Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Para ficar na pele, como tatuagem.



Tomei coragem e fiz, enfim, aquilo que eu sempre disse que jamais faria. Aliás, eu sempre enchi a boca pra dizer que achava ridículo uma pele flácida e desbarrancada com uma tatuagem datada -- como se não fosse redundante a associação (às avessas), não só minha, mas geral, de tatuagem com juventude. Como se fosse até proibido envelhecer.

Eu pensava (e penso ainda) que deve ser estranho aparecer num álbum de família, cercada de bisnetos, com uma tatuagem aparente; imagino meus netos engomadinhos, as crianças de cabelo repartido, e eu lá, cheia de rugas, sem alguns dentes (mas com algumas próteses), o cabelo ora roxo, ora rosa (que o branco dá asas à imaginação) e uma tatuagem no ombro; como se tudo tivesse passado, menos aquele pedaço da minha pele. E de repente, pensando nisso tudo, achei que seria bom ter uma tatuagem. Por todos os motivos que sempre me desmotivaram a ter uma: porque eu finalmente me convenci de que não é vergonhoso envelhecer com sinais evidentes de que fui jovem um dia, ou de que já houve um tempo em que a idéia da morte ou da decrepitude não me tirava o sono.

Foi assim, por fim, que resolvi tatuar algo que sempre terá a ver comigo: uma patinha de cachorro e uma inscrição em latim (já que é pra ficar datado, que seja escrito numa língua morta): semper fidelis (fiel para sempre). Tem a ver com minha profissão, com minha fidelidade canina, com meu amor aos peludos em geral, e fica do lado esquerdo do meu corpo: o lado anatomicamente correto pro coração.

O Jacob foi comigo, segurou minha mão o tempo todo, muito embora eu só tenha precisado esmigalhar os dedinhos dele no finalzinho, pois estava passando o efeito da pomada anestésica que usei uma hora antes. Ele fotografou tudo e resolveu fazer uma tatuagem também, neste sábado. De repente faremos outra, do tipo "super gêmeos, ativar!", algo que só faça sentido com a pele de um colada a do outro. Mas ainda estamos pensando sobre isso. Nem parece, eu sei, mas a gente só se conhece há 26 dias. E tatuagem dura um pouquinho mais que isso.

So I hope!

terça-feira, fevereiro 27, 2007

TudiTom


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Originally uploaded by OLD SKOOL Cora.
Olha o moço aí, em foto descaradamente blogada do Flickr da Cora, que, por sua vez, descaradamente fotografou o homem que menos gosta de se deixar fotografar do planeta. Como ela conseguiu pegar esse gato arisco ainda sorrindo, eu não sei, mas ele é sempre terno assim. Se amigo fosse patrimônio, eu seria a maior zilionária do planeta!

Não que eu não tenha nada de novo pra contar...

... me falta tempo pra contar todas as coisas incríveis que aconteceram do último post de carnaval pra cá, como a porrada (eu disse PORRADA) que eu e a Daisy, duas meninas franzinas mas invocadas, demos num tarado em Salvador.

Não que eu tenha esquecido do blog ou de vocês, mas espero que todos entendam que a Dinamarca é longe pra dedéu, então eu vou ter de dar um jeito de fazer o dia ter 35 horas, em vez de 24, nas próximas duas semanas. Minha matemática não é lá essas coisas, mas o Joel pode ajudá-los a calcular (porque engenheiros calculam mesmo) o meu déficit de horas nos próximos 14 dias. No duro, o ideal seria que os próximos 14 dias durassem 12 meses, e, nesse ínterim, eu me casasse no verão do hemisfério norte e tivesse 4 filhos (de preferência, nem todos de uma só vez, que eu tenho estrias de só de pensar!) antes da Gabi partir pro segundão.

E antes que vocês achem que eu pirei, tenho a dizer em defesa da minha sanidade mental que foi ela, Gabilinda Coutinho, que começou a me apressar com essa historinha de produzir filhotes absurdamente lindos em escala industrial. Foi ela quem disse que esperaria eu ter meu primeiro pra que ela partisse pro seu segundo rebento, e agora me deu uma pressa, gente! Uma pressa que não tem nada a ver com essa merda de relógio biológico, mas com saudade de ver uma carinha que eu nunca vi em toda a minha vida, mas já imagino como será. Já tenho até certeza. Se o amor tivesse uma cara, seria essa mesma que eu estou pensando.

Mudando do pato pro ganso (adoro filhotes de pato!), hoje é aniversário de uma das pessoas que mais amo em toda a minha vida. Feliz aniversário, querido.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Jacob & Selarón


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Originally uploaded by sansespiral.
Em breve, um azulejo dinamarquês decorando a escadaria mais bonita do mundo. Do mundo, eu disse!

Eu vejo flores em você.


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Originally uploaded by sansespiral.

Dançando na escadaria do Selarón


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Originally uploaded by sansespiral.

E agora chega de explicar porque eu sumi!

Sumi mesmo. Qualquer um(a) sumiria, no meu lugar. Um dinamarquês que prefere o Bar do Mineiro ao Aprazível, só porque o clima é menos burguês, merece vestir nossa bandeira. E comer nossa feijoada.

Parque das Ruínas


What a pair we make!
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Doing the tango.

Num domingo para dois...


Selaron's stairway in Santa Teresa
Originally uploaded by Van-Or.
... andamos por aí, em Santa Teresa. Começando pela escada filosófica do Selarón. Um fofo bigodudo, por sinal.

Isn't he juicy?


Eu sumi porque...


