Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, março 31, 2007

A carona de sexta

Ontem peguei, de carona com uma colega do hospital, um engarrafamento de 100 minutos entre Mangueira, Gávea, Leblon e Jardim Botânico (sim, foram várias pequenas paradas: uma delas pra pegar uma poodle de 15 anos, que entrou pela janela no sinal vermelho).

No meu colo, o tempo todo até o Leblon, uma gatinha sortuda que conseguiu uma família bacana pra chamar de sua. Era uma gata sem caixa de transporte, um carro sem ar condicionado e duas veterinárias sem um puto na bolsa, nem pra dar a opção ao ladrão caso ele pedisse "a grana ou a vida". Os vidros fechados, um calor fodido. As três fêmeas estressadas: a felina, porque nunca tinha andado de carro na vida e achou ronco de moto muito estranho: toda vez que passava um motoqueiro, ela me gudunhava as pernas de levinho e se colava ao meu corpo; as humanas veterinárias, claro, porque se fossem assaltadas iriam provocar um trauma emocional irreparável no filhote felino, talvez até uma síndrome do pânico, com seus gritos e reações inesperadas típicas de mulheres à beira de um ataque de nervos.

Depois de 20 minutos com a gatinha no colo, rolou uma fome. Dividi com ela um pacote de Biscoito Globo. Defendo-me antecipadamente das acusações de nutrição inadequada, alegando que eu não sou veterinária dessa gatinha -- tinha acabado de sair do trabalho, e eu me recuso a ser veterinária das 17h de sexta às 8h de segunda. Nesse período, eu sou só "tia", e tia pode fazer o que bem entender no intuito de conquistar peludos em geral.

No trigésimo minuto, eu me apaixonei perdidamente: comecei a perguntar se a família adotante era limpinha, se tinha tela na janela e essas coisas que a gente pergunta quando fica contente com a adoção, ma non troppo; quando, na verdade, a gente tem é inveja do sortudo que foi adotado por um gato.

Na hora de entregar a gatinha à veterinária do Leblon que a levaria à sua nova família, meu amor por ela era tanto que fiz mil recomendações e cagações de regra. Expliquei pra minha desconhecida colega, que deve ter me achado louca, que a gatinha gosta muito de Biscoito Globo, quando passeia de carro prefere ficar deitada no colo, sobre um vestido de malha bem macia, mas que odeia motos e roncos estridentes em geral.

Preciso alugar um bebê. Se os miseráveis em geral fazem isso pra pedir dinheiro em sinal, por que não eu?


17h45: barulhos estranhos na rua.

17h55: Biscoito Globo na entrada do Viaduto P. Frontin. Sucesso total.

18h10: panduê cheio, fez do biscoito um travesseiro fresco: muito calor no carro.

19h: Are we there yet?

sexta-feira, março 30, 2007

Diálogo insólito

Paciente: Sonhei com você esta noite
Psicanalista: Sim, e daí?
Paciente: Aí eu sonhei que comia você.
Psicanalista: Esperas com isto que eu gaste nossos próximos meses a entender tuas fantasias edípicas?
Paciente: Acho esse material importante.
Psicanalista: Eu também acho, mas acho que o problema já está resolvido. Parabéns. E parabéns pelo bom gosto, porque eu sou uma coroa enxuta. Teu pai te matou no sonho?

Trecho extraído de Filicídio e Considerações sobre o Narcisismo, da minha joelhaço, Carmem Dametto.

O exorcismo, parte final.

Chega de merdinha.

terça-feira, março 27, 2007

Não nos resta nada a fazer.

O Gmail saiu do ar. Tudo, a-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e tudo meu está no gmail. Minha vida está no Gmail. Meus contatos estão no Gmail! As fotos da Chiquinha estão no Gmail. O filme (que o Joel fez) do meu salto no Poção de Maromba está no Gmail. Os textos que eu preciso para terminar um trabalho chato pacas estão no Gmail. E esta ¨%&*¨*¨%%*&%$% de Gmail tinha de sair do ar justo hoje, em que eu ainda estou semi-possuída pelo coisa ruinzinha?!?

Vou ligar pra Bibi. Será que eles entregam suco de cicuta à esta hora?

My personal furrytherapist, Blackudo da Maracangalha

Parece, mas não é: ele não está tentando arrancar meu nariz. Está, sim, curando minha alma.
Mamã-Daisy, sentada sobre os pés como uma gueixa moderna, atualiza seu CV em inglês no laptop sobre cama. Bebê-Black, como sempre, destrói uma coisinha qualquer a seu lado, para tentar lhe chamar a atenção. Afinal, já tinha duas horas inteiras que ele não saía de casa: o xixi estava ficando encravado.
Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço: quando a gente ama, é claro que a gente se deixa fazer de gato e sapato. No dia desta foto, especificamente, eu conduzia Mr. Black para a aula de obediência da Lord Cão. Já comecei a manhã cheia de moral, chamando no junto e cagando regra de senta, deita e fica (querendo dizer: fica aí, paradinho, no banco de trás). No primeiro sinal, contudo, o cara me passa pro banco da frente. E quando ele me olhou bocejando, como se fosse a coisa mais normal do mundo me desobedecer, e ele estava tão confortável ali, no banco da frente, tão dono do próprio focinho... eu sequer cogitei sugerir que seria melhor, para sua própria segurança, que ele ficasse atrás, no banco das crianças. De repente, me ocorreu que o Blackudo já é um rapazinho.

