Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, junho 29, 2008

Meia volta, volver.

OK, talvez eu tenha agido de forma precipitada quando me inscrevi para a meia maratona de hoje em dezembro do ano passado. No reveillon, quando as pessoas de copo meio cheio de espumante são puro otimismo e entusiasmo com a esperança de um ano melhor, ninguém pensa em sinusites seqüenciais, fascite plantar bilateral, metatarsalgia e a preguiça infinita que qualquer mortal teria de tratar tudo isso com sessões intermináveis de acupuntura, fisioterapia e chás imensuráveis de cadeira em consultórios médicos diversos. A última coisa que me faltava fazer para a reabilitação dos pés era o repouso, mas quando vi todo o resto falhar, resolvi passar 3 semanas sem correr nadinha. Depois de tanta moleza, quem disse que eu consegui voltar a correr? Meus pés, além de não estarem completamente reabilitados, simplesmente se acostumaram com a vida boa. Hoje de manhã, quando acordei às 4h30 e ordenei que eles se calçassem e ficassem prontinhos pra gente correr 21km, os ingratos se plantaram na cama com todas as forças, apesar da fascite, e praticamente me obrigaram a dormir até as 8h.

Na verdade, eu desisti de correr esta meia maratona apenas ontem (desengano de cego é furar o olho), mas como já tinha pago a inscrição e como briguei com um burocrata babaquinha em maio para manter comigo este comprovante de pagamento, achei apenas justo ir ao posto de distribuição de kits para pegar o meu, com a camiseta e o boné. Chegando lá, pro meu choque e horror, as camisetas tinham acabado, mas em compensação eu recebi o chip de corrida antecipadamente e a promessa de que, com o tempo que teria livre por causa da antecipação do chip, eu poderia buscar minha camiseta no local de largada. OK. Saí de lá insatisfeita - claro, eu só queria a camiseta! -, mas quando eu botei meu cérebro pra funcionar, dei-me conta de que:
1. O local de largada, Praia do Pêpe, fica na Barra, a 25km de minha casa, e eu não tenho carro;
2. Os ônibus que conectam meu bairro à Barra passam de ano em ano, e deixam o passageiro a 5 km do Pêpe;
3. A largada seria às 8h, mas os ônibus do evento que levam os participantes ao além túnel partiriam do Aterro entre 5h e 5h30, então pra eu chegar à largada antes da corrida teria de sair de casa às 4h30, porque eu tampouco moro no Aterro;
4. E por último, justamente por ser o mais traumatizante, o chip TINHA DE ser devolvido, ou um homem de macacão vermelho viria bater na minha porta pra cobrar R$90 por esse pedaço de plástico ridículo.

Ou seja: ontem fui dormir preocupada com o que meus pés achariam se eu os obrigasse, de uma hora pra outra, depois de tantos dias de férias, a correr 21km. Minha sorte é que eles são pés-soas sensatas, tomaram a decisão correta e meu domingo começou comme il fault: com café da manhã e jornal na cama, na agradável companhia de Lála, o cão que sabe viver.

O problema dos pés estava resolvido, mas o do chip, não. Por volta das 10h, quando meus pés já estavam convencidos de que não seriam colocados na arena com os leões, resolvi correr até o Aterro para entregar o chip. Não seriam 21km, mas uns 10, e com honra ao mérito. No primeiro quilômetro, sinais inequívocos de dor; na marca dos 1200 m, lágrimas me saltavam dos olhos. No quilômetro dois, eu estava oficialmente mancando como se tivesse corrido sobre cacos do Pontal ao Leme. Aumentei o som pra não ouvir o protesto dos meus insolentes pés e cheguei mancando ao freak-show da festa esportiva, onde as pessoas são fortes, magras, têm pés perfeitos e exibem orgulhosas suas medalhas de conclusão de prova entre uma sessão de massagem e outra de alongamento. Espiei uma medalha de relance: era a mais bonita que já vi na vida: tinha o vulto de um corredor com um sol ardente ao fundo e me provocou um ligeiro arrepio de inveja. Consegui trocar meu chip por uma camiseta, mas à medida que me afastava das barracas, mais medalhas iam aparecendo à minha frente, e aí, quando eu menos esperava, desabei a chorar. Eu não sabia bem porque chorava, se por não ter tentado, ou se por ter frustrado tantos meses de expectativa, ou se por medo de nunca mais conseguir correr de novo. Afinal, eu tentei dois médicos, dois antiinflamatórios, dois acupunturistas e 14 sessões de fisioterapia, sem contar o repouso.

Eu tinha 5km pra voltar e pouco tempo pra decidir o que fazer da minha tristeza: voltaria caminhando cabisbaixa ou faria alguma coisa pra elevar minha moral? Achei que podia elevar minha moral aplaudindo os corredores que chegavam ao Aterro, mas na primeira tentativa de elevar a moral dos atletas que passavam por mim a 2km da reta final, percebi que não estava forte o bastante para incentivar outros a fazerem o que eu não fiz. Tive um pensamento vergonhoso: quando achamos que alguém tem tudo, não conseguimos pensar em nenhum bom presente pra dar a essa pessoa, e no caso dos atletas, eu não estava conseguindo sequer dar o meu apoio.

