Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Meia pataca

Obrigada, amigos queridos, por lembrarem que eu teoricamente correria a Meia Maratona de ontem e por me perguntarem como foi. Sinto decepcioná-los, mas não foi. Três semanas após a cirurgia de desvio de septo, ainda não recuperei completamente minhas faculdades naso-sinusais: sinto como se estivesse no auge de uma sinusite pós-operatória que lateja como uma enxaqueca de 2 centímetros quadrados bem localizada abaixo do olho esquerdo, por dentro da face e na diagonal do nariz (tenho certeza de que há um termo anatomicamente correto para isso, mas no momento eu quero mais que ele se foda).

Pra piorar, uma coisa estranha surgiu bem lá dentro da minha narina esquerda. Eu, que a princípio achava que a criatura fosse uma simples formação melecóide exuberante, descobri, com o auxílio de um otoscópio veterinário, que o corpo estranho é, na verdade, uma couve-flor cicatricial daquele tipo que os médicos gostam de chamar de granuloma. É muito fácil chamar de granuloma a couve-flor do nariz dos outros, mas eu quero ver respirar com essa formação rochosa entre toda a atmosfera farta de ar e um trato respiratório sacrificado por sua ausência. Estou na expectativa raivosa de encontrar meu otorrino amanhã cedo e descobrir qual será seu plano mirabolante pra tirar essa verruga estenosante das entranhas da minha narina. Dependendo do que ele disser, eu temo por sua vida.

Tudo isto posto, espero que vocês não se decepcionem irreversivelmente e compreendam porque, no momento de buscar meu kit de corrida (afinal eu tinha pago por ele), eu tive um inesperado rompante de auto-honestidade e deixei com o pessoal da organização do evento meu número de corredor e chip, denotando inequivocamente que nem ao menos tive a intenção de tentar.

Ontem, pela segunda vez este ano, fui da minha casa ao Aterro para ver a emocionante chegada dos corredores. A diferença desta vez pra outra é que eu consegui correr os 5km do trajeto (quase 1/4 da meia!), não chorei que nem um bebezinho porque não tive condições físicas de participar da grande festa, nem tampouco botei olho gordo na medalha dos outros. Fiquei feliz da vida com meus 5km e com a minha camiseta climalite novinha em folha.

Na verdade, acho que mereço até uma medalha pelo meu otimismo: em 2008, eu me inscrevi em duas meias e não corri nenhuma, mas eu fui pollyana o bastante pra achar (sinceramente) que conseguiria.

O otimista é um tipo de trelelé que não faz mal a ninguém.