Parecia que ele estava adivinhando que eu queria mesmo era companhia.


Raul, Bia (do Guimattos) e Daisoca com o meu personal furrytherapist, Black. A foto está uma bosta, indigna da beleza dessas criaturas bípedes ou não. As minhas pessoas favoritas são to-di-nhas viciadas em peludoterapia. Ou peludoterapeutas, em geral.

domingo, março 25, 2007

Campaign for a better world


Campaign for a better world
Originally uploaded by Van-Or.

Mudança de planos

Desisti de desistir de tudo: do amor, da liberdade, dos filhos e do casamento. Ainda mais agora que eu descobri que posso me casar dentro dos dogmas taoístas, a saber:

  1. Tudo na vida é cíclico.
  2. As pessoas nascem boas: as mães é que as estragam (e se a gente for pensar com cabeça de Tao mesmo, aquela coisa toda de deixar a natureza seguir seu curso, as sogras vão morrer bem antes da gente precisar matá-las);
  3. Deixe a natureza seguir seu curso. Raios caem na cabeça de pessoas a todo instante.

PS: Alerta vermelho pros alérgicos à possessão demoníaca: este blog só estará exorcizado a partir de quinta-feira.

sábado, março 24, 2007

Vanor responde especial: TPM x Possessão Demoníaca

Querida VanOr,

Tenho 43 anos, estou no meu quinto casamento há 3 anos e temo que esta relação não chegue às bodas de flores & frutas. Minha atual esposa só não gerou um oitavo filho com meu DNA porque eu fiz vasectomia após o terceiro divórcio, já que não tinha nem mais um puto pra pagar pensão. E também porque -- e é por isso que lhe escrevo em desespero -- todos os meses, durante a TPM dela, eu vivo o pior dos pesadelos domésticos: panelas voando em minha direção, meus ternos italianos jogados pela janela, gravatas de seda picotadas a dente (por ela), enfim... são episódios violentos que me assustam muito, por mais que eu seja um homem centrado, equilibrado e com dois MBAs em gerenciamento de situações críticas.

Eu sei que TPM e mulher são coisas indissolúveis, mas haveria algum conselho que você pudesse me dar pra que eu possa, doravante, administrar melhor essa semaninha mensal de desvio comportamental da mulher que eu SÓ consigo amar e reconhecer 3 semanas ao mês?

Aquele abraço,

Homem-das-planilhas

***

VanOr responde (tranqüila, feliz e centrada, graças ao meu novo guru, Fran):

Prezado Sr. Excell,

Venho por meio deste humilde memorando -- que o desapego taoísta torna o ser humano mais humilde e menos assim... como você -- esclarecer que há um abismo intransponível entre TPM e possessão demoníaca.

Pelo o que você descreve, sua mulher não sofre de TPM, e sim de possessão demoníaca. A culpa, é claro, é sua. E o diabo, of course my horse, é você.

Você fica aí, posando de vítima mensalmente assustada, mas ninguém te mandou cortar a porra do pau só pra ela não ter um filho que, na cabeça de qualquer mulher normal e honesta, seria o fruto de um grande amor e, nessa sua cabecinha atormentada por tanto MBA, seria só mais uma singela forma de sangrar o bolso dos seus ternos italianos. Depois você reclama que não tem dinheiro pra porra nenhuma: a Renner tá cheia de terninho em conta!

Sr. Excell, eu sei que sua mente vive povoada por problemas reais, como os números a bater da empresa, os atrasos dos vôos na ponte Rio-São Paulo, a bolsa de valores e a bolha do Bush, mas tente abrir um espaço na sua espremida agenda para entender uma coisinha, por favor: mulher não é equação, e portanto não se resolve por algoritmo (as variáveis são infinitas!). Mulher não é uma situação crítica a administrar, mas uma criaturinha pra amar e cuidar, porque quando a gente gosta, é claro que a gente cuida!

Ponha a mão na consciência e escreva um relatório, como se fosse praquele careca de quem você puxa o saco sem pudores, sobre seus sentimentos reais pela moça. Não vale a pena, Sr. Calculadora Científica, conviver com quem não se gosta de verdade. Faça essa análise o quanto antes, até porque deve estar assim de homem fértil, que ainda não cortou o pau por covardia, querendo comer e fecundar a mulher que você aprisiona por capricho. Perceba que você não é casado com ela: o verbo que você usa -- e me perdoe a petulância, mas eu tenho amor à palavra e levo todas super a sério -- é o ESTAR, denotativo de momento. Você já se casou com ela com um pé no divórcio. Já calculou todas as despesas; já sabe que vai morrer em 3 mil de advogado -- mas já calculou que é melhor isso do que morrer em 800 comendo, de camisinha, uma vagabunda diferente por semana, por 4 anos, dentro dessa sua patológica concepção de relacionamento --; já transferiu todos os seus bens pra um laranjal de porteiros e copeiras semianalfabetos da sua empresa e conhece, melhor que ninguém, a Lei do Concubinato.