Foi quando eu vi um homem mancando bem mais do que eu. A julgar por sua cara contorcida, pressenti que ele estava prestes a abandonar a prova, então eu gritei: "Falta pouco! Você veio até aqui, é o meu herói, e agora falta pouco! E a medalha... é a mais bonita que eu já vi em toda a minha vida." Eu chorava daqui, ele chorava de lá, e passamos menos de 3 metros nos olhando enquanto nos aplaudíamos seguindo em sentidos contrários: ele ia rumo ao pódio da missão cumprida, e eu rumo ao pódio do coração partido, que no fundo sabe que esta é só uma fase de pé ruim, mas dias melhores virão.

PS: enquanto eu escrevia este post, Lála comeu minha meia Asics e a calça que eu usei pra ir ao Aterro. Na linguagem dos cães, isto quer dizer: mova esse seu traseiro gordo e me leve pra passear. Como eu disse, ela é um cão que sabe viver.

sexta-feira, junho 27, 2008

Duca

Dia desses, estava minha mãe vendo um programa na MTV quando ouviu, para seu choque e horror, o apresentador dizer:
- Este clipe é ducaralho!

Minha recatada mãe consultou o relógio para verificar se já era hora de palavrão cabeludo na TV, mas ainda nem passava das 19h. E o apresentador repetia: “Ducaralho, cara. Essa música é du-ca-ra-lho!” Meu pai veio tranqüilizá-la:
- Hoje em dia, caralho não é mais palavrão: é interjeição. Na faculdade, quando a professora de Penal distribuiu as notas, uma colega, moça recatada de bom aspecto e formação, exclamou ao ver minha nota: “Caralho, Jorge! Dez?!?”. Aí eu falei: não, vinte: tirei dez no trabalho também.
- E ela?, quis saber minha mãe.
- “Caralho, caralho, caralho!”.
- E você, como ficou com esse desfile de caralhos na sua frente?, eu quis saber.
- Ah... muito orgulhoso.

Sinal dos tempos, quem diria. E eu que já ganhei castigo de pimenta na boca por ter falado “porra”, um subproduto infanto-juvenil de caralho, numa época em que “sacanagem” já era comidinha de festa. Orgulhoso, mái bróder? Tsc, tsc, tsc. É o fim do mundo, isto sim!

quarta-feira, junho 25, 2008

É normal ser diferente (ou Mais um Conto da Carochinha)

Minha mãe sempre foi muito ocupada: quando se tem vinte e poucos anos, 2 empregos, 3 filhos e dificuldades para encontrar uma babá que não falte na segunda-feira, tempo é coisa que não existe. Pra poder ir ao banheiro e eventualmente tomar banho, dormir e comer, minha mãe se habituou a inscrever seus 3 filhos em cursos livres. Todos começamos a ter atividades extra-classe pelo menos 2 anos antes de iniciar a escola, porque naquela época não existia o pré-pré-jardim I, ou seja: escola antes da classe de alfabetização era creche mesmo, e filho da minha mãe não ia pra creche pra pegar piolho. A gente pegava piolho em outros lugares.

Um desses lugares foi a escolinha de artes. Em Brasília, tinha uma muito boa que levou meu irmão ao prêmio internacional de melhor desenho infantil em sua faixa etária, aos 7 anos, mas como o prêmio seria entregue na comunista Tchecoslováquia, e como naquela época comunista comia criancinha, aprendemos desde cedo a desdenhar de prêmios internacionais importantíssimos, o que nos transformou em seres humanos diferentes, pra não dizer anormais.

Aí, quando viemos pro Rio, minha mãe buscou no catálogo o telefone da Escolinha de Artes do Brasil, que seria o melhor equivalente da escolinha de artes bacanérrima que frequentávamos no Distrito Federal. Pra agradável surpresa logística de todos, essa escolinha era ao lado de nossa casa, então eu e minha irmã fomos matriculadas imediatamente, em janeiro; meu irmão, o mais velho, ficou de fora porque ele preferia fazer música e os horários eram incompatíveis. Como minha mãe era muito ocupada, acabou indo à nova escola de artes pela primeira vez numa festa junina para a qual nos vestiu a caráter. Chegando lá, entre obras de arte inacabadas em argila e uma mesa de comes e bebes, minha mãe não pôde deixar de reparar que eu e minha irmã erámos as únicas crianças, how can I put this?, não especiais da escolinha inteira. Ela nos chamou de lado e perguntou: quem são seus coleguinhas? Aí nós fomos apontando, empolgadíssimas, um por um: nosso amiguinho Down vestido de caipira ali, uma moça de 20 anos vestida de branca de neve acolá, até apresentar a turma toda. Como minha mãe é formada em matemática, ela também não pôde deixar de calcular que nós duas, suas filhas, correspondíamos a 25% do corpo discente e, portanto, 75% dos alunos eram especiais. Ela teve muita vontade de perguntar pra professora se tinha nos inscrito na turma certa, se não existia uma outra turma, como dizer isso?, que fosse mais a nossa cara. Por ser jovem e talvez insegura, acho que ficou com muito medo de ouvir da professora a verdade: que as crianças especiais eram muito melhores que a gente no massacre de massinhas e quetais, e que nós estávamos sim, na turma certa.

