Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Amor improvável


Amor improvável
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Essa gatinha está apaixonada pelo pug. Ele dá um gelo, mas eu acho que curte o assédio. Todo mundo curte um stalker-gato.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Puppy-talk

Depois do tatibitati, do baby-talk e do talk-show para donas de casa, estava na hora de o puppy-talk ser oficializado. Valendo-me de arguta sapiência lingüística especializada na comunicação com criaturas peludas que fazem au-au, cheguei às três regras de ouro da gramática canibitati ou, como diria Shakespeare, puppy-talk:

1. Use sua voz mais ridícula para falar com um cão de igual pra igual. Cães são criaturas naturalmente ridículas, então se tentamos falar com eles com nossa voz de pedir aumento ou de mandar o coleguinha de trabalho papôrra, os canídeos podem entender nossa tentativa de comunicação como uma ameaça, e você nunca os verá inclinando a cabeça fofa pro lado, como se entendessem tudo, nesse contexto hostil.

Observação importante: se a sua voz ridícula é igual a do Pato Donald ou da Minnie Mouse, faça fonoterapia e descubra suas potencialidades vocais, mas nunca, em hipótese alguma, subestime a inteligência de um cão dessa maneira.

2. Esqueça as preposições e algumas consoantes. Simplifique. Os cães não têm memória fonética pra decorar tantos sons como nós, então facilite-lhes a vida trocando metade pelo simples e bom "t", de tatibitati. Dessa forma, clichês como "Quem quer ir no passeio?" ou "Eu sou apaixonada por você" viram, respectivamente, em bom canibitatês: "Tem té iru passeio titia?" e "Titia passonada ocê". Se você falar assim com um cão e ele não virar a cabecinha fofa pro lado, com as orelhas em sua direção, recorra à terceira e última regra de ouro da comunicação amistosa entre humanos e caninos;

3. Bata palminhas de leve e estale a língua para acordar seu peludo efusivamente. Deixo-o espreguiçar-se em suas pernas e ofereça-lhe a orelha para uma ou duas lambidas intercaladas por bocejos. Gaste seu canibitati e, se ainda assim o peludo não estiver com a cara exata de quem entende tudo o que é dito, apele ao estômago de seu amigo e mostre-lhe quem tem o quibe na manga nessa casa. Nenhum cão resiste ao apelo de um quibe bem letrado.

domingo, janeiro 27, 2008

Manatee canino


Manatee canino
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Cansei, tia. Me deixa.

Vida de cão


Vida de cão
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Vida dura, muito trabalho.

sábado, janeiro 26, 2008

Simpatia


Simpatia
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Jussara, cadê vc? Eu vim aqui só pra te ver!

A prova do crime

Foto tirada no ajuste automático da CyberShot que eu comprei na Livraria Ciência Moderna.


A mesma paisagem no ajuste "foco distante".

Quero ver esse vendedorzinho barato me dizer que todas as cores do horizonte são meras variações do azul. Acho que eu esgano o cretino! Trocaria qualquer indenização da loja pela lesão corporal dolosa no nariz certo.

Se um dia vocês forem comprar algo na Livraria Ciência Moderna (Av. Rio Branco, 156 - Subsolo 126 - Centro - RJ) que dependa de garantia, levem seus advogados a tiracolo e boa sorte!!!

Pequenas causas

Se eu cumprisse a promessa de processar todas as empresas que me maltrataram como consumidora, eu seria a campeã das pequenas causas. Aparentemente, ainda está em tempo.


Primeira pequena causa: um belo dia, estava eu numa cidade 600 km distante da minha, às vésperas de um feriado prolongado, quando entreguei meu cartão Real Visa para pagar pelo primeiro par de tênis de corrida da minha vida (eu tinha passado o dia inteiro escolhendo um modelo com o Lau). A mocinha do balcão disse que a operação não havia sido autorizada. Isso, na frente de uma platéia, faz piscar imediatamente na testa do contribuinte um neon de c-a-l-o-t-e-i-r-o. Pedi que ela tentasse de novo, e de novo, e de novo, e finalmente, depois de tantas operações não autorizadas, liguei pro SAC do cartão para descobrir que a função crédito do meu cartão estava bloqueada, embora o saldo fosse sufiente para comprar 20 pares daquele tênis. Num surto de jogo do contente, a atendente do SAC anunciou que a função débito, porém, estava liberada. Controlando meu ódio, perguntei: "Por quê uma está e outra não está?". "Não sei", disse a mocinha. "Pergunte a seu gerente Real no próximo dia útil". Isto seria dali a 4 dias. Bicho, passei quatro dias pirada! Por que diabos o Flávio Felipe teria feito isso comigo? Será que tentaram clonar meu cartão? Será que CLONARAM meu cartão? Será que compraram uma moto com meu cartão? Será que eu vou passar o resto da vida pagando por uma despesa que não fiz? E lá se foi meu feriadão.

