Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, setembro 29, 2007

Olhos frígidos


Eu sou uma pessoa que chora. Os seres humanos podem ser classificados, quanto ao derramamento de lágrimas, como:

1. Os muito chorões, que choram diariamente de alegria, raiva, tristeza ou coisas que a própria razão desconhece (eu, por exemplo);

2. Os chorões comedidos, que choram em circunstâncias absolutamente previsíveis e socialmente aceitas, como nas cenas mais trágicas de filmes estilo "cachorro-criança-ou-humanista sofre" (quase todos os meus amigos, por exemplo);

3. Os chorões secretos, que seriam do tipo 2 se não tivessem tido uma avó, mãe ou pai castrador que disse, naquela idade em que tudo marca, "que meninos não choram". Esses choram, sim, mas ninguém vê, ninguém percebe e, se perceber, toma porrada (quase todos os machos latino americanos que eu conheço e algumas damas de ferro, duras por fora e macias por dentro, que já sofreram tanto nessa vida que acham que choro é coisa de mulherzinha, algo que elas se recusam a ser porque sabem que o mundo passa que nem trator sobre gente com sentimentos -- tenho grandes amigas assim);

4. Os chorões funcionais, que só choram quando o médico -- geralmente um chorão funcional ele mesmo, por uma mera questão de sobrevivência -- diz "aproveite ao máximo seus últimos dois dias de vida" ou "não tem jeito, sua perna terá de ser amputada hoje". Esses não choram normalmente porque têm sempre muitas coisas pra fazer, geralmente são pessoas muito ocupadas e importantes, grandes chefes e líderes que não podem correr o risco de externar nenhuma fraqueza, até que a vida lhes prova que é frágil, e pronto. Morro de pena desses chorões e tenho cá pra mim que se eles tivessem chorado lá atrás, ainda que secretamente, talvez não precisassem estar na frente de um médico com notícias assim, tão ruins.

5. Os incapazes de chorar. E sobre esses, não vou entrar em detalhes, porque eu não conheço um, e tudo o que dissesse sobre este tipo seria pura ficção científica da minha cabeça. Pero que los hay, los hay! Desconfio que o Elias Maluco seja um desses.


Pois eis que eu, uma chorona clássica do Tipo 1.AA, ou seja, o tipo mais chorão dentre os mais chorões, fui pela enésima vez nos últimos 12 meses ao meu oftalmo pra tentar entender porque meus olhos coçam tanto. Para uma mulher de minha idade, coceira de olho é mais do que um problema clínico, é praticamente plástico-cirúrgico, porque olho que coça é olho com rugas.

Meu médico de olhos, humano como poucos, me tasca, então, o seguinte rótulo na testa: "Seu olho coça porque é seco". Ele não tirou esse diagnóstico assim, da cartola, não. Fui lá sequencialmente, usei uns colírios, fiz uns testes e, então, ele veio com essa conclusão que me fez gargalhar no primeiro segundo:
- Olho seco, eu?!? Mas eu choro à vera! Meus olhos nunca estão secos.
- É, você espreme suas glândulas lacrimais, mas o que sai é uma lágrima de baixa qualidade.

Olha como ele foi delicado! Podia ter dito: "Sua lágrima é uma merda, não serve pra porra nenhuma, de tanto chorar suas glândulas lacrimais ficaram esgotadas e perceberam que teu lance é quantidade, e não qualidade. Você perdeu a credibilidade com elas."

E aí, é claro, eu chorei, lembrando do inferno que é tratar um beagle ou um cocker de olho seco:
- Mas eu vou ter olho seco pro resto da vida?!? Vou ter de pingar um KY ocular pro resto da vida?!?, e deitava um rio de lágrimas imprestáveis no consultório do meu médico, que tentava me convencer de que meu problema não era assim, tão grave. Que há coisas piores.

Imagina se uma coisa pior me acontece! Nem uma lágrima decente que preste eu terei pra derramar, terei de pingar uma lágrima artificial. Quando eu digo que o fim está próximo, vocês não acreditam.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Calma, gente, caminho do meio.

Caminho do meio, caminho do meio: este é meu mantra favorito, até por sua intangibilidade, e não existe um dia em que eu não conte até três e repita pra mim mesma essas palavras, numa débil tentativa de evitar mandar alguém que me contrariou pra casa do caralho ou, como aconteceu no post abaixo, solicitar gentilmente que não voltem a visitar este quartinho aqueles que desconhecem o poder dos vulcanos, meus extraterrestres ficcionais preferidos. Tão preferidos, que eu cheguei a discutir, na psicanálise, se eu não teria essa fixação por vulcanos por acreditar -- no fundo, no fundo -- que meu pai é um tipo muito peculiar de extraterrestre dotado de algumas características em comum com esses orelhudos, como a afinidade pela matemática.

Pois voltando ao caminho do meio, venho por meio deste envergonhado post, pedir que a minha querida pimentinha Sandra e meu adorado Olney não deixem de vir aqui só porque nunca assistiram Startrek. Tudo bem nunca ter assistido Startrek: existe muita gente boa solta por aí que assiste BBB ou recomenda que se vá ao teatro ("mas não me chame"), ou seja: se não fosse a biodiversidade, só existiria um canal de televisão e o Lula iria me pagar o mico de vetá-lo.

Eu recomendo, numa boa, que vocês reservem um tempinho pra ver no AXN um episódio da primeira ou segunda geração (eu nunca sei, mas é a que tem o Archie, um capitão que tem um beagle, e a T'Pol) pra vocês entenderem como ficção científica pode ser uma coisa bacana e erótica e, por isso, até legalzinha. Conselho de amiga: dêem uma checada no poder dos vulcanos, mais especificamente da vulcana T'Pol, e depois me contem. Ou não me contem nada, mas não sintam-se expulsos daqui. Eu falo muita merda, e escrevo em triplo. Triple X.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Vulcan Power

Eu sempre detestei ficção científica, achava tudo uma bosta que só os nerds consumiam, até namorar um cara não-nerd (juro!) que aprendeu a ler sozinho aos 3 anos, antes mesmo de falar, com os livros fantásticos que descreviam as viagens visionárias de Jules Vernes. Esse cara, óbvio, não podia sair de casa na sexta-feira, antes das 22h, porque era justo a hora em que passava StarTrek na TV, e eu me recusava a assistir "ESTA MERDA" (assim, gritando), só de ódio. Essa crise conjugal semanal durou alguns meses, até que um belo dia eu me resignei a sentar na pontinha do sofá, toda montada pra sair e com a bolsa já no ombro, para assistir aos 45 minutos meu primeiro episódio da primeira ou segunda geração da jornada na estrelas.

Até hoje eu não entendo direito, mas tem um dia na semana em que a TV reprisa todos os startreks, da primeira à última geração, embora a programação não respeite nem a cronologia da produção, nem das gerações startrekianas em si. Aparentemente, a produção mais recente corresponde à geração mais antiga -- e eu espero que vossos Tico e Teco não tenham entrado em combustão com esse papo, porque eu admito que é tudo muito difícil para um "não iniciado". Mas tenho certeza que todos aqui conhecem o Dr. SPock, um dos principais tripulantes duma espaçonave startrekiana, inteligente pra caralho, sentimento-free e de orelhas pontudas, características comuns a todos os vulcanos. Se alguém aqui não sabe o que é um vulcano -- não, não é uma montanha que cospe lava --, por favor, se retire deste quartinho e não volte nunca mais. Isso já não é distração, é falta de cultura mesmo.

Voltando à vulcana fria, depois do meu primeiro episódio de Star Treco, eu passei a ter uma pequena obsessão, que depois se transformou em neurose e, posteriormente, em tara sexual: eu queria ser a T'Pol. Aliás, não bastava isso: eu queria que a T'Pol tivesse sentimentos, mas não pelo capitão cinquentão, e sim por mim! Queria batizar minha filha de T'Pol, queria ter peitos postiços, queria emagrecer 20kg e, o mais bizarro e importante de tudo, queria ser tudo isso e sexy-inteligente, ou seja, imune ao amor.

T'Pol: magra, linda, inteligente pacas e imune ao amor. Enfim, a mulher perfeita (tinha de ser extraterrestre, ora!).

Nada me tira da cabeça que a T'Pol era uma cortesã em seu planeta e acabou alistada na guerra das estrelas como castigo por não ter se apaixonado por seu cliente mais importante, Darth Vader. Mas isto, obviamente, é só uma viagem minha. Não vamos confundir viagem com ficção científica, que isso sim, é uma puta d'uma heresia.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Semper fidelis


Semper fidelis
Originally uploaded by Van-Or
Tou esperando meu pai na ginástica, que ele disse que ia dar uma corrida rapidex e depois a gente vai no passeio, meu pai disse. E aí ele vai me fazer cafuné na orelha.

terça-feira, setembro 25, 2007

Exijo respeito!




