Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, agosto 23, 2007

O primeiro encontro fantástico


Encontro fantástico
Originally uploaded by Van-Or
Sentido horário: Elsa, Cristina, Nelsinho, ArLinda e eu, com o modernoso Parque das Nações ao fundo. Só faltou uma galerinha aí, aquela da FLUP et al. IMAGINA A LOUCURA!!! :o)))

Por favor, não morram de inveja: eu me sentiria muito mal!

Ah, gente boa. Sei que não tenho sido assídua aqui e nem sei por onde começar, então começo então pelo meu renascimento, que se deu graças à crueldade existencialista que me ensinou o Fábio, com um amor algo pérfido, mas profundo, quando me disse: "Algumas pessoas vêm ao mundo apenas para existir".


Pois eu descobri que só existir é o caralho! Me recuso a só existir, não é esta a minha onda, nem nunca será. Não preciso ter um grande amor pra existir, nem de filhos, grana ou fama. Para ir além do existir, só é preciso sentir profundamente, porque quem não sente assim, a ponto de ter a empatia na pele, não entende o mundo nem as criaturas vivas; e quem não tem essa compreensão holística do universo difere quase nada de um toco de pau ou duma pedra portuguesa desgarrada da calçada. Orgulho-me muito de ter este verbo -- "sentir" -- grafado em letras de ouro no complexo código genético de todas as minhas células límbicas, e não é à toa que tenho chorado umas cinco vezes por dia desde que cheguei. Primeiro porque tive o medo óbvio-brasileiro e lugar-comum dum dos aviões cair; depois chorei porque sobrevivi aos 4 vôos, sendo um da TAM do Rio pra Sampa; e depois, mermão, porque o feio daqui dá vontade de gritar, de tão bonito que é.


Só chorei de tristeza umas quinze vezes, mas isso não representa nem 2% do meu chororô, e nem vou perder tempo escrevendo sobre isto. Vou falar das lágrimas que valeram a pena (adoro listas):

1) Reencontrar amigos de toda a vida: meu Fafolete de infância, que me pegou de táxi-Mercedes Benz no aeroporto de Lisboa (e pediu, pelamorrrrededeus, pra eu não dar uma de caipira jeca e ficar impressionada com o fato d'os carros daqui pararem pros pedestres); e o Renato André, que putz grila, eu não via há cinco anos (e como esses cinco anos me fizeram falta!);


2) Conhecer amigos novos: a Cristina, a Ana Botafogo de Portugal, e sua sobrinha postiça, Elsa, super exótico assim, com "s" mesmo: um mulherão de metro de oitenta que, como todas as portuguesas, têm cabelão lindo, sobrancelhas fartas e é giríssima de gritar. As duas passaram um lindo dia comigo, fazendo coisas bem ao estilo mulherzinha: compramos cuecas no shopping Vasco da Gama, uma espécie de Flamengo daqui (hahaha, perco a amizade dos vascaínos, mas não perco a piada); comemos saladas e ficamos enfastiadas mesmo assim; ENCONTRAMOS O NELSINHO E A ARMINDA!!! numa varanda linda, com vista pro Parque das Nações, onde tiramos altas fotos que eu vou tentar colocar aqui se o blogger estiver de bem com a vida; visitamos o Oceanário de Lisboa, o segundo maior do mundo e que, por sua vez, me fez chorar com os lindos poemas de Sophia de Mello Breyner Andressen (obrigada, Cris, por me revelar esta outra faceta do mar!) -- tudo muito giro! --, depois baixamos no Chiado, onde há a maior Fnac que eu conheço (e com alguns dos vendedores mais fofos de Portugal) e, de lá, fomos encontrar o Fábio num restô nepalense, onde eu compensei todo o déficit calórico da salada do almoço.


3) Reencontrar (ou reconhecer, como foi o caso da Cristina) amigos longe de casa é como descobrir um oásis no deserto, ou uma ilha paradisíaca jamais pisada pelo homem, ou então acarinhar um unicórnio branco, que, em paga pelo afago, te leva a galopar sobre nuvens. A sensação é toda essa. Há magia nesses momentos, e haja memória poética pra registrar tantas emoções!