Acho que nenhuma mãe está preparada pra descobrir que seus filhos não são assim, tão-tão-tão especiais quanto elas imaginam desde a concepção. Na verdade, acredito que eu e minha irmã só adquirimos consciência de que nossos colegas do curso de artes tinham um cromossomo a mais anos mais tarde, nas aulas de genética do que hoje chamam de ensino médio, e mesmo assim porque as síndromes cromossomiais costumam ter o infeliz aval do professor para que os alunos se exibam com seu festival de piadas de mau gosto.

Quando eu penso nas tardes na escolinha de artes, é claro que me ressinto de ter uma vez apanhado de uma coleguinha especial quando tentei pegar o crayon rosa que ela nem estava usando, mas nunca me ocorreu que ela pudesse ter me sentado a mão por ser diferente de mim, pelo contrário: tínhamos até as mesmas predileções por cores, e é salutar brigar pelo que se quer.

Eu sei que, no ano seguinte, nós não tivemos mais aula naquela escolinha de artes. Em vez disso, fizemos ginástica olímpica, hipismo, violão, gaita, natação, capoeira, canto e inglês - não ao mesmo tempo, mas em todo o tempo que tínhamos livre. Minha mãe usava um jargão psicanalítico pra se queixar de nós que representava perfeitamente a dinâmica familiar dessa época: "se eu paro, eu penso; se eu penso, enlouqueço!" Para evitar que ficássemos loucos, ela nos deixou sem tempo, e portanto, sem tempo pra parar, pensar como as outras crianças e adoecer das mesmas desordens mentais, nesta ordem. Adoecemos, claro, mas de outras neuroses. O preconceito nunca foi uma delas.

Anos mais tarde, quando eu tinha 15 e minha irmã 13 anos, voltamos a ter aulas de artes plásticas num curso livre em meu condomínio. Como nossa sina nas artes sempre foi ser diferente, éramos as únicas crianças num grupo de terceira idade. Teve muito aluno se questionando se não haveria -- "tipo assim, professor, sem ofensas, adoro crianças!" -- um horário mais adequado a uma pessoa de sua madura idade. A evasão foi geral e eu e minha irmã levamos o professor de artes à falência por falta de quórum, mas isto só ocorreu porque as pessoas não estão prontas para admitir os diferentes. Isto sempre foi muito desagradável e desastroso em toda a História da Humanidade.

sábado, junho 21, 2008

Caninos brancos

Fim da penúria: Povo Brasileiro e Princesa Radija se portaram muito bem durante a limpeza de tártaro e agora ostentam dentes branquinhos, como há muito não tinham. Rodrigo Mannarino, o anestesista dos meus peludos, me convenceu a parar de sofrer com a sobrecarga cardíaca direita da Radija já que, durante a anestesia, minha menina mostrou ter o coração perfeitamente saudável. E o Rodrigo tem todos aqueles monitores tudo-em-um com displays fantásticos, que fazem a gente ter pena da pobreza cenográfica de E.R., minha série médica favorita ever!

O Povo, como esperado, cochila o sono dos pós-anestesiados. A Radija, que é "forte", já acordou, já importunou o Povo e agora dorme novamente, porque todo gorducho vai-e-vem do soninho químico.




Pouco depois de seu primeiro despertar, Radija tenta tirar o Povo de sua prostração inexplicável suspendendo-o, impetuosamente, com a ponta da nareba. O Povo, que mesmo dormindo é o cão-alfa desta casa, exibiu rapidamente os dentes alvos para sua prima, que entendeu o recado perfeitamente e deixou de importuná-lo.

sexta-feira, junho 20, 2008

Na função



Meus peludos desceram a serra e estão no Rio desde ontem com a agenda absolutamente lotada. O objetivo principal da visita é fazer a limpeza de tártaro amanhã, mas como isso se faz sob anestesia geral, e toda anestesia exige o conhecimento atualizado do estado geral de saúde, meus pitucos já fizeram exames de sangue, foram ao cardiologista e ao radiologista. Pra aproveitar a viagem, o Povo ainda marcou um encontro com a Dra Aninha, sua oftalmo, porque há 5 anos fez com ela a ablação de um adenocarcinoma de pálpebra que até hoje nos inspira desconfiança.

Veterinários são os donos mais hipondríacos e chatos do mercado porque têm opinião sobre tudo. E já que sua própria opinião não conta, porque estão emocionalmente envolvidos (mas não o bastante para adbicar do diploma assim, tão facilmente), partem logo pra terceira, quarta e quinta opiniões, tudo num dia só. Pelo mesmo motivo, desconfio que o pior temor de pediatras seja lidar com pais médicos intensivistas, porque toda cólica deve virar nó nas tripas e todo resfriado deve ser, no mínimo, uma tuberculose. Às vezes é melhor não saber. A ignorância é uma dádiva que poucos aproveitam conscientemente.