De volta a Rio, perguntei pro Flávio Felipe, que é meu gerente de fé e irmão camarada: "Por que diabos você fez isso comigo?". Ele jurou que nada havia feito e, tecla dali e daqui, disse: "Pronto, tudo resolvido: a função crédito de seu cartão está desbloqueada. Foi um erro do sistema." Meu sistema, nem preciso dizer, ficou muito nervoso, pra não dizer furioso! Acionei meus advogados (pobre sempre usa essa palavra no plural) e prometi fuder com a vida do Real Visa. Você fudeu com o Real Visa? Nem eu!

Segunda, terceira e quarta pequenas causas: lugar comum: Oi Velox, Oi Conta Total e Oi Fixo. Não preciso falar mais nada. Nessas aqui eu talvez tenha alguma chance, porque os juízes estão tão de saco cheio dos abusos da Oi que nem se dão ao trabalho de ler coisa alguma. Mandam pagar e pronto. Eu quero que a Oi morra lenta e agonicamente.

Última pequena causa: antes de ir pra Portugal, comprei uma CyberShot da Sony para registrar o passeio. Como a garantia é uma coisa da qual não abro mão, e como os preços de câmeras digitais são bastante parecidos, decidi que compraria a máquina na loja que me desse um ano de garantia. Optei pela Livraria Ciência Moderna, no subsolo do edifício da Avenida Central, porque é uma loja, e não um quiosque, e existe há décadas. Sempre me passou a impressão de ser uma empresa idônea.

Fiz belas fotos com a maquininha de lá pra cá, sempre no modo automático, mas recentemente comecei a me aventurar por outras funções e percebi que as fotos ficam azuladas em quase todos os outros modos (paisagem, noturnas, filmagem, etc). Levei a máquina à Ciência Moderna para assistência técnica e, para meu choque e horror, o mesmo vendedor que me atendeu na venda, depois de passar longos minutos examinando a máquina, a nota e a caixa do produto (que eu sempre guardo, just in case), disse que o equipamento que eu estava apresentando não correspondia ao que ele tinha me vendido. Heim?!? Depois de me descabelar e rodar a baiana mil vezes, provando que a máquina tinha sido vendida por ele, o cara me diz que a garantia era de 3, e não de 12 meses. Heim?!? "Não foi isso que o senhor me disse há sete meses!" Pedi pra falar com o gerente, mas o gerente não queria falar comigo (devia estar assustado com meus gritos). Pedi pro vendedor dar um recadinho pro fofo: ele ia ter de falar comigo no tribunal.

E saí da loja triunfante, como se estivesse num filme americano, com legendas passando sob meus pés.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Hipondríaca, moi?

Estou arrasada: perdi a hora, os dez dias de antecipação e a chance de me proteger contra a febre amarela. Daqui a uma semana, esta cidade estará cheia de goianos e outros turistas que passaram por Goiás. Eles trarão, em seus vasos sangüíneos, um porrilhão de flavivírus pros nossos Aedes aegypti disseminarem no coração do Suvaco do Cristo, do Monobloco e do Simpatia. A única solução é tomar complexo B, overdose de alho em cápsulas e cair numa piscina de repelente de mosquito. Seria mais fácil administrar essa crise se os goianos usassem um chapéu de palha e uma melancia de pescoço.

Na casa de César


Na casa de César
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Palácio da Cidade

Um hóspede do barulho


Porque não está fácil pra ninguém; porque entre uma babá que ama crianças e uma babá que ama crianças e tem diploma de Medicina, geral prefere a segunda opção; porque eu prefiro as crianças peludas que não aprendem a falar nunca; e porque nesta época do ano tem sempre alguém desesperado atrás de um bom hotel para cães, eu estou hospedando aqui em casa, há quase 3 semanas, um peludo da raça Pug.

Os pugs foram alçados ao estrelato graças a MIB II, um filme sobre alienígenas. Agora que eu estou completamente enamorada de um desses, acho uma tremenda injustiça a crítica fenotípica que fizeram à raça no filme. Imagino que o rótulo de "estranho" ou "extra-terrestre" caberia melhor ao Ministro Lobão do que a um cão propriamente dito. No entanto, embora perfeitamente normal (mas não necessariamente lindo, como a Princesa Radija), quando chegou à minha casa, o pug parecia uma fonte inesgotável de ruídos. A ausência do nariz tem lá suas seqüelas sonoras, e confesso que levei cerca de três dias para deixar o estetoscópio de lado toda vez que ia ter com o peludo, pois toda pequena emoção dele parecia o prenúncio de uma síncope cardíaca.