4) Madri: para mim, Madri foi o Renato André. Pra não ser tão radical, vou falar a verdade completa: foi meu querido Renato André, meu herói amado, seu delicioso cão-glutão, Simba, e Guernica. Pronto. Digo isso sem medo de ser injusta, pois embora a cidade seja linda, talvez ainda mais bonita que Lisboa, há nela uma falta geral de calor humano. E lá, como em nenhum outro momento da vida, pensei que talvez a existência seja realmente só uma besteira, uma coisa que passa enquanto a gente come, dorme, trabalha e vê TV. Deu-me tristeza ficar em meio a multidões que não se olhavam, nem de relance, e ver casais que não se beijavam, mesmo estando entre alguns dos jardins mais bonitos que já vi. Pensei muito no Anjo Caído, que tem uma estátua bonitinha erguida em sua homenagem no Parque do Bom Retiro: vai ver que ele caiu do céu, justo ali em Madri, porque lhe faltou o Amor, essencial para diferenciar pessoas de pedaços de plástico. Este foi só um pensamento cristão existencial-pessimista que me passou pela cabeça, mas como tudo na vida tem suas compensações, essa estátua é belíssima. A despeito disso, e dos efusivos brasileiros a quem fui apresentada por lá, conheci meia dúzia de espanhóis simpáticos, entre eles um guarda do metrô que me deu orientações sem rosnar e o Saeta, um cartunista de Barcelona que se ria de mim na estação de trem, onde eu me fotograva sozinha, com o timer da câmera, pra matar tempo. Ele tem um site e dois blogs bem bacanas, quando voltar ao Rio vou linká-los aqui.


5) Nelsinho e Arminda. Estes, são um capítulo completamente à parte, porque ontem, oficialmente, me tornei filha d'alma deste que é o único casal apaixonado que eu conheço depois de tantas décadas, mudanças de endereços e outras coisas tristes que vêm no pacote da vida. Quando fui à Espanha, meu celular pré-pago português ficou instantaneamente sem crédito, pois roaming é coisa cara em toda parte, seja o telefone voda ou foda, não importa. Sabendo disso, este querido que é o Nelsinho, e não sei como, pôs crédito em meu vodafone para poder me ligar em roaming. Eu estava justamente me sentindo super sozinha no mundo, voltando de trem de Escorial pra Madri, e depois que ouvi a voz de meu amigo ao telemóvel, ali tão perto e tão perto, passei o restante do trajeto a chorar por minha ingratidão contra a existência: minha vida é boa: tenho os melhores amigos do mundo! E ontem, quando os dois me levaram à Setúbal para conhecer sua linda casa, amigos e arredores, onde está a casa de vinhos que produz meu mais que adorado Periquita, meu de mesa predileto, eu tive a sensação de que família não é só aquele grupo restrito de pessoas com quem temos laços de sangue, mas sim todas as pessoas com quem temos vontade de dividir tudo, dos amigos aos lugares preferidos, passando por alegrias e melancolias que se alternam em ciclotimias. Sob este ponto de vista, confesso que sou grata eternamente à minha Cora Madrinha por ter me introduzido a este universo fantástico da blogosfera, onde as pessoas se conhecem de dentro pra fora; e não há forma melhor para reconhecer amigos que esta. Amigos, não: parentes: "pequenas partes da gente espalhadas pelo mundo", em meu dicionário poético.


6) Por fim, mas não por ser menos importante, o último chororô tem um motivo chantagístico emocional: ainda não encontrei TeAmo, Miguel, Adriana e Moni-k-r. A última, eu sei, mora um 'cadinho longe d'qui, mas como ela é tão pequenina, do tamanho de um botão, se ela quiser mesmo vir, estou tal qual Cristo Rei, de braços abertos e olhos marejados te esperando, querida.