E dou risada do.... (mentira!)

É tudo, mas tudo mesmo...



... quase verdade. E quase mentira.

Vem flambar comigo!


Vem flambar comigo!
Originally uploaded by Van-Or
Na quarta, dia 3 de outubro, haverá um workshop de cocktails de 14 às 18h, em Copa. A professora, Sandra, é uma fera, e o curso custa só R$60, menos do que se gasta pra beber tudo o que se pode misturar em quatro horas. A mixologia é a alquimia do momento! Mais informações com a própria Sandra, no tel. 21-87657819.

PS: eu estou confirmadíssima no curso, desde que haja o quórum mínimo de cinco alunos (o céu não é o limite).

Wagner Moura, o homem do ano

Confesso que nunca tinha reparado nele até assistir "Saneamento Básico, o filme". Aliás, eu só aceitei o convite da Jussara pra ver esse filme porque: 1) era de graça, com boca-livre e tutto; 2) eu achava que o filme era com o Selton Mello, um ator tão foda e importante pra mim que eu sempre o confundo com uns dois ou três digamos assim, menos famosos, entre os quais o Wagner Moura. Em "Saneamento", uma vez recuperada do choque de saber que o SM não estaria na tela, pela primeira vez eu percebi que o Moura não era mais um de seus clones mal elaborados, e sim um ator com valor próprio. Até que eu soube que ele, WM, estava na novela das oito, geralmente um saco de gatos onde misturam ex-BBBs com atores de verdade, fazendo uma média inferior a cinco, ou seja, reprovada por meus pentelhamente altos critérios de qualidade. Assim, WM caiu vinte e nove pontos percentuais no meu conceito, mas a vida seguiu, claro, até porque o fato dum ator qualquer ter caído ou subido no meu conceito sequer me interessa, quanto mais aos outros.

Meses depois, vi o Wagner Moura na pele do Capitão Nascimento em "Tropa de Elite" e, obviamente, senti o desejo sexual, moral e cívico de dar pra ele. Pro Wagner Moura, observem bem, e não pro cara do BOPE que ele entranhou em seu DNA de forma extraordinária, a ponto d'as pessoas o abordarem na rua como o herói paradoxalmente fascista de quem falou mal, GRAÇAS AOS CÉUS, o Arnaldo Bloch, sábado passado.

Obrigada, Arnaldo Bloch, por ter criado este espaço pro Wagner Moura, meu personal homem do ano, escrever o texto que foi publicado na primeira página do Segundo Caderno d'O Globo de hoje em resposta à sua coluna eternamente vigilante da democracia (num jornal que nem sempre a defendeu, mas esses já são outros quinhentos). Viva a democracia, legalize já e, se alguém aí conhecer o Moura pessoalmente, por favor pergunte se ele não está precisando de uma gueixa. Sem compromisso, claro, que democracia também é direito de ir & vir.

domingo, setembro 23, 2007

Estratégias militares

Quem conta é meu pai, o avô preferido d'O Cara, meu fodástico sobrinho e afilhado (muito importante dizer sobrinho, porque é fundamental passar essa noção de sangue-do-meu-sangue, que madrinha não quer dizer porra nenhuma além de uma tia com privilégios no momento do batismo que, como todo momento, é apenas efêmero):

Meu pai, um escravinho obediente de seu neto, O Cara, larga o jornal, a escova de dentes ou o que for para atender um pedido -- ou melhor, uma ordem -- de seu único (e talvez pra sempre único) neto, Pedro Augusto.

Um detalhe: agora que ele é um cara grande, com cinco anos e coisa e tal, pega muito mal chamá-lo de Peuguto. É chamá-lo assim, que o moleque chega mesmo a ficar ofendido e enfurecido, e com toda a razão. Tatibitati de cu, afinal, é rola.

Mas voltando ao expediente: Pedro Augusto, O Grande, ordenou que seu avô brincasse com ele. Para isto, despejaram no tapete uma caixa repleta de bonecos de plástico, muitos deles sem pernas ou braços, resquícios naturais das batalhas da infância. E meu sobrinho disse: "Vamos brincar de guerra." Meu pai, que troca de personalidade instantaneamente ao encarnar o papel de avô (perdendo aquela coisa chata de pai e ganhando um coloração mais rosada, um ar mais jovial e até um ligeiro sorriso, coisas que nele, pelo menos do meu ponto de vista, sempre parecem equivocadas), ajuda meu sobrinho a dividir o contingente de bonecos e animais de plástico e, é claro, fica apenas com os brinquedos aleijados, sem cabeça, olho, braço ou perna, ao passo que meu sobrinho, O Cara (tenham sempre isso em mente), fica com todos os brinquedos perfeitos e tinindo de novos, com superpoderes, aparatos eletrônicos e artefatos para voar, correr ou matar o inimigo. E aí, cada um com seu exército, a guerra começa.

No início, a batalha parecia estar extremamente equilibrada: pra cada boneco que meu pai matava de meu sobrinho, lhe morriam vinte. Aparentemente, um dos soldados d'O Cara possuía uma metralhadora nuclear com um potencial de destruição insuperável. O avô, como todo bom escravo, rendeu-se à humilhação da derrota iminente, até que -- e olha que estrategista militar meu pai é -- ele descobriu uma múmia em meio a seu batalhão já quase todo aniquilado. Quando eu digo múmia, eu quero dizer múmia mesmo: um boneco enrolado em trapos, só com os olhos pra fora e nenhum braço ou perna articulável. Não ter braço ou perna articulável, no reino dos brinquedos, é ser menos do que a Susie, menos do que a Barbie, enfim: é ser uma merda completa que não serve pra porra nenhuma. Enquanto isso, a metralhadora nuclear do meu sobrinho ia aniquilando geral o exército avariado do coitado do meu pai, que a essa altura só tinha a múmia e uns dois power rangers sem cabeça ou braço.

Foi então que O Avô (com maiúsculas, por favor, pra fazer alusão aO Cara) lembrou: "A múmia não morre porque já está morta. E tem mais: porque ela não escova os dentes e nem lava os pés há cinco mil anos, tem um mau hálito fatal e um chulé devastador." Impressionado com os superpoderes da múmia, O Cara assistiu, pasmo, impassível e incrédulo, seu exército vencedor ser exterminado pelos dois ou três bonecos semi-destruídos de meu pai, todos liderados pela imortal múmia mega-ultra-power fodástica. Tão logo a guerra acabou, meu sobrinho tratou de dar sumiço na múmia, que meu pai, O Avô, nunca mais viu. Não dava pra disputar batalhas contra um soldado como aquele, e ele, O Cara, precisava de tempo para pensar no que fazer para superar a estratégia egiptóloga militar de seu famigerado e inventivo avô.

Pois o avô voltou pro Rio, a múmia e o sobrinho ficaram em Salvador, e hoje, pelo telefone, Cara e Avô conversaram pelo telefone:
- Encomendei uma múmia enorme pra mim, disse meu pai.
- Ah, é? (e meu sobrinho cochicha alguma coisa com mermão, seu pai)
- É, insistiu o Avô. E essa vai ser tão grande, e vai ter tanto bafo e tanto chulé que ninguém vai poder contra ela.
Meu sobrinho volta da consulta aos universitários:
- Pois eu vou atacar sua múmia com água. E ela vai apodrecer.
- Ah, não! O senhor está muito enganado: esta minha múmia terá uma capa e um guarda-chuva.
O Cara consulta novamente os universitários. Mermão, engenheiro bélico formado pelo Instituto Militar de Engenharia, dá umas dicas, e meu sobrinho volta:
- Mas eu vou molhar por baixo da capa e do guarda-chuva.

Ouço as risadas do Avô e a ligação logo se encerra. Aparentemente, essa próxima batalha será sinistra, mas eu tenho a terna impressão de que o inimigo múmia se deixará molhar, liquefazer, humilhar ou sucumbir propositalmente para não demolir o ego d'Esse Cara Grande, o Pedro Augusto I. Primeiro na linhagem das crianças incríveis que meu coração adulto aprendeu a amar.

Por partes, como Jack the Stripper.

Parei de assinar Vanessa Ornella. Daqui pra frente meu nome será Van'Or (pronuncia-se vã-nór), mais uma gobbada do Tom que funciona perfeitamente como exercício de reprogramação cerebral ou RPNL, coisa que eu preciso muito pra parar de me sentir a privada do planeta. Infelizmente, pra vocês entenderem o trocadilho de auto-ajuda, teriam de dominar o holandês e o francês. Como eu não falo nenhuma dessas línguas, deixo pra vocês o endereço das respostas de tudo que a gente não encontra no Google, porque o gúgol se esforça mas não chega a Tom Taborda: Ask Tom. E mais não digo, pronto.