Quando ele chegou, estava meio gordo, mas eu também estava. Entramos num regime e emagrecemos, juntos, 3,5kg em 3 semanas. Estamos ótimos e temos uma vida perfeitamente saudável: passeamos de 5 a 7 vezes por dia, comemos um porção enxuta de comida na hora certa, bebemos bastante água, escovamos diariamente os dentes e os cabelos, enfim, somos dois cães com hábitos salutares de vida.

Meu pai, quando o viu pela primeira vez, foi duro: decretou que o Pug era um erro de projeto. Hoje, mais apaixonado pelo pituco do que sua macheza permitiria, meu véi-pai se redime, deixando o pituco se alongar em seus joelhos, fazer pipi em seus arquivos e espirrar perdigotos em seus pés.

Super tímido no início, o pug já aprendeu a: rosnar; brincar de violência; correr; andar de ré; enfiar a cabeça na coleira; a ser simpático com o amiguinho de igual tamanho; a não avançar nos amiguinhos 30 kg mais pesados; a ficar quietinho quando escova os dentes; e a empacar ao pé de ladeiras, para pedir carona no meu colinho mágico. Eu olho pra esse manatee canino e não tenho como recusar qualquer coisa que aqueles olhinhos ligeiramente esbugalhados me peçam. É incrível como um bichinho muda toda a vida da gente, transforma nossa casa no centro do universo, o lugar onde a gente tem de chegar logo, senão algum peludo ficará desapontado.

Minha mãe não quer mais que eu hospede cães aqui. A gente se apega, eles se vão e, depois, dificilmente escreverão um postal, mandarão uma foto, enfim. Sofrimento.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

A nada mole vida de Mole

Hoje eu perguntei pela Mole, o peixão canino de 40 kg que uma pessoa estranha, digamos assim, abandonou na frente do meu trabalho há uma semana. O veterinário do canil me olhou incrédulo: "Ué, não foi você que adotou?" Nã, não fui eu. Ele continou, engatando uma terceira: "Ih, eu podia jurar que era você porque me disseram que uma veterinária maluca a levou ontem".

Ótimo, pensei. Eu sou veterinária, disso todo mundo sabe. Agora eu sei que todo mundo me acha maluca. Fiz minha cara mais elegante e pedi mais detalhes. Descobri que uma veterinária da cirurgia ouviu alguém dizer que o futuro da Mole era incerto, insinuando que a única coisa certa é a morte. Ou seja: inventaram que passariam o cerol na cadela! Como essa veterinária é uma ativista da proteção aos animais, a pobre coitada não teve muitas escolhas diante de um cenário forjado tão sombrio: teve de enfiar a Mole em seu carro; interná-la numa pet shop para tomar um bom banho; e por último, porque já passava da hora da novela, comprou um enxovalzinho pra nossa menina nada-dura e levou-a para sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro. Conversei com minha heroína da semana e ela se ressente, sinceramente, de não ter condições de manter mais um cão em sua casa: Mole terá de morar no seu sítio! Vai ser uma vida muito difícil, essa da Mole.

Diante desse quadro (da Mole comendo Eukanuba confortavelmente aninhada em sua caminha de algodão egipício), tive vários insights:
  1. Sempre existe um maluco para inventar boatos estapafúrdios;
  2. Sempre existe um pessoa de boa fé louca (pontuem como quiserem) para acreditar em qualquer boato;
  3. Em alguns casos, boatos são uma excelente estratégia para manipulação de massas;
  4. Em outros casos, boatos são os melhores amigos dos cães;
  5. Talvez eu deva fazer melhor proveito da minha fama de maluca: eu poderia espalhar o boato de que eu vou matar os cães da Mangueira, quem sabe a gente não consegue adotantes para todos?
  6. Talvez os boatos de que os Centros de Controle de Zoonoses sejam centros de extermínio de cães sejam apenas uma estratégia para que almas caridosas se apiedem e adotem os peludos que foram lá abandonados.
Se eu continuar tendo insights assim, vou acabar fazendo carreira como política.

