Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, março 08, 2009

10 pra lá, 10 pra cá

Relato esportivo especial para minha parceira de corrida embarcada, Marina Hermmann

Hoje teve a etapa outono do circuito Adidas. No ano passado, eu fiz as corridas de 5km desse circuito, mas como quem corre 5km se anima a correr 10, porque afinal é só o dobro, este ano resolvi fazer as corridas de 10k. E de mais a mais, quem corre 10, se anima a correr 21, porque afinal é quase o dobro (apenas). E quem corre 21, bem... aí foda-se a matemática: ajoelhou, tem que rezar! Se já correu 21, meu querido, bota a preguiça pra correr na direção oposta e corre 42, devagar e sempre. Hoje em dia há até meias especiais pra isso, então não venham me dizer que não correram a maratona por falta de meia, porque eu não suporto mentira!


Problemas recorrentes das provas da Adidas

Eu posso dar essa desculpa de falta de meia, porque já faz muito tempo que eu não corro uma meia-maratona. Por isso é que este ano eu estou me dedicando ao treino pros 21km de junho e, a partir disso, vou começar o treino pros 42 em 2010. Foi com esses pensamentos mirabolantes na cabeça que eu cheguei ao Aterro animadíssima pra correr esta manhã. Parecia até que Deus tinha ouvido as minhas preces: na hora da largada, o céu estava nublado, corria um ventinho fresco e me deu até uma certa esperança de chuva, que é super bom chover quando está quente numa corrida. Porém, como Deus é um cara debochado, foi só darem a largada que o sol apareceu com toda a força, estorricando e desidratando geral. A sensação térmica era de 50 graus no quilômetro 8km: a boca seca, os pelos arrepiados, os postos de hidratação mal distribuídos para caceta, enfim, vários probleminhas, mas nada que conseguisse me convencer a parar de correr. Chega de desistir, agora eu sou uma pessoa que vai até o fim. Confesso, porém, que dessa vez achei que eu iria inaugurar um dos postos médicos do evento. Foi com grande alívio que ouvi outras pessoas dizerem que o calor e a falta de hidratação onde a gente mais precisava realmente prejudicou a corrida de muita gente, eu não fui a única fresquinha na parada.

Vou providenciar uma camel bag de 2 litros, porque esses cintos de hidratação com garrafinhas pequenas, de 120ml, não dão conta do calor senegalês que estacionou sobre o Rio e não quer mais sair.

Biodiversidade e paz na Terra

Toda vez que participo de uma corrida de rua, fico impressionada com o mar de gente correndo. Reparo nas bundas à minha frente e penso: são bundas completamente diferentes, mas todas gostam de correr. Todas essas pessoas têm a corrida em comum, e é impressionante ver tantas pessoas diferentes com algo tão difícil quanto correr em comum. Dá até esperança de paz na Terra, porque se vocês acham que chegar à paz difícil, tentem correr 42 km pra ver o que é dureza!

Um cara passa ao meu lado com um tênis tamanho 48 ou 50, e embora eu tenha dúvidas profundas sobre pertencermos à mesma espécie, me alegro com o fato de que a corrida nos colocou ali, lado a lado. Lado a lado apenas por uma fração de segundo, porque esse cara não só tem os pés enormes: ele também tem pernas enormes, e enquanto eu me pergunto se ele usa o próprio tênis para surfar ou jogar frescobol, o gigante já está lá na frente.

Aromaterapia e preguiça

O Aterro não é o lugar mais cheirosinho do Rio pra se correr, não. A pista Cláudio Coutinho é, a praia de Ipanema é, a Lagoa às vezes é, mas o Aterro fede a cocô de gente. Não bastasse esse perfume, lá pelo quarto quilômetro, a atmosfera se torna esverdeada no entorno da pista, pois é quando os intestinos preguiçosos começam a se manifestar. O corpo humano é uma máquina realmente fantástica: intestinos, por exemplo: é só dar corda, que eles funcionam. Não entendo essa gente que diz que tem o intestino preguiçoso no comercial de iogurte na TV (que vai ao ar invariavelmente na hora do café da manhã): não tem, não, minha amiga: vai correr 5km pra ver se ele não funciona! Não é só o intestino que é preguiçoso: geralmente, é a pessoa inteira!

Aliás, tirando o comercial de iogurte, nunca vi ninguém reclamar de intestino preso na minha vida. Se esse problema existe, as pessoas devem ter o decoro de não falar sobre isso. Atenção, publicitários: as mulheres não se sentam à mesa pra falar de cocô, ok? Eu não sei de onde vocês são, mas isso simplesmente não acontece neste planeta. E agora me façam o favor de tirar esse comercial nojento do meu café da manhã!

Dia da Mulher

A próxima corrida será a do circuito Vênus, de 5km, em 26/04/09. Porque as mulheres merecem ter uma corrida cor-de-rosa só pra elas. Aliás, feliz dia internacional da mulher para as mulheres maravilhosas que passeiam por aqui!