Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, dezembro 30, 2006

Saudade que o Mofo deu!


Saudade que o Mofo deu!
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Acordei nostálgica daquele dia, de vocês que foram e dos que não puderam ir. Eu sou a pessoa mais rica do mundo. Meus amigos, meu maior tesouro.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

O Mofo deu super certo!


O Mofo deu super certo!
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Agora que o teor sangüíneo subiu na minha corrente etílica, subo a foto das ex-tímidas e queridíssimas freqüentadoras deste quartinho: a Pimentinha Sandra (reparem a semelhança!) e a Monica. Vou roubar outras no flickr da Ju e do Joel.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Eros is in the air.

De todos os mitos gregos, o que mais me encanta é o de Eros (o Amor e o Desejo) e Psiquê (a Alma). A idéia incrível desse encontro entre Amor e Alma encerra, pra mim, toda a essência da vida: o amor só é pleno quando ele penetra (com duplo sentido, por favor) a alma do ser amado. E é em torno desse encontro -- o do amor com a alma -- tão raro entre os homens e tão banalizado pelas mulheres, que não entenderam o que o poeta quis dizer (e contra ele se revoltaram), que a Terra gira.

Dizem, e dizem só por dizer, que é o dinheiro que faz o mundo girar. Mas não é, não. É o sexo. Tudo no mundo está a serviço do sexo: o poder, o dinheiro, carrões e os padrões estéticos inatingíveis. Tudo simboliza o falo ideal, o instrumento mítico da penetração do Amor na Alma. A chave-mestra da felicidade. É até possível viabilizar essa união mítica de outras formas, mas nós ainda somos primitivos demais pra pensar nisso. A Humanidade ainda não se libertou da clausura do próprio corpo material.

Quem foi que ensinou pra gente que sexo é feio e sujo? Quem foi que convencionou que só vale um mais um, e que nada é permitido fora do irritante limite das quatro paredes? Quem determinou que homens têm que sentir atração por mulheres e vice-versa? Quem disse que o homossexualismo é errado? Quem foi o idiota que classificou o homossexualismo como um transtorno mental no Código Internacional de Doenças (CID)? Pra que nos teriam criado com cinco, às vezes seis sentidos, se não fosse pra gente enxergar, cheirar, tocar, ouvir e, sendo tudo muito agradável até aí, querer sentir o gosto do outro? E se o outro for mulher? E se o outro for homem?

Uma vez eu perguntei a um casal de meninas, com quem tenho abertura pra todo tipo de conversa, como era o sexo entre elas. Curiosidade típica de heterossexual. Uma delas, chocada com minha pergunta tão direta (que deve ter sido algo como "E aí, como é a trepada de vocês?"), buscou o olhar da outra em socorro, segurou sua mão e disse: "Trepada? Nunca encarei nosso sexo como uma trepada, e sim como uma troca de carícias. Não é, bebê?". E então elas se beijaram como se estivessem se reencontrando depois de muito tempo. O mundo parou para ver a cumplicidade que existia naquele beijo, e meus olhos se encheram de água e ternura. Eu estava diante de um raro caso de encontro do amor com a alma.

Passei a pensar em mim como uma heterossexual oportunista porque, assim como os cães passaram de carnívoros preferenciais a onívoros oportunistas graças à mistura maluca de sobras de alimentos ofertada por seu melhor amigo, o homem, eu talvez possa passar de heterossexual a homo. Ou bi. Ou pan. Graças à oferta massiva (e cansativa) de homens malucos e inviáveis que sobraram no saldão dessa concorridíssima indústria casamenteira.

Sei lá onde eu vou encontrar a oportunidade de vivenciar esse idealizado encontro do Amor com a Alma! E eu também não quero ser rotulada de coisa alguma. Quero ser livre pra ser o que bem entender. E quero que meus filhos nasçam num mundo onde os gays não sejam espancados e hostilizados por homofóbicos apavorados com seus próprios desejos reprimidos; onde namoradas não sejam apedrejadas na frente da escola; e onde todos vejam, com essa mesma clareza, que o sexo só é pecado quando dissociado do espírito.

Feio e cruel é transar sem desejo ou sem o consentimento do outro. Sujo, mau e pervertido é o preconceito. E tudo mais que se fala sobre amor e sexo, prosa e poesia, é uma tentativa vã de simplificar todo o lirismo e todo o delírio que envolve o maior mistério da vida. Esse mistério que vale cada segundo de nossa passagem por este mundo.