domingo, janeiro 20, 2008

Natação zen

Minha família sempre gostou de esporte, pelo menos pelo lado de minha mãe. Ela corria, nadava e fazia capoeira. Fui matriculada no balé aos 3 e na natação aos 4 sob o fraco pretexto de melhorar meu pé chato e minha asma, respectivamente. Depois fiz capoeira, ginástica olímpica, dança de academia (do jazz ao axé e mais um pouco), kickboxing, dança de salão (isso conta?), hipismo clássico, hipismo rural, asthanga yoga, power yoga, delrose yoga, tai chi chuan (bem, se isso contar, então teatro também conta), spinning, indoor running, todas as aulas da Body System, musculação e, ultimamente, corrida de rua. Estou achando corrida na esteira coisa de mulherzinha. Correr na rua maltrata a coluna, dá bolha no pé, enfim, gera muito mais sofrimento, ou seja: emagrece mais!

Não sei se é a idade ou a consciência pesada, mas de uns dois meses pra cá eu dei de ter dor nas costas, uma sensação até então inédita para mim. Para não pôr a culpa na pobre da corrida de rua, que maltrata mas emagrece, voltei a nadar no mês passado para dar um descanso de 48h para os meus pés chatinhos e minha coluna sofrida.

No começo, tudo é desculpa pra não nadar: a piscina deve estar cheia ou deve estar vazia; deve estar batendo sol ou deve estar frio porque não está batendo sol; deve ter criança e xixi de criança; não estou depilada ou acabei de me depilar e não posso pegar sol. Enfim: sofrimento pra entrar num maiô. Agora estou na fase em que sofrimento é não cumprir meu planejamento piscinal semanal.

***

A temperatura do azul fica exatamente entre o morno e o frio. O calor de meu corpo esquenta a água por onde deslizo, e isso me dá algum conforto. Não há silêncio no azul porque eu ouço meus braços e pernas empurrando a água para os lados e para trás, mas há paz. Acho que o pensamento tem medo de morrer afogado, porque dentro de uma piscina, entre braçadas e pernadas, eu não consigo pensar em nada. Sinto uma leveza comovente quando percebo que fiquei com a mente vazia por 45 minutos, e subitamente compreendo porque meditar é preciso: porque é o pensamento descontrolado, e não a corrida de rua, quem mais maltrata o corpo da gente.

Carnaval, dureza e ciclone

Ontem uma dúvida me assolou a manhã inteira: como estava quente à vera, e como eu já tinha tomado 3 banhos gelados para me secar na frente do ventilador com pedras de gelo na nuca, eu não sabia se iria pra concentração do Spanta Neném de bike, de ônibus com ar condicionado ou se ficaria em casa, sofrendo de calor. Todo mundo sabe que o Spanta Neném sai no horário mais cáustico do sol de verão carioca, que é pra espantar neném mesmo, mas ontem foi trevas. Eu queria acreditar no "pdf" com a programação carnavalesca oficial do Rio, que dizia que o bloco de carnaval sairia às 16h do Parque dos Patins, mas a galera iniciada sabia que a saída era mesmo às 14h, e não se fala mais nisso (esses guias oficiais nunca estão certos). Foi então que o irmão da Daisy me ofereceu uma carona de moto, e lá fomos nós, fresquinhos da vida, encontrar com os foliões nossos amigos por volta das 17h -- um atraso programado tipicamente carioca.

Tomamos uma cerveja (2 reais e 3 pontos) e lá estava eu, feliz da vida por estar me divertindo com o preço de uma passagem de van, quando vejo o Cristo desaparecer em alguma bruma que, de longe assim, me pareceu até meio mística. Um lampejo de realidade, no entanto, me fez lembrar que felicidade de pobre é programada para durar pouco. "Vai chover", disse pro André. Ele, que anda de moto e entende de meteorologia como qualquer motoqueiro ou surfista, olhou pras árvores (para entender a direção do vento), e concluiu: "Vai, mas não aqui." Não deu nem cinco minutos e a bruma nos engoliu. Vi ondas de porte tsunâmico se formarem na Lagoa e notei que os coqueiros quase tocavam o chão com suas folhas. Temi pela integridade física de meu celular, que enrolei, desligado, num plástico pestilento que encontrei no chão, mas o samba estava bom demais pra gente desistir por tão pouco. Pelo menos, para nós que estávamos no olho do furacão, parecia muito pouco: apenas uma chuveirada grossa, que que tem? Já tomei banhos de cachoeira mais fortes que aquilo. Estava quente mesmo, precisava chover! E daí que eu tenha sido atingida por uma saraivada de granizo na testa? Pra quem passou a manhã inteira com gelo no cangote, aqueles petelecos espontâneos de gelo eram até muito bem-vindos, desde que não ficassem grandes o bastante para contundir meu crânio. Mais adiante, sambando descalça, cortei meu pé em cacos de vidro, mas e daí? Calcei a sandália, que era vermelha mesmo, e ninguém notou que meu pé sangrava um pouquinho naquela poça de leptospirose em que se transformou a Lagoa. E o que é a leptospirose diante da febre amarela, heim, heim? Eu estava era bem feliz da vida, afinal tinha dispensado apenas dois reais e era a prova viva de que ninguém precisa de dinheiro pra ser feliz. Esquindô, esquindô.