A Sunday just for two
Originally uploaded by Van-Or.
... o amor é lindo.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Aí chega a Bayle's Daisy pra bagunçar o coreto!

Era uma vez uma princesa muito bem comportada, que só pegava o sol das crianças, corria 50 minutos a cada dois dias e até trabalhava aos sábados, domingos e feriados quando não tinha que brincar com seu lindo sobrinho. Numa bela noite chuvosa de carnaval, no entanto, a princesa recebeu uma visita que mudaria seu bom comportamento pelo resto do feriado: Tia Daisy, sua amiga mais hiperativa, conhecida internacionalmente por sua incrível capacidade de beber uma garrafa whisky por noite sem ficar bêbada, apesar dos 48 kg, tinha chegado para pular carnaval na Bahia, só que com um fantástico porém: ela o-d-e-i-a (verbo no passado, presente e futuro) música baiana; ou melhor, ela até suporta cantores baianos que fazem boa MPB, mas axé é coisa que lhe dá nos nervos. E ela já não é muito boa dos nervos: tem um sistema completamente nervoso!

Sabendo de tudo isso, a comportadíssima princesa, sempre pensando no bem-estar alheio, entrou na internet e viu-se obrigada a comprar um abadá (eu disse: com-prar-um-a-ba-dá) para ir ao único bloco que Tia Daisy suportaria acompanhar: o único não baiano: o único ovo no churrasco: o de música eletrônica, com Fatboy Slim.

É importante dizer que, para a bela e ex-perdulária princesa, comprar um abadá era como enfiar uma faca no próprio peito; e comprar um abadá pra música eletrônica era como enfiar uma faca no próprio peito e rasgar até a virilha. Esta princesa era muito boazinha e altruísta assim mesmo, só que, neste caso específico, exigiu uma contrapartida da Tia Daisy: iria ouvir o garoto gordo-magro batendo suas estacas, na terça, com PAs que estouram o tímpano do útero de qualquer uma, mas Tia Daisy seria obrigada a acompanhá-la, por sua vez, em todas as pipocas do Barra-Ondina, na segunda e na terça, depois da praia (num reino tão-tão distante).


Pegamos nossos abadás no olho do furacão, o shopping onde funciona a CENTRAL DO CARNAVAL DE SALVADOR. Perrengue, mas pra nossa surpresa, nosso abadá dava direito a camarote VIP da Skol, e a entrega foi feita em local refrigerado, com lounge, garçom e bebidas, bem longe da muvuca. Ou seja, o universo parece conspirar pr'eu exibir minha genitália despudoradamente despida num camarote de celebridades instantaneamente anônimas, mas vai ter de rolar muita conspiração antes que eu exiba minha periquita assim, prum paparazzo qualquer (eu até mostraria prum paparazzo específico, mas deixa eu antes resolver minhas pirações afetivas na joelhaçoterapia antes de pegar firme num lance legal, com um cara maneiro, que não more num reino tão-tão distante).

Vou ter de levar Plasil, Engov e Sonrisal pra não vomitar no camarote, caso eu encontre algum ex-BBB ou um ator-global-de-terceira-que-se-acha (desculpem a redundância) cercado por seguranças, do lado de dentro de um curralzinho VIP.

Reformamos nossos abadás, que são, por definição, camisetas largas e cafonas, de colorido inusitado (ha ha ha), feitas de tecido vagabundo sintético e cheias de logomarcas de patrocinadores que fazem os otários pagantes ainda pagarem o mico adicional de fazer propaganda sem ganhar nada por isso. Pedimos pras costureiras transformarem nossos monstruosos abadás em algo que uma princesa comum pudesse vestir sem se sentir um ogro. Ou seja: um top frente única (e sem propaganda nas costas).

Aqui começa o calvário pipoqueiro da Daisy. Notem que eu estou fantasiada, porque no carnaval não se vai à rua sem fantasia; só os alienígenas e os israelenses estão autorizados a fazer isso, em minha modesta e tirânica opinião. Detalhe: tivemos de tomar umas três doses de Red Label pra conseguir tirar a Daisy de casa. Ela era pura animação (cough, cough).


Daisoca vê o Asa passar -- e quando Durval pede, minha gente, o ASARRÊIA, ARRÊIA, ARRÊIA, ARRÊIA-ARRÊIA (mil vezes, até que você esteja completamente lobotomizado), e aí todo mundo pula ao mesmo tempo, tirando a Terra de sua órbita natural. Daisy não achou a menor graça nessa história de pipoca e quase chorou, pedindo pra voltar pra casa ou pra algum lugar normal onde se venda uísque, pelamordedeus. Mas um gaúcho de Ghandi se apiedou da moça e lhe aspergiu uma água de cheiro mezzo barata, mezzo tradicional, e a Daisy se acalmou. Eu acredito em aromaterapia!

Cerveja a um real: fomos praticamente obrigadas a beber. Bem que a gente não queria, mas um real é um apelo mais do imperativo. Bebemos até criarmos casca pra entrar em um desses banheiros químicos, que vocês não querem saber como é por dentro.

Duas latas depois, Daysoca já sorri no vácuo da pipoca mais massacrante, a do Asa.


Não é por nada, não, mas acho que os filhos de Ghandi já foram mais neguinhos. Acho que a mulher desse tal de Ghandi andou costurando pra fora. Anyway, eloucubrações à parte, o bloco dos meninos de Ganhdi é a maior concentração de gatos (de todas as cores) de Salvador. Mulher não entra, mas com esse filhote de desses aí, como o da foto, dá até vontade de implorar de joelhos pra participar da folia... não como filha, mas como nora de Ghandi. Em inglês, dá quase no mesmo.