Cristina e eu no Chiado


Cristina e eu no Chiado
Originally uploaded by Van-Or
Ela é uma linda de gritar! Com esse corpitcho de bailarina, me lembrou muito a Ana Botafogo (Fábio observou bem que a Cristina é mais bonita). Detalhes das bolsas: a dela, estilo Cora Rónai, grande a ponto de caber o mundo, e as minhas: uma com todos os fechos e velcros que um turista carioca fora do Rio não dispensaria, e outra do Oceanário de Lisboa, onde comprei uma lembrancinha pra minha Princesa Radija. ´É que ela adora estrelas do mar.

quarta-feira, agosto 22, 2007

O'Questrada

Procurei...

terça-feira, agosto 21, 2007

Por favor, tragam a Miranda pro Brasil!




V� L�, mais uma da O' Que Strada.

Se e' Strada Fosse Minha!




"Se esta rua fosse minha", uma das m�sicas que eu mais gostei da banda O'Que Strada, o grupo musical mais original e teatral de que tenho not�cias depois dos Mutantes.

segunda-feira, agosto 20, 2007

É tudo muito tocante

Coisas que mexeram profundamente comigo nesta viagem, até o momento:

1) A Incrível Tasca Móvel, com show do O'Questrada, a banda mais teatral, original e clown de que tenho notícias. Fui duas vezes vê-los nesse circo sem lona, a céu aberto, dentro do mais do que lindo Centro Cultural de Belém (uma espécie de MAM daqui, sem querer ficar fazendo essas comparações, que alho nunca é igual a bugalho ou vice-versa). Fiquei tão fã, que aplaudi de pé até me sair a pele das mãos. Não bastasse isso, comprei um CD e pedi autógrafo a todos os componentes da banda. Autógrafo, como se sabe, é essa coisa jeca que as pessoas fazem quando se vêem diante de um extra-terrestre talentoso fodástico que, somente na aparência, é um ser humano como outro qualquer. Eu me ofereci como escrava ao Fábio Pareto, meu amigo de fé e irmão camarada, por ter me apresentado à Incrível Tasca Móvel (sei que é escroto comparar, mas é como um circo voador daqui, nos velhos e bons tempos em que era itinerante) e à banda que tem a cantora mais sexy que já vi, uma portuguesinha de cabelos crespos e flor no cabelo chamada Miranda, que sabe que cantar não é só abrir a boca e soltar a voz, mas sim mexer com todos os sentidos do expectador. De muitas formas, ela me lembrou uma amiga, a Dani Pureza.
2) O Fado: quis colocar o fado dentro da minha pele. Na verdade, ele se implantou no meu coração, mas já há tanto barulho e confusão ali dentro que eu preferia um órgão mais ao alcance da mão.
3) O ser humano: podem falar o que quiserem sobre as pessoas de um lugar ou de outro. Há bom e mau em tudo que nos cerca e em toda a gente; há pessoas mais espontâneas, outras mais reservadas; há pessoas que têm coragem de se olhar, outras nem coragem nem desejo; há aquelas pessoas que transitam em torno do próprio umbigo, há as que só se preocupam com o umbigo do outro. Na verdade, toda pessoa é única, e eu concluí, somente agora, que eu sou fã do ser humano, seja ele um amigo dos animais ou um tosco que abandona seu cão nas férias. Acredito que todas as pessoas têm conserto naquilo que lhes é defeituoso na alma, e essa esperança me deu um tesão redobrado de voltar ao Brasil e fazer meu trabalho com o afinco de quem quer -- e vai -- mudar o mundo. Há de se começar por algum ponto, e este ponto há de ser o ser humano. O que me leva a outra coisa que muito me comoveu aqui, em Portugal:
4) O corpo humano: visitei a exposição Bodies, aquele que quase fez a Marcela desmaiar. Iniciei o percurso com verdadeiro espírito científico, impressionada com a beleza das peças e com a técnica utilizada para preservá-las em tantas cores e detalhes. Mas foi só chegar na parte que mostrava o aparelho digestivo, parte por parte, que senti meus joelhos amolecerem quando olhei assim, cara a cara, o pâncreas. O pâncreas é como uma língua enrugada, fino e comprido, mas muito pequeno. O corpo humano é composto por tantas outras coisas volumosas que fariam vergonha às diminutas dimensões dessa pequena lingueta insignificante, e pensando nisso tudo, senti que minhas lágrimas ensopavam a vidraça e, não mais que de repente, caí num pranto convulsivo, que me fez fugir por uma saída de incêndio. Entendo, porque tenho muita noção de como funciona nosso corpo, mas não aceito que um tumor de dois centímetros, num órgão tão ridiculamente pequeno, tenha ceifado de forma tão rápida e avassaladora a vida da pessoa que mais amei nesses 35 anos. Se Deus existe e fez nosso corpo assim, tão perfeito, por que criou junto a doença sem cura? Por que não se contentou em criar doenças curáveis apenas, para que algumas pessoas possam refletir sobre suas próprias limitações e, assim, abram as portas de seus corações para uma forma mais plena de amor e respeito ao próximo. Se Deus existe, ele deveria ter refletido melhor sobre isso tudo.
5) Estávamos, Fábio e eu, na fila pro check-in Lisboa-Madri. Subitamente, nossa animada conversa foi interrompida pelo odor insuportável que exalava de um homem, nem bem nem mal vestido, que parou atrás de nós. Depois de alguns segundos de silêncio sepulcral, meu amigo me solta a seguinte pérola: "Algumas pessoas vêm ao mundo apenas para existir." Revoltada, dei-lhe tabefes, blasfemei, defendi a complexidade do ser humano (de quem sou agora fã declarada), que todos temos anseios, receios, amores, aspirações, frustrações, família, enfim, uma gama infinita de variáveis que nos torna únicos, e não uma bolha d'água que se forma e logo desaparece na chaleira que ferve. Fiquei bastante brava com ele por isso, e ele insistia em sua convicção de que aquilo era verdade e, sim, que era uma verdade triste, pois que triste é viver só para acordar, trabalhar, pagar contas, não se gostar e dormir. Ou seja, que triste que é apenas existir, e não viver. Entrei no ônibus com isso, indignada, e passei toda minha semana em Madri refletindo sobre esse absurdo, que em pouco tempo me pareceu bastante verdadeiro, o que me leva ao próximo e último, prometo, ponto tocante:
6) Reencontrei o Renato André, meu querido de muitos anos, lindo como nunca, e mais bem acompanhado que em qualquer outro momento de sua vida: ele agora tem um labrador dos sonhos, meu novo namorado canino, o Simba, e uma namorada espanhola linda, a Beatriz. Como estava trabalhando como louco, pela primeira vez em toda a viagem eu tive a chance de passar três dias completamente sozinha, entre belas paisagens, Picassos e corridas nos jardins do Bom Retiro. Completamente sozinha, não: eu e meus pensamentos complexos, sobre a perfeição do corpo humano e a morte, esta coisa paradoxal que acontece em máquinas feitas para funcionar muito bem; sobre a existência de vida depois da morte (e chorei como um bezerro desmamado ao ler epitáfios em tumbas de reis e rainhas, onde se lia coisas como "Est humana fugax gloria: disce mori." e "Vita ex morte"). No mosteiro del Escorial, quando vi padres passando rapidamente de uma área pública a outra privada, tive ganas de me ajoelhar diante deles para pedir uma garantia de que existe vida depois da morte; que se não existir, então viver nõ faz sentido, e talvez o Fábio tenha razão: talvez sejamos apenas bolhas que vêm e vão, e a existência é uma coisa vã. Fiquei profundamente deprimida na estação de trem, com o doloroso pensamento de que, se a morte fosse uma viagem de trem, eu gostaria muito que na minha estação de chegada estivessem me esperando lá, com flores, sorrisos e braços abertos, minha avó, minha tia Téia, meu cachorro Polaco e ele, o grande amor da minha vida que o pâncreas levou.
Tenho andado à flor da pele, mas hoje vou conhecer com a Cristina o maio oceanário da Europa. Vou chorar, sim, claro, mas por motivos mais felizes.

terça-feira, agosto 14, 2007

Viajar sozinha, ma non troppo.

