Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

segunda-feira, março 30, 2009

Insônia pré-viagem

Passei 1 mês sem dormir por causa do trabalho antigo. Depois passei um mês sem dormir por causa do trabalho novo. Agora que eu vou dar um tempo desse trampo todo, não consigo dormir porque estou com medo de ter esquecido alguma coisa. Porque a gente sempre esquece alguma coisa, não tem jeito. Prova disso é o peso da minha mochila: 14 kg. Ou eu virei gente (e aprendi a viajar), ou eu definitivamente esqueci coisas muito pesadas que me farão uma falta danada.

A jaqueta de vento-frio-chuva, que era a minha maior preocupação, eu garanti com a Gabi, minha musa Amaral, que me emprestou uma peça high-tech total. O aipode, que eu queria encher de músicas novas, ficou com as mesmas músicas velhas de antes, porque só um milagre pra transferir apenas as músicas que a gente quer pro nano. Por sorte ou milagre, eu enfiei um curso de espanhol inteiro no radinho, e se esse vôo pro Chile for longo o bastante, eu já vou chegar lá gastando meus buenos dias, bueno el carajo a cuatro.

Esta viagem, aliás, está me passando uma energia sinistra de hermaned nagô. Está me dando a sensação de que eu dei um passo irreversível para abraçar a América e sentir o sangue hermano que jorra das veias latinamente abertas descritas por Eduardo Galeano. Não vou me afrescalhar e sair por aí cantando que soy loco por ti, América, porque eu tenho a obrigação moral e cívica de conhecer primeiro para só então formar opinião. Mas se o Che gostou, e o Che era um cara franco (e tinha asma, olha quantas coisas em comum!), capaz d'eu gostar também.

Daqui a poucas horas eu embarco completamente desconectada do universo. Celular vai ficar desligado o tempo todo pra repousar minhas orelhas. Laptop, de jeito maneira. Nem meu palm teoricamente fodástico, com wi-fi, skype e MSN, mas que não abre pdf, portanto não serve pra p*rra nenhum, eu estou levando. Imprimi as dicas da Gabi, uns capítulos do lonely planet só pra não dizer que estou na ignorância completa, e estou contando com isso só, e com bom tempo. Eu gosto de férias com bom tempo, mas chove em Cusco sem parar há 3 semanas já. Tudo bem: pela primeira vez na vida, estou levando guarda-chuva nas férias e estou completamente resignada com isso. Se eu não domino o milagre de enfiar as músicas no aipode, tenho de ser humilde e reconhecer que eu também não vou conseguir fazer parar de chover em Macchu Pichu. Primeiro o aipode, depois o tempo, depois o mundo.

Uma das coisas que eu me lembrei de levar foi a máquina fotográfica, e eu vou de vez em quando tirar uma fotinha pra mandar uma notícia, porque certamente tem internet e lan house até nos lugares mais rarefeitos e umbilicais do mundo. Até meu próximo contato, comportem-se neste quartinho, e nada de salada mista e pegação no escurinho!

Ah, tá vendo só! Já sei o que eu esqueci: do nome do bairro de Santiago que é como a Santa Teresa daqui.

(É. Acho que hoje eu não vou dormir.)