VANOR CONVIDA, AGORA COM DATA: DESPEDIDA DE 2006

Fidel ainda não morreu!


Como ninguém se manifestou, exceto a Sandra, e porque democracia nos olhos dos outros é refresco, eu decidi, soberanamente, que rolará um bota-fora de 2006 AMANHÃ, DIA 28 DE DEZEMBRO, no Mofo (Rua Barão do Flamengo, 35 - mais pra praia, que pro Largo do Machado). Estarei lá depois da ginástica, de banho tomado e perfumada pra abraçar vocês, a partir das 18h30. Não vai rolar reserva, porque o Mofo é um cu-de-fora. Por favor, não façam a menor expectativa de sentar suas bundinhas cansadas em uma das 4 ou 6 mesas que eles têm lá pros beberrões FIDELizados. Em compensação, os garçons são excelentes, o chope gelado é super bem tirado e rola a famosa tábua de caipirinhas, com 10 sabores em copinhos de 100ml.

Acho que só conseguirei ficar de pé até as 22h, porque a primeira coisa que vou pedir é a tábua. E se ninguém chegar na hora marcada, sorverei sozinha e bravamente, gole por gole, 1 litro de cachaça com sucos diversos. Depois disso, não serei capaz de reconhecer minha própria imagem no espelho.

Como os cães, em geral. Ou os pintos no lixo.

Espero vocês!

terça-feira, dezembro 26, 2006

No Caminho de Casa


No Caminho de Casa
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Marcia Motta, baianinha linda que freqüenta este quartinho (e agora tem quarto com vista pro mar em meu coração). Momento histórico!

segunda-feira, dezembro 25, 2006

O dia mais importante do ano


O dia mais importante do ano
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Natal sem criança abrindo presente não existe, simplesmente.

Papai Noel em Salvador


Papai Noel em Salvador
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Do polo norte pro nordeste.

O cara é sinistro!


O cara é sinistro!
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Meu fantástico engolidor de pilhas bateu esta foto sozinho. Depois me chamou pra salvar. O cara tem só 4 anos. Eu sei que não tenho distanciamento crítico pra dizer, mas...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Parábola Natalina do Desapego

Papai Noel, Rita (minha chefe nota mil, que Deus é pai, não é padrasto), Joaquim e Laura, num momento explícito de desapego natalino.

A Rita, que ao contrário da música, devolveu meu sorriso (e meu amor pelo trabalho), me contou uma história sensacional de sua filha Loló, de dois anos. Aproveitando o ensejo do Natal, há uns dois meses ela vinha negociando com sua filha a troca da chupeta, a droga mais pesada dos pequeninos, por um presente do Papai Noel. Houve todo um processo, muito papo cabeça e muita argumentação neoliberal. Afinal, Papai Noel tem mais o que fazer do que sair por aí de trenó e gola de pele, nesse calor infernal, dando presentes para crianças desconhecidas sem receber em troca algo bem mais valioso. E olha que há muitas crianças no mundo dispostas a abrir mão da própria chupeta pra não ficar chupando o dedo no Natal!

E assim, comendo pelas beiradas e dobrando a ferinha no gogó, mamãe Rita finalmente sentou com sua filha para escrever uma carta seriíssima pra esse tal de Papai Noel, nos seguintes termos:

"Querido Papai Noel,

Eu sou a Laura, tenho dois anos, sou filha da Rita e do Joaquim, moro no lugar tal e estudo no lugar xis. Se eu tivesse CPF, IPTU, Renavam e ID, seria mais fácil pro senhor me localizar, mas conto com sua astúcia e a de seus subalternos pra não ser confundida com uma Laura de dois anos qualquer. Até porque eu tenho uma proposta irrecusável pra te fazer: em troca de uma reles caixa de bombons, prometo que lhe darei minhas chupetas, que são deliciosas, não deformam, têm formato anatômico e sem as quais eu não durmo. É pegar ou largar, bom velhinho. Pense bem. Terei aula de natação no dia tal, no lugar xis. Se o senhor por acaso aparecer por lá, leve uma caixa de bombons. Eu levarei minhas chupetas.