Na volta, tive uma percepção menos mágica do que tinha sido a chuva: árvores caídas sobre carros e calçadas, telhas atiradas violentamente do alto de prédios (poderiam ter matado alguém), enfim, um cenário de caos. Tudo bem que fez um pouco de frio quando voltei de moto com o vestido encharcado, mas há tempos não me sentia tão livre e tão simples. O carnaval faz isso com a gente.

Talvez o carnaval seja um estado de espírito. O melhor que existe.

Já vi cachoeiras piores que a chuva de ontem.

As brumas de Avallon

Olha o André aí, gente!

sábado, janeiro 19, 2008

Espantou o neném


Espantou o neném
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E não é que choveu? Tomei pedrada de granizo e tudo.

Spanta Neném na Lagoa


MMS
Originally uploaded by Van-Or
Carioca é exagerado. Só porque choveu, estão dizendo que está frio pacas no Rio. Depois me perguntam de onde vem tanto drama.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Mole dando seu último molly.


Oi, meu nome é Mole. Eu podia estar aqui latindo, roendo chinelos ou até mesmo cheirando alguma bunda, mas estou só pedindo: preciso de um dono de temperamento linfático e pouco atlético, que me aceite sedentária e um pouco pesada como sou, mas que tenha uma mão grande o bastante para amassar minhas orelhas enquanto eu descanso (umas 20 horas por dia). Em troca, eu darei um ótimo travesseiro para peludoterapia intensiva.

Ah, e se não for pedir muito, prefiro morar em casa ou prédios com elevador: eu sou um pouco pesada pra ser carregada no colo escada acima, mas se meu dono for do tipo atlético, ok, pode me dar colinho. E, sendo atlético, se gostar muito de criança, como eu, e for hétero, solteiro e bem-humorado, por favor, pode se apresentar pessoalmente à minha agente de alocação, Van'Or. Adoraríamos ser adotadas juntas.

Desculpem a foto apelativa. Eu juro que foi um lance completamente artístico. Quem quiser me contratar como cão de companhia em tempo integral, é só escrever para ijv@rio.rj.gov.br.



Dognip



O que não é a ciência! Depois de inventarem o catnip, a maconha-com-LSD dos gatos, deram de inventar o dognip. Aí deixaram este pobre gatinho cair numa bacia da erva que alucina cães da mais tenra idade... e olha que bonitinho!

quinta-feira, janeiro 17, 2008

É molly, Mole?


É molly, Mole?
Originally uploaded by Van-Or
Oi, meu nome é Mole. Você consegue resistir ao meu olhar 43? Então me convida pra jantar, pra assistir TV aos seus pés, vamos fazer uma loucura, comer uns biscroks, cheirar umas bundas, sei lá. Esse meu lado animal é lindo.

Mole, o peixão canino para oito talheres

Oi, meu nome é Mole. Fui abandonada hoje, mas estou sem tempo pra sofrer: sou uma basset hound muito ocupada, tenho muita orelha pra arrastar, muita barriga pra ser acariciada e a necessidade pontual de ter um dono adepto da peludoterapia pra substituir o imbecil que me largou. Boa sorte pra ele, que aqui se faz, aqui se praga.

Mais uma pra chorar com a Mariza

Gente da minha terra.

Mariza - Barco Negro

Obrigada, Nelsinho.


Barco negro
Música: Caco Velho, Piratini
Letra: David Mourão-Ferreira
Intérprete (clássica): Amália Rodrigues


A E7 A
De manhã, que medo, que me achasses feia!
A7 D
Acordei, tremendo, deitada n'areia
A A7 D
Mas logo os teus olhos disseram que não,
A7 A E7 A
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

A7
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E7 D
E o teu barco negro dançava na luz
A A7
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
D A
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

C A
São loucas! São loucas!