Hoje tive essa sensação com a Radija, que é um cão absolutamente lindo, normal e que seria perfeito, não fosse a obesidade artificialmente induzida pelo meu pai, um chef frustrado que se realiza na aprovação de seus pratos por seu semper fidelis público, que late e pede bis. O primeiro check-up cardiológico da Radija revelou, para meu choque e horror, que ela tem uma sobrecarga cardíaca direita, apesar dos parcos 5 anos. Isto geralmente acontece secundariamente a um processo inflamatório pulmonar, como uma bronquite alérgica. Mas como um cão que nunca tossiu pode ter bronquite? Passei o dia inteiro atrás de outras ampolas e técnicas de raio-X para entender melhor porque minha Princesa tem pulmão de fumante sem nunca ter fumado, tossido ou espirrado. No final do dia, conversei com o anestesista dela e resolvemos que tudo bem o pulmão não ser compatível com a beleza e harmonia do conjunto, que isso não interferiria na anestesia, mas puxa vida: fiquei com um aperto no peito.

Amanhã, quando eles me beijarem com o hálito fresco e a boca limpinha, nada disso terá importância. Às vezes, uma sobrecarga cardíaca direita é só uma sobrecarga cardíaca direita, sobretudo quando é discreta. E ser mãe, ainda que interespecificamente, é realmente a forma mais infalível de padecer no paraíso. (OK, terapeutas comportamentais sérios que abominam o antropomorfismo: podem me executar!)

quinta-feira, junho 19, 2008

Bom dia, Rio!


Bom dia, Rio!
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Lua cheia.

sábado, junho 14, 2008

Calvário

O Instituto de Veterinária onde eu trabalho é grande pra chuchu: da guarita de entrada aos fundos, há cerca de 500 m de terreno em aclive. No topo desse ladeirão, fica o Setor de Destinação de Animais. Os clientes do Instituto sobem a ladeira em busca da Destinação de Animais para tratar de ganhos - adoção de peludos sob nossa tutela - e perdas - sepultamento, cremação e eutanásia humanitária de animais doentes sem chance de cura, sendo “sem chance de cura” um diagnóstico devidamente validado por um dos veterinários de nossa criteriosa equipe. Não aceitamos os critérios de mais ninguém, pois cada um sabe dos critérios que tem, e cada qual que arque com o karma disso.

Quem conhece o Instituto sabe que não tem outra: subiu a ladeira até o topo de nosso terreno, só pode ser ganho ou perda. Sempre torcemos pra que seja um ganho, claro, pois não somos japoneses nem nada para celebrar a morte. Mas os ganhos são poucos e as perdas são muitas, e sempre muito sofridas.

Toda vez que vejo alguém subir aquela ladeira com um bichinho nos braços, sinto o coração apertar e tento não olhar muito, porque se meu olhar cruza com as lágrimas que rolam ladeira abaixo, o chão some sob meus pés e eu passo a suar de nervoso. Pelos olhos.

Nenhum veterinário gosta de fazer eutanásia. Nenhum veterinário que seja também um ser humano faz eutanásia sem que isso seja realmente necessário. E isto torna a escalada daquela ladeira ainda mais pesada: ao subir o Monte Calvário, o proprietário sabe que está vivendo os últimos momentos do idílio com seu melhor amigo, e sabe que ao chegar ao topo um veterinário o irá apoiar e não irá recuar, pois esta é a coisa certa a se fazer por um grande amigo que sofre sem chance de alívio. E foi por isso, porque eu sei que esta escalada é o derradeiro ato de amor de uma pessoa por seu cão ou gato, que eu interpelei um senhor que fazia esse percurso à toda velocidade com seu pastor alemão, na semana passada.

A cena me lembrou muito da crônica de Nárnia em que o Rei Leão sobe a colina para sua própria morte: aquele cão tinha o mesmo porte majestoso do herói do livro, mas sua respiração difícil e seu andar claudicante denunciavam o final da jornada. Porque estava quente, e porque o cão estava amordaçado, em vez de responder àquele homem que sim, ele estava no caminho certo para o Setor de Destinação de Animais, eu disse:
- Mas por que a pressa, meu senhor? Seu cão está cansado, respira com dificuldade. É mesmo necessário usar esta mordaça?
- Ah, dona, ele é uma fera. Mas só com os outros: comigo, é meu melhor amigo.

E pôs-se a chorar. Eu afaguei seu ombro e sugeri que ele descansasse um pouco à sombra com seu melhor amigo. Que lhe tirasse a mordaça. Que o deixasse descansar, pois dá muito trabalho caminhar com dor e sem o apoio de uma das patas. Que ele abraçasse seu cão para guardar a sensação, porque a saudade que fica é muita. E por fim, que ele não duvidasse jamais de seus sentimentos por aquele amigo, que saber a hora de dizer adeus é uma das mais importantes manifestações de amor.

Despedi-me do homem que chorava com o rosto enterrado em seu cão e desci a ladeira sem olhar pra trás. Não que eu não suportasse mais ver a repetição daquela cena triste, mas há dias em que é impossível não morrer um pouquinho ao se imaginar nesse mesmo lugar, subindo essa mesma ladeira que depois só desce, desce, desce.

Snoopy come home!

O cara mal abriu os olhos e já está uivando com a boquinha banguela. Desse jeito, o Snoopy vai voltar pra casa: impossível resistir a um chamado tão fofolético.

Algumas coisas contagiosas são gostosas.

Nem precisa entender o que ela fala pra rir junto ("When You Can't Stop Laughing...." in You Tube)

sexta-feira, junho 13, 2008

Vigilância Epidemiológica

"Que bom seria se um só deputado tivesse febre aftosa, peste suína ou gripe das aves. Seríamos obrigados a sacrificar todo o rebanho!"
(filosofia popular veterinária de botequim enviada pela Marilu)

quinta-feira, junho 12, 2008

Emagreça sem sacrifícios (ou UAHUAHUAHUAH!)