***

Nelsinho e Arminda, minha famiglia Castro dileta: estou em estágio terminal de saudades de vocês.

***

Frase da madrugada, inspirada no "The Power of One", filme sobre o apartheid, essa coisa escrota que existe no Brasil e no mundo todo com outros nomes, em exibição única no CineTom, ontem:

A liberdade só existe em nossa mente, por isso não há liberdade sem sonho. Seja racional por um momento e sinta o mundo atrás de grades inquebrantáveis.


***

Não vou dizer que foi o viado escroto vigarista e filho da puta do Renan Caralheiros (e sua legião de quarenta e seis ladrões) que me fez desistir, ainda que temporariamente, de pôr filhos neste mundo. Ele foi de grande valia nesta decisão, sem dúvida alguma, mas se eu me reportar ao tópico anterior, sei que o sonho de ter filhos um dia não morreu, só ficou em stand-by, por trás de grades que eu posso quebrar assim que recuperar minha capacidade de sonhar novamente. E se eu sonho acordada com tantas coisas, posso garantir que minha capacidade de sonhar não morreu, mas ficou encolhida pra tantas outras.

***

Falando em imaginário mágico, vi fotos dos cinco anos do meu afilhado, O Cara, brincando com meu pai e o presente de aniversário que eu, Djindinha, mandei por ele: um kit de exploração científica, com uma pochete cheia de bolsos, onde se encaixam potes, puças e lupas para a captura e observação de insetos, além de um bloco de notas e lápis de cor para que meu sobrinho possa registrar tudo o que aprendeu com suas expedições científicas ao maravilhoso mundo dos jardins do playground do prédio. É lógico que um presente desses só faria sentido com um avô a tiracolo, e o avô ensinou aO Cara todo tipo de nome de formiga, explicando detalhadamente o tamanho dos "dentes" de cada uma delas e como elas se organizam dentro de um formigueiro. Meu sobrinho ficou encantado, lógico, mas foi só o avô sair de Salvador que as expedições científicas acabaram. Venho então, por meio deste indignado tópico de post, fazer queixa do mermão, o Papai Ito, por ter encerrado de forma tão ríspida e brutal a brilhante e promissora carreira de entomologista de seu própria filho, sangue de seu sangue, e portanto do meu. Sinto-me amputada e alijada do direito de ir, sonhar e vir.

Auto-retrato com felino espremido no meio


Vanessa squeezes a cat model
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Coitada da Diadorim: primeiro ela posa de modelo pro site da prefeitura sem ganhar um puto por isso, depois eu ainda a espremo de todas as formas possíveis pra obter, depois de mil tentativas, este auto-retrato tremido, em que ela já tá tão estressada que mal se vê que seus olhos são verdes (a pupila dilatada não deixa).

A melhor foto da primogênita da Jussara está na página inicial do site do Instituto Municipal de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, em http://www.rio.rj.gov.br/ijv/.

Outra regra básica neste blog: quem falar mal do lugar onde eu trabalho vai ter que entrar na porrada comigo, e vale furação de olho, chute no saco e chiclete no cabelo. E aproveita que eu estou fina hoje.

Nosso amor é lindo!


Nosso amor é lindo!
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Ô, saudade!

sábado, setembro 22, 2007

O fim está próximo

Como vocês já sabem, meu amado e véio lepitóper está com seus dias contados. Por isso, eu parei de usar tudo da Adobe (menos o Reader), o iTunes, o Skype, o MSN Messenger, o Windows Media Player e todas essas coisas que faziam o sopro cardíaco de meu pobre e cansado HD ficar audível num raio de 10km. Tenho usado tanto o CCleaner pra apagar cache, temporários e essas merdas que vão deixando o computador exausto, que criei uma nova patologia psiquiátrica: o TOC cibernético. Há sempre uma doença nova à espreita, só aguardando o momento certo para entrar em nosso curriculum hipocondriático.

Não se sintam bloqueados ou rejeitados porque não me verão no Skype nos próximos dias. No Skype, ao contrário do MSN messenger, que eu pretendo nunca mais usar porque me lembra, não sei bem porquê, aquela nojeira asquerosa do orkut, eu ainda não aprendi a bloquear todo mundo sem o risco de perder o contato ou a amizade pra sempre. Mas juro que aprendo, assim que estiver com um noutibuquer novinho em folha. Bloquear é a única forma viável de entrar online num programa desses e poder dar atenção adequadamente a uma pessoa por vez. Cansei de fazer tudo ao mesmo tempo agora. Meu véio Toshiba-boy me ensinou muitas coisas importantes nessa vida, como isto: quem ama, bloqueia.

Um post de redenção, dez ave-marias e vinte mil pai-nossos de joelho no milho

Querido Papai Do Céu (estou até apelando pras preposições para atingir minha redenção via Puxa-Saquismo -- e puxa, que Sacão!, com Todo O Respeito.),

Venho por meio deste humilde post implorar & obter perdão por toda minha falácia de umas horas atrás: é que eu acabo de receber uma cartinha branca, super fofa (parecia caída do Céu, Papai Idem), do ADSENSE (tou puxando o saco mesmo, repara não), com meu PIN. Sabe o que é isso, Papai do Céuzinho Sagrado? É um sinal Divino inequívoco de que, um dia, eu vou receber alguma coisa em troca de toda essa Propaganda Político-Dogmática que seu escravo, digo, servo, planta aqui, neste cantinho herege. Eu não sou atéia por mal, e se o Senhor for realmente um cara antenado, há de entender minha revolta. E se eu não me revoltar contra meu próprio Pai, né, vai acabar sobrando pra mim, e disso eu tenho muito medo porque meu superego tem o sistema bastante nervoso. Além do quê, Papai do Céu, eu não tenho Vosso Sagrado Talento pro martírio.

Bom dia (se o Senhor estiver aqui, por essa fatia do globo), foi mal-aê e valeuza demais. Ou melhor, sei lá: amém.

PS: Aproveitando que a gente está tendo esse papinho reto e sincero, por favor, Senhor, olhai pelos ciclistas hoje, no Dia Mundial sem Carro. A minha (só uma dica) é entre rosa e roxo e tem uma cestinha preta na frente.

Sinceramente, fala sério, AdSenso de Ridículo!

Eu sei que quanto mais eu tocar no assunto, mais o Google AdSenso de Ridículo irá se aproveitar de minha putessência com as pegadinhas que vem me aprontando desde que fiz esse pacto com o demônho.

Mas, pô, pensem aqui comigo: eu escrevo aqui dez mil vezes mais palavrões do que eu falo de fato; desdenho da inteligência do Criador (embora mantenha Seu Sagrado nome em CAPS, que é pra garantir minha vaga ao menos no purgatório dos debochados); descobri que Lúcifer caiu, se instalou, vive bem em Madri e fala portunhol; tenho uma convicção víscero-cerebral de que Deus dormiu quando inventaram o câncer (e não acordou ainda, esse Pamonha)... e ainda assim o AdSemSentido vem aqui instalar propagandas da palavra do Senhor?

Super excuse me, Mister Almighty, mas Vosmicê tá knock, knock, knocking na porta do quartinho errado. Sinto dizer assim, tão cruamente, mas vai ver se eu tô lá na esquina, OK? Eu sei que lá, pelo menos à essa hora de bala perdida, Vossa Santa Sonolência não está. Aproveita o Festival de Cinema do Rio e vá assistir Tropa de Elite, pra tentar descobrir exatamente em que momento você deu mole com essa estória de livre arbítrio. E vê se manda esse teu pastorzinho robótico de merda, o Senso de Ridículo, parar de fazer propaganda política aqui na minha casa. Que pra mim só uma coisa separa, hoje, a podridão da religião da podridão da política: a batina, meu deus. A porra da batina ou qualquer burka que o valha.

PS: E respondendo à sua insistente pergunta ("como um deus amoroso e perfeito pode mandar pessoas pro inferno?"), eu tenho minha teoria: o inferno é um lugar tão divertido quanto qualquer outro bar, só que em vez de pagar conta, a gente lava pratos. A minha personal concepção de inferno é tão divertida, que cada alma perdida pode acumular pilhas de louças de dois meses para poder se curar da ressaca e, aí sim, cair dentro da água e do sabão. Ah, se não fosse assim, pra que um Cara assim, todo amorosão e perfeito, criaria o inferno? Sejamos consistentes, apenas isso. Não espero de Deus nada além de coerência. Ou seja, não espero porra nenhuma. Porra Nenhuma, sorry.