Beijo grande,

Laura"


Pois não é que no dia tal, no lugar xis, o tal do Papai Noel apareceu, de fato, na Natação da Loló?! Por sorte, ele tinha tido tempo de ler a carta da menina e levou, conforme combinado, uma caixa da Kopenhagen cheia de bombons. E a mãe da menina, claro, não esqueceu de levar todas as chupetas embrulhadas pra presente. Foi um bom negócio para ambas as partes. Feita a troca, tiradas as fotos do momento histórico, sairam -- menina e Papai Noel --, felizes da vida com seus presentes trocados.

À noite caiu e a pequena Laura, subitamente, começou a soluçar e chorar baixinho, com a pança cheia de bombom. "O que foi, filha?", perguntou a mamãe, já sabendo da resposta. "Eu... que...ro... a mi...nha... pe(soluço sofrido)...peta".

Quando a Rita chegou nesse ponto da história, eu me levantei da cadeira, coloquei as mãozinhas na cintura, me fazendo de capitalista selvagem, e perguntei: "Ué, depois de comer todo o bombom, ela ainda queria ter de volta as chupetas?!? Fala sério!". E a Rita, que me conhece há pouco tempo, mas bem o bastante pra saber que desapego é minha meta espiritual, mas não exatamente meu forte, mandou à queima-roupa: "Olha quem fala!". E fez-se um silêncio sepulcral enquanto eu sorvia a moral da história: não há desapego sem dor, mas chega sempre o momento de se encarar esse monstro de frente e derrotá-lo com garra e algumas lágrimas.

Este ano, acho que vou escrever pro Bom Velhote propondo que ele me dê uns abadás pro carnaval em Salvador em troca de uns vícios inúteis que tenho. É pegar ou largar! Só espero que o correio na Bahia seja rápido o bastante pra carta chegar ao destinatário antes de domingo.


E antes que eu me esqueça ou deixe pra depois e acabe me enrolando (porque sobrinho de 4 anos tem mais energia que um border collie), um feliz Natal para todos vocês, com muito desapego (dos vícios ruins) e muito amor pra quem nos merece.


Na semana que vem, quero marcar um bota-fora com a galera. Aceito sugestões de locais, datas e horários e, com isso, farei aqui uma enquete. Afinal, este blog nada sério é um quartinho de bagunça, mas extremamente democrático.

"Beijo gande",

VanOr

No sol


No sol
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No defeito da foto, uma boa noção da minha cor antes e depois de Salvador.

No céu.


No céu.
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Estou em solo baiano, respirando o ar dos meus queridos desgarrados, me recuperando do estresse pré-natalino e com muitas saudades de vocês. À noite, postarei um conto natalino.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Não há tempo!


Não há tempo!
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Desculpem a ausência desta blogueira, mas dezembro é mês de rabanada, e rabanada é aquele troço que engorda só de pensar. Eu tenho pensado muito em gêneros comestíveis proibitivos ultimamente.

domingo, dezembro 17, 2006

Ju


Ju
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"Essa mulher, essa menina, essa senhora do quem esbarro à toda hora no espelho casual. É feita de sombra e tanta luz, de tanta lama e tanta cruz, que acha tudo natural."

Amar tb é saber a hora de dizer adeus


Amar tb é saber a hora de dizer adeus
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O tempo é como um veneno contra o qual não há antídoto. Às vezes tudo o que queremos é poder passar só mais umas horas na companhia de quem amamos, como nos velhos tempos: sem dor e sem pesar.

Surfista de trem


Surfista de trem
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Ameaçaram subir, mas ficaram só no ventinho. Muito bom por sinal.

É sempre bom brincar de troca de papéis


É sempre bom brincar de troca de papéis
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Na estação Japeri, ficamos emocionadas de saber que a Garotinha distribui café da manhã digrátis pra galera. Fico só pensando que verba ela desviou pra isso. Quem pega trem e não vota nela é muito ingrato, gente! A propaganda está em toda parte.

No ponto do busum Miguel-Japeri


No ponto do busum Miguel-Japeri
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Num domingo ensolarado, duas veterinárias descamisadas resolvem tentar algo inédito: economizar vinte real indo de Miguel pro Rio de trem.

sábado, dezembro 16, 2006

Peludoterapia intensiva


Peludoterapia intensiva
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É tanto assunto pra botar em dia, que o café da manhã se estende até o almoço.

