde os duros sarados e suados se aglomeram. Procure a roda de capoeira mais próxima de você e: a) aprenda a bater palmas, tocar pandeiro e berimbau de graça (há cursos que cobram os olhos da minha cara pra isso e, mesmo com o melhor dos professores, estatísticas americanas seriíssimas revelam que um terço das pessoas jamais aprende); b) ganhe uma barriguinha tanque em sete cordéis (o tempo pra se chegar ao sétimo é bastante subjetivo); c) case com um suíço, sueco ou alemão (duro e/ou estudante e/ou antropólogo e/ou sociólogo) em um ou dois cordéis e, de brinde, ganhe uma cidadania européia pra ser fodido num lugar mais chique e mais distante do olhar crítico dos seus pais e amigos de infância. Geralmente, nesses reinos tão-tão distantes, se você souber cantar e tocar qualquer música do Roberto Carlos, você também é rei. Convém, contudo, jamais traduzir a letra.
6. Jantar na casa dos pais. Por pior que seja a ocasião, por mais banal que seja a conversa, terá sempre cerveja, vinho e comida de graça. O vale-tique agradece a poupança.
7. Festa na casa de amigos. Se a cerveja for compulsória, passe no Mundial e compre seis latas de qualquer marca a oito reais. No meio de duzentas latas de Skol, ninguém vai perceber que foi você que levou Kaiser ou Bavária. Se não for obrigatório levar algum come ou bebe, leve apenas a sua cara-de-pau e mostre o quão feliz você está por estar na presença de gente tão ilustre e generosa. Beije os pés do anfitrião e chore de emoção, se você estiver muito na m*e-rda: vai te fazer bem.
8. Corrida de rua. Dispensa academia de ginástica, emagrece e, se você for geneticamente selecionado, obstinado e desesperado, ainda pode render algum prêmio. Morra tentando: o pior que pode te acontecer é... morrer. Mas as despesas do enterro não serão suas, fique tranqüilo.
9. Trampo. Arrume um frila pra te ocupar enquanto o resto dos teus amigos gasta tudo, até a última ponta. Quando reclamarem que você sumiu, faça um sorriso enigmático, levante apenas uma sobrancelha e diga que "o sinhozinho tá te dando no couro legal". Eles nunca saberão ao certo se isso quer dizer que você está trabalhando ou trepando mais do que um ser humano normal suportaria num dia de 24h. E você ainda pode tirar uma onda de mistério se não abrir a matraca pra dizer que é um trabalho chato pra cac*eta, mas fazer o quê, é isso ou isso mesmo, bla bla bla, aquela chatice de sempre.
10. Seja ridículo. É gostoso, leve, engraçado e não custa nada. E quando a gente dá de ser ridículo, até o Labrador preto da sua amiga pode te render boas gargalhadas durante uma luta corporal pela última gota d'água mineral duma garrafa que estava na geladeira há decênios. Eventualmente, deixe o labrador ganhar a luta: afinal, ele não só é mais ridículo que você, como também é infantil. Como todo cachorro.
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