Só um sample



Vocês precisam ouvir esta aqui: Above Ground, da Norah Jones. Diz tudo, não sei explicar como. Fala sobre espiritualidade, amor, esperança e mil coisas intangivelmente inexplicáveis e inexpressáveis. Eu quero casar com a Norah Jones. O pai dela ainda é vivo? Sei que ela o considera um merda, mas serve. Pra mim, Ravis Shankars servem. Merdinhas sinceros me interessam, me interessam.

Above Ground

Underground I'm waiting
Just below the crowded avenue
Watchin' red lights fading out of view

Oh the air feels heavy
Everything just passes by
And I think that I'm a little shy

Meet me outside above ground
I see you on your way
I'll be with you someday, someday

Drawing lines above my head
But the fan keeps spinning over me
Just my thoughts to keep me company

Now I know I'm ready
Pour the night into a glass
Can I sip it slow and make it last

Meet me outside above ground
I see you on your way
I'll be with you someday, someday


Meet me outside above ground
I see you on your way
I'll be with you someday, someday


I'll be your baby tonight




Uma outra bonitinha da mocinha. Obrigada, Nelsinho. Estou apaixonada por ela.

Sei lá por quê!



Don't Know Why
(Norah Jones)

I waited 'til I saw the sun
I don't know why I didn't come
I left you by the house of fun
I don't know why I didn't come
I don't know why I didn't come

When I saw the break of day
I wished that I could fly away
Instead of kneeling in the sand
Catching teardrops in my hand

My heart is drenched in wine
But you'll be on my mind
Forever

Out across the endless sea
I would die in ecstacy
But I'll be a bag of bones
Driving down the road alone

My heart is drenched in wine
But you'll be on my mind
Forever

Something has to make you run
I don't know why I didn't come
I feel as empty as a drum
I don't know why I didn't come
I don't know why I didn't come
I don't know why I didn't come

sexta-feira, setembro 21, 2007

Good times 98

Eu estava buscando uma coisa séria sobre a Norah Jones e encontrei esta pérola da breguice. Imperdível, com tradução e tudo.



PS: UAHUAHAUAH. Quanto mais eu vejo esta apresentação estilo "power point que eu jamais abriria por e-mail", mais maravilhada eu fico! É de um primor sem par, e a borboleta onipresente dá o tom Cindy Lauper geral. Mamma mia, madonna santíssima: estou quase saindo daqui, do aconchego do meu lar, pra uma loja de conveniência que venda ombreira, saia balonê e chiclete Bubbaloo. É o túnel do tempo, minha gente!

Centro de tudo


Centro de tudo
Originally uploaded by Van-Or
Não dá pra matar a saudade dos azulejos de Portugal, mas o céu é dum azul insistente e a praia é logo ali. Há lindeza em todo lugar e em toda gente, mas nunca haverá tudo em uma coisa só. Acho que a maior dificuldade da vida é saber do que abrir mão e quando.

Pepitas

- Quanto você quer pra fugir de casa?, perguntou meu pai.
- Tipo assim, pra sempre? Ou podendo voltar de vez em quando pra lavar uma roupinha, fugir de intempéries ou fazer uma boquinha?
- Não, podendo voltar de vez em quando. Uma ou duas vezes por semana.
- Hum. Deixa eu ver... Uns 50 mil. Isso pra vir aqui umas duas vezes por semana, porque eu acho que vocês morreriam de tédio e saudades sem mim.
- Tá bem.
- Tá bem o quê? Negócio fechado? Posso fugir de casa?
- Não, pode ficar. Precisa fugir, mais não.

***

Eu tive até vergonha de visitar aquele apartamento em Ipanema, porque a proprietária me avisou, pelo telefone, que não era um apê vazio de temporada, e sim sua própria casa, sua casinha, com suas coisinhas, etc. Ela usou tanto diminutivo, que eu fiquei com peninha: o que leva uma pessoinha, com uma coberturinha duplex em Ipaneminha, a sair de sua casinha para a alugar a estranhos?

Entrei naquele território fazendo uma coisa que detesto, mas confesso que fiz: "Licença, desculpaê, foi mal, viu? Ó, desculpa estar invadindo assim, tá... ih... dá pra pisar aqui nesse tapete? Prefere que eu deixe meus sapatos na porta? Desculpa qualquer coisa aí, heim?" Enfim, fiquei constrangidíssima. A dona do apê, uma moça linda (podia ser modelo ou qualquer outra coisa que exija aquela plástica perfeita), me mostrou um apartamento com uma decoração, digamos, repleta. Repleta de quadros na parede (tinha até uma gravura do Picasso, aquela manjadíssima pomba de dois riscos, sendo um deles a assinatura, que ele deve ter feito em escala industrial num dia de tédio, porque eu conheço umas vinte pessoas -- só no Rio -- que têm essa merda), lembranças de viagem e retratos nas prateleiras, enfim: era uma casa cheia de referências pessoais. Imaginei-me ali, como inquilina estrangeira, me sentindo bem estranha ao invadir a casa vazia de alguém, sem saber se eu apenas entro ou se peço licença pras paredes e porta-retratos antes.

Certamente, era um apê lindo, com vista de 360 graus pras paisagens mais bonitas da cidade. Tinha tudo, da despensa e geladeira cheias à porta de cofre de banco com vinte travas eletrônicas e circuito interno de câmeras de monitoração, passando pelaTV de plasma, um computador fodástico com internet, TV a cabo com 350 canais, home theater, bicicleta ergométrica, duas suítes, etc, etc, etc. Era uma casa bem bacana, mas toda aquela personalidade tirava o clima de aluguel de temporada.

Durante a curta e angustiante visita-invasão, eu não pude deixar de notar os dois cachorrinhos que latiam pra mim, presos do lado de fora da varanda.
- Quando você aluga seu apartamento, como faz com suas coisas? Tira tudo daqui?
- Não, claro que não. Eu tranco alguns armários, deixo uma parte livre pros inquilinos e faço um inventário de tudo, que depois verifico.
- E os cães? Eles ficam?
- Claro que não!
- Entendo. Olha, de verdade: é tudo muito bonito, etc e tal, mas acho que sem os cachorros não serve. Se você aluga uma casa assim, de verdade, com porta-retrato e tudo, precisa alugar também os cachorros, ou pelo menos um filho. Senão o pacote fica incompleto, o inquilino vai sempre se sentir um invasor.

Ela ficou ofendida, imagino. Mas depois me ocorreu que ela poderia, futuramente, pra facilitar seu negócio, dizer que estava alugando também as plantas. Desta forma, um candidato a inquilino poderia se sentir mais útil e menos culpado por ocupar um espaço tão pessoal, afinal as pobres plantinhas sucumbiriam, sem água e carinho, na ausência forçada (pelas agruras da nossa economia) da proprietária.

***

Deve ser muito difícil ser corretor de imóveis. E eu achei que ser polícia era a pior coisa do mundo.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Negroni


MMS
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Negroni de deus!

Aluguel Temporada no Rio

Galera, preciso de uma super boa indicação de apartamento para temporada decorado com bom gosto (não serve gosto duvidoso, sobretudo pintura sobre reboco caído, uma parede de cada cor e móveis da Casa Matriz, essas atrocidades), em Ipanema ou no Leblon, de preferência entre a Vinicius de Moraes e a Henrique Dummont (ou perto do Jardim de Alah, se for no Leblon) com dois quartos -- uma cama de casal em cada (não serve aquela coisa mal ajambrada das caminhas de solteiro coladinhas) -- ar condicionado em todos os cômodos e, de preferência, num prédio moderno e em local seguro, que tenha um elevador que não pareça locação d'o Bebê de Rosemary, com porteiro e segurança 24h, telefone, TV a cabo e internet. Pode ser apart hotel. É para dois americanos (irmãos) amigos de minha irmã, que estarão no Rio entre os dias 27 de outubro e 27 de novembro a trabalho. Ou seja: não vêm pra cair na farra na Help, pra turismo sexual, consumo ou tráfico de drogas e nem essas outras coisas que nos tornam exageradamente xenófobos.

Está foda associar segurança, distância (im)politicamente correta de favelas, com bom gosto, silêncio, duas camas confortáveis de casal, isso sem contar as outras cinquenta mil variáveis. Ser corretor de imóveis deve ser uma loucura, e como corretora, eu dou uma excelente mamma italiana, acho que tudo pode dar alergia nas criaturas e tenho horror à louça quebradinha, mesmo que seja tudo da mesma cor. Preciso de ajuda! Quem tiver qualquer indicação honrosa, por favor me mande urgentemente um e-mail pra vanorresponde@gmail.com.