Dicas para emagrecer que acumulei nos últimos anos (junto com alguns quilos):

1. Lobotomize a parte de seu cérebro que sente fome;
2. Faça 4 ou 5, mas nunca 8 refeições por dia;
3. Compre o melhor tênis de corrida e corra com eles por pelo menos 40 min, de 3 a 5 vezes por semana. Lembre-se: por melhor que sejam, tênis não correm sozinhos; é necessário que a pessoa que quer emagrecer os use durante a corrida;
4. Evite os carboidratos após as 18h, especialmente se eles estiverem disfarçados de pizza fofa gigante com algum recheio brilhante;
5. Nunca fale ao telefone durante as refeições, sobretudo se o assunto for estressante. Aliás, fuja do estresse como o diabo foge da cruz, e para isto use os tênis de corrida de 3 a 5 x semana, por pelo menos 40 min;
6. Dica da Bia Rónai para jantares com amigos e outras reuniões sociais regadas a bom vinho e boa comida: SE BEBER, NÃO COMA; SE COMER, NÃO BEBA!;
7. Durma cedo: quem dorme cedo não janta duas vezes;
8. Durma bastante: quem dorme mais que a cama, perde o café da manhã;
9. Não perca o humor;
10. Observe as pessoas magras: elas não são assim de graça, elas realmente comem menos do que nós, gorduchos. E se comerem mais, ignore à vontade o item 9. Uso de voodoo liberado!

terça-feira, junho 10, 2008

Recuerdos Lalais

Todos suspiramos pela Lála. Todos somos apaixonados pela Lála. Todos sentimos falta da Lála. Pois não é de se admirar que no jantar, minha oitava refeição do dia (depois escrevo sobre isso), a Lála seja um assunto recorrente mesmo quando não está presente.

Hoje meu pai e minha mãe contaram uma conversa que eles três (eles e a Lála) tiveram na minha ausência. Eles estavam jantando e a Lála se recusava a comer sua comida de cachorro - já devidamente disfarçada de risoto de frango com brócolis refogado. Eles tentavam ignorá-la, mas ela insistia:
- Não quero esta porcaria de comida! Isto nem comida é! Quero a comida de vocês: essa aí em cima da mesa, ó! Eu posso ser baixa, mas sinto cheiro muito bem! Nem tentem me ludibriar, a comida que quero é essa aí: a de vocês!

Tudo bem que a maioria de vocês vai se perguntar: mas será que a Lála falava tudo isso mesmo? Tudo bem, gente, não tem problema ter essa dúvida: eu sou paciente, por isso vou responder com educação: ela não falava tudo isso, ela latia tudo isso. E como meus pais jantam perto da meia-noite (motivo número 58 de o jantar ser minha oitava refeição do dia), essa prosa toda começou a enervar os vizinhos, e porque os vizinhos estavam enervados, meus pais ficaram enervados, e porque a Lála é uma esperta e totalmente demais, ela mesma encerrou o falatório, foi ao quarto dos meus pais (onde ela enterra seus tesouros) e voltou com um reluzente bombom de cupuaçu na boca.

Na tarde daquele dia, meus pais haviam feito hortifruti e voltaram com vários bombons desse tipo. Eram tantos, que eles nem perceberam que a Lála subiu na mesa e reservou unzinho para seus dias de vaca magra. Pois ela deitou seu bombom de embalagem perfeitamente preservada no chão e virou a bunda pros meus pais, ainda à mesa de jantar. Minha mãe usou a língua do pê pra se comunicar com o outro bípede da casa sem dar muito na pinta:

- Eu-peu a-pa-cho-po que-pe is-pis-to-po é-pé u-pu-ma-pa a-pa-fron-pon-ta-pa. E é com a gente, heim! Observa bem.
- Que afronta, que nada, meu pai respondeu. É autosuficiência. Esse cachorro é demais, não precisa da gente nem pra comer besteira!

***

Eu já disse, e continuo insistindo: não estou humanizando a Lála. Ela já veio humanizada pra mim! O ser humano precisa ser consistente, só isso.

Notícias pituchas

Pituco do ursinho Seboso

Ainda não foi adotado, mas agora que ele já passou 4 finais de semana na casa da estagiária, que vive com ele no colo, ganhou brinquedos, tomou banho, enfim, agora que ele já foi praticamente adotado (mas a estagiária, coitada, ainda está em negação), ninguém mais perde o sono porque o pobre cãozinho órfão abandonado não foi pra uma casa ainda. Quando ele fizer 500 g ou 3 meses, o que vier primeiro, ele já estará tentando roer algum sofá em que não consegue subir.