Tudo acabou em pizzaria!


Tudo acabou em pizzaria!
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Eu e minha fiel escudeira, felizes da vida por termos chegado ao Baixo New Iguaçu sãs e salvas, depois de 5 horas num engarrafamento onde lutamos contra arrastão, fome, frio, o mau humor do meu pai tentando pedir informações aos nativos mal encarados de Mesquita, o medo de os nativos se irritarem com o preciosismo do pai, exigente com questões de direita e esquerda numa hora dessas. Sem noção!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Tempo de cartões.

Nesta época do ano, vez por outra a gente se surpreende com um cartão de Natal que um colega de trabalho te entrega no elevador, olhos marejados, pedindo pra você só ler em casa. E, não resistindo à curiosidade, vício humano, eu mal dou dois passos fora do elevador e já começo a chorar só de abrir o envelopinho com meu nome.

Hoje eu recebi um cartão do Guarda Municipal mais maneiro do Rio de Janeiro, o Subinspetor do Canil da Guarda, Marcelo. Ele deu um curso de socialização e manejo de cães pra minha equipe nas últimas semanas, e este foi o pontapé inicial de um projeto lindo que eu e minha nova chefe vamos implementar no próximo ano. O projeto é algo de tão sensacional que me fez cair novamente de amores pelo meu trabalho, pela vida, e ATÉ pela administração pública; me devolveu a fé no futuro da Humanidade e um sentido forte pra minha vida profissional, porque até então eu pensava que tinha feito veterinária só pra não ser presa na cela dos comuns. Tanto que já fiz de um tudo nessa vida, na expectativa de encontrar minha real vocação. E eis que eu descubro, burra velha já, que minha real vocação é trabalhar no meio da cachorrada, assim como a vocação de um pinto é ciscar no lixo. Mas isso não vem ao caso. (um dos motivos d'eu ter sido rotulada de bipolar era essa coisa de dar mil voltas até entrar no assunto de fato).

Pois o assunto de fato é este texto, que o Marcelo, um adestrador e cachorreiro da pesada, pôs no cartão que me fez chorar, simplesmente porque reforçou minha convicção de que eu sou um cachorro:


Já se imaginou agindo com a sabedoria canina?

A vida teria uma perspectiva mais amistosa:

Tente:


1- Nunca deixe a oportunidade de sair para um passeio.

2- Experimente a sensação do ar fresco e do vento na sua face por puro prazer.

3- Quando alguém que você ama se aproxima, corra para saudá-lo.

4- Quando houver necessidade, pratique a obediência.

5- Deixe os outros saberem quando invadiram o seu território.

6- Sempre que puder tire uma soneca e se espreguice antes de se levantar.

7- Corra, pule e brinque diariamente.

8- Coma com gosto e entusiasmo, mas pare quando estiver satisfeito.

9- Seja sempre leal.

10- Nunca pretenda ser algo que você não é.

11- Se o que você deseja está enterrado, cave até encontrar.

12- Quando alguém estiver passando por um mau dia, fique em silêncio, sente-se
próximo e, gentilmente tente agradá-lo.

13- Quando chamar a atenção, deixe alguém tocá-lo.

14- Evite morder quando apenas um rosnado resolver.

15- Nos dias mornos, deite-se de costas sobre a grama.

16- Nos dias quentes, beba muita água e descanse embaixo de uma árvore frondosa.

17- Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.

18- Não importa quantas vezes for censurado, não assuma a culpa que não tiver e não fique amuado... corra imediatamente de volta para seus amigos.

19- Alegre-se com o simples prazer de uma caminhada.

20- Ame seus amigos incondicionalmente.



Texto atribuído à Vininha F.Carvalho, vice presidente da Liga de Prevenção a Crueldade Contra o Animal e editora da Revista Ecotour.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Bebê a bordo!

O Lau vai ser papai, gente! Pra falar a verdade, ele já é: chegou ontem pra ele uma raposinha de três meses e cinco quilos, boa e doce como a mãe (eu!), um pouco mais ruiva que os progenitores, mas vocês sabem que a genética é uma coisa muito louca, né? Talvez ela fique mais morena com o tempo, mas se não ficar, a amaremos da mesma forma.