Por fim, pra você não achar que ainda vem por aí um joelhaço de misericórdia "to put you out of your fucking misery", segue um check-list esclarecedor, que você pode inserir na sua calculadora de riscos afetivos, com as diferenças mais basais entre TPM e possessão demoníaca:

A mulher está em TPM quando:
  1. Um chocolatinho resolve qualquer rusga;
  2. Um beijo sem língua e sem a palpação dos seios potencialmente doloridos, acompanhado de um terno sorriso de "gostou, meu bem?", depois da deglutição do chocolate preferido que você acabou de dar pra ela, é recebido com lágrimas nos olhos (e, muitas vezes, um abraço repleto de soluços) ALERTA VERMELHO: não vá você pagar o mico de perguntar "o que houve, querida, por que você está assim?"; fique bem quietinho, e ponha-se no seu lugar!);
  3. Chora porque não consegue acender a porra do aquecedor a gás, e aproveita a momentânea frustração pra se atirar no chão e nadar crawl em suas próprias lágrimas, porque não há solução pra Humanidade, o efeito estufa vai transformar o mundo num filme catástrofe e ela nem sabe por onde começar a fazer seu imposto de renda (mas tudo isso se reverte com o item 1);
  4. Chora quando vê um bebê na rua sorrindo pra ela, justo no momento em que ela está desperdiçando mais um óvulo irreversível (vide item 1);
  5. Buzina e xinga, gritando pela janela, numa mesma frase sem vírgulas e com trezentas palavras, o motorista da frente, que teve o desplante de não arrancar instantaneamente com aquela bosta de carro no exato momento em que o sinal ficou verde (vide item 1).
A mulher está possuída pelo demônio quando:
  1. O demônio é você;
  2. Rasga, põe fogo, joga pela janela, quebra, picota e pisa em cima de coisas invariavelmente caras que você ou ela amam, em CNTP;
  3. Sua mãe está passando uns dias na casinha de vocês (e não dessa jararaca escrota);
  4. Você lhe dá um vestido lindo e caro, que ela ama logo de cara, mas que -- surprise, surprise! -- está dois números acima ou abaixo de seu real tamanho (vide item 2);
  5. Você a acorda de madrugada gritando o nome de outra mulher (vide item 1).

Moleza distingüir alhos de bugalhos, não é? Então durma com esse barulho e espero, de coração, que seu saco inválido, recheado de bolinhas inúteis, desinche em tempo recorde. Que no caso de uma criatura ruim como você, não deve ser menor que 2 anos.


beijos evoluídos espiritualmente, ma non troppo (afinal, só tive 20 minutos com meu guru na vida, e a evolução espiritual demanda um tempo que eu ainda não tenho),

VanOr

sexta-feira, março 23, 2007

O dia em que conheci meu guru.

Daisy, a Boneca Emília e o Fran.


Eu disfarço bem, mas nesse dia eu tinha acabado de implorar de joelhos pra ser eutanasiada. Desci aos prantos e barrancos a rua da minha joelhaçoterapeuta, que se despediu de mim no portão dizendo: "Tu não precisas de remédio, só precisa cuidar desse teu ¨%*&%¨*" (eu digo o nome da santa, mas não revelo, nem sob tortura, a doença mental sinistra que eu descobri que tenho).

No caminho, na frente da Escola Parque, più o meno, um homem de meia idade olhou pro meu figurino esquizóide e mandou à queima roupa, apesar d'eu estar de óculos escuros e berrando de tanto chorar: "Ó, vai ter Feira Hype neste final de semana lá no Jockey."

Sem saca: recuperada do choque, após alguns segundos (Como assim? O que o cu tem a ver com as calças, meu amigo?!?), eu tive de parar de chorar um pouquinho (só) pra ter um acesso de riso. Veja bem, meu senhor: eu estou aqui em frangalhos, descendo a ladeira (em todos os sentidos), e vosmecê me vem com propaganda de diabo de Feira Hype numa hora dessas? Parla sério, vai!

Nem preciso dizer que fiquei tão surtada que tive de comprar um brinquinho na primeira loja por onde passei.

***

Horas mais tarde, conheço o Fran, meu novo guru. Eu tenho medo do Fran, pra falar a verdade. Ele é tão sinistro, que em vinte minutos de conversa, me fez querer largar tudo pra ir para a China, comer gafanhoto (cachorro, não), ser vegetariana, falar mandarim, entender Buda, quem é Buda, o que diabos Buda pensa da vida e entender tudo sobre esse tal de Tao. Sem falar na acupuntura. Eu quero trocar todos os meus vícios por agulhadas. Eu quero o desapego pra mim!!!

