Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, outubro 14, 2007

Grávida como os amores

Estou me sentindo tão grávida quanto a Marina, aquela ex-cantora Lima (uma pena!), por causa de dois filhotes que têm alguma coisa do meu DNA e estão por aí, dando seus primeiros passinhos: a peça "O Conselheiro -- uma comédia mau humorada" e o livro de contos compilados pelo Galpão, "Pequenos Milagres e Outras Histórias", onde há um continho meu.


Assisti hoje "Olga", o filme, e de todas as coisas tocantes na história, a que mais me tocou foi a transformação que a maternidade operou na mente e no coração daquela idealista, daquela guerrilheira, daquela mulher que passou a maior parte da vida achando que o amor era coisa para fracos. E eis que de repente, em meio a este meu momento Olga, em que eu cheguei a ter convicção absoluta de que o amor poderia me afastar de meus objetivos, tal qual uma Bonequinha de Luxo num café da manhã na Tiffany's -- não que eu queira comparar uma mulher digna como a Olga Benário a uma Bruna Surfistinha qualquer --, comecei a duvidar que este caminho, o da racionalidade, leve a algum lugar. Não adiantar blindar o coração e achar que a partir daí é só cumprir etapas de um plano. O coração é um órgão traiçoeiro, e em algum momento ele irá bater mais forte, em ritmo de carnaval, e por mais que tapemos nossos ouvidos à tentação da folia, acabaremos por mudar de rumo e ir na direção do que realmente importa.


É piegas, eu sei, mas os filhos nos deixam amolecidos assim. Agora, o que eu mais quero é parir que nem uma porca, quero povoar o mundo com tantas crias, mas tantas e tantas, a ponto de fazer os cientistas considerarem seriamente que talvez realmente exista, sim, algo como a geração espontânea. Quero ter dez, cem, trezentos mil ou cinquenta milhões de filhos, e vou amamentar a todos, ficar idiota com todos e aí, quando um dia a morte ousar me buscar, eu poderei dizer: minha vida valeu a pena, porque o verbo que elegi foi "amar". Ou melhor: meu verbo é "ser", mas não simplesmente "ser", e sim "ser mãe".Ainda que duma peça, dum conto num livro de capa e papel, dum blog, dum post, dum cartão de Natal. Em todas essas coisas que eu escrevo, está meu código genético, e eu quero transformá-lo num vírus mutante capaz de mudar o mundo, mesmo que eu não esteja aqui pra ver. Quem precisa de olhos, quando se tem filhos!