Quando desembarquei em Amsterdam, onde tive de dar um tempo de umas 3 horas pra pegar meu vôo pra Lisboa, pensei, mas pensei forte: "Fudeu! Estou viajando sozinha pela primeira vez na vida!" Mentira, claro, que quando eu fui passar uns meses na Inglaterra, eu fui tao sozinha que tinha até um distinto senhor britânico me aguardando no aeroporto com uma placa que dizia "Ms Santos". Depois de duas horas conversando com ele, de Heathrow pra Bath, ficamos tao íntimos que eu esqueci que estava sozinha. No dia seguinte, tinha 3 amigos, no outro uns 10, e a coisa foi aumento em PA até que, após três meses em Bath, que a esta altura eu já considerava minha cidade natal desde criancinha, fui à Paris com minha tia e achei tudo um cu. Ora, onde já se viu um lugar onde nao tem pub e nem se fala inglês?!? Era o fim da picada, achei que Torre Eiffel de cu era rollé, mas enfim, eu era adolescente e, como todos sabem, adolescentes sao naturalmente ridículos. Eu melhorei 3% dos 19 pra cá, uma evoluçao digna de nota.

Ah, gente, nem sei por onde começar, com tanta coisa bacana aconteceu do dia 6 pra cá, a começar pelo Nelson, que me ajudou a fechar malas pra viagem, fez pizza enquanto eu arrancava meus cabelos com medo do excesso de bagagem e foi um fofo ao me ajudar a resolver um dos piores dilemas da minha vida: levar ou nao o laptop pras férias? Como toda pessoa que nao usa camisa de força nem toma lítio com eletrochoque no café da manha, eu bem sei que nao se leva ovo pra churrasco e nem trabalho pras férias, mas juro fiquei na dúvida até o fim, apesar dos conselhos sábios dos meus amigos. Morri de medo de me enjoar das músicas do iPod e nao ter como mudá-las, mas quer saber: só usei o radinho um única vez até hoje. Aqui, quero ouvir os sotaques, o barulho quase inexistente dos carros e o canto dos passarinhos, que cá nao gorjeiam como lá, ora pois pois.

Depois teve o Fábio, que me esperava, lindo e maravilhoso, com uma xícara de espresso na mao, no aeroporto de Lisboa. Ele tem mais dois room mates, a Carol e o Alê, e quando eu cheguei, ainda havia duas amigas deles passando uns dias, a Evelyne e a Yadranca. Ou seja: sozinha é o carajo! Pra melhorar a galeritude, logo que cheguei consegui falar com a TeAmo, Cristina e Adriana, queridas que moram em Lisboa, onde neste momento também se encontra o Nelsinho. Nao estou aqui pra matar ninguém de inveja -- só porque meus amigos sao lindos e os melhores do mundo --, longe disso, mas estou extremamente empolgada com a expectativa de poder reunir todos esses queridos em Portugal com a brasuca-alema Moni-k-R, que apesar de gripada (espero que já esteja melhor, minha linda), está mega disposta a vir ao nosso encontro. Meu praticamente descartável vodafone português promete facilitar ao máximo essa logística. Que dure até o fim, pois.

Aqui em Madri, Simba e Renato André me esperavam na porta da estaçao de metrô que liga, em cinco míseros minutos, a rodoviária às cercanias do meu amigo de adolescência. Simba e eu nos apaixonamos perdidamente, foi amor à primeira vista, mas todos sabem que eu tenho uma queda por labradores, e eles nem precisam ser neguinhos pra despertar meu amor mais profundo. Amanha vou conhecer a veterinária do meu novo namorado canino, que senta, deita, rola e se faz de besta pra comer tudo que ele nos vê levando à boca, como é tipo dos caras dessa raça. A vida dele vai piorar bastante, porque a primeira coisa que eu cortei de sua dieta foi o chocolate, que em princípio será substituído por passeio, carinho e outras coisas que denotam amor de um dono pelo cao.

sábado, agosto 11, 2007

Ora, pois pois!

Eu e os brincos de princesa do Parque da Cidade de Sintra


Fabio Pareto, meu personal Mr. Best Friend, dono duma agência de turismo em Lisboa: visitas luxuosamente guiadas. ;-)
***

Estou em Portugal há apenas cinco dias, e já aprendi a falar várias coisas cruciais para garantir a comunicação efectiva com os patrícios:

  1. telemóvel (=celular);
  2. comboio (=trem);
  3. métro (=metrô);
  4. autocarro (=ônibus);
  5. imperial (=chope);
  6. Pois! (= "pois é", "e não é?", "pior que é" e todas as coisas que o valham).

