Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Como começar uma carta afetadinha.

Estava eu aqui quase chorando de saudades, revirando fatos e fotos do passado, quando comecei a reler cartas que andei trocando com um amigo super querido, cuja identidade vou preservar para poder revelar detalhes de nossa intimidade postal, e voltei a me alegrar. Temos por hábito começar nossas cartas hiperbolicamente assim:

"Meu querido amore, meu miracolo do véio papa, meu ursito de pelâme e a metade que mais falta me faz: por que você não respondeu minhas últimas mensagens? Será que eu deixei de ser a mulher de sua vida, embora eu seja a única mulher em sua vida?"


E aí ele responde com a desculpa mais estapafúrdia:

"Minha musa amada, minha deusa celestial, minha estrela brilhante que outrora foi uma florzinha carente.... Eu não respondi porque estou aqui com um baita torcicolo e puto com assuntos de trabalho: descobri que um funcionário meu andou dando em cima de uma cliente! (...) Catzo! Eu só sei escolher as pessoas erradas!"


Aí eu revido:

"Meu docinho de coco, meu bombom de cupuaçu, meu pastelzinho de belém, meu Bailey's Irish Cream com um pouquinho de café: para mim, você não só é o guru da gestão empresarial, como o papa na Piazza de San Pietro num domingo de sol; você é luz, é raio, estrela e luar. Você é Rufus, Justus, Trump, meu ia-iá e meu iô-iô. Você é sim, e nunca meu não!, de forma que eu não consigo crer em meus olhos quando você diz que não sabe escolher as pessoas. Como assim? E eu?!?"
***

Gente, um conselho: as pessoas hoje em dia são muito ocupadas. Elas têm o coração duro, não se comovem com pouco. Se for pra começar uma carta do jeitinho apático de sempre, melhor nem perder tempo escrevendo. Se escrever, exagere; se não quiser exagerar, não escreva.