Como iniciei minha carreira no teatro infantil
Como já andei dizendo por aqui, minha mãe quis montar uma pecinha teatral para a festa de 6 anos de meu sobrinho, em agosto. Apesar de termos recebido todos os sinais de que seríamos um total fracasso de público e crítica, pois não somos pessoas de teatro nem nunca fizemos qualquer trabalho de corpo e voz, minha determinada mamma tocou o projeto, fez figurinos e cenários com meu pai e, no dia 2 de agosto de 2008, fizemos nosso début no teatro infantil.
Confesso que engrossei o coro dos pessimistas e dirigi-me ao palco como quem dá-se ao carrasco. Houve um determinado momento, na fase ensaiatória, em que até meu infante sobrinho, o maior beneficiário de todo nosso esforço, tentou convencer sua avó de desistir, dizendo que seus amiguinhos não curtem teatro tanto assim. Minha mãe parecia refratária a todo tipo de obstáculo e manteve-se firme e forte na tarefa de adaptar o texto original diariamente, não só para que a peça durasse no máximo 20 minutos (condição sine qua non para que as crianças não dormissem), como também para reduzir a quantidade de personagens em cena, porque toda peça infantil parece ter pelo menos 100 personagens, entre árvores que ficam paradinhas, nuvens e estrelas que mudam de lugar e outros desperdícios de figurino que chegam a ter uma fala ou duas.
Confesso que engrossei o coro dos pessimistas e dirigi-me ao palco como quem dá-se ao carrasco. Houve um determinado momento, na fase ensaiatória, em que até meu infante sobrinho, o maior beneficiário de todo nosso esforço, tentou convencer sua avó de desistir, dizendo que seus amiguinhos não curtem teatro tanto assim. Minha mãe parecia refratária a todo tipo de obstáculo e manteve-se firme e forte na tarefa de adaptar o texto original diariamente, não só para que a peça durasse no máximo 20 minutos (condição sine qua non para que as crianças não dormissem), como também para reduzir a quantidade de personagens em cena, porque toda peça infantil parece ter pelo menos 100 personagens, entre árvores que ficam paradinhas, nuvens e estrelas que mudam de lugar e outros desperdícios de figurino que chegam a ter uma fala ou duas.
Meu pai, o Astronauta, claro, foi a principal atração da peça. Ele caiu no Planeta dos Brinquedos porque sua nave apresentou algum tipo de defeito, e eu, a Boneca leviana, roubei uma peça de seu foguete para que ele não voltasse nunca mais pra Terra. Eu não fiz por mal, claro, só queria o bem do Astronauta, porque no planeta dos brinquedos todo mundo é super feliz e animado o tempo todo, mas as crianças não queriam saber: era só o Astronauta entrar em cena para que todas gritassem que a peça do foguete estava na minha bolsa, na bolsa da Boneca!, e aí o Astronauta dava ouvidos às crianças, esquecia sua fala e meu irmão, o contra-regras, nos cantava algum gancho, lá do fundo do palco, e nós seguíamos adiante.
Nosso índice de acerto de falas deve ter esbarrado em 10%, o resto foi puro improviso.
A Boneca e o Palhaço, brinquedos super animados no Planeta que nunca fica triste.
Meu sobrinho, O Cara, de bermuda laranja, super feliz de ver o avô em cena.
O Palhaço e a Boneca planejam manter o Astronauta para sempre em seu planeta animadinho. O Astronauta, leviano por sua vez, também tinha planejado roubar as pedras do sorriso do planeta dos brinquedos. As pedras do sorriso são uma espécie rochosa de prozac, uma kriptonita da alegria, e o Astronauta pensou que poderia ficar bem rico e famoso se conseguisse vendê-las na Terra. Eu compraria. Quem não compraria?
No final, tudo se resolve: os brinquedos devolvem a peça do foguete e o astronauta confessa que foi bem canalha quando pensou em roubar as pedras, e todos vivem felizes para sempre, cada qual em seu planeta.
Atenção para o figurino do Astronauta: por baixo do uniforme de apicultor, tem óculos de armação em neon azul piscante; por fora, um cinto cheio de ferramentas para consertar o foguete e uma mangueira de máquina de lavar roupa, pro Astronauta poder respirar em atmosferas hostis. Eu quero uma roupa dessas.
Atenção para o figurino do Astronauta: por baixo do uniforme de apicultor, tem óculos de armação em neon azul piscante; por fora, um cinto cheio de ferramentas para consertar o foguete e uma mangueira de máquina de lavar roupa, pro Astronauta poder respirar em atmosferas hostis. Eu quero uma roupa dessas.
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