E7
Eu sei, meu amor,
A
Que nem chegaste a partir,
E7
Pois tudo, em meu redor,
A
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

por Fernando Faria

terça-feira, janeiro 15, 2008

O santo da chave

A mãe do cara que eu mais amei na vida contou-me que jogou as cinzas de seu filho no mar, exatamente como fez há quase 10 anos com seu ex-marido (ou o que sobrou dele após a cremação). Dessa vez, no entanto, baseada na experiência angustiante de não saber onde, no mar, havia deixado seu ente partido, ela pediu ao barqueiro:

- Leve-me a um lugar onde exista um ponto de referência que eu possa ver em terra.

E o barqueiro levou a mãe e sua urna à escultura em bronze de São Pedro, erquida sobre uma plataforma de granito em frente quase à praia da Urca. Contei esse causo a um grande amigo e ele, depois de uma longa pausa, que eu achei que estivesse sendo gasta com sentimentos nobres de pesar e solidariedade, disse:

- Mas essa estátua é de São Cristóvão, não é de São Pedro!

Começamos uma longa discussão sobre o sexo dos anjos. Ele podia jurar que era de São Cristóvão, porque sua mãe, antes de encarar a estrada entre Rio e São Paulo com toda a família de guris no carro, sempre fazia um pit stop na Urca, em frente à estátua, para fazer uma prece a São Cristóvão, o protetor dos viajantes. Argumentei que, embora não seja uma conhecedora profunda dos santos, sabia que aquele ali era São Pedro porque ele levanta uma chave sobre a cabeça, a chave do céu. Ora, todo mundo que teve convívio escolar já ouviu estórias (ok, piadas) com São Pedro, o porteiro do céu, que sempre embarreirava os Joãozinhos da vida. , ele falou, e se a chave for de algum carro? Aí estaria a prova irrefutável de que a estátua é dele, São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas.

Não quis continuar a conversa. Prometi que iria googlar que santo era aquele, mas confesso que a dúvida me deixou muito intrigada. Então um santo se encerra naquilo que carrega, no acessório que usa? Tive questionamentos profundos sobre fé e moda. A fé há de ser a antítese da moda, e não é à toa que os padres e monges de todos os tipos usam a mesmo modelo de roupa há séculos.

Na minha corrida de domingo, fui até a estátua de São Pedro-Cristóvão (ah, sim, se ele protegeu meu amigo por tantos anos fazendo se passar por outro, dei-lhe o benefício da dúbia-personalidade). Pensei no meu querido cujas cinzas foram atiradas ali e torci para que aquela chave lhe tenha aberto as portas do céu. Chorei um pouco, rezei desengonçadamente, mas passei longos minutos ali não para isso, e sim para tentar entender como alguém pode confundir São Pedro com São Cristóvão. O mundo materialista não está pronto para essas questões espirituais complexas.

sábado, janeiro 12, 2008

Irreversível


Irreversível
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sexta-feira, janeiro 11, 2008

petit pois

Nunca se viu tanta mulher usar a sandália prateada do reveillon pra bater sola no dia-a-dia. A crise é tão grande que a peruada partiu pra reciclagem dos itens descartáveis ou reutilizáveis apenas no casamento de algum primo distante. Não demora muito, e a moda reveillon será o pretinho básico, que permite um maior número de reutilizações e suporta as chuvas de março bem melhor que o branco transparência-molhada com paetês prateadas, douradas e transparentes, a la sereia.

***

Descobri um quase-camelô que desbloqueia todos os celulares (exceto o aifone) por R$30. Não tenho registro de um hacker mais barato para este torpe fim. O cafofo fica num quase-infocenter na Rua Sete de Setembro, entre o Largo de São Francisco e os fundilhos do teatro João Caetano.

***

Eu me identifiquei muito com a menininha de "A Culpa é do Fidel" quando ela confunde o conceito de solidariedade com mariedade-vai-com-as-outras. Fui uma criança intelectualizada com um lado infantilóide reprimido que eu sequer podia admitir que existia, por isso sofri mais do que deveria para entender, por exemplo, que não dava pra trocar a parte seca e miserável do nordeste pelo perdão da dívida externa (daria um bom campo de testes de armas nucleares, eu pensava), e que nem tampouco poderíamos declarar guerra ao Japão só por causa do extermínio das baleias, apesar de todas as evidências que nos fornecia o Fantástico show da vida. Nao foi à toa que tive minha primeira gastrite aos sete anos. Eu sempre me senti muito impotente diante das notícias.

***

Parei de ler jornal aos 33. Hoje eu só olho de relance, tenho medo de vomitar lava vulcânica.