As tatuagens adesivas também custam um real. E a gente não cobrou nada pelo sarro que o camelô tirou da nossa pele enquanto pregava o adesivo. Quando eu chegar no Rio, farei uma tatuagem de verdade. Aguardem!


Lá pras tantas, o meu personal filhote de Viking me passa um torpedinho lindo, cujo teor não interessa a ninguém, but us. Eu amo a Dinamarca desde criancinha. Isso deve explicar minha atração pelos produtos da loja com o nome da capital dinamarquesa. É muita coincidência, é ou não é? (UAHAUHA) O Greg vacila, mas ele até que acerta uma parada ou outra.

Fizemos amizade com uns franceses que estavam comprando queijo coalho na mesma barraquinha -- altamente interditável pela vigilância sanitária -- que nós. É claro que eu não me lembro do nome de todos, mas um desses aí se chama Pierre. Eu só decorei porque, na hora, eu associei com o nome homônimo do meu amigo árabe. É tudo muito confuso pro Tico e pro Teco quando eu resolvo beber.


E aqui estão todos os franceses fofos, com meninas lindas que -- surprise, surprise -- se apaixonaram por israelenses em Salvador. Não tô dizendo: a vida é feita de experiências arquetípicas.



Enfim: pipoca é bom demais, galera. Não roubaram meu celular nem minha peruca de diaba; não me beijaram à força; não senti medo em momento algum; não fui esmagada; tinha muita gente feia, mas também muita gente bonita (das quais, 25% eram israelenses); quando rolava uma cantada mais escrota, eu (que ando belicosa) voltava no bêbado escroto e dizia, como um cowboy qualquer: "Você não se acha jovem demais para morrer?". E a festa seguia animada, 3 segundos depois d'eu relaxar meus músculos trincados pra matar ou morrer.

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Djindinhas precisam se divertir também.


Enquanto meu irmão, cunhada e amigos foram pra folia, Super Djindinha foi pro parquinho com seu Fantástico Incrível Hiper-Mega-Ultra-PowerRanger Engolidor de Pilhas. Mas teve um momento em que eu precisei parar tudo pra fazer xixi na piscina de bolinhas (tô brincando, eu jamais faria isso! Mas que várias crianças fizeram xixi ali, ah, disso eu não tenho a menor dúvida. Saí de lá completamente impregnada de aroma de fraldinha supersaturada).

Álbum de carnaval-família

Quem diria que um dia eu passaria um carnaval-família em Salvador? Quem, em seu perfeito juízo, poderia imaginar que eu, Vanessa Ornella, aquela que sofre de amnésia etílica com duas Laylas (favor googlar), aquela que é praieira, guerreira, solteira e quer-mais-o-quê!, passaria uma noite e um iniciozinho de manhã na pipoca (favor googlar pelas key words "carnaval; Salvador; guerra"), na porralouca companhia de Bayle's Daisy, na mais completa paz do Senhor. Do Bonfim, é claro.

Os primeiros dias foram de curtição sobrinhal. O internacionalmente conhecido Fantástico Engolidor de Pilhas (e balas Trident de canela) está lindo de gritar. E não é porque eu sou a Djindinha dele, não. Vejam com seus próprios olhos (e não vejam, falando nisso, um filme chamado "Dogão, amigo pra cachorro" ou qualquer coisa assim; meu bonequinho saiu correndo, dormi 25 vezes, mas bem rapidinho, porque estava tomando conta do meu Cara Grande).


Esta é a fantasia de Incrível Homem das Cavernas que minha mãe fez pro cara. Mas ele não curtiu tanto assim, então eu tirei uma foto só pra vovó dele não chorar.


Dois caras grandes, mermão e mersobrinho, caminhando no meio do olho do furacão em busca de ingressos prum camarote família, o Via Folia. Lá não rola muvuca, estresse, nem curral VIP ou celebridades instantâneas com micro-saia e vaginália despida de fora; pra melhorar fica em colado no camarote da Skol (que equivale ao da Brahma, no sambódromo, ou seja, o oposto do Via Folia); e a Skol, como boa patrocinadora que é, obriga todos os trios a passarem meia horinha parados diante dos pagantes do camorote. Nada mais justo. E conveniente pros camarotes baratos vizinhos.


Eu amo mermão. E não é só porque ele me empresta carro, sobrinho e ainda guarda RedBull light na geladeira pra irmãzinha dele tomar sem-querer-querendo, e sem-saber-que-era-SÓ-dele. Aqui, nesta foto, estávamos na Praia do Flamengo, uma espécie de Prainha de Salvador que os baianos acham longe pacas. Mas é como de Botafogo à São Conrado. Não dá nem meia maratona. Tenho a impressão que na Bahia, ao contrário de Minas (onde tudo é logo ali, com queixinho e tudo), os nativos acham que é tudo longe. Seria isso um indício de moleza, digamos assim, ou apenas baianidade nagô?


Bambino al mare. Djindinha ama tanto!...

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Carnaval em Salvador também tem praia!