Super obrigada,

VanOr

terça-feira, setembro 18, 2007

Mermão, o Nêgo de Deus

Hoje, ou melhor e talvez: daqui a pouco -- dependendo do meu DDAdismo (que eu começo agora, às 23h24 do dia 18 de setembro, a escrever este post, mas tudo pode me distrair) --, é aniversário do mermão, o pai d'O Cara, sendo Um Cara Ele Mesmo, meu personal fodão do bairro peixoto numa determinada fábrica de automóveis cujo nome não revelo até que me paguem royalties (ou voltem a conceder o desconto de tantos porcentos a parentes consangüíneos), faz aniversário.

Agora eu vou falar um pouquinho do mermão, com licença. Poética. A gente se gudunhou a vida inteira enquanto fomos obrigados a viver sob o mesmo teto. Eu tinha menos de seis anos quando ele, sem querer, claro, quebrou meu braço quando a gente brincava de coiote (eu), cão pastor (ele) e ovelha (m'ermã caçula). Só mais uma dessas idéias americanas ridículas implantadas pela propaganda política em forma de desenho animado na cabeça da criançada do terceiro mundinho. Lembro do mermão fechando (e trancando, infâmia!) a porta de seu quarto na minha cara, sem mais nem porquê, só porque eu era uma pré-adolescente pentelha, e ele um adolescente pentelho. Lembro do quão puto ele ficava quando os adultos -- no curso de inglês, na ginástica olímpica e outros lugares-micóides a que ele era obrigado (pelos nossos pais, pelos nossos próprios pais, sempre eles!) a me levar -- perguntavam: "Ah, que gracinha! Vocês são namorados?" Ele ficava puto, eu tinha vontade de vomitar, e a gente se odiava profundamente por isso e POR CAUSA DOS NOSSOS PAIS!

Mas minha maior admiração por ele, mermão Ito, o Papai Ito d'O Cara, foi ele ter perdoado, antes de todo mundo, nossos pais por todos os micos e humilhações -- e castigos, um sentado de cara pro outro horas a fio, depois de um embate físico semi-fatal -- que os véios nos infligiram. Apesar d'ele ter falado coisas muito duras pra mim naquela fase da vida em que a vida marca profundamente (como naquela noite, em Miguel Pereira, em que um coroa barbado de 21 anos me paquerava -- e eu devia ter uns 15, mas com carinha de 9 -- e ele me puxou pelo braço e falou: "QUAL É O SEU PROBLEMA? QUER SE TORNAR UM DEPÓSITO DE ESPERMA?!?", e olha que eu era virgem, virgem), esse nêgo, esse Nêgo de Deus, é meu ídolo, meu amigo de fé e mermão camarada.

E agora eu não preciso dizer mais nada além de "feliz aniversário, bicho", senão daqui a pouco eu ganho perna mecânica e viro o Rei Roberto Carlos.

PS: agora, que já é dia 19, eu posso dizer: o único rei aqui, mermão, é você. Te amo pra caraças. Beijugande!

segunda-feira, setembro 17, 2007

Comi uma francesinha no Porto


Comi uma francesinha no Porto
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Calma, gente. É só um prato típico, ué.

Ballerine


Ballerine
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Amei esta foto. Não consigo parar de olhar. Super me lembra da música cantada pela Elis, que fala da casinha lá na Marambaia, que fica na beira da praia, só vendo que beleza.

Há gente pior que o Renan Caralheiros

Título alternativo: vai ser judas assim na casa do caraças!

Piadinha insólita enviada pelo meu pappa:

Jesus chama os seus discípulos e apóstolos para uma reunião de emergência, devido ao alto consumo de drogas na Terra.
Depois de muito pensar, chegam à conclusão de que a melhor maneira de combater a situação e resolvê-la definitivamente era provar a droga eles mesmos e depois tomar as medidas adequadas.
Decide-se que uma comissão de discípulos desça ao mundo e recolha diferentes drogas.
Efetua-se a operação secreta e dois dias depois começam a regressar os comissários.

Jesus espera à porta do céu, quando chega o primeiro servo:

-Quem é?
-Sou Paulo. Jesus abre a porta.
-E o que trazes, Paulo?
-Trago haxixe de Marrocos.
-Muito bem, filho. Entra.

-Quem é?
-Sou Pedro. Jesus abre a porta.
-E o que trazes, Pedro?
-Trago maconha do Brasil.
-Muito bem, filho. Entra.

-Quem é?
-Sou Tiago.
-E o que trazes, Tiago?
-Trago Lança perfume da Argentina.
-Entra.

-Quem é?
-Sou Marcos.
-E o que trazes, Marcos?
-Trago marijuana da Colômbia.
-Muito bem, filho. Entra..

-Quem é?
-Sou Mateus.
- E o que trazes, Mateus?
-Trago cocaína da Bolívia.
-Muito bem, filho. Entra.

-Quem é?
- Sou João. Jesus abre a porta e pergunta de novo:
-E tu, o que trazes, João?
-Trago crack de Nova Iorque.
- Muito bem, filho. Entra.

- Quem é?
- Sou Lucas.
-E o que trazes, Lucas?
-Trago speeds de Amsterdam.
-Muito bem, filho. Entra.

-Quem é?
-Sou Judas. Jesus abre a porta.
-E tu, o que trazes, Judas?
- POLICIA FEDERAL!!!TODO MUNDO NA PAREDE, MÃO NA CABEÇA!!!
ENCOSTA CABELUDO!!!! !!! A CASA CAIU!!!

Sorry, but this one is for the Turkish only.

I'm willing to become a vegan vet (which is a radical variation of vegatarian I just made up, and I have already stopped eating pork!) one of these days, so this is a question I could never keep to myself: who, in Turkey -- a country I would never eat, not even at Thanks Giving (there's not this hypocritical holiday in Brazil, but we have many others alike) -- has been reading my blog lately?

Let's be pen-keyboard pals, whoever you are. I'm so curious about Turkey, you have no idea! Let me know more about it, even if you're a lost Brazilian-Portuguese speaker who's just bumped into this green messy room by chance! Please, keep in touch, will you? vanorresponde@gmail.com is my standard e-mail for strangers.

Cristina Linda


Cristina Linda
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Saudades, ah que saudades! Ah, que o mar nunca mais teria o mesmo significado se ela não me tivesse apresentado à Sophia, à Dama do Mar de Mello Breyner Andresen, que é a segunda maior atração do oceanário de Lisboa depois das crianças com patinhas coladas no vidro. Essa moça, que é doida pelo Selton Mello, que tem corpo de bailarina e suspiro de adolescente, que é minha alma gêmea portuguesa e de quem sinto saudades dolorosas, que só vão passar quando eu me mudar pra Lisboa (um dia, um dia), ah, meus amigos: essa moça é linda.

Adriana, a portuguesinha que nasceu no Brasil

Com vocês, a Adriana que não é Dri, a Adriana que nasceu aqui, mas vive acolá. A Adriana que eu conheci na minha última semana em Portugal, mas com quem falei com freqüência enquanto estive lá; a que tem uma estória familiar que vale "o cu e cinco tostões" a qualquer dramaturgo que se preze, mas que vive sob o signo da leveza de uma garrafa de lambrusco no dia do fechamento da edição. Jornalista é artista, que "ista" é sufixo sempre da mesma coisa começada por arte (essa coisa que a vida tenta imitar em vão ou vice-versa).

Oceanário de Lisboa


Girlie fish
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Olha só que peixinho interessante, esse de chapéu, com as patinhas no vidro. Nem preciso dizer que meu peito enche-se de leite, porque odeio clichês, repetições, etc.

Porque o vinho está saindo de moda

Em Portugal, a caipirinha, caipiroska e -- pasmem! -- "morangoska" -- invadiram geral. Temo pelo vinho verde frisante, não frisante, não anglo-parlante, temo pelos rosés, pelos Portos, enfim, salvem as vinhas de Portugal!

Eu odeio dias nublados!


Don't wake me up just yet!
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I don't like to be rained on and feel cold all the time. I'd rather live in a tropical country.

Assistente e bartender


Nelson e eu
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Bartending em minha noite de estréia, na festa de aniversário da Mary.

Mamãe Teresa e seu bebê gato


Mother Teresa and her baby-cat
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Caetano e sua mamma, a imagem da ternura. Foi linda aquela noite, TeAmo e Miguel, muito obrigada. (ah, que a saudade mata a gente-morena. Quem me mandou nascer morena -- só pra morrer de saudades!)

domingo, setembro 16, 2007

Dani Pureza e eu


Dani Pureza e eu
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Ela existe, gente! Não é um mito grego, mas é uma semideusa. And who the hell, posso saber, é o Thiago que teve aula com a Dani? Estamos curiosas.


