Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, novembro 27, 2008

É o fim.

Hoje o William Bonner saiu dos estúdios do Jornal Nacional pra transmitir a tragédia das águas em Santa Catarina ao vivo. Há dias que essa catástrofe tem me mobilizado (e, cá pra nós, me deixou com uma super bad impression de Deus, sinceramente), mas quando o Bonner foi pra lá, deixando a Fátima Bernardes sozinha no Rio, com os trigêmeos e os atentados terroristas na Índia, eu senti que a coisa era séria. É séria, sim, galera: o mundo está acabando.

Outro preságio: minha vizinha se mudou. Tudo bem ela se mudar, as pessoas se mudam, mas ela se mudou sem nem bater na nossa porta pra devolver a xícara de açúcar que pediu emprestado em 1989. Nem pra dizer "ó, vizinhança, tô indo, falô?". Nem pra dar uma satisfação. As pessoas se fecharam, se mudaram, se casaram e nem sequer tiveram a decência de mandar lembranças pra quem ficou. Onde está a Socila, minha gente? Onde estão a etiqueta francesa e a Glorinha Khalil numa hora dessas? O mundo, definitivamente, desceu do salto.

E por último, mas justamente por ser o mais importante, meu sobrinho comunicou hoje à sua vó, minha mãe, que sua coleguinha da escola fez uma merda lá qualquer no jogo de futebol e, por causa disso, ele chutou o chão (em vez da bola) e ficou com a unha do dedão roxa. Ou seja, sua unha do dedão, que o acompanha há longos 6 anos, deu um suspiro derradeiro e ameaça nos abandonar a todos, ensinando a uma criança inocente a mais dura lição da morte e desapego. A avó revoltada, óbvio, se manifestou: "MAS QUE COLEGUINHA DESGRAÇADA, HEIM! VAMOS NOS VINGAR?" E meu sobrinho, lógico, porque ele é O Cara, e porque Ele nasceu sabendo (porque algumas pessoas simplesmente são, ao passo que outras tentam ser), disse: "Não, vovó, que vingar que nada: ela é minha amiga e ela errou, mas ainda assim eu gosto muito dela."

A gente sabe que o mundo está acabando quando um menino de 6 anos prova ter inteligência emocional superior à de sua avó, alguns anos mais velha.

Enfim, preparem-se: daqui pra frente, é só ladeira abaixo. Eu sei que o pessimismo é minha praxe, mas com tanto preságio, a gente tem mais é que se cuidar: capacete, cotoveleira, armadura, camisinha, e isso tudo só pra ver o tempo na janela. A maré não tá pra peixe.