Eu e Daisoca na Praia da Flamengo, pegando uma cor pra fazer curso de mulata. Eu vou ganhar, é claro. ;o)

domingo, fevereiro 18, 2007

Perto demais


Perto demais
Originally uploaded by Van-Or.
Foto do Jacob. Eu expliquei pra ele que não é polite tirar fotos de mulheres assim, tão super macroscopicamente perto. Mas até que eu gostei dessa aqui.

sábado, fevereiro 17, 2007

Nessinstante

Hoje eu fiz uma descoberta lingüística incrível: quando um baiano diz "Vai ficar pronto" ou "Vou fazer não-sei-o-quê" nessinstante, ele não quer dizer nada como "U-hu, é pra já!", ou "Demorô, galera, vamos nessa!", ou ainda um entusiástico "Só se for agora!". Na verdade, "nesse instante", que pronunciado em perfeito baianês vira uma palavra só, está mais para: "Oxente, siminino, que pressa da moléstia é essa?", ou "Ah, agora não, daqui a um 'cadinho...", ou ainda, que é o que me pareceu a acepção mais comum: "Pode tirar seu cavalinho da chuva, seu paulista/carioca/gringo apressadinho, porque vai demorar à vera -- ou você não sabe que aqui na Bahia é tudo slooooow?"

Fiz esta grande descoberta quando chamei meu sobrinho pra ir à piscina, mas ele estava ocupado demais brincando com a pista de corrida mais incrível do planeta Terra (OK, vou tentar não me repetir), então me disse: "Nessinstante." Aguardei um instante, olhando bem praquele corpitcho miúdo que não fazia menção alguma de sair do lugar, e repeti o chamado: "Simbora, moleque! Vamos pegar o sol das crianças pra você não ter câncer de pele." E ele me olhou, entre revoltado e impaciente com minha santa ignorância e gritou, todo nervosinho: "Eu já disse que vou nessinstante!" A frase foi entoada com uma natural interjeição de irritação que crianças de quatro anos ainda não sabem usar, mas se soubessem, usariam, como: "Eu já disse bla bla bla, caralho/cacete/porra!"


E aí veio minha cunhada m'explicar o significado de nessinstante, que ela, como haole-paulista aqui, também custou a compreender. Mas fez muita expectativa de eficiência até que a ficha caísse.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Não é só de Guimarães Rosa que vive o neologismo.

Bagaço humano: substantivo feminino de 34 anos; mulata clara
natural do Rio de Janeiro, com dois empregos e meio, meio fio de voz e tão
cansada de tanta guerra que teve de chutar o pau da barraca e vir passar o
carnaval em Salvador. Mesmo sabendo que carnaval em Salvador é pura guerra.



Resolvi ficar slooooow e só começar a pular carnaval na segunda. Até lá, vou curtir minha família. E trabalhar, porque frila tem mais é que se foder mesmo. Acreditem se quiser: hoje eu trabalhei em pleno carnaval de Salvador! É bem verdade que eu fiquei dez minutos dormindo sobre o teclado, fiz uma pequena pausa de duas horas para um sono reparador, fui acordada por meu sobrinho que pulava em minha cama na ponta dos pés pra tentar não acordar sua dindinha e, ainda em estado de sonolência pró-hipnótico, prometi (sob pressão) levá-lo ao parquinho num shoppinho que tem aqui, chamado Aeroclube. Então trabalhei por cerca de uma hora, tendo de brincar, a cada dez minutos, de "a vaca amarela/ pulou a janela,/ quem falar-fizer-barulho-bagunça-ou-atazanar-a-dindinha primeiro/ come toda a bosta dela" e fui ao tal do Aeroclube, onde -- surprise, surprise -- funciona a CENTRAL DO CARNAVAL DA BAHIA. Se o mundo fosse um furacão, o Aeroclube seria o olho naquele momento. Segurei na mão do meu sobrinho e falei: "Cara, me agarra aqui, que o bicho tá pegando."

Aqui cabe um parêntese: em caso de disfonia e em meio a cinquenta milhões de foliões alcoolizados, jamais usem uma gíria idiomática com uma criança de quatro anos, senão vocês terão de arrancar a voz do útero pra explicar, no caso de "o bicho tá pegando", que não precisa chorar, bebê, não tem bicho nenhum, é só um modo imbecil de dizer que... (e evitem a metalinguagem com outras gírias afins, como "a maré não está pra peixe", sobretudo se a criança tem fobia de peixe e já está chorando no seu colo).

Mil cambistas tentaram nos vender abadás de trios elétricos para crianças, um deles "comandado" (licença, vou vomitar; obrigada, já voltei!) pela ex-loira acéfala do Tchan, e a todos esses trabalhadores honestos do câmbio negro, eu ia dizendo, entre os dentes (embora bagaço humano sem voz, ainda carreio vestígios de uma belicosidade violenta derivada da pior tensão pré-trans-pós menstrual que já tive na vida): "Enfia esta merda no cu e rasga, querido".

***

Estou decidida a revolucionar o carnaval na Bahia por dois motivos:

1) O mais simples de todos: abadá de cu é rola; não dou metade do meu trabalho mensal escravo em troca de uma camiseta mal ajambrada nem a caralho!

2) Trouxe fantasias incríveis de Fred, Vilma, Barney, Betty, Pedrita e Bambam pra toda a família, mas ao chegar aqui, ouvi meu próprio irmão, sangue do meu sangue, meu sobrinho e minha cunhada dizerem que não vão usar essa merda nem fudendo, meu (exceto pelo educado do meu sobrinho, que não diz "meu", e sim "oxente!")! Eles tentaram me engambelar com uma historinha de que aqui, na Bahia, não se usa fantasia, só abadá mesmo, combinado com um micro-mini-tinny-winny short que mal cobre a virilha. Aí, mermão, eu botei as mãozinhas na cintura e rolou um sambalelê geral com a chapeize daqui: convoquei, invocada, todos a usarem nossas lindas fantasias durante todo o carnaval. (minha cunhada tá aqui rindo do meu lado, mas ela vai ser a primeira a amarrar o cabelo com um ossinho!)