***

Obrigada, Daisy! Obrigada, Fran!

***

Este post vai com carinho especial pra Adriana, prima da Daisy que mora overseas, me lê com freqüência (e ainda não pirou por causa disso) e acaba descobrindo que sua querida margarida está namorando um gato tudibom por causa da minha língua (digo, teclado) de trapo.

***

Estou numa fase Boneca Emília, não reparem. Tudo pra mim é trapo: tiara, auto-estima e até língua. Se pintar um pó de pirlimpimpim, podem sumir com ele da minha frente, senão eu vou acabar cheirando. Não sou adepta de cafungadas estranhas, mas trapos são criaturas que retêm pó como ninguém.

Eu não sou a Menina Má, mas amo clichês cafonas.

  1. Se você não gostar de você mesma (invariavelmente neste gênero), ninguém mais gostará;
  2. Aprenda a dizer não;
  3. Não jogue pérolas aos porcos;
  4. Carpe diem (licença, vou vomitar);
  5. Amanhã vai ser outro dia;
  6. Não há nada que um cabeleireiro não cure ou foda de vez;
  7. A felicidade está nas coisas mais simples (licença... urgh... vomitei bile desta vez);
  8. Não existe príncipe encantado. Na melhor das hipóteses, há sapos cheirosinhos;
  9. Ninguém amará você mais do que seus pais (licença, mas alguém aqui já ouviu falar em filicídio? Pois é. Há controvérsias.);
  10. Vá devagar: o mundo não vai acabar amanhã. (tom de desprezo profundo: Really? Achei que já tinha acabado e isso aqui era só a xepa.)

***

PS: Título alternativo para este post: "Dez mandamentos" de cu é rola!

Pérolas da vida

Receita de tempero para a alma doentinha: misture em 10 ml de água 3 gotas de óleo essencial de menta, com 3 de basílico, 2 de canela e 3 de alecrim. Ponha tudo num difusor de tomada e mande a falta de concentração e o pensamento na morte da bezerra à PQP. Funciona: estou chupando cana, tocando flauta, revisando simultaneamente 3 textos nada-a-ver-um-com-o-outro, escrevendo no blog, falando ao telefone, e tudo isso com um dos pés nas costas. O outro está rolando dum lado pro outro sobre uma bolinha espinhosa de reflexoterapia.

***

Bolinha da alegria: o Fran, monge taoísta, acupunturista e guru da Daisy (e agora meu -- perdeu, malandro, perdeu!), colocou cinco bolinhas de ouro adesivadas no meu corpo, durante um papo nada animado esta semana, na mesa de um bar onde eu tomava água com gás (estou em detox). Disse ele que era pra melhorar meu astral. Ha ha ha, pensei na hora: "só preciso de lítio, arsênico e mais nada". No dia seguinte, como que por milagre, acordei... viva! E na hora, coisa que não vinha acontecendo com regularidade nos últimos dias (ou eu bem dormia -- e demais --, ou não dormia at all). O Fran agora é o meu monge taoísta, e nada me faltará. Troquei meu personal tarólogo,Greg, por um guru de fato. Troca mui justa, por sinal. Pelo menos o guru tem livros pra indicar.

***

Toda mulherzinha deveria ter um guru. Ou um piru, só pra chamar de seu.

Tem vezes em que tanto faz.

***

O Povo Brasileiro tornou-se um estuprador serial de almofadas. Quando meus pais chegam em Miguel Pereira, encontram um cenário desolador de almofadas desonradas espalhadas pelo quintal. E agora o cara deu de levar as "meninas" pra trás das moitas no pomar, como se tivesse desenvolvido a consciência humana de que sexo não consentido é coisa hedionda, pra se fazer escondido.

Peludoterapeutas farejadores ameaçados na Malásia

Flo e Lucky: meus heróis do dia.


Pau no cu dos piratas da Malásia! Eles colocaram a prêmio as cabecinhas quadradas desses dois labradores pretos (primos do Blackudo, imaginem vocês!), a Flo e o Lucky, porque os fuderosos fofuchos, farejadores de primeira linha, descobriram um carregamento milionário de DVDs piratas que os bandidos iriam contrabandear.

Lembrem-se: pirataria é crime. E agora, ficou ainda pior: além de politicamente incorreta, pirataria não é animal-friendly.

Detalhes desta notícia sórdida hedionda aqui. Obrigada, Mr. C.A.T.!

quinta-feira, março 22, 2007

Civil war in Mangueira


Civil war in Mangueira
Originally uploaded by Van-Or.
Imaginem a cena: carros sendo incendiados, tiros pipocando de todos os lados, algumas rajadas de metralhadoras, pessoas gritando "MATA, MATA!", portões fechados, servidores e clientes escondidos atrás de muros e paredes, pessoas ligando pros seus familiares dizendo "se eu não ligar de volta em cinco minutos, quero ser cremada"...