Além disso, já fui: à Sintra, a Petrópolis daqui, só que com castelos que, putz grila, mermão, que qué isso!; a dois shows, uma noite de fado, dois restaurantes que eu colocaria no topo do meu personal guia Michelão de comida artística e acessível ao proletariado, duas exposições temporárias, sendo uma delas a brilhante "Bodies", com peças anatômicas incríveis do corpo humano preparadas com uma técnica espetacular; à Lux, uma boate dessas bem cosmopolitas, onde se vê que o mundo é só uma aldeia global e pronto, a diferença é que no Brasil as pessoas se paqueram, mas aqui deve ter algum lei federal proibindo isso; à coisa mais próxima de um podrão (= quiosque onde se vende cachorro quente pra matar a larica da madrugada a preço de, bem, cachorro quente), um tal de Merendeira, onde se come um pão de bacalhau quentinho que dá orgasmo em gente frígida; à Feira da Ladra em busca de um xale preto enorme, desses de se cantar o fado (se eu tiver o xale, quem sabe me desponta o talento?); à Igreja de Santo Antônio, em frente à casa onde nasceu o santo, pra quem acendi uma vela pedindo misericórdia, que eu já sou quase uma senhora de 35 e, putz grila, tá foda, S'Antonho, a rapaziada não quer nada com a hora do Brasil!!!

Ou seja: já posso me considerar uma locomotiva social portuguesa. (In)-super-felizmente, porque estou de férias e amanhã tenho uma longa viagem até o Renato André, em Madri, não dá pra dar muitos detalhes de todas essas coisas, mas coloquei acima umas fotos com legendas que não dizem nem um centésimo de toda a alegria que estou sentindo, e vou pôr mais fotos no Flickr, assim que der. Minha alegria ficará dobrada se, como planejo, eu tiver a sorte de encontrar por aqui: TeAmo, Nelsinho, Moniquita R e Cristinha, uma portuguesinha querida que eu já conheci por telefone aqui em Lisboa.

Porque eu sou ridícula, e porque estou numa casa com cinco pessoas que precisam se comunicar eventualmente comigo e vice-versa, comprei um Vodafone, anotem aí, caso queiram me passar um SMS, que eu só responderei se tiver crédito (ser uma locomotiva social custa bem caro por aqui, mas se eu pensar nisso agora vou precisar cortar os pulsos): +351-91-9983442.

beijos com saudades do ócio criativo que me trazia aqui todos os dias, mas no momento, tempo é turismo, entonces, e seguindo o conselho sábia da ministra, vou relaxar e gozar ou deitar e rolar, o que for mais divertido.

VanOr

quarta-feira, agosto 08, 2007

Não abandone, animal!


Não abandone, animal!
Originally uploaded by Van-Or
Este fofo foi abandonado no mês de férias. Estava com uma feridona que resultaria em bicheira, no Brasil, mas aqui não tem a mosca má que faz isso. Fiquei de coração partido, mas a administração da Quinta garante que os donos voltam, eventualmente. Senão, vem o canil municipal e recolhe o fofo, mas não mata.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Big-o-chemical girl


Big-o-chemical girl
Originally uploaded by Van-Or
Voei de Tam pra São Paulo e nem me borrei. Até Lisboa, haja tarja preta!

domingo, agosto 05, 2007

Eu tô tão de férias!

