Isca de tubarão
Minha irmã caçula sempre contou comigo no advento das maiores merdas: briga na escola, briga na rua, ralação de joelhos, roubo de picolés, quedas do pé de ingá, etc. Agora, uma vida adulta depois, as merdas são mais existenciais e menos passíveis de resolução no grito ou no tapa. Ontem ela me escreveu pedindo socorro pros cães e gatos usados como isca de tubarão num território sob domínio francês na África.
Isca de tubarão?!? Sim, isca de tubarão: os pescadores fisgam um beiço e uma perna com um anzol duplo enorme, jogam o peludo al mare e esperam os tubarões fisgarem. Filhotes de cães e gatos são os preferidos porque se debatem mais.
O motivo de eu não estar linkando aqui nenhuma página de notícia com fotos e filmes sobre o assunto é que eu tenho compaixão pelas pessoas que não passaram um mês de férias, como eu, e portanto não têm a menor condição emocional de enfrentar uma imagem ou texto mais detalhado sobre o assunto. E acreditem: há muitos detalhes sórdidos sobre o assunto que eu nem de perto risquei no parágrafo acima!
Mas eu, que tantas vezes já passei por essa profunda decepção com o ser humano toda vez que me surpreendo com as crueldades de que somos (sim: mesma espécie!) capazes, também acredito, como o Paul McCartney, que há o bem e o mal em todos nós; e que se ao homem forem dadas as mínimas condições de vida digna (artigo primeiro da constituição universal), há mais chances de o lado bom atonar e do ruim minguar. Não sou a única que pensa assim. Os humanistas, de forma geral, pensam assim. Não é boicotando, de forma hipócrita, a África ou a Ásia inteiras que a gente vai interromper essa rotina de crueldades contra os animais. O PETA, por exemplo, tem mania disso: se eles descobrissem que uns universitários, nossa elite cultural, amarraram e arrastaram num carro, pela cidade, uma cadela prenha até que ela virasse um resquício triste de pêlos numa corda, seriam capazes de propôr um boicote ao Brasil inteiro, com bandeiras verde-amarelas sendo queimadas em praça pública em algum lugar onde neva, do outro lado do globo. Talvez até tenham feito isso na Suécia, por exemplo, e a gente nunca ficou sabendo. Nem os tablóides valorizam essas maluquices inócuas do ódio. Esse tipo de ativismo terrorista odioso nunca mudou o comportamento das pessoas.
Vocês podem estar se perguntando o que eu fiz pra evitar que filhotes de labradores parem na goela de tubarões: fiz tudo o que podia fazer: praticamente nada. Procurei a petição com mais chances de chegar ao governo francês (a da RPSCA estava encerrada) e assinei. No mais, anotei na minha lista de prioridades eternas: fazer do meu trabalho uma ferramenta para a construção de um mundo mais justo.
Eu sei que o efeito disso vai demorar algumas vidas até chegar à costa africana, mas se eu tirar uma criatura inocente da boca de um tubarão aqui mesmo, onde moro, eu posso considerar que minha vida valeu a pena.
Isca de tubarão?!? Sim, isca de tubarão: os pescadores fisgam um beiço e uma perna com um anzol duplo enorme, jogam o peludo al mare e esperam os tubarões fisgarem. Filhotes de cães e gatos são os preferidos porque se debatem mais.
O motivo de eu não estar linkando aqui nenhuma página de notícia com fotos e filmes sobre o assunto é que eu tenho compaixão pelas pessoas que não passaram um mês de férias, como eu, e portanto não têm a menor condição emocional de enfrentar uma imagem ou texto mais detalhado sobre o assunto. E acreditem: há muitos detalhes sórdidos sobre o assunto que eu nem de perto risquei no parágrafo acima!
Mas eu, que tantas vezes já passei por essa profunda decepção com o ser humano toda vez que me surpreendo com as crueldades de que somos (sim: mesma espécie!) capazes, também acredito, como o Paul McCartney, que há o bem e o mal em todos nós; e que se ao homem forem dadas as mínimas condições de vida digna (artigo primeiro da constituição universal), há mais chances de o lado bom atonar e do ruim minguar. Não sou a única que pensa assim. Os humanistas, de forma geral, pensam assim. Não é boicotando, de forma hipócrita, a África ou a Ásia inteiras que a gente vai interromper essa rotina de crueldades contra os animais. O PETA, por exemplo, tem mania disso: se eles descobrissem que uns universitários, nossa elite cultural, amarraram e arrastaram num carro, pela cidade, uma cadela prenha até que ela virasse um resquício triste de pêlos numa corda, seriam capazes de propôr um boicote ao Brasil inteiro, com bandeiras verde-amarelas sendo queimadas em praça pública em algum lugar onde neva, do outro lado do globo. Talvez até tenham feito isso na Suécia, por exemplo, e a gente nunca ficou sabendo. Nem os tablóides valorizam essas maluquices inócuas do ódio. Esse tipo de ativismo terrorista odioso nunca mudou o comportamento das pessoas.
Vocês podem estar se perguntando o que eu fiz pra evitar que filhotes de labradores parem na goela de tubarões: fiz tudo o que podia fazer: praticamente nada. Procurei a petição com mais chances de chegar ao governo francês (a da RPSCA estava encerrada) e assinei. No mais, anotei na minha lista de prioridades eternas: fazer do meu trabalho uma ferramenta para a construção de um mundo mais justo.
Eu sei que o efeito disso vai demorar algumas vidas até chegar à costa africana, mas se eu tirar uma criatura inocente da boca de um tubarão aqui mesmo, onde moro, eu posso considerar que minha vida valeu a pena.
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