Foi só mais um dia banal nos arredores da Mangueira. Mas poderia ser em Ipanema, Leblon, São Conrado ou qualquer outro lugar do mundo onde as pessoas perderam totalmente a esperança no poder público.

E convenhamos: com tanta política de curral eleitoral, com tanta bolsa esmola, com tanta corrupção e tão pouca gente séria empenhada em ir ao âmago dessa desigualdade social escrota... fica semi-foda acreditar.

Mas amanhã será outro dia e lá estarei eu, trabalhando onde eu acredito que posso fazer o mundo ficar um pentelhésimo melhor do que essa bosta que está.

quarta-feira, março 21, 2007

Movie quotation of the day

"Io non voglio più vivere."
(Le Notti di Cabiria, de Federico Fellini)


PS: Relax, não é prenúncio de suicídio. É só um momento Cabiria, como há momentos Pollyana e Mike Tyson na vida de todas as mulheres ciclotímicas.

Páginas da vida

A mocinha de olho furado fica em choque quando se depara com a mais crua das realidades: as pessoas não são cães, e portanto são indignas de confiança por definição.
Esse bebê parece com alguém que eu conheço desde sempre. E para sempre.
Não estou bêbada, estou apenas em Buzios. E com filtro 50 na tatuagem, comme il fault.
Há gente linda no universo, apesar de tudo.

terça-feira, março 20, 2007

Hoje é aniversário da Mermã, Sammykaze

Quando a irmãzinha caçula (do primeiro casamento do primeiro pai) resolve fazer 32 anos; quando você olha pra sua própria bunda e "realiza" que aquela é uma bunda de 34 anos e meio NORMAL, mas já sem as fibras musculares de titânio que seguravam tudo lá em cima; quando você lembra que sua irmãzinha, que hoje faz 32, fazia mil merdas na escola, parecia um moleque e, de vez em quando, fazia a louca e arriava as calças, mostravando -- a quem quer que duvidasse -- a prova anatômica irrefutável de sua feminilidade (apesar do jeans de cós elástico sempre com um rastro de lama e mijo na bunda); aí sim, bicho: aí sim você vê que a idade está chegando.

Mermã, Sammykaze, que sempre foi uma menina de skate, bicicleta de cross e boné; que preferiu o hipismo rural ao clássico; que perdia os mamilos nas tardes de surfe e jacaré em todos os verões de nossa infância, quando as pranchas não poupavam a epiderme das crianças, que pra piorar a abrasão do isopor áspero no peito (sempre com o top do biquini no lugar de um colar) ainda eram besuntadas por suas mães com óleo bronzeador neoplásico-estimulante; que trocou o balé pela capoeira; que dormia nas aulas de geografia, mas sempre foi a melhor aluna de educação física da escola; que virou modelo da Ford e devorou a Big Apple quando todo mundo achou que ela fosse vender sanduíche natural na praia, hoje faz aniversário.

E em 2007, se eu não abraçá-la até sufocar para matar a saudade desses últimos 6 anos, podem trocar meu nome, pois Vanessa Ornella é uma mulher de palavra.

Parabéns, Sam. E parabéns pela Mary Jane, que você passou meses descrevendo por telefone como o belíssimo "mix de pitbull con labrador" (assim, com esse seu sotaque novaiorquino) que você resgatou de um abrigo e que te fez fraturar a coluna na escada, até que a primeira fotografia revelasse o que ela realmente é: uma perfeita vira-lata sem-vergonha.

Exatamente como eu e você.

Sister, you been on my mind
Sister, we're two of a kind
So, sister, I'm keeping my eyes on you


Mais uma fotuska roubada do Flickr do Joel


Friends
Originally uploaded by Joel´s.
Tomei uns banhos de descarrego nas águas gélidas de Maromba. Pulei do abismo com o Raul, mas a Daisy não quis se arriscar. Pular do abismo é bom, às vezes arde um pouco, mas nada supera borboletas no estômago.

Perdi o mergulho radical do Joel, porque ele fez um rafting de 100 m só com a bunda no exato segundo em que eu me virei pra pegar a câmera.

Por que as pizzarias daqui não são como a Zorba Budda? Por que no Rio a cachaça com mel não é tão boa quanto a de Mauá? Por que as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá? (Ah, galera, eu quero muito voltar!)

The best is yet to come.


The best is yet to come.
Originally uploaded by Van-Or.
Rita, Loló e Joaquim. Alguns casos-verdade me fazem manter a esperança de um dia formar uma família caretinha, com papai, mamãe e filhinhos, sem essa de banco de esperma e produção independente.

Bem, na pior das hipóteses, tenho um pacto de fertilização com um amigo de infância (que da fruta que ele gosta, eu chupo até o caroço), lindo, inteligente e maravilhoso, a quem eu sempre vi e sempre amei. Se até os nossos 36 não pintar nenhuma parada maneira, vai rolar uma IA. E no lugar de marido, eu posso perfeitamente ter um cachorro. A única desvantagem é que cachorro não troca lâmpada. Mas alguns matam baratas voadoras!