Meu irmão alega que não é viado pra usar vestido, mas qualquer pessoa culta que teve infância sabe que a roupa do Fred é um tipo de bata clochard de pele de alguma coisa pré-histórica; e talvez pelo fato d'eu ter optado por comprar um tecido de oncinha na Turuna, ele achou que a bata era um vestido de viado mesmo, apesar da gravata jeans que minha mãe fez especificamente pra compôr o visual blue-collar-macho-man do Fred Flinstone. Está certo que talvez minha mãe tenha exagerado ao fazer uma bata de oncinha de um ombro só pro meu sobrinho, o que fez meu irmão me jurar de morte se eu ousar vestir o menino assim, mas criança e bicho a gente sempre conquista com comida e passeio; e eu vim pra cá com a bolsa repleta de balas de canela (que ele adora, como todo fantástico engolidor de coisas estranhas) e muita disposição pra brincar. Não especificamente carnaval, mas quem precisa brincar de outra coisa se, em casa, tem uma criança de quatro anos e uma pista de corrida Hot Wheels com um monstro do pântano horripilante, que tenta matar todos (e eu disse TODOS!) os carrinhos que não chegarem à linha de chegada em menos de um minuto.



Não quero fazer marketing, não ganho nada com isso, mas, bicho, numa boa: esse é meu brinquedo favorito! Mundo Feliz perde, e nem a Barbie Bailarina que eu ganhei só depois dos 34 pode competir com essa corrida maneiríssima no pântano, que fica ainda mais incrível se a gente põe tipo uns quinze carrinhos pra correr ao mesmo tempo. Um troço de louco!


***


Em tempo: só vou revolucionar o carnaval na Bahia se a pista Hot Wheels quebrar de novo. Senão, não haverá tempo hábil pra que eu convença trezentos mil paulistas, 987 mir mineiros, cerca de 127 baianos e 2 israelenses (que encontraram euros no chão) a trocar seus abadás por fantasias comuns, costuradas por nossas mães. Como os seres humanos costumavam fazer na Idade da Pedra Lascada, antes da invenção do ingresso pra ver a banda passar tocando coisas de amor.

An older young Great Dane male among us


Older young male
Originally uploaded by Van-Or.
Hoje esta gracinha faz aniversário. A única dó que eu tenho de não estar no Rio hoje é não poder comes&bebes-morar com ele e vocês. Com a Bahia, a concorrência não tem vez. ;o)

Povo do blog em noite festiva no Palaphita'

FOTO: REGINA SANTELLI!!!

Heliana, Monica L, Aldo et moi. Muito importante o detalhe da linda almofada de estimação (que já vem com gato, cachorro, peixe e tudo) que a Bia petri me deu. Estou longe dessa almofada há menos de 24h e juro que já estou sentido saudades. Aliás, todo restaurante realmente humanitário, como é o Palaphita, deveria permitir a entrada de seus cliente com suas próprias almofadas.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Carnaval é só alegria. Carnaval é na Bahia!

Queridos, não sei quando terei tempo de postar novamente, porque vou me entranhar nas pipocas de Salvador e, se eu sair dessa viva, certamente sairei sem celular. Talvez eu perca até a virgindade numa dessas (pra falar a verdade, eu não me lembro onde a coloquei, só sei que foi em algum lugar no século passado).

Eu me ofereci pra colocar a bunda de fora (ou fazer como qualquer celebridade instantânea faz, e usar uma minimicrotinny saia SEM CALCINHA), lá do alto daquele caminhão potente, em cima de qualquer trio elétrico, até o da Ivete servia, mas nem assim o Joel conseguiu uma bocada pra mim. O mercado de mulheres oferendo a genitália pros paparazzi clicarem no carnaval está super saturado. Não que eu seja oferecida, mas eu também me convidei (um pouco, assim, de leve) pra dar um pulinho no Camarote do Gil, que tem uma amiga em comum comigo, só que tudo que tem carnaval por trás (sem trocadilhos, por favor) é muito concorrido e difícil. E pra que vocês não pensem que eu desisto fácil e morro na praia por qualquer negativa, mesmo depois de não conseguir um freela na Revista Contigo pra cobrir (com trocadilhos, por favor) o carnaval em Salvador, eu dei um nó em pingo d'água na minha turbulenta agenda pramódi passar na Casa Turuna, aquela coisa carnavalesca entulhada de plumas e paetês, que mataria qualquer asmático alérgico só de passar de carro blindado na frente da fachada, e comprei material pra fazer o bloco da Pedrita e do Bambam. Ou seja: se o carnaval não vai à Vanessa, Vanessa e sua família volumosa FARÃO o carnaval, onde quer que seja.

O filhote de Viking, apelido carinhoso que meus pais deram pro dinamarquês, não vai ganhar fantasia de Bambam, embora ele tenha implorado de joelhos por uma, porque filhote de viking que fica no Rio no carnaval tem mais é que se foder. Sem trocadilhos, por favor! (pensamento positivo, pensamento positivo, pensamento positivo)

Estou indo hoje à noite pra Salvador com meu laptop, numa malinha sem alça super surrada e com um broche velho da Hello Kitty, pra não dar na pinta. Não quero que pensem, no aeroporto, que estou fantasiada de paulista, mas infeliz-felizmente tenho pilhas de traduções pra fazer e as contas de início de ano me compelem a fazer esse enorme sacrifício de levar um ovo (trabalho) pro churrasco (carnaval). Vou cheirar óleo essencial de alecrim até me intoxicar, porque eu preciso me concentrar, preciso me concentrar, preciso me concentrar.