PS: Desculpem a loucura cronológica, mas estou subindo as fotos aos poucos. Essa aqui passou na frente de trezentas, porque a Dani está cheia de fãs aqui, e fã é sempre prioridade. A gente só faz o que pode, ha ha ha.

PS2: a aniversariante, Maria Paula Bulhões de Carvalho, é a moça esbelta de verde ao fundo.

O milagre do papa em Portugal!

João Paulo não morreu! Ele operou outro milagre quando, nos nossos (meus, do Nelsinho e da Arminda) últimos minutos no Porto, durante uma importante -- e séria -- degustação de Porto Ramos Pinto, meu mais novo sucedâneo de cachaça, encontrei por acaso esse casalzinho lindo que eu conheço e adoro desde 1998. São meus amigos e veterinários do mesmo instituto onde eu trabalho. Não sabíamos que tiraríamos férias na mesma época, muito menos que estaríamos naquele lugar, naquela hora e dia, ao mesmo tempo. Chorei que nem bezerro desmamado, ainda mais vendo a Mara ali, tão linda, tão rainha entre os rebentos, marido e família. Toda rainha devia se chamar Mara.

Casal 20


Casal 20
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Nelsinho e Arminda têm o que todo mundo precisa na vida: um ao outro. Não sei se eu contei, mas eu sou a mais nova filha adotada da família Castro. É que eles adoram as pessoas Vanessas. E eu sou louca por eles e pelo resto da família, que eu nunca vi, mas sempre amei.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Poema feminista: ajudem-me a lembrar do nome do grupo!

Dou um doce pra quem (TOM!) lembrar ou descobrir qual o nome do grupo feminista da década de 1970 ou 1980 que escreveu este poeminha delicioso:

Men Are
Men are, men are, men are,
Men are strong
Men are tough
Men are surly, men are rough
Men have mates
Men drink beer
Men are brave and don`t show fear
Men slap backs
Men sing songs
Men are men and men are strong
Men don`t touch
Men aren`t drips
Men shake hands with vice-like grips

Men like fighting
Men like cars
Men like shouting with men in bars
Men like football
And now and then
Men like men like men like men
No they don`t
Men beat up queers
Men live with their mums for years and years
Men have beards
Men have chests
Men walk through blizzards in string vests

Men can embrace
And bare their soul
But only if they`ve scored a goal
Men leap tall buildings
Men are tough
Men don`t know when they have enough
Men drive fast cars with wide wheels
Men have muscles
Men have sweat
Men have not learned to grow up yet
Men wear trousers
Men have flies
Men kick sand in each other`s eyes
Men stand alone
Men show no fears
Men have hobbies and hairy ears
Men have willies
Men have bums
Men are good in science and sums
Men aren`t loving
Men don`t dance
Men don`t change their underpants

Men climb mountains
In the snow
Men don`t cook and men don`t sew
Men are bosses
Men are chums
Men build office blocks and slums
Men make bombs
Men make wars
Men are stupid men are bores
Men ignore
What women see
And call our story HIStory


Update: a Luciana disse, e eu tenho agora quase certeza de que o poema pertence ao grupo britânico The Joeys. Eu dei uma googlada nisso, e descobri que houve, entre os anos de 1970 e 1980, um grupo teatral com esse nome, mas com uma proposta totalmente anti-feminista, anti-sexista. Não entendi bem o barato, mas pode ser que sejam eles os autores do sarcástico (e delicioso de recitar) poeminha acima.

Contigo, eu choro e Rio.


Contigo, eu choro e Rio.
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Não há nada mais belo que a terra onde nosso coração deita raízes ou o mar onde ele navega. E o mar nada mais é que a saudade de algum lugar.

quarta-feira, setembro 12, 2007

Pequenas elites e uma tropa de milagres

No domingo, enquanto eu passava por um dos maiores sustos afetivo-materiais da vida (meu HD, ilustre tipo faceiro que nunca tinha me dado problemas, quase faleceu por assoberbamento, mas salvou-o o Picolé, meu herói para assuntos computacionais), fiz dois pequenos intervalos nos meus rituais pré-ensaiados para o apocalipse: assisti a um filme e uma peça de teatro.

Seria banal, se a combinação das duas experiências não fosse a melhor metáfora do Brasil que conheço. Durante as doze horas que passei na companhia desse grande computólogo hackeriano, que abria e fechava janelas negras e azuis em dois ou três monitores diferentes (o equivalente cibernético ao CTI coronariano humano), enquanto eu nada entendia -- ou melhor: só entendia que meu problema, ou melhor, o do meu HD, o que dá no mesmo, era sinistramente grave --, tive acesso, digamos assim, ao filme "Tropa de Elite".

Aparentemente, todo mundo sabia que o filme "vazou" da produtora antes de chegar aos cinemas, o que definitivamente deflagra a prática comum do roubo e da pirataria, mas todo mundo sabe que, aparentemente, se é a gente que rouba, não tem problema algum. O problema é quando os outros nos roubam. Existe essa estranha lógica no nosso país. Pois eu confesso que roubei, confesso que assisti e confesso que gostei do filme "Tropa de Elite". Fiquei chocada, tive vontade de vomitar sangue, virar o rosto, fazer uma tatuagem de caveirão, comprar uma bandeira do Brasil, comprar o filme, ler o livro e dar pro Wagner Moura. Pra dizer o mínimo. Para me redimir de meus pecados morais e cívicos, venho por meio deste humilde post jurar, de joelhos e com um saco plástico de asfixia na cabeça, que comprarei o DVD, assim que o oficial (com duplo sentido, por favor) estiver à venda.




"Tropa de Elite" não foi feito pra enaltecer o BOPE, a tropa de elite da polícia militar, mas pra escorraçar com a elite alienada que discute teorias, filosofia e política entre um chope e um baseado, ou entre um jantar, uma noitada e um brunch. O filme é um tapa na cara dos merdas, como eu, que falam mal, mas não entendem que vivemos em estado de guerra, e que guerras exigem que tomemos partido, não admitem neutralidade. O filme é um soco no estômago dos que discorrem sobre partidos e plataformas eleitorais, mas nunca subiram um morro pra constatar que o Poder Público nem risca, nem atua sobre 80% da população brasileira. Já disse e repito: estou farta de discutir política com quem não elege presidente. Esqueçam a classe média, essa parcela cada vez mais insignificante da população, incapaz até de eleger presidente e que, portanto, não serve pra porr'alguma. Quem não serve pra eleger um presidente que rejeite visceralmente a corrupção, que por sua vez não derruba um filho da puta como o Renan Calheiros porque é um filho da puta ele mesmo, não tem qualquer utilidade, a não ser pagar impostos altos (a lei do Robin Hood) e viver em torno do próprio umbigo. Voltem suas cabecinhas pensantes praqueles que, na opinião superficial de todos os filhos da PUC e outras instituições elitistas de ensino superior, não sabem pensar. Não sabem, o caralho! Tentem agir conforme seus fortes preceitos éticos e morais dentro de uma favela, depois me contem como foi (se é que morto conta alguma coisa).

Pois eu passei muito mal com "Tropa de Elite". Passei mal a ponto de querer me matar. E como o dia já estava incrivelmente fantástico e fatídico, com grandes chances d'eu perder tudo que tinha no meu caquético e narco-epiléptico HD, porque tudo que tenho é o que escrevo (e nada mais), e como eu tinha ingressos pra "Pequenos Milagres", o último espetáculo do Galpão, em cartaz até o final de setembro no SESC Graça Aranha, implorei pro Picolé me fazer companhia.



Fomos ver a peça e, duas horas depois, eu era o extremo oposto da expectadora-padrão de "Tropa de Elite": eu saí do teatro acreditando no sonho, no ser humano, na beleza, na delicadeza e na inventividade. Saí chorando, sobretudo porque "Pequenos Milagres" foi uma peça baseada em cinco estórias reais, e eu mesma mandei uma das minhas pra seleção deles (não foi encenada, mas entrará no livro "Pequenos Milagres e Outras Histórias"). Chorei com a capacidade que a gente tem de sonhar, de acreditar, de seguir em frente, enfim, "de se gostar", parodiando a última fala do menino de 11 anos cuja estória permeia, como um fio condutor, todo o espetáculo. Chorei ainda mais de imaginar minha estória, na verdade uma experiência maternal da minha musa Gabi Amaral, sendo contada no palco: acho que meu coração jamais resistiria à emoção de ver um texto que eu escrevi em cena.