Estou escrevendo da bosta do teclado Maquintoxico do Nelson. Embora o Nelson seja um fofo comigo, um tudo de bom, nesta bosta do teclado dele nao tem acento, ou melhor, ateh tem, mas tem que colocar option+letra+mil+coisas+estranhas. Nao suporto isso!, mas como eu estou de ferias, e quem estah de ferias nao se aborrece com besteira, entrei aqui rapidinho soh pra deixar um aviso aos navegantes:

1) Eu estou aas gargalhadas, porque estar de ferias eh estar em estado agudo de gargalhadizacao (foda, este teclado maquintoxico). E esta eh a primeira vez na minha vida que eu tiro ferias totais e absolutas, sem ter pacientes insuficientes renais em vias de dialise a qualquer momento, freelas emergenciais ou pessoas super doentes na familia. Ou seja: este momento eh raro, aleluia, e que assim seja;

2) Eu confesso que andei relapsa na caixa de comentarios daqui, como sempre, mas sabe que outro dia eu me lembrei duma coisa que eu pensei assim que comecei o blog (que eu nao queria tranformar meu blog num tamagoshi e nem as pessoas que comentavam em personagens virtuais; muito menos queria que os leitores me transformassem nessa coisa tao idem, tao tamagoshi e caidaca, com cedilha, please), e ao de pensar nisso eu perdi cinco quilos soh de alivio. Mas ainda assim, eu gostaria de responder a alguns comentarios, a saber:

a) Raquel, que me cumprimentou no restaurante na semana, apresentando-se como leitora deste quartinho: eu fiquei tao feliz e emocionada com a sua intervencao no meu dia triste, que, no meio daquele limbo, por alguns instantes, minha vida fez algum sentido. E por esse efemero -- mas terno -- momento, eu te deixo o meu carinhoso obrigado;
b) Beth B, que replicou algo sobre a vida ser um clube fechado: eu quis dizer que nao vive quem quer, mas quem pode. E isso, de certa forma, eh desalentador, mas talvez haja mais entre o evolucionismo, o karma e a Terra do que supoe nossa VanOr filosofia.

Enfim, chega de tecer consideracoes sobre a morte. A morte eh horrivel, mas inevitavel. Eu, por exemplo, que entrarei em 4 avioes diferentes nas proximas 24h, porque pobre soh viaja assim, voando um pouquinho e parando um pouquinho, cheguei mesmo a deixar um bilhetinho morbido pra minha mamma, dizendo que se o airbus sem reverso da TAM nao me deixar chegar viva a Sao Paulo, que ela deve doar tudo o que eu tenho, sobretudo as corneas. O melhor cego eh aquele que quer ver.

Pois entao eh isso, estou indo pro continente veio e volto, eventualmente, se shit nao acontecer. Se eh que vcs entendem meu trocadilho sem acento e in vino veritas.

beijos e ateh o proximo post, repleto de fotografias, eu juro!,

VanOr

quinta-feira, agosto 02, 2007

Bolinho de gente

Flagrante de uma noite quente-fria de pizza com sorvete de figo no Cine Tom é Tudo de Bom. O bolo de aniversário foi um telefonema para Pordeus, e a foto foi descaradamente roubada do celular da Jussara (clique do Aldo).

Detalhe dos sorrisos: eu e Bia com um tipo; Monica, Ju e Cora com outro. Todo sorriso é bom quando se está entre amigos.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Ah, look at all the lonely people!

Diadorim olha para seus fiéis súditos. Formiguinhas existenciais diante de sua realeza.

Memorando para o Beleléu

Prezado Sr. Monstro Pavoroso Ilmo e Querido Beleléu,

Venho por meio deste horrendo memorando alertar vossa monstruosência do não cumprimento correto do artigo 987 do regimento operacional das criaturas assombrosas de hábitos gatunos. Roga o dito que um monstro não deve se afeiçoar de suas vítimas, tendo por objetivo primário evitar a repetição dos ataques e contribuir para a redução do trauma infantil e a auto-sustentabilidade do imaginário mágico.

O Comitê de Defesa das Vítimas de Criaturas Fantásticas Inventadas Pelos Pais observou que vossa malignicência malocou recentemente três óculos (sendo um de grau e dois de sol) de uma mesma vítima indefesa. A fim de evitar intervenções externas e a presença de observadores internacionais em nossa já hiperpovoada canastrinha da Emília, solicito vosso desapego abominável imediato dessa mulherzinha chorona de 35. Como de praxe, recomendo que vossa estranheza procure alguém mais assim, do vosso tamanhão.

O Abominável Pé Grande
Presidente do Clube dos Monstros Ridículos