Só que agora estou com essa dúvida mortal que não me deixa fazer todos os to-dos que eu tenho que fazer neste dia cretino, que só tem 24 horas: onde caralhos foi parar minha virgindade? (Será que eu perdi?!?)

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Não vai dar, assim não vai dar!

Estou uma verdadeira rebelde sem causa. Acordei com uma música ploc na cabeça e uma lista de afazeres que vai daqui à Dinamarca. Amanhã preciso ir pro trabalho com as malas feitas pra Salvador (to-do 1), unhas feitas (to-do 2), fantasias de pedrita e bambam pra toda a família & amigos confeccionadas (to-dos 3, 4, 5, 6, 7, 8) e, por último, mas justamente por isso, terei de cancelar o compromisso mais importante da semana: o show da Alma e do Pedro, hoje à noite, no Humaitá. Vai ficar pro dia 28, até porque eles disseram que está lotando, saindo gente pelo ladrão e que o melhor é fazer reserva antes de ir (ou seja: já era pra mim: se eu for e não conseguir entrar, será o fim do mundo).

Vou ligar pra todo mundo pra quem eu fiz chantagem emocional (e provavelmente até chorei) pra ir comigo ao show, avisando dessa mudancinha básica de planos. TPM é isso aí, minha gente: ou muda um planinho ou outro, ou muda o mundo inteiro, ou explode essa merda toda.

Falando nisso, o viking e eu saímos da TPM crítica. Agora é só VanOrzinha paz & amor. Contudo, recomenda-se cautela na lida diária e na escolha das palavras, porque qualquer "você trabalha demais" pode detonar a terceira grande guerra mundial. E o primeiro país a sair do mapa será, sem dúvida alguma, a Dinamarca. Um país super fofo, por sinal.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Sobre pássaros e abelhas

Esta TPM veio com gás total: meu verbo é sofrer-morrer-ou-matar-o-primeiro-que-aparecer. Sofri a morte do pai de uma amiga como se tivesse sido meu próprio pai (qualquer um dos meus dois). Liguei pra ela, que estava no velório, com a voz toda alegrinha, num clima de "e aê, beleza?", ao que ela disse que não, que estava enterrando o pai. E, diante de minha crise convulsiva de choro, tenho grande vergonha de dizer, a moça cujo pai estava sendo velado ainda teve de me consolar.


Só achei que fosse mesmo TPM depois de passar 5 dias ao lado de um bofe lindo, bronzeado e vidrado em mim e pensar, rosnando entre um sorriso forçado e outro: "Ah, seria tão bom se ele voltasse pra Dinamarca hoje!..." Aí eu marquei consultas, coisa que faço sempre que estou estressadíssima: limpeza de pele no sábado, depilação em seguida e, na segunda-feira, fonoaudióloga (uma espécie de joelhaçoterapeuta da voz rouca), angiologista (uma espécie de joelhaçoterapeuta das microvarizes que só eu vejo com minha própria lupa) e joelhaçoterapeuta de verdade.

Aí, sim: eu fiquei mansinha. Só um half day spa no Nirvana poderia me deixar menos hiperestésica, mas, sob essas circunstâncias tão adversas, acho que só uma boa noite de sexo selvagem resolveria meu problema. Aí eu chego em casa, pronta pra me livrar da TPM da maneira mais carnal possível, e encontro o dinamarquês cheio de problemas: foi atropelado por um táxi de bicicleta, foi recusado por um membro do Hopistality Club, não encontrou o Hortifrutti (onde ele compraria hortaliças pra fazer um jantar), não fez o jantar que prometeu e ainda por cima não está no clima ideal pro romance (if you know what I mean). Rolou uma DR (discussão da relação). Depois de ouvir tudo quase atentamente, mas semi-puta de vida, o mandei abrir a boca e pinguei em sua goela minhas gotas de florais pra TPM. E mais uma de Rescue Remedy pra garantir. Dei essência de gerânio e ylang-ylang pra ele cheirar (também antídotos contra TPM, e olha que este é o primeiro homem que eu conheço com TPM!!!). E o Great Dane dormiu como um bebê.

E eu tenho certeza que esta é a pior TPM da minha vida, porque além de contagiar um homem com ela (fato científico-histórico inédito), hoje vi dezenas de bebês em minha frente. E todos olharam pra mim, sorriram e deram tchauzinho, o que é foda pra uma mulher que ainda não tem seus próprios rebentos remitentes de tchauzinhos; e, a cada tchauzinho, meu útero gritava, as lágrimas jorravam dos meus olhos e minha TPM urrava; e eu tive toda certeza do mundo de que eu nasci pra ser mãe. Infelizmente, tenho essa estranha sensação de que serei mãe solteira. Porque eu ainda não conheci um homem neste mundo de meu Deus que pudesse sobreviver, por meses a fio, ainda que nove meses, à minha TPM (que independe de hormônios: é coisa lunar mesmo). E se o homem tiver TPM ele mesmo, que volte logo pro país escandinavo de onde veio e pronto.


Acho que cheguei num estágio em que a fertilização in vitro é muito mais do que uma forma de engravidar: é a única! Preciso falar com o Oscarito Niemeyer urgentemente. Se eu não tiver um esperma viável pra chamar de meu, vou virar uma serial killer em dois tempos. Escrevam o que estou dizendo. Ou eu engravido antes do 36, ou fudeu pra sociedade como um todo (sem trocadilhos, por favor, que quando estou em TPM eu fico séria pacas).

domingo, fevereiro 11, 2007

Brazilian lunch for a Danish Hero


PICT9949
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Dad, Mum, Jacob and I.

sábado, fevereiro 10, 2007

Beautiful people


Beautiful people
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Até o Esmeraldo e a Alice!

