Uma má e uma boa notícia do mundo animal
Se você tem o estômago fraco, pule logo pra boa notícia, após a figura abaixo.
Os últimos dois dias foram um longo e tenebroso inverno para mim. Tudo começou porque eu abri um filme intitulado china_do.wvm que uma amiga veterinária me mandou por email. Como ela só me manda emails de trabalho e uma coisa fofa ou outra (eu geralmente não abro as coisas fofas porque elas chegam repetidas às dezenas: da primeira vez é fofo, na segunda é a-nã, na terceira é um saco e na quarta eu marco como spam). Então, achando que era algo normal e cotidiano, eu assisti a uma parte do filme do PETA sobre o massacre de cães e gatos na China. Não cheguei ao segundo minuto do vídeo, porque quando vi caixas de arame hiperlotadas de cães e gatos sendo arremessadas de uma altura de 3 metros, algo em mim se partiu pra sempre, adoeceu minha alma e nada do que eu fizesse, falasse ou ouvisse conseguia me fazer esquecer daquelas imagens atrozes.
Porque uma imagem toca tanto a gente, eu não sei. Tenho um amigo que não consegue ver (sem adoecer) aquela foto ganhadora do Pulitzer em que um bebê africano desnutrido aguarda a morte ao lado de um abutre. O autor dessa foto acabou se suicidando, pois ele mesmo ficou torturado pra sempre pelas imagens que registrou naquela ocasião. Nunca achei que isto fosse ocorrer comigo - afinal, é possível manter uma distância racional das coisas que vemos - até ver o filme do massacre de cães e gatos na China. Eu só conseguia pensar: "Por que me colocaram nessas gaiolas? Por que me empilharam nesses caminhões? Por que me jogaram dessa altura, fraturando meus ossos e lacerando minha carne contra o metal inflexível? Por que me mataram, afinal?" Enfim, perdi essa salutar noção de distância entre as vítimas e eu mesma.
Quando parei de chorar, falei com meu pai a respeito, porque ele é um dos maiores humanistas que conheço, e também o mais cínico. Perguntei o que eu deveria fazer para me ressuscitar dos mortos, pra sair daquela gaiola, pra evitar minha própria morte: devo odiar os chineses, devo boicotar a China? Ele receitou o contrário. Disse que é bom que o mundo abrace lugares onde esse tipo de atrocidade ainda existe, pois comportamentos como este denotam falta de civilidade, e se há alguma vantagem na globalização esta deve ser a padronização e a vigilância sobre o que é considerado civilizado ou não.
Falei sobre esse vídeo com a Ana Yates, a defensora dos animais mais atuante que eu conheço, e ela me disse que ele já circula na internet há anos, e que muitos manifestos de repúdio já foram feitos contra a política de extermínio de pequenos animais no país. O governo alega controle da raiva, mas há denúncias de que os chineses vendem e exportam a pele dos animais abatidos. Lembro de rumores sobre a venda de gatinhos de pelúcia, feitos com pele de gato, pelos camelôs da cidade. Ainda estou apurando fatos para estudar uma forma eficaz de protesto, portanto se alguém tiver alguma informação de fonte idônea sobre este tema, por favor escreva para vanorresponde@gmail.com.
Enquanto tentava descobrir o que há por trás das imagens que mudaram meu olhar sobre o mundo, li uma notícia no Globo de ontem que funcionou como bálsamo para a minha alma:
Patrick De Meauntroux, um jovem delinqüente de 18 anos, foi multado em R$2mil pelo IBAMA por ter fraturado seu poodle Bob há 2 dias, com chutes e pontapés. O agressor escapou de ser linchado por pessoas que testemunharam a covardia, mas não escapará da denúncia do MP, e terá de responder por crime ambiental com base no artigo 32 da lei 9605. Estou encantada com a rapidez do IBAMA neste caso, e é importante que se espalhe aos quatro ventos o que pode acontecer com um molestador de animais. Minha experiência com animais ensina que o reforço positivo é sempre mais eficiente do que o negativo, portanto este é o momento de fazer o IBAMA saber o quanto apreciamos a punição de um agressor dos animais e do meio ambiente.
Tenho a impressão de que se as autoridades fossem eficazes na conteção de molestadores de animais, haveria menos assassinos, estupradores e outras sortes de molestadores de gente à solta. O respeito ao próximo começa dentro de casa e com as criaturas sujeitas aos nossos caprichos.
Tenho a impressão de que se as autoridades fossem eficazes na conteção de molestadores de animais, haveria menos assassinos, estupradores e outras sortes de molestadores de gente à solta. O respeito ao próximo começa dentro de casa e com as criaturas sujeitas aos nossos caprichos.
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