Meg, a cadela fujona de peito e patas brancas com fobia de ruído

Falei com a Kátia, sua dona: infelizmente, ainda não foi encontrada. Como eu já perdi dois cães que foram encontrados, sugeri o protocolo de sempre:

1.Solicitar a listagem de todos os estabelecimentos comerciais cadastrados pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária na região (pet shops, casas de ração, consultórios e clínicas veterinárias) e enviar a todos, pelo correio, uma cartinha e o cartaz com as fotos da Meg. Se uma pessoa do bem encontrou o cão e se apiedou, em algum momento irá lhe comprar ração ou levá-lo pro banho ou a uma consulta ao veterinário. Na hipótese médio-ruim, se a Meg sofreu alguma injúria física na fuga, algum veterinário pode tê-la atendido e se lembrará dela e de seu resgatador. As outras hipóteses eu nem apresentei à Kátia, porque o médio-ruim é o máximo onde se pode chegar sem que se extermine a esperança.


2. Percorrer todos os abrigos e protetores da região com fotos e cartazes da Meg: animais abandonados sempre podem parar em abrigos, e abrigos têm paredes altíssimas pra que os vizinhos não vertam seus venenos pra dentro de seus quintais. Protetores nem sempre vão a petshops: a maioria recebe doações ou compra direto do distribuidor para reduzir custos.

3. Aumentar a recompensa: preguiçosos em geral só lêem cifras; se eles forem incluídos no universo buscado, aumenta-se em muito o escopo da pesquisa, muito embora eu duvide que as recompensas façam qualquer diferença no sucesso da busca, porque quem tem a intenção de fazer a coisa certa, o fará independente de qualquer prêmio; e independentemente da preguiça.

segunda-feira, junho 09, 2008

Arranhou a família e foi pro cinema.

Sim, eu confesso: gudunhei uns bípedes. Mesmo assim, sou gato pacas. E ninguém pode negar.

Buenos


Buenos
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domingo, junho 08, 2008

Workshop da Técnica de Alexander

Confesso que nunca tinha ouvido falar na Técnica de Alexander até receber a dica da Ana Yates. Vale pra galera que ama animais, mora no Rio de Janeiro e quer evitar dores esqueléticas por erros posturais:

OFICINA DA TÉCNICA DE ALEXANDER
Em apoio às Associações de proteção aos animais

O que é:
Técnica de auto-observação que possibilita um melhor funcionamento do nosso organismo, estimulando o equilíbrio e a harmonia. Visa reabilitar todo o sistema muscular, diminuindo o esforço desnecessário na execução dos movimentos cotidianos e melhorando a saúde e o bem-estar emocional e mental.

Data: 21 de junho de 2008
Horário: das 9 às 13 h.

Local: Centro de Estudos da Técnica de Alexander (CETA)
R. Jornalista Orlando Dantas, 15 – casa 2 - Botafogo, Rio de Janeiro - RJ

Programação:
aulas coletivas - 9:15 - 10:15 h
11:00 - 12:00 h

aulas individuais - (20min. de duração)
9:00 às 13:00 h

Obs.: É necessário marcar as aulas individuais com antecedência, através do telefone do CETA.

Inscrições:
A participação na oficina se dará através de contribuições em medicamentos e/ou alimentos para cães e gatos.
Os donativos serão encaminhados para associações de proteção aos animais, entre as quais o SOS VIDA ANIMAL.

Informações sobre a oficina e donativos:
Tel: 2551-5807 / 8135-0090 (Vinícius)
e-mail:vini.zv@oi.com.br / edmundo@ceta.com.br


Uma má e uma boa notícia do mundo animal

Se você tem o estômago fraco, pule logo pra boa notícia, após a figura abaixo.

Os últimos dois dias foram um longo e tenebroso inverno para mim. Tudo começou porque eu abri um filme intitulado china_do.wvm que uma amiga veterinária me mandou por email. Como ela só me manda emails de trabalho e uma coisa fofa ou outra (eu geralmente não abro as coisas fofas porque elas chegam repetidas às dezenas: da primeira vez é fofo, na segunda é a-nã, na terceira é um saco e na quarta eu marco como spam). Então, achando que era algo normal e cotidiano, eu assisti a uma parte do filme do PETA sobre o massacre de cães e gatos na China. Não cheguei ao segundo minuto do vídeo, porque quando vi caixas de arame hiperlotadas de cães e gatos sendo arremessadas de uma altura de 3 metros, algo em mim se partiu pra sempre, adoeceu minha alma e nada do que eu fizesse, falasse ou ouvisse conseguia me fazer esquecer daquelas imagens atrozes.

Porque uma imagem toca tanto a gente, eu não sei. Tenho um amigo que não consegue ver (sem adoecer) aquela foto ganhadora do Pulitzer em que um bebê africano desnutrido aguarda a morte ao lado de um abutre. O autor dessa foto acabou se suicidando, pois ele mesmo ficou torturado pra sempre pelas imagens que registrou naquela ocasião. Nunca achei que isto fosse ocorrer comigo - afinal, é possível manter uma distância racional das coisas que vemos - até ver o filme do massacre de cães e gatos na China. Eu só conseguia pensar: "Por que me colocaram nessas gaiolas? Por que me empilharam nesses caminhões? Por que me jogaram dessa altura, fraturando meus ossos e lacerando minha carne contra o metal inflexível? Por que me mataram, afinal?" Enfim, perdi essa salutar noção de distância entre as vítimas e eu mesma.