Parasitose

Voltei de Mauá com dois carrapatos grudados no meu corpo. O canino Black, que se embrenhou no mato e fez trilhas conosco, não pegou um carrapato sequer (porque a Djindinha dele fez toda a profilaxia necessária). Mas eu, que sou limpinha e tomo banho de luva-arranca-couro, peguei dois ectoparasitos com 4 pares de patas, e os dois nas minhas depiladas axilas, permanentemente tratadas com um desodorante milionário para peles ultra-mega-hiper-sensíveis da Vichy.

Apesar de todo cuidado que tomo comigo, apesar de todo o carinho que tenho por minha própria pele, fui parasitada por dois monstros. Senti um ódio descabido daquelas criaturas levianas me sugando o sangue e a energia vital, se aproveitando de um distraído intervalo entre banhos para me cravarem os dentes e abusarem da minha confiança nas 24h de garantia do desodorante francês. Desesperada de asco e ansiosa para encontrar a solidariedade humana numa hora dessas, já que nem o Black podia entender o que eu estava sentindo, passei um SMS pro Joel perguntando quantos carrapatos ele tinha pego em Mauá. Expliquei que era pra ele procurar com atenção na bunda, virilha e axilas, que é onde esses vampiros aproveitadores costumam se alojar.

Ele me respondeu, poucos segundos depois, como se tivesse o SMS pré digitado há meses, só aguardando a ocasião: "Eu não peguei nenhum. Mas quem procura, acha."

***

Sem sacanagem: foi o joelhaço mais ardido dos últimos tempos. Minha joelhaçoterapeuta experiente, especialista em malucos com baixa auto-estima crítica como eu, perde. Vou passar a pagar ao Joel um dízimo sobre minha joelhaçoterapia. Ele merece.

segunda-feira, março 19, 2007

Eu amei minha tiara de dreadlocks de pano.


Making Of
Originally uploaded by Joel´s.
Fiquei parecendo a Boneca Emília. E a câmera está ao contrário, Joelito, porque eu estou vendo se a foto anterior ficou boa. Sou jumentinha, mas só às vezes.

Being hippie in Mauá


Figuras de Maua
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Pri e Douglas, um casalzinho de 22 anos à moda antiga, que vive de artesanato e escambo, cultivando dreadlocks que me matam de inveja (POR QUE MEU CABELO NÃO FAZ DREADLOCKS, MEU DEUS?!?). Na primeira, tentaram me vender um artesanato; na segunda, perguntaram (que perguntar não ofende) se eu não teria um bagulho pra trocar por um colar. Dei 10 reais pra eles no ato e chorei de emoção. O Douglas fez um porta recados de arame pra mim, com uma lua e uma estrela. Saí de Mauá pensando que, às vezes, tudo que eu queria da vida era ser um cachorro sem dono, nem coleira.

O banheiro do Joel é anos 70 total!


Visitas
Originally uploaded by Joel´s.
Eu tive de aproveitar meu vestido riponga pra pedir pro anfitrião tirar uma fotinha com esses azulejos tão lindos ao fundo, que dá vontade de ter cistite só pra mijar de 2 em 2 minutos.

Ops, eu quis dizer "fazer pipi". Mulé não mija, faz pipi. Ou, em bom e britânico inglês, "pays a penny". Nada a ver com pênis, vejam bem!

Black de castigo no jardim do Joel


Cartão Vermelho - Expulso
Originally uploaded by Joel´s.
Embora seja um dos melhores peludoterapeutas do Rio de Janeiro, o Black ainda é muito infantil e fez mil artes quando a gente chegou em Mauá, numa sexta chuvosa e sem energia elétrica. Como a falta de luz me impedia de ter noção do tamanho da casa do Joel (é um quinto de Maringá, ha ha ha) e só havia 2 lanternas para 4 seres humanos, dei uma soltadinha nele pro cara se virar num pipi e num pupu. Dois minutos depois, ouço um barulho típico de cachorro se afogando na piscina: o panaca, que é black -- e estava tudo black -- não viu onde pisava e caiu dentro da piscina. Tomou o primeiro cartão amarelo, porque na casa do Joel cachorro não pode tomar banho de piscina.

Depois de resgatar o Black, fazer respiração boca a boca (eu precisava mais do que ele) e secá-lo com um lençol, esta cara de pau aqui fez olhar de cachorro pidão e implorou pro Tio Joel deixar o meu peludoterapeuta, que a Daisy teve a sensibilidade de me emprestar, dormir dentro de casa, e não no canil, que é lugar de cachorro, como a gente tinha combinado há vários dias. O Black dormiu na área, porque o Joel teve a agilidade mental de propôr logo um local K9-proof antes que eu sugerisse o óbvio: que o bebê dormisse na cama comigo, sob as cobertas, pra não pegar uma pneumonia.