Depois de muita conversa pelo Messenger, eu e o Lau decidimos que esse bebê-Akita vai se chamar Vanessa. Não é o nome ideal pra um cachorro porque tem 3 sílabas, e o ideal é que tenha no máximo duas. Mas na hora de chamar a atenção da bichinha, ele sempre poderá dizer: "VanÓr! Quedate!". Eu sei que comigo funciona.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Innamorata

Eu e meu namorado canino Luca, pra provar que eu não tenho preconceito contra loiros, ruivos e russos em geral.

Alvorada hoje foi às 5h40. Acordei com a bela canção de uma vaca mugindo nos meus ouvidos (tenho um despertador de vaca pra me lembrar que Deus dá uma casa de campo mobiliada rusticamente, com carneiros e vacas pastando solenes no jardim, a quem cedo madruga). Ainda estava escuro e eu, naquele clima bucólico de vaca a pilha, pensei lá com meus botões: que dia maravilhoso pra sair de uma fossa... E saí.

Tal qual a mulher elástica, pulei do pijama pruma roupa de ginástica, da cama pra bicicleta, e fui fazer uma aula de spinning às 7 da manhã. Eu podia ter corrido, musculado ou até alongado, mas fui pro spinning, que é o tipo de exercício que tanto faz o professor, desde que o cara tenha bom gosto musical. E essa professora das sete da manhã tem, gente! Saí da academia extasiada, depois de pedalar Jackson Five, Tim Maia e U2 que nem uma louca. Me deu uma vontade incontrolável de ligar pra todos os meus amigos e dizer - ou melhor, gritar - que eu sou louca por eles, mas a elegância me compeliu a esperar dar 9 da manhã pra ligar pra primeira vítima do meu bom humor matinal: minha chefe. Disse bom dia em cinco línguas, falei que nem uma matraca que a gente ia arrebentar a boca do balão, que hoje a festa é sua, a festa é nossa, é de quem quiser e de quem vier. Ela não conseguiu entender tudo porque eu falei muito rápido, mas o importante é que eu pus pra fora, e tem horas que não importa o quê, mas a gente tem que botar pra fora.

Houve até um momento em que eu suspeitei -- assim, de leve -- que eu estava em hipomania, pronta pra pirar, subir no queijo e tirar a roupa, mas depois de muito matutar e concluir, mui acertadamente, que hipomania de cu é rola, que eu tenho direito de me sentir bem depois de me sentir mal ou quando bem entender, percebi que tô é apaixonada.

Apaixonada pelos meus amigos. Os mesmos amigos que, na semana mais difícil do meu ano, naquela em que eu tive de ir à minha joelhaçoterapeuta duas vezes consecutivas pra verificar se meu caso não exigia mesmo lítio, eletrochoque ou internação no Pinel, estiveram ao meu lado e -- cada qual ao seu jeito -- me convenceram de que a vida, essa montanha russa espacial que dura muito menos que nossa espera na fila da Disney, é bonita, é bonita e é bonita.

Apaixonada pelo meu irmão e sobrinho, que me fizeram chorar de emoção; e pelos meus pais, que me deixaram ficar deprimida só por dois dias, mas depois e me arrancaram da cama e me acordaram dez vezes por dia, mesmo quando eu jurava -- e eles não acreditavam -- que não tinha a menor condição de levantar porque estava nas últimas.

Apaixonada pelos meus peludos, que têm orelhas enormes pra me ouvir melhor (e prestam muita atenção em tudo o que eu digo); e apaixonada pelo Luca, o Golden da Dani e da Patrícia, que vai passar as próximas férias comigo porque minha cama tem o tamanho exato pra nós dois e porque eu não tenho a menor vergonha de dizer que namoro um cachorro.

E por último, mas não por ser menos importante, gostaria de agradecer a aparição dessa hilária figura, rápida no gatilho e nos versos, que vem preenchendo este quartinho com pílulas anti-tristeza. A você, Poetanônimo, só não franqueio meu coração porque só namoro um cara de cada vez. E agora é vez do Luca, que não é poeta, mas tem uma língua que eu vou te contar! Além disso, eu sei exatamente quem ele é, onde mora e o que espera de mim: cafuné e aquela palavra com a letra P. Na veia!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Porque eu quero ser baiana

1. Porque na Bahia tudo é místico, e não adianta lutar contra isso: o mundo é puro mistério, nada na vida acontece como a gente planeja e a única solução é aceitar com resignação os conselhos de um bom pai de santo ou de uma boa cigana e ir tocando nossa boiada com muito desapego e banho de descarrego;