Quando parei de chorar, falei com meu pai a respeito, porque ele é um dos maiores humanistas que conheço, e também o mais cínico. Perguntei o que eu deveria fazer para me ressuscitar dos mortos, pra sair daquela gaiola, pra evitar minha própria morte: devo odiar os chineses, devo boicotar a China? Ele receitou o contrário. Disse que é bom que o mundo abrace lugares onde esse tipo de atrocidade ainda existe, pois comportamentos como este denotam falta de civilidade, e se há alguma vantagem na globalização esta deve ser a padronização e a vigilância sobre o que é considerado civilizado ou não.

Falei sobre esse vídeo com a Ana Yates, a defensora dos animais mais atuante que eu conheço, e ela me disse que ele já circula na internet há anos, e que muitos manifestos de repúdio já foram feitos contra a política de extermínio de pequenos animais no país. O governo alega controle da raiva, mas há denúncias de que os chineses vendem e exportam a pele dos animais abatidos. Lembro de rumores sobre a venda de gatinhos de pelúcia, feitos com pele de gato, pelos camelôs da cidade. Ainda estou apurando fatos para estudar uma forma eficaz de protesto, portanto se alguém tiver alguma informação de fonte idônea sobre este tema, por favor escreva para vanorresponde@gmail.com.

Enquanto tentava descobrir o que há por trás das imagens que mudaram meu olhar sobre o mundo, li uma notícia no Globo de ontem que funcionou como bálsamo para a minha alma:



Patrick De Meauntroux, um jovem delinqüente de 18 anos, foi multado em R$2mil pelo IBAMA por ter fraturado seu poodle Bob há 2 dias, com chutes e pontapés. O agressor escapou de ser linchado por pessoas que testemunharam a covardia, mas não escapará da denúncia do MP, e terá de responder por crime ambiental com base no artigo 32 da lei 9605. Estou encantada com a rapidez do IBAMA neste caso, e é importante que se espalhe aos quatro ventos o que pode acontecer com um molestador de animais. Minha experiência com animais ensina que o reforço positivo é sempre mais eficiente do que o negativo, portanto este é o momento de fazer o IBAMA saber o quanto apreciamos a punição de um agressor dos animais e do meio ambiente.

Tenho a impressão de que se as autoridades fossem eficazes na conteção de molestadores de animais, haveria menos assassinos, estupradores e outras sortes de molestadores de gente à solta. O respeito ao próximo começa dentro de casa e com as criaturas sujeitas aos nossos caprichos.

Diálogo kafkaniano

Dia desses, chegando em casa pelo estacionamento do prédio, tarde da noite, notei algo se mover no painel do carro de um vizinho. Parecia uma folha rolando com o vento, mas o fato me intrigou porque os vidros estavam fechados, logo não havia como ventar ali dentro. Aproximei-me do fenômeno paranormal lentamente e, para meu choque e horror, fui flagrada pelos olhos injetados de uma imensa barata cascuda do lado de dentro do carro. Gritei de susto e, vendo que o valente inseto não arredava pé (ou patas) da cena do crime, parti pro desafio:
- Como você entrou aí, seu verme nojento?
- Como todo mundo, ué: pela porta.

Tive engulhos de pensar numa barata daquele porte pegando carona em alguma perna de calça pra entrar no carro. Fosse minha calça, eu não só a cremaria, como também despacharia suas cinzas como lixo nuclear.

Muitas vezes nos perguntamos como acontecem os acidentes de trânsito, e ali estava, diante de meus olhos, uma causa óbvia que nenhum guarda ou promotor público valorizaria: "o condutor alega ter perdido a direção quando uma barata cascuda voou em sua direção no interior do veículo, cujos vidros estavam fechados no momento da colisão. A-han. Conta outra!" Sentindo que a preservação de vidas dependia de minha vitória verbal sobre o molusco voador, insisti:
- Saia já daí!
- Não saio!
- Saia já, senão...
- Senão o quê?
- Senão eu vou interfonar pro dono deste carro dizendo que tem uma barata em seu carro, e ele descerá com um tanque de DDT e acabará com a sua raça.
- Se você interfonar pra alguém a esta hora da noite por causa de um inseto, todos pensarão que você é maluca.
- Eu não sou maluca se meu intuito é salvar vidas.
- Maluca e fofoqueira: todos teriam pena de uma pobre coitada que passa as madrugadas a inspecionar os painéis dos carros dos vizinhos.
- Eu não estava bisbilhotando, apenas fiquei curiosa porque...
- Tá vendo: "curiosa"... Na minha terra, não há distinção entre curioso e fofoqueiro. Ninguém respeita um fofoqueiro. Aliás, os fofoqueiros não se respeitam.
- Será?... Eu não quero ser fofoqueira. Só queria ajudar, preservar vidas...
- Muito ajuda quem não me atrapalha. Vai por mim: vá pra casa e durma. Finja que foi um sonho. Eu vou fazer minha coisa e, na primeira oportunidade, pego uma carona pra fora do carro. Vai ficar tudo bem, prometo.
- Bem, se você diz... Boa noite, então, dona Barata.
- Boa noite. E cuidado com a bebida, heim! Álcool e volante, hum!
- OK, obrigada, Vossa Excelência. Passar bem.

Eu ainda teria dito "deus te abençoe" se fosse religiosa, mas achei forçação de barra, afinal era só uma barata, mas uma barata com consciência social, uma barata que prometia preservar vidas humanas.