O segundo cartão amarelo veio na manhã seguinte, quando o Joel, depois de ter sido acordado às cinco da manhã por um cão que arranha porta e destrói tudo o que faz muito barulho quando detonado, flagrou o canalha com uma galinha na boca. Uma galinha de verdade, dessas com penas e bico, do tipo que põe ovos. Expliquei pro Tio Joel, pra ele não ficar brabo, que Labrador é cão de caça, e eles gostam muito de abocanhar uma penosa. Mesmo assim, ficou o cartão amarelo, e eu morta de medo do Blackudo me aprontar mais outra.

Meu peludoterapeuta tomou o vermelhão quando entrou na casa e fez um pipi que eu não vi, não limpei, e nem tomei conhecimento (mas acredito na possibilidade da veracidade desse sórdido fato, porque cães mijam mesmo, está no job description da espécie) porque àquela altura eu já estava chamando urubu de meu louro.

Mas me lembro bem da cara de fiz-merda-eu? do bebê, do lado de fora da casa, olhando pra nós, semoventes humanos, em torno de uma mesa com trutas, purê de batata e vinho. Muito vinho!

domingo, março 18, 2007

Family album

Sima, a pessoa mais importante na vida da minha irmã depois da famiglia, é claro!
Sima e Sushi, meu sobrinho Yorkie.
Mermã, Sam, linda de qualquer jeito. Até azul.
Eu com a Fundição Progresso nas lentes. Foto foda do Alex Ferro.
Mermã brincando de photoshop.

A Igualdade é Blur


Blur is in the air.
Originally uploaded by Van-Or.
Eu e a jumentinha de Mauá. A foto está tão tremida que mal dá pra saber quem é a jumenta: se a da direita ou a da esquerda. Em solidariedade ao pequeno muar que não tem nada a ver com meus problemas de auto-estima, eu diria: ambas são jumentas. Mas só a da direita é burra de verdade.

Maria sem Vergonha de Ser Mulher


Maria sem Vergonha de Ser Mulher
Originally uploaded by Van-Or.
Chamam essa florzinha de Maria-sem-vergonha porque ela "dá em qualquer lugar". Eu me identifico muito com ela. Sou dessas mulheres que dizem sim e não têm vergonha de ser assim. Sou dessas pessoas que se atiram do abismo e percebem tarde demais que a queda resultou em tetraparesia cardíaca, mas que, tão logo recuperadas do mal afetivo debilitante, voltam a pular do abismo de novo, de novo e de novo.

Pode até ser burrice, ou talvez um defeito de memória. Ou, quem sabe, uma sem-vergonhice típica das meninas com uma flor, dessas que o Poetinha eternizou em verso e em prosa.

Eu sou, definitivamente, uma menina com uma flor.

Pequenos detalhes da Natureza de Mauá

Flores que dão no mato e dão vontade da gente ser uma joaninha pra ver, ali, um buquê, prontinho pra noiva em miniatura entrar numa igreja de maquete.

Mulheres românticas querem se casar e posar de véu e grinalda, sim! Foda-se o feminismo, sejamos sinceras. A falta de homens casáveis no mercado desanima, mas eu só vou desistir quando meu coração parar de bater. E se parar, como diz a Rita Lee, é sinal de que amei demais ("mas enquanto estou viva, e cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz.")

Pequenos detalhes da casa do Joel em Mauá

É chique ou não é ter uma fontana com água de nascente, logo ali, no jardim?

Tatoo Semper Fidelis


Tatoo
Originally uploaded by Van-Or.
Da minha perspectiva, o coxim maior da patinha do cachorro parece um coração. Foi uma forma d'eu nunca esquecer daquilo que os cães sabem melhor que ninguém: fidelidade e lealdade a quem amamos acima de todas as coisas. Não há nada mais feio que a traição.

Marrentinhas indo pra terça de Carnaval em Salvador

Daisoca et moi, com litros de uísque na mão e muita TPM pra sentar porrada no Beleléu e no Maníaco da Pipoca. Detalhe da pochete de corrida: ela estava aparente quando eu saí da casa do mermão, mas depois ela ficou sob o arghbadá.

sexta-feira, março 16, 2007

Beleléu (pro mermão, papai Ito)

Beleléu é um monstro que, dizem as más línguas, invade domicílios quando todos dormem e leva os brinquedos que as crianças deixam espalhadas pelo chão. É por isso que muita gente diz, sobretudo quando perguntamos "Ué, cadê aquele carrinho HotWheels que eu deixei aqui?": Bicho, foi pro Beleléu. O Beleléu é foda.

Eu e meu sobrinho, o fantástico devorador de pilhas, temos verdadeiro pavor do Beleléu. Meu irmão diz que viu o Beleléu uma vez e ele é horrendo de tão feio, tem uma perna só (mas o pé é tão macio que ninguém o ouve chegar) e, pra piorar a monstruosidade, ele não depila a única perna que tem. É uma coisa nojenta, cabeluda, com pêlos descoloridos por Blondor. Enfim, tenho certeza de que vocês já foram vítimas do Beleléu alguma vez na vida, mas certamente ninguém sabe que o monstro-ladrão é feio de doer.

