Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, junho 23, 2009

Palavreado chulo

Acabo de descobrir, para meu total choque e horror, que eu sou dessas pessoas que falam palavrão e nem se dão conta disso. Um amigo, anteontem, me disse às gargalhadas que tinha acabado de me imitar. Eu disse, "Ah é? O que você fez?". E ele, muito chocado por eu não ter reparado de cara, disse: "Ué, eu simplesmente levei a mão à boca, como se fosse segredar alguma coisa, e falei alto: 'CARALHO, MANÉ, SEI LÁ O QUÊ É FODA PACARÁLEO!''. Aí eu fiquei muito chocada, obviamente, porque não estou acostumada com esse linguajar hediondo, e perguntei: "E eu por acaso falo caralho e foda assim, com a mão na boca?". E ele, muito naturalmente, me revelou que sim.

De repente me pareceu inadequado falar "caralho" e levar a mão à boca. As pessoas podem interpretar o gesto de forma errada, e vocês sabem que interpretação não é o forte das pessoas.

Então eu fiz uma análise autocrítica retrospectiva pra averiguar o quão chulo, chulé e fuleiro anda o meu palavreado. E dei-me conta de que, na clínica, por exemplo, eu nunca falo fezes, e sim cocô; nunca falo urina, e sim xixi; nunca falo vulva, e sim perereca; e nunca falo pênis, e sim pirulito (mas quando é um rottweiller ou similar, eu uso a abreviatura "piru", porque me parece mais digna). Perguntei a uma amiga em quem posso confiar se eu falo muito palavrão, e ela disse que claro que sim, como se eu estivesse tentando pegá-la numa pegadinha, e confesso que isso me deixou bastante chocada, porque eu sempre imaginei que me comportasse como uma típica virgem tijucana fundamentalista, criada para procriar, dedicar-me às causas impossíveis e enxergar apenas o melhor no próximo, amém.

Pensando bem, vai tomá no cu, ainda bem que eu falo palavrão. Fundamentalista de cu é rola.