2. Porque a Ana, a Márcia e Bethânia são da Bahia, e porque toda menina baiana tem encanto que Deus dá;

3. Porque meu sobrinho, o Cara, é um híbrido interessante de paulista, carioca e baiano, que diz "me dê", "ajude, vovô" e come tudo o que a baiana puser no tabuleiro, sem contestar ingredientes ou temperos (o que eu acho muito delicado, especialmente num híbrido de draga e criança de quatro anos);

4. Porque meu irmão é um novo baiano e porque eu estou apaixonada por ele de novo, exatamente como quando eu tinha 1 ano e ele me fazia gargalhar horrores quando destruía o móbile de meu berço com sua espada estelar do Darth Vader;

5. Porque o baiano te olha no olho e pergunta: "oxi, que tristeza é essa?". E quando ele pergunta assim, e te espreme o braço como se quisesse extrair uma dor ou uma resposta, dá vontade de chorar e responder: "Bicho, você tem 3 dias pra ouvir?", e daí contar a vida inteira.

6. Porque, na verdade, eu tô tristonha e com essa estranha sensação de que a festa está a cerca de 1500km de distância de mim, mas eu chego lá.

Vamo que vamo. Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá.


sexta-feira, dezembro 08, 2006

O jardim de Cecília


O jardim de Cecília
Originally uploaded by Van-Or.

Quem me compra um jardim com flores?

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Epitáfio

Otimista, morreu com a certeza de que fará tudo melhor na próxima encarnação. Por garantia, voltará como um incomplexo cachorro sem raça definida, que já virá castrado do abrigo.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O sol há de brilhar mais uma vez...




JUÍZO FINAL
Nelson Cavaquinho - Élcio Soares
O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações

Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos para ver
A maldade desaparecer

Domingo florido


As gatíssimas: Vivi, Vanessa e Monica L.
Originally uploaded by Jussara R..

Vivi, eu e Monica Langer, floridas e friorentas no vendaval da Lagoa. O resto da galera estava tomando todas com a Luciana Pordeus no Árabe. A única coisa que se leva dessa vida é o amor que a gente sente e recebe dos amigos e outros queridos. (Foto: Jussara Razze http://www.flickr.com/photos/felinosespeciais/313250032/)

Quando tudo vai mal...


MMS
Originally uploaded by Monica Langer.

... uma mulher sempre pode mudar o cabelo. (Foto: Monica Langer)

Quando tudo vai mal...


MMS
Originally uploaded by Monica Langer.

... uma mulher sempre pode mudar o cabelo. (Foto: Monica Langer)

terça-feira, dezembro 05, 2006

O Fantástico Engolidor de Gororobas volta a atacar!


Meu sobrinho, O Cara, o mundialmente famoso e fantástico engolidor de pilhas, provou neste domingo que é mesmo filho de seu pai, meu irmão. Meu irmão vivia envergonhando a família nos restaurantes self-service, onde partia pra dentro das comidas como se tivesse passado meses sem se alimentar e, no final daquela deglutição insana, ia na seção de sobremesas, cortava uma pequena fatia do pudim de leite e colocava no prato não a fatia socialmente aceita no mundo ocidental, mas todo o resto do pudim. O cara era magro de ruim. Não bastasse isso, a fome inesgotável desse nêgo o compelia a ingerir as combinações mais esdrúxulas de comida: feijão com abacaxi em calda, sanduíche de pão com açúcar e nescau, ovo mexido com ketchup e maionese de batata... Enfim: o cara era bizarro.

Pois meu sobrinho de quatro anos, filho legítimo de meu irmão, teve de passar o domingo sozinho com seu pai, porque mamãe Mone, aquela pessoa que dedicadamente cuida da nutrição equilibrada da família, precisou trabalhar. Depois de passar a manhã lavando o carro e gastando energia no play, os dois viram-se encurralados pela fome e acabaram aceitando um convite para almoçar na casa de um amigo de meu irmão, que pelo visto é do tipo que não acredita em combinação de ingredientes, porque como engenheiro e pragmático, sabe que tudo vai parar no mesmo buraco. O resultado da gororoba produzida com toda engenharia por esse chef dominical pode ser vista aqui:




Meu sobrinho não questionou o que havia ali; não perguntou, como toda criança, se tinha peixe, cebola ou pimenta; não fez cara feia; não se fez de rogado. Como o fantástico engolidor de coisas estranhas que é, bateu um bolão dessa gororoba e ainda limpou o prato. Se ele já tivesse idade, teria caído dentro da cerveja também, mas nisso ele pegou leve.