***

Só leia o trecho seguinte se for capaz de fazer o seguinte exercício mental: imagine que eu sou um homem, com bíceps, tríceps, barba por fazer, saco por coçar e pescoço-radar de bunda. Imaginou? OK. Agora me imagine nesse corpo moreno e bronzeado de homem tendo um insight feminino preservacionista sem desmunhecar. OK? Pode seguir adiante. Se você driblou as etapas obvrigatórias de mentalização, juro que não me responsabilizo:

Perguntei a um amigo gay lindo e maravilhoso se ele já tinha tentado, entende?..., com alguma mulher. Ele fez um muxoxo e disse que sim. E que não gostou: achou tudo "muito largo". Fiquei pensando muito nisso, na morte da bezerra e na anatomia das congruências: se é verdade que tamanho não importa, meu deus, mulheres!: INSCREVAM-SE IMEDIATAMENTE NUM CURSINHO DE POMPOARISMO NESTE VERÃO! Às vezes a largura de uma afeta a sorte de muitas outras, e e sei que a crise está roxa, mas pô: sejamos solidárias, aê.

Bomba no BB!


Bomba no BB!
Originally uploaded by Van-Or
Não, infelizmente não é no big bróder brazil, e sim no Banco do Brasil da Senador Dantas. Será que confundiram com a assembléia?

terça-feira, janeiro 08, 2008

Dali


MMS
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Os infantes também escrevem.



Minha mãe está arrumando os armários. Ouço as gargalhadas e vou perguntar o que é. Ela me mostra os cartões que eu e minha irmã escrevíamos pra ela no Natal, aniversários, dia das mães e dos namorados. Aparentemente, meu pai terceirizava essa última tarefa pra gente, o covarde.

Duas coisas, em especial, chamaram minha atenção:

  1. Cartão amarelado de aniversário: "É, mãe. Vossa senhoria está ficando velha. Ora, conforme-se, velha senhora! Sua ilustríssima filha, sua queridíssima Vanessa, está pior que a senhora (e olha que ainda SEQUER tem idade para votar): esqueceu-se do seu presente! Conto com sua compreensão. Perdoe, por obséquio, a esclerose precoce de sua filha. Desde já, agradeço, Vanessa. PS: Já ia me esquecendo: feliz aniversário!"
  2. A biografia do autor, em um livrinho escrito por minha irmã na escola: "Samantha Ornella dos Santos, nascida em 20 de março de 1975, estudante da sexta-série do Colégio Anglo Americano, pratica capoeira -- faixa verde-amarela -- e ainda pratica equitação. É dona do cavalo puro sangue inglês de nome Capeta, seis anos, que salta 1,20 m na pista."
Só duas observações importantes: esta é a biografia mais maravilhosamente franca que eu já li na vida! As pessoas querem ser horrores, mas a gente só pode ser os peludos que tem. Todo o resto é firula. E por último, mas justamente por ser o mais importante, a Samantha era dona de metade do cavalo, que era meio sangue de PSI com Crioulo. Não suporto preconceito racial.

Noves-fora, zero, acho que a gente nunca cresce em determinados aspectos. ;-)

PS: Já entendi o que minha irmã quis dizer: ela era dona da metade PSI do cavalo, e eu da metade Crioula. Por mim, tudo bem. Era a metade Crioula dele que fazia hipismo rural, então está honesto.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Moi?


Moi?
Originally uploaded by Van-Or
Não sei o que é, mas quero dois!

Aqui se faz, aqui se praga.

Eu nunca tinha percebido, até fevereiro do ano passado, que o brasileiro é um povo pra lá de supersticioso. Talvez porque eu tenha sido criada na macumba, apesar da escola católica e das aulas de catecismo (das quais me salvei graças aos argumentos fornecidos pelo evolucionismo, na quinta série), ou talvez porque minha asma infantil tenha me tornado o objeto familiar diário de um sem número de simpatias bizarras, como cuspir em boca de peixe e comer besouro (todo vizinho tinha uma simpatia maneira pra ensinar à minha avó), ou, sei lá, talvez a culpa seja mesmo da tia messiânica que me viciou em johrei, ou da homeopatia e dos florais de Bach, que muitas vezes, pelo menos pra mim, não passam de uma espécie de fé. Não sei. Só sei que eu sempre achei muito natural fazer sinal da cruz ao entrar no mar ou passar na frente de igreja, sempre achei óbvio passar reveillon de branco com calcinha amarela e chupar sete caroços de romã no Dia de Reis, e não tem dia 29 em que eu não me esforce pra comer gnocchi com um dólar debaixo do prato. Portanto, eu sei -- simplesmente sei -- que é forçação de barra dizer que eu sou uma criatura de todo cética.