Povo do blog é só amor.


Povo do blog é só amor.
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Ju, Dri e Tom.

Simpatia é quase um milagre!


Simpatia é quase um milagre!
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Vocês vão ver quanta gente eu encontrei aqui...

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Girlie Dannish Power


Girlie Dannish Power
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Mas nem Yemanjá daria conta do recado sozinha: foram necessárias duas outras tripulantes intrépidas pra arrastar esse bofe até aqui.

There must be a Yemanjá!


There must be a Yemanjá!
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Jacob: veio velejando da Cidade do Cabo pro Rio.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Mais um show do Pedro-Pedra e da Alma-Linda Thomas



Eu super vou no dia 14!!! O show, que eu já vi cinquenta e sete milhões de vezes e sempre pagando, que eu não sou de pedir de graça a pessoa querida alguma a única coisa que ela tem pra vender, é uma mistura elegantérrima de bom jazz clássico, com músicas autorais e MPB-jazz. Não é por nada, não, mas quem não viu ainda não pode perder: é o final de um ciclo super bonito, que só será reapresentado no Japão e outros lugare$ onde você$ provavelmente não poderão ir tão cedo. Falta de tempo, $abe como é. ;o)

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Fear Not

Descobriram muito cedo que aquele menino não conseguia sentir medo, pois estórias de bicho papão e bruxas que devoram tripas de crianças que não dormem o mantinham mais-que-acordado -- de janela aberta, quarto bagunçado, notas vermelhas e sapatos virados pra baixo --, na expectativa ansiosa da visita dos seres malignos fantásticos que seus pais criavam para obrigá-lo a ser bonzinho. Não quero que vocês julguem mal os pais desse menino, que doravante chamarei de FearNot, pois ele existiu numa época remota em que os pais ainda faziam coisas estúpidas pra manter seus filhos controlados, já que o Fantástico nunca tinha exibido uma matéria elucidativa sobre DDA e hiperatividade infantil, nem tampouco existiam escolas experimentais onde a maconha é empregada no recreio como indutora da paz, nunca havia se ouvido falar em psicopedagogia moderna, muito menos em livros de auto-ajuda para pais de primeira viagem.

Pois FearNot era o cão chupando manga em matéria de bravura. Pegava taturana, lacraia e escorpião na mão, aprendeu a cuspir fogo com um palhaço de circo e incendiou sua própria casa, por diversão, 39 vezes, só pra ver a cara de susto de seus pais, dos vizinhos e dos fantásticos, lindos e marombados (isto é por minha conta) bombeiros. Cara de susto, medo e pavor era, pra ele, um verdadeiro enigma: FearNot não entendia bem o que queriam dizer pupilas dilatadas, pêlos eriçados, gritos de pavor e lágrimas de desespero. O motivo para isto era um só -- não que fosse um menino mau, pelo contrário! --: ele tinha um defeito neurológico central congênito raríssimo que o fez nascer sem o pedaço da massa encefálica que sente medo e induz todas aquelas respostas fisiológicas do estresse que fazem um ser vivente se virar, em desespero, pra salvar a própria vida.

Fartos dos atos tresloucados de bravura do atentado capetinha, a esta altura um adolescente garboso, seus pais procuraram um bom pai-de-santo & exorcista, com quem encomendaram um despacho pro Exu Caveira, na porta de um cemitério, pra abrir um portal mágico pro menino entrar (sozinho) num reino tão-tão distante, onde havia perigos reais: dragões, bruxas, senadores corruptos e um pântano assombroso, com árvores retorcidas e cheias de espinhos, onde o sol nunca chegava: o Pântano do Planalto Central. Nesse reino, morava uma linda princesa que estava sendo oferecida por seu inescrupuloso pai, o Rei José Dirceu, em troca de uma mala contendo um volumoso mensalão; a mala sem alça estava escondida no mar de estrume do tal pântano assombroso. Embora a princesa fosse mais bonita que Gisele Bündchen e mais inteligente que a Cora Rónai, nenhum cavalheiro se atrevia a enfrentar os perigos das trevas para, mensalão no bolso, obter a mão da moça em paga. Alguns tinham tentado, como o valente Sir Edward Suplicy, mas foram todos devorados pelo esquemão e nenhum tinha conseguido retornar ao reino da luz.

Sabendo daquilo tudo, nosso impávido-colossal herói, FearNot, pediu pra conhecer a princesa. Falando sério: foi amor à primeira vista! A sinastria dos dois era perfeita, eles curtiam as mesmas bandas de rap, samba-funk e rock, tinham as mesmas músicas em seus respectivos Ipods e não tinham lido os mesmos livros -- o que é, na adolescência, uma coincidência brutal. Tudo isto posto, FearNot prometeu ao Rei Dirceu dar um pulinho no pantanoso e tenebroso Planalto Central e retornar com aquela mala cheia de dinheiro e merda em menos de 48h.

Foram as 48h mais divertidas da vida do rapaz. Ele viu bruxas, mouras tortas, mulas-sem-cabeça, sacis, curupiras, vampiros, lobisomens, dragões de vinte cabeças cuspidores de fogo, e se ria tanto de tudo que via, que os monstros ficavam até constrangidos. Quando engolido por um ser híbrido de crocodilo com tubarão, FearNot riu tão alto que explodiu o bucho do bicho com suas gargalhadas ultra-sônicas, e teve de controlar seus espamos de riso pra seguir a jornada em busca da mala sem alça do Lulla. Encontrou-a por acaso numa caixa de correio, aguardando uma licitação ilícita. Feliz da vida com sua conquista, retornou ao Reino tão-tão distante para obter a mão de sua noiva em casamento.