Cheguei em casa e fui varrida por um quase-horror fóbico inexplicável de me deparar com uma barata pela frente. Dormi agarrada a uma lanterna e, de madrugada, quando tive vontade de fazer xixi, primeiro acendi a luminária da cabeceira, depois iluminei com a lanterna o espelho de luz do quarto, e fui fazendo barulho e acendendo todas as luzes da casa até chegar ao banheiro.

Se houvesse alguma barata pelo caminho, queria que ela soubesse antecipadamente que eu estava me aproximando; assim, ela teria a chance de se esconder antes de minha chegada. Preciso passar um tempo sem me confrontar com esses vermes para me recuperar emocionalmente daquela noite. Baratas são criaturas muito tinhosas, e é quase impossível vencê-las num debate.

terça-feira, junho 03, 2008

MMS


MMS
Originally uploaded by Van-Or
Pituco macho, 2 meses, sem raça muito definida procura uma casa grande o bastante pra ele e seu ursinho de pelúcia, o Seboso. Ou seja, qualquer caixinha de fósforo serve, desde que seja de gente do bem. Mais info, tel. 22542100, r. 21.

segunda-feira, junho 02, 2008

Pra não dizer que não falei de hortifruti.

Meu pai diz que eu chamo fogão de Excelência, mas isto não passa de intriga da oposição. Eis aqui a prova cabal:

Isto aqui é um aipo:


E isto aqui é um alho poró:


Um não tem nada a ver com o outro, exceto pela intrigante coincidência de ser praticamente impossível encontrar ambos os vegetais no Mundial ao mesmo tempo: se tem um, não tem o outro e se tem o outro não tem o um, o que costuma confundir pessoas pouco familiarizadas com temperos não rotulados e quetais, pois estas se guiam pelo olfato em caso de dúvida.

Com tamanho conhecimento de causa, nem vou precisar fazer o curso para noivas da minha escolinha de culinária. O "noivas" é um basicão que ensina desde a diferença entre couve e beterraba, com direito a visita ao hortifruti!, até o modo correto de segurar uma faca sem pôr em risco a própria integridade física.

Mudando de assunto

Creme de pêra e alho poró

Ingredientes:

- 2 colheres (sopa) de manteiga sem sal
- 150g de alho-poró lavado e desfiado
- 700g de pêras descascadas, cortadas em 4, sem o miolo
- 1 colher (sopa) de poire ou outro aguardente
- 100ml de vinho branco
- 1 litro de caldo de legumes
- sal a gosto
- pimenta-do-reino moída na hora
- salsa picadinha

O que fazer com tudo isso:
- Derreta a manteiga e cozinhe o alho-poró em fogo baixo até que esteja macio, mas não dourado.
- Junte as pêras, o aguardente e o vinho e deixe ferver. Adicione o caldo, deixe ferver e abaixe o fogo. Cozinhe até que as pêras fiquem macias.
- Passe tudo no liquidificador e volte à panela.
- Tempere com sal e pimenta. Sirva quente polvilhado com salsinha picada.

***

Eu sei que é exótico, mas é que quando eu tenho saudades da Lála, me bate a maior fome. Fiz até inscrição num curso de culinária pra que os dias passem rápido até o próximo feriado prolongadíssimo. Nesse interim, espero aprender a diferença do aipo pro alho poró. Vistos assim, lado a lado numa tela, parecem quase gêmeos pra mim.

domingo, junho 01, 2008

Puppies Behind Bars

O "Puppies Behind Bars" é um programa em funcionamento num presídio de Nova York em que prisioneiros recebem um filhote de 8 semanas para treinar como cão de serviço (service dog), principalmente para veteranos de guerra americanos que sofrem de estresse pós-traumático. O treinamento dura 2 anos, e após esse tempo todo os presidiários sentem-se recompensados pelo afeto e pela peludoterapia, além da sensação de terem realizado algo grandioso. Os animais treinados ainda fazem, de quebra, uma peludoterapia domiciliar quando visitam pessoas idosas ou com limitações físicas para se habituar ao ruído de andadores, respiradores artificiais, etc, coisas que eles terão de encarar no dia-a-dia com uma pessoa portadora de "dificuldades" (na falta de um termo melhor).

O vídeo dura 7 minutos e é todo em inglês, sem legenda, mas mesmo quem não entende pode se arrepiar com as carinhas e Amazing Grace no final. Uma covardia. Eu teria chorado mesmo sem essa música.

http://www.puppiesbehindbars.com/

Falsidade ideológica


Na semana passada, a Cora deu a dica deste site aqui, o Taaz, onde a gente pode se ver com vários tipos de cabelo, maquiagem e lentes de contato. Depois de muito brincar, cheguei a algumas conclusões pouco ou nada importantes:

1) a maquiagem realmente levanta o rosto, mas o melhor remédio pra olheiras é dormir 8 horas por dia;
2) a cor do batom é capaz de denunciar a intenção da mulher;
3) cabelo comprido não me pertence (que pena e que alívio, porque o meu não passa do ombro mesmo, e eu sempre tive curiosidade pra saber como seria se pasasse);
4) cabelo liso demais passa a impressão de saúde frágil. Para driblar esse efeito colateral, a maquiagem é obrigatória. Está explicado porque as européias andam sempre tão maquiadas.