Ainda assim, comprei passagens para estar em Porto Alegre no feriadão de 12 de outubro, pra ver, todos os dias, "O Conselheiro", peça que eu ajudei o Michele Caetano a escrever. Pode ser que eu sobreviva, pode ser que não.

Enfim, depois de tantas emoções que vivi, do HD externo que comprei (que ele aguente firme até que eu tenha dinheiro pra comprar um outro laptop), o fechamento é este: existe no mundo uma pequena elite (mas é bem pequena mesmo, vocês não têm noção do quão minúscula ela é) realizando pequenos milagres. Qualquer milagre, qualquer coisa que contrastre com o perdão institucional ao verme do Renan Calheiros, qualquer atitude isolada contra a podridão em que estamos mergulhados até o pescoço, como uma ilha cerebral cercada de merda por todos os lados, deve ser comemorada com alegria.

Em Lisboa, perto da Rua Augusta, uma ruazinha assim, turística e movimentada, numa parte, digamos assim, bastante nobre da cidade, me vem um cara vender um biscoitinho estilo cream-cracker, entre marrom e esverdeado. Dava pra ver que era coisa orgânica, natureba. Eu, seca que estava pra comprar barrinhas de cereais, coisa rara de se achar em Portugal, e poder comer algo light de 3 em 3 horas que não fosse nem pastelzinho de nata, nem um outro docinho qualquer, perguntei, inocentemente: "Ah, que legal: esse biscoitinho de fibra é de quê?" Ao que o traficante me respondeu: "de maconha". Foi ele dizer isso, e foi eu ter já tomado duas cervejas num dia quente e seco, que eu subi nas tamancas e gritei: "SAIA DAQUI, SEU VERME NOJENTO! SEU TRÁFICO DE DROGAS CAUSA PROBLEMAS NO MEU PAÍS QUE VOCÊ NEM PODERIA IMAGINAR, PORQUE TE FALTAM NEURÔNIOS PRA ISTO. SOME DAQUI, OU EU VOU CHAMAR A POLÍCIA!" E os garçons me deram as costas, os clientes me deram as costas e, de repente, não mais que de repente, num país estrangeiro, fiquei eu, sozinha, frente a frente com o inimigo, trocando ofensas que eu jamais teria coragem de repetir, nem com licença poética, com o cu na mão e o coração na boca, sem saber se eu sairia viva dessa.

No Brasil, tenho quase que certeza absoluta que não. De certa forma, fui covarde, porque contei com a civilidade dos traficantes portugueses, que certamente é algo melhor que a dos brasileiros, mas ainda assim reconheço que fui elite. E realizei um pequeno milagre. Rogo a que todos os que mais amo no mundo vençam, assim, uma batalha ética por dia, pra que, um dia, eu tenha novamente fé na humanidade e esperança de criar meus filhos, se é que os terei.

O baque do Renan -- y otras cositas más -- nessas últimas semanas parecem ter me convencido, ao menos temporariamente, que filho de cu é rola.

90 anos do IJV


90 anos do IJV
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Quem não conhece, deveria. Sobretudo antes de sonhar em falar mal da nossa equipe. Conheçam um pouco sobre nosso trabalho em http://www.rio.rj.gov.br/ijv. A Diadorim da Ju é nossa gatinha da capa.

Shana Tová a tutti


Shana Tová a tutti
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Adoro ter duas chances de recomeçar, mesmo que uma delas não seja minha. :o)

quinta-feira, setembro 06, 2007

Sem fotos (ainda)

Genta, deu um pauzão de respeito aqui, no meu microbios. Ao que parece, quando eu descarreguei fotos da viagem (talvez um vinte avos delas) neste HDezinho de 30 ou 40 GB já deveras assoberbado por algumas besteiras às quais tenho apego profundo -- mas quando eu me espiritualizar isso tudo passará --, meu sistema, ou melhor, o dele, ficou muito nervoso. Caía toda hora. Desligava sozinho e ligava, escaneando o disco rígido em busca de problemas. E depois ainda dizia que o Windows tinha acabado de se recuperar, sozinho!, de um erro gravíssimo, quase fatal, e a cada vez que eu lia essa mensagem, sentia que meu coração estava prestes a parar de bater.

Sério: se meu computador fosse um ser humano, seria como se ele estivesse tendo crises narco-epilépticas severas, e eu, aflita, sem saber sequer onde fica a língua do cara pra evitar que ele a mordesse ou arrancasse durante a convulsão, temi pelo pior. Até que liguei pro Picolé, sempre ele, em caráter emergencial. O querido me acalmou, dizendo que isso era besteira, que mais memória resolveria. Pois lá fui eu pro info centro comprar um HD externo pro meu laptop até então à prova de erros de sistema. Calcei um salto plataforma vermelho, montei-me que nem uma barbie dancin'days e lá fui eu pro edifício da avenida central. Isto porque nunca me senti tão nerd em toda a minha vida como ontem, quando eu tive que passar por esse vexame de catar um HD externo de 80 GB que coubesse em meu bolso (e em meu micro) naquele feirão de gente que domina o miguxês. Nada contra, mas tenho um certo medo dessa gente e dos russos, porque a gente nunca sabe bem o que eles estão dizendo.

Juro que tentei comprar algo mais feminino que esta caixinha preta, bonitinha até; busquei um pendraivão como aquele circular de 30 e poucos GB que a Cora um dia mostrou em sua página no Info, que mais parecia um pó compacto da Mac. Só que quando eu, vestida daquele jeito, perguntava praqueles gadget-freaks sobre o tal pó compacto, sentia que eles se gargalhavam, peidavam e até mijavam por dentro. De mim, o que é pior.

Mas, sim, tenho fotos da viagem. Tantas que fico enjoada só de pensar. Gastaria menos tempo indo daqui a Portugal a nado que vendo todas essas fotos, mas prometo que um dia, quando eu não precisar me depilar, fazer unhas, traduzir, trabalhar, dormir, comer, malhar, ler, ouvir música, ficar de bunda pro ar ou essas coisas que gente muito ocupada faz, eu subirei algumas dessas fotos aqui. Pelo menos uma por estória, só pra vocês terem um gostinho da beleza das coisas que vi e pessoas com quem estive.

E estórias, meus amores, é o que eu mais tenho pra contar.

beijos,

Nêga do cabelo duro

Desisti de cortar o cabelo, pra sempre. Pra sempre, no meu particular glossário de palavras-clichê, não significa, por exemplo, que eu não vá cortar o cabelo até o sabugo caso um viado ou piranhuda qualquer (e não o meu mais do que amado e adorado Dudu, salve-salve, o único ser humano autorizado a tocar em meu cabelo doravante, mesmo que pra isso eu tenha de rodar bolsinha na Atlântica) faça uma merda qualquer com tesouras mal-amadas e invejosas em minhas escassas madeixas.

Eu quero ter cabelão. Mesmo que seja um cabelão que, compactado num coque, caiba numa caixinha de fósforo. Decidi isso depois que vim dessa temporada em Portugal e Espanha. Lembro que, no primeiro dia, eu não cansava de exclamar pro Fábio, que me achava (e acha) uma caipira completa: "NOSSA! COMO AS PESSOAS AQUI SÃO BONITAS!" Claro, elas têm sobrancelhas, essas coisas que as ditas "esteticistas" daqui, da zona sul carioca, assassinam em nome de um padrão estético altamente questionável da Sandy&Junior: sobrancelha tão fina quanto a de um paciente de quimioterapia, sem sacanagem. E os cabelos? Ah, os cabelos! São negros, castanhos e até ruivos, como o da minha querida Adriana, mas são fartos. Deve ser o azeite de oliva e o vinho. E quando não são ondulados, são crespos e sem vergonha. Há até os lisos, como os da Elsa, mas são cabeleiras sem medo de ser feliz. Ninguém lá corta o cabelo porque um viado escandinavo qualquer cagou no pau ou por outros desamores que não merecem citação.

Como dizem os gaúchos, deu pra mim: vou pra Porto Alegre e ciao. Vou, finalmente, assistir minha primeira peça, O Conselheiro, no final de semana de 12 outubro. Chega de cortar o cabelo por qualquer tristeza ou agrura do destino. Agora o meu vai crescer até a bunda, e pela bunda farta que tenho... bem, acho que ele não vai precisar se esforçar muito pra chegar lá. Mas chegaremos, eu e ele, meu parco cabelim, a este patamar intangível da auto-estima. E seguiremos assim, unidos e crespins, até que o Dudu ordene um acerto nas pontas. Que pra mim é Dudu no céu e Dudu na terra.