Lá chegando, no entanto, FearNot sentiu um climão geral. Não havia festa nem os cortejos que ele esperava que fosse encontrar ao retornar com a relíquia. Os súditos choravam quando o viam e andavam cabisbaixos. No castelo real, ele soube o porquê: a princesa estava deitada em seu lindo e sedoso leito de morte, o sangue lhe escapando à face e respirando cada vez mais lentamente, como se estivesse apenas aguardando o retorno de seu herói pra lhe oferecer o último suspiro.

Ela tinha contraído gripe aviária, uma importante zoonose que FearNot carreou, sem querer, do galo preto da macumba diretamento pro ao Reino tão-tão distante.

Os médicos estavam muito pessimistas e deram seus pêsames ao rapaz, frustrado à beira do altar por uma fatalidade viral virulenta. Então, diante daquele cenário de tristeza e luto, FearNot debruçou-se sobre a princesa, sacudiu-a pelos ombros e implorou para que ela não morresse; disse, entre soluços que fariam chorar o mais durão dos machões, que, se ela morresse, ele não poderia seguir vivendo. E neste exato momento, as pupilas do menino se dilataram, seus olhos se encheram de uma água inédita, seus pêlos se eriçaram e FearNot emitiu um grunhido que até hoje não se sabe se foi um urro ou um grito de horror, mas que foi registrado em todos centros de sismologia do planeta como uma iminência de tsunami. E, de fato, em poucos segundos o quarto da princesa virou um oceano de lágrimas com ondas gigantes e, no meio daquele mar de medo de perder o ser amado, a moribunda flutuou e, como que por encanto, ficou curada de sua gripe.

FearNot, então curado de seu defeito neurológico congênito, passou a compreender o que significava o medo. E teve muito medo de sentir isso de novo. Por isso, casou-se com a princesa, mudaram-se pras ilhas Seychelles, onde pode se viver perfeitamente com o dinheiro sujo que o sogrão mandava todo mês, tiveram quatro filhos e foram felizes (e medrosos de perder um ao outro) para sempre.


The End

PS: este conto foi descaradamente roubado (e adaptado livremente por mim) de uma série da BBC chamada "The Story Teller", um dos programas de TV mais bonitos do mundo.

sábado, fevereiro 03, 2007

Bichos que fazem e acontecem


Bichos que fazem e acontecem
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Louro, meu consultor em TI, está dando uma olhada no meu laptop.

Ele não quer sambar!


Ele não quer sambar!
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Monobloco


Monobloco
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Dri, Rico, eu e Margarida

Yemanjá


Yemanjá
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Oferendas

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Pro Lucas e todo adotante potencial


Pro Lucas e todo adotante potencial
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Menino de dois meses, ruivo como o Moska. Irmão das outras duas meninas.

Pro Lucas III


Pro Lucas III
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Sei que é humana e felinamente impossível identificar pela foto, mas esta fofolete, que também nasceu no gatil da prefeitura em dezembro e está apta à adoção é uma linda escama de tartaruga azul e creme. Menina, claro.

Pro Lucas II


Pro Lucas II
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Bebê cálico de um mês, nascida no gatil em dezembro.

Pro Lucas


Pro Lucas
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Menina e frajola menino de 2 meses.

Ainda o Monobloco

É hoje, galera. As mulheres podem ir vestidas com uma camisetinha branca básica (e os dizeres: "sou dessas mulheres que dizem sim e não têm vergonha de ser assim" -- não é original, mas fez o maior sucesso no carnaval de Miguel Pereira em 1900 e lá vai fumaça); os homens podem ir com qualquer coisa quente que vá culminar com o strip-tease e os mamilos provocantes de fora. Mas o que ninguém pode esquecer de levar é um quilo de alimento não perecível (atenção, cachaça, sobretudo aquela Caninha da Roça cheia de teia de aranha que algum mala levou pra sua casa na última festinha em que você ofereceu Prosecco pra geral, não é alimento!); quem levar, paga 25. Quem não levar paga o dobro, e eu ainda acho pouco!
Meu e-mail para combinações e desculpas esfarrapadas de que eu não vou por isso e aquilo é: quesefoda.cansei@gmail.com. Só chego na Lapa às 23h, que chegar na Lapa sem engarrafamento já corta metade do meu tesão de estar lá.

bjs,

Van

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Quinta gastronômica


Quinta gastronômica
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Este é o Scooby. Ele veio pro jantar, mas não gosta muito de camarão. Estou muito solidária.

A boa da naite DE SEXTA, 02 DE FEVEREIRO!

Monobloco? Hoje?!?


O Pierre vive convidando. A Adriana pôs uma pilha. Eu já cheguei na porta e tive mêda de entrar (no dia em que conheci uma pessoa muito especial, um tampinha de 1,93cm, que também teve mêda de entrar, o que reforçou minha mêda).

Hoje, no entanto, sinto-me raçuda na medida certa pra encarar essa espécie exótica de micareta da Lapa. Não sei o que me aguarda, mas eu vou com fé, que a fé não costuma faiá!

PS morte súbita: ATO FALH(ÍC)O TOTAL! Monobloco, é claro e evidente, é às sextas na Fundição. Acordei tão acelerada que achei que hoje já fosse sexta. Se eu continuar comendo dias desse jeito, ficarei velha antes do tempo.