À noite, quando minha cunhadinha chegou, preocupada com a nutrição balanceada de seu filhote, perguntou: "O que você comeu, filhote de ganso?" E ele respondeu, com toda franqueza, que criança não mente:

- Não sei. Só sei que não comi alface.

sábado, dezembro 02, 2006

Dia do samba na Lavradio


Dia do samba na Lavradio
Originally uploaded by Van-Or.

Lapa, fim de tarde.

No Tempeh Vegetariano


No Tempeh Vegetariano
Originally uploaded by Van-Or.

Hamburguer de algo, bobó de abóbora e shitake, arroz de castanha, feijoada vegetariana e brotos diversos. A coisa mais careta do prato é a cenoura.

O Restaurante Vegetariano

Era a primeira vez que ia ali. Venceu muita resistência e preconceito pra sentar àquela mesa forrada com toalha de cânhamo, e ficou ali sentindo o tecido com a ponta dos dedos, como quem enrola um baseado... distraidamente... até que chegou o garçom Que susto, o garçom: alto, lindo, bronzeado, educado e sorridente. Parecia saudável e não estava abatido nem cheio de olheiras, como ele sempre imaginou os vegetarianos. É mais seguro partir da premissa que o garçom de um restaurante vegetariano odeia carne e ama bichos, porque isso facilita bastante o processo da estereotipagem.

Depois de ouvir as sugestões do dia (feijoada vegetariana e chop suey vegano), optou pela feijoada e, quando o garçom pegou o cardápio de suas mãos, tocou discretamente seu indicador. Pode ter sido impressão sua, mas o cara lançou-lhe um sorriso logo em seguida. Um arrepio percorreu-lhe a espinha: viado! Aquele garçom, além de vegetariano, é viado. Teve ganas de correr porta afora em sua primeira experiência vegetariana, porque de repente passou-lhe pela cabeça, como um flash, uma fantástica teoria da conspiração para aviadar o ser humano através do vegetarianismo: primeiro ELES te aliciam com boa comida, provando que feijoada sem porco é possível e bom pacarajo, mesmo sem torresmo; depois fazem você amar tanto os animais com esse discurso de que "quem ama não come", que em poucos meses você estará chorando no meio de uma reunião de negócios porque a gravata de seda do cliente, para ser confeccionada, escravizou milhares de bichinhos da seda inocentes. Em pouco tempo terá de parar de ver TV, porque as propagandas de presunto e cadáveres industrializados de todo tipo te tirarão a vontade de viver. E porque todos vão dizer que virar a cara e espremer os olhinhos diante de uma picanha sangrenta é viadagem, e porque tem muito mais viado bonito que espada, um belo dia você se olhará no espelho de manhã e dirá: Bom dia, Monalisa!

Pensou, lá com seus botões, se o fato d'ele estar ali no vegetariano tinha alguma coisa a ver com o questionamento de sua virilidade. Ele era ou não macho? Sentia-se macho o bastante para pôr sua macheza à prova? É possível ser homem e não comer carne ou seria o vegetarianismo um regime alimentar feito sob medida para mulherzinhas e pessoas sensíveis em geral? A feijoada de tofu estava cheirando deliciosamente de longe, seu estômago rugia como um leão carnívoro e ele teve muita vontade mesmo de ficar pra ver. Mas, depois de tanto pensar, concluiu que não era o momento pra experimentar um prato vegetariano. Precisava voltar outra hora, mais fortalecido e seguro de sua orientação sexual.
Até porque, se aquele garçom, bonito daquele jeito, tocasse nele de novo, ele não ia querer fazer uma cena, virar mesa e quebrar tudo ali dentro só pra provar que viado de cu é rola.



***

Sem querer pôr uma pilha, mas já pondo... (he he he)


Hoje haverá um almoço vegetariano beneficente em prol do SOS Vida Animal, no Restaurante Tempeh (Av. Primeiro de Março, 24, sobreloja - Centro), a partir das 12h. Estarei lá!!!