Depois que meu cabelo crescer, juro que vou me espiritualizar adequadamente. Estou praticamente convencida de que me falta cabelo pra que caiba Deus n'alma. Mas a boa notícia é que eu já deixei de comer carne de porco: já sou então, quase muçulmana, e isto há de representar algum progresso.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Por esses olhos que a terra há de comer

Estou tão mudada que hoje, pela primeira vez em minha vida adulta, entrei num cemitério. Não pra lamuriar perdas, mas pra dar aos mortos minha palavra de honra de que vou aproveitar minha vida até o último segundo. Hoje tenho córneas que gostaria de doar a toda humanidade, porque a beleza está nos olhos de quem vê.

Porque eu quero mudar o mundo


MMS
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segunda-feira, setembro 03, 2007

Memórias duma viagem astral


Memórias duma viagem astral
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Barbies na crista da onda fashion das décadas de 50 e 60. Eu não queria ter uma: queria ser uma! Pelo menos o Bob-bofe não fugia, que brinquedo não tem cagaço. Aliás, este é o lindo Museu do Brinquedo, em Sintra, PT

Proteção centenária dos animais

Olha o menino Horacio da Silva aí, posando ao lado de um poste-bebedouro pros cavalinhos de outrora em Lisboa.

domingo, setembro 02, 2007

Jet lag é o caraça!

Depois de passar duas horas arrancando os cabelos em Lisboa pra fechar malas e ir (atrasada, lógico!) pro aeroporto; depois de passar três horas chorando convulsivamente entre Lisboa e Amsterdam (com saudades da terrinha e dos meus amigos, ó pá), onde eu teria de ficar 12h até pegar o vôo pro Brasil; depois de resolver fazer uma night em Amsterdam, deixando minha bagagem num locker 24h super civilizado, que aceitava mastercard e tudo; depois de ter tomado o trem da meia noite do aeroporto pro centro da maluquice holandesa, onde eu tomei, num gole só, meio litro de cerveja no "smallest pub in town" de pura emoção por ver que ali todo mundo fala inglês, meu pai do céu!; depois de obter meia dúzia de informações semi-ébrias, semi-esquisitas sobre a localização da boate mais próxima; depois de encontrar a tal boate (Chemistry, acho eu); e ver uma fila de vinte mulheres lindas e loiras na porta, e depois de perguntar ao segurança qual o tempo estimado de espera, porque se demorasse muito eu ia perder o vôo pra casa, o que imediatamente derreteu o coração da hostess transexual, que me deu uma pulseirinha VIP de entrada gratuita e acesso a lugares esquisóides, mesmo depois de verificar por três vezes que eu estava sozinha e dizer, por três vezes, que se eu estivesse mesmo sozinha eu não iria me divertir (e eu falei -- só uma vez, que a verdade não precisa ser repetida à exaustão) que eu era brasileira, darling, e que eu só não consigo me divertir em velório; depois de me maquiar no banheiro, onde encontrei uma amiga anônima (a moça do banheiro) que me emprestou seu "camarim" pr'eu me arrumar pra festa e perder a cara de choro, e ainda me abraçou, como se brasileira fosse, dizendo que eu não devia chorar nunca, que eu fico ótima sorrindo; depois de dançar a noite toda e de dominar o queijo na frente do DJ, coisa típica minha quando meu lance é dançar até me acabar (e é claro que eu sambei em pleno techno, porque senão eu não me chamaria Vanessa Ornella); depois de pedir o último chope no bar que fechava, onde conheci o Erol, uma figura ímpar com quem eu passei o resto da madrugada conversando ora em inglês, ora em português, ora em portuitalianol, que o sono era muito e Tico e Teco dormiam; depois de passar quase todo o vôo de 11h da Holanda pro Brasil conversando com um hindu sobre Deus e espiritualidade; e depois de chegar em casa, onde dormi quase 20h seguidas...


EU CORRI A MEIA MARATONA INTERNACIONAL DO RIO ESTA MANHÃ!


Ou seja: essa estorinha comprida toda é só pra dizer, usando o mote da minha nova querida Adriana, que jet lag é o caraça. Os limites que nos impedem estão quase todos em nossa mente e, nesta meia maratona, que eu corri menos de três meses depois da primeira, reduzi meu tempo em quase 20 minutos. Ou seja, ainda está uma bosta, mas pra quem começou a correr há menos de um ano, e depois de tantas noites viradas, tanto vinho e tanto mar, ah, isto deve ter lá seu valor!

Agora eu vou tirar um soninho, que amanhã o ano recomeça. E vamos que vamos!

PS importante: amanhã meu celular estará ligado novamente e minha vida -- e este blog -- voltam ao normal. Prometo! ;-)

sábado, setembro 01, 2007

Eu voltei, voltei para ficar...

... ma non troppo. Não vou fazer disso um drama nem um cabo de guerra, mas definitivamente eu voltarei pra ficar... lá! Por um tempo, não pra sempre, mas eu preciso desse tempo (lá). Este que passou foi mesmo muito pouco.


Tudo bem que aqui é meu lugar. Sou brasileira, amo o Brasil e todas essas coisas bregas que um ufano-sambista carioca pode dizer de suas palmeiras onde canta o sabiá, mas em verdade, vos digo, estou arquitetando planos mirabolantes pra fazer um temporada na Europa, fully dentro da lei, mesmo que esta seja a lei penal aplicada sobre alguma merdinha básica que eu porventura faça para ter esse incrível direito humano ao exílio político. Senão, ó pá, como eu poderei, um dia, fazer com que o Chico Buarque se identifique e apaixone-se por mim? E se ele não se apaixonar por mim, como poderemos casar e ter filhos um dia?

Tanto Mar
(Chico Buarque, 1978 - versão mutilada pela ditadura militar no
Brasil)


Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente

E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim


Obrigada, meus amigos queridos, por estas férias inesquecíveis. Obrigada, Fábio, pelo amor de irmão, que dispensa explicações; obrigada, Nelsinho e Arminda, pelo amor comovente de pai e mãe (vocês não sabem o que eu chorei no aeroporto por isso); obrigada pelo carinho de quem nunca se viu e sempre se amou, minhas queridas Cristina, Elsa e Adriana (amor é coisa que só aumenta nesses casos, e vocês estarão pra sempre comigo); obrigada, Renato André, por todas essas décadas de carinho e amizade que, de repente, e não mais que de repente, me ficaram tão claras e fizeram sentido; obrigada, Carol e Alê, por terem me ensinado sobre o cheiro do inverno -- que eu, pobre ignorante, nunca poderia imaginar que o inverno em Portugal pudesse cheirar a castanhas na brasa; obrigada, TeAmo e Miguel, pelos temperos, velas e aconchego que a gente só sente mesmo entre os amigos de fato (e pelas risadas do balão, definitivamente avariado); obrigada, Eveline e Yadranca, pelas gargalhadas e pelo budismo.

Finalmente, agradeço aos desconhecidos que choraram ou riram comigo e, sem saber nem bem o porquê, caminharam comigo por ruas desconhecidas e transformaram momentos efêmeros em boas eternidades: o Sr. Horácio da Silva, um jovem de 74 anos que eu conheci no metrô e gastou sua manhã comigo, mostrando-me Alfama, a Feira da Ladra e lindos bocados da cidade que eu mais amo no mundo depois do Rio, e ainda teve a paciência de entrar na Igreja de São Vicente de Fora, onde acendi velas e derramei lágrimas que ele enxugou com seu "lenço limpinho"; ao veterinário galego Manel, que me despertou o interesse e a suspeita da viabilidade do exercício de nosso ofício num país estrangeiro; ao artista Saeta, com quem conversei por apenas 3 minutos numa estação de trem, mas foi como se eu o conhecesse há anos (talvez por ele ter sido uma das raras pessoas que eu vi sorrir em Madri); and at last, but not least, ao Erol, britânico-turco que transformou uma boa porção das minhas 7 horas na madrugada em Amsterdam num raro encontro, e ao hindu Barhath, que inconformado com meu pranto no vôo de Amsterdam ao Rio, me pôs pra respirar profundamente e meditar, ensinando-me coisas inéditas sobre Deus e espiritualidade. Sugeriu que eu não comesse mais carne e, tudo isto posto, evitou de forma extraordinária que eu tocasse na minha volumosa caixa de tarja preta que eu levei na bagagem de mão, just in case.


Não foi o case, graças aos meus amigos e à alegria, ainda que melancólica, ainda que em frangalhos, de não ter entrado naquele caixão com o grande amor da minha vida. Essas férias serviram pra me mostrar que a vida continua. E há muita vida pela frente.