Na verdade, sou uma amálgama de religiões. Seria saudável, imagino, se eu aprendesse a rejeitar algumas, porque não saber o que é ou não tabu numa sociedade onde vigora o sincretismo católico-hipócrita é muito confuso às vezes. Quando pequena, por exemplo, por saber que meu pai (o original de fábrica) era um fantástico entusiasta do candomblé -- a ponto de saber cozinhar a faroja preferida de um determinado exu, ter todas as fitas de música de terreiro e aulas de atabaque --, uma vez lhe pedi que desligasse a "música de macumba" do dodge quando nos aproximávamos do território inimigo da escola de freiras. Foi um momento muito difícil, porque papai dizia que "Jesus Cristo", do rei Roberto Carlos, "não é macumba, filha", e eu apenas chorava desesperada, na certeza de que ele estava mentindo só para ACABAR com a minha reputação junto àquelas criatura malévolas e imprevisíveis, defensoras de kichutes e quetais.

Longe de ser uma criança, ainda hoje me sinto vulnerável ao maniqueísmo da fé. Parei de ir a tarólogos e me reservo o direito de manter uma distância segura de pessoas que vêem fantasmas atrás de mim, porque espírito desencarnado de cu é rola, saravá, e já me bastam os vivos para temer.

Ontem eu tive a prova de que não estou sozinha na minha fé às avessas, aquela que só teme as punições pelas coisas terríveis que eu nunca fiz (mas vá saber o critério em vigor no além!). Estava num ônibus na Jardim Botânico quando entrou uma senhora com duas crianças entre 7 e 10 anos. Ela tentou passar uma criança por cima e outra por baixo da roleta, mas esse era um daqueles ônibus com a roleta na porta e uma suposta microcâmera na entrada para evitar caronas, então o motorista freiou o carro e a impediu de passar a meninada sem pagar a passagem de R$2,40. Seguiu-se um curto diálogo:

- Ô, moço, eu despenquei de Nova Iguaçu pra visitar uns parente-doente aqui, essas criança é especial, não paga passagem em ônibus nenhum.
- Não posso deixar, senhora. Este ônibus tem câmera.

A trocadora avisa que o ônibus os deixará no próximo ponto, a senhora se sente humilhada e desce do carro dizendo, com um olho apertado assustador, colado no olho do motorista:
- As criança tudo especial... Isso vai te pesar, moço. Se prepara, que você vai se arrepender, ham!

E desceu. Seguiu-se um silêncio pesado, que a trocadora quebrou, dizendo:
- Reza, meu filho, que quando a gente reza, a praga não pega.
- Mas eu não fiz nada!, diz o motorista. Podia deixar? Não. Então a culpa é do patrão!

Eu não pude deixar de achar maravilhosa essa terceirização da culpa. E a trocadora, que aparentemente é mais espiritualizada e tonta que o motorista, diz:

- É, mas ele não tá aqui pra pegar a praga que rogam na gente, tá? Então é melhor você rezar pro seu próprio bem.

O motorista suspira, contrariado, e eu penso, cá com os meus botões: não sei o que surgiu primeiro, se o ovo ou a galinha; se o amor ao divino ou o medo do castigo. De qualquer forma, acho que nenhuma religião teria qualquer tipo de chance de vingar se o ser humano fosse de todo destemido. E eu acho, sinceramente, que amor e medo não combinam muito bem.

domingo, janeiro 06, 2008

Quem não gostaria...



... de ter um gatinho desses? É uma pena que minha casa seja tão pequena. ;o)

terça-feira, janeiro 01, 2008

Ciao, reveillon.


Ciao, reveillon.
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Foi bom pacas. Este ano promete.

Nove e meio


MMS
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Feliz primeiro pôr-do-sol


Feliz primeiro pôr-do-sol
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Obrigada, Rio de Janeiro.

Dicas de beleza 2008, III


Dicas de beleza 2008
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Tome banhos de sol bem cedinho.

Dicas de beleza 2008, II


Hidratação
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Não esqueça da hidratação.

Dicas de beleza 2008


MMS
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Use proteção.

Colegas


Colegas
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Eu amo a COMLURB e seu staff alegre.

E nasce um 2008...


E nasce um 2008!
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Nasceu!

Happy old friends!


Happy old friends
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Happy new hope!


Happy new hope!
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Happy new love.


Happy new love.
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Bom dia, ano bom!


Bom dia, ano bom!
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O sol nasce na praia do diabo. Praia de quem?!?

Reveillon


Reveillon
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Copacabana, princesinha do mar