Pois estava eu em Salvador, na pipoca da terça de carnaval, quando senti mãos masculinas na minha esbelta cintura. A gente sabe logo se a mão é de homem ou de mulher pelo cascume da pele e pela pegada: mulheres são delicadas, têm mãos de seda e ficam cheias de dedos antes de pegar; homens são cascudos e, quando prestam pra alguma coisa, têm uma pegada característica e sabem onde pegar pra impressionar.

Normal, pensei, estar no meio de uma multidão com 100 pessoas por metro quadrado e um canalha qualquer se aproveitar da situação pra alisar a boazuda da frente. Mas, na verdade, eis que o canalha era o Beleléu. E o filho da mãe, que já tinha me levado 50 reais na véspera (bem, 25 meus e 25 da Tia Daisy), estava novamente tentando se dar bem pra cima de moi, palpando meu corpitcho pra descobrir onde estava o fecho da pochete de corrida (absolutamente magra, discreta e feita de tecido antibacteriano e auto-secante) que eu carregava sob o arghbadá customizado. Antes que ele encontrasse o fecho, eu comecei a gritar: ROUBARAM MINHA POCHETE! ROUBARAM MINHA POCHETE! ROUBARAM MINHA POCHEEEEEEETE!!!!

Cabe um parêntese aqui: pochete é um ítem demodé extremamente proibitivo para pessoas antenadas como eu, mesmo sendo da Track&Field. Podia ser até uma pochete Gucci, mas imaginem vocês se alguma maison que se preze se daria o trabalho de fabricar uma pochete! Tudo isto posto, pochete é algo que a gente nunca deve confessar que tem. Sobretudo no Rio de Janeiro, onde as pessoas reparam (mesmo). Se o Beleléu tivesse tentado roubar minha pochete no Rio, no Suvaco do Cristo, por exemplo, eu jamais gritaria "ROUBARAM MINHA POCHETE". Eu ia ficar na minha, puta e caladinha. Não vim a este mundo pra pagar King Kong.

Mas voltando a Salvador, onde eu sou estrangeira: niki eu gritei que roubaram minha pochete, roubaram minha pochete, roubaram minha pochete e dei uma gingada de capoeira, do tipo "lá vai a meia lua!", o mar de gente ao meu redor se dispersou e ficamos, eu e Beleléu, ali no meio do clarão. Na verdade, ficamos eu, Beleléu e mais dois caras. Como eu não tive a agilidade mental necessária pra ver qual dos três era perneta, agarrei a camiseta de todos, usando a potência máxima dos meus marombados bíceps e tríceps pra puxá-los em minha direção e urrei, olhando-os nos olhos, a plenos pulmões: DEVOLVE A PORRA DA MINHA POCHETE, CARALHO!

Outro parêntese aqui: se alguém for contar essa história pra uma criança, como eu contei pro meu sobrinho, evite repetir os palavrões que eu precisei usar no calor da situação. Troque "porra" por "droga" e "caralho" por "putz grila", por exemplo. Fica mais fofo assim.

Dois dos caras levantaram as mãos e suas respectivas camisetas no ato e disseram que não havia nada meu com eles; um dos caras, o Beleléu em pessoa, o da camiseta preta, jogou minha pochete no chão e correu. O lance todo durou uns 5 segundos. Eu peguei minha pochete numa poça que podia ser tanto de gelo derretido quanto de mijo, chequei se estava tudo lá (ingresso pro camarote, imagina se eu ia deixar o puto do Beleléu levar meu ingresso pro camarote!), e fiquei tão nervosa que nem tomei a iniciativa de correr atrás do monstro pra pegar de volta o Pégasus que ele levou do meu sobrinho, num dia em que ele estava cansado demais pra guardar todos os brinquedos.

Mas no dia seguinte, pra ele ficar ligado, eu disse pro Cara, meu fantástico engolidor de coisas estranhas: Bicho, o Beleléu usa uma camiseta preta.

Aí, depois desse confronto rápido com o Beleléu, eu e Tia Daisy ficamos um pouquinho estressadas, como vocês podem imaginar, e então decidimos ficar na pipoca (até nosso trio passar) no lugar mais seguro e alto astral do circuito Barra-Ondina: o distrito israelita, onde tem uma pousada em que fica metade da população jovem de Israel (fora de Israel) nessa época do ano. E os israelenses, como homens de verdade, lindos, másculos e lutadores de Krav Magá, sabem cuidar de mulheres à beira de um ataque de nervos como ninguém.

Antes, contudo, enquanto vencíamos os 200 metros de distância no meio da pipoca até o Israeli district, eu e Daisy, agarradas uma a outra e ainda tremendo de raiva do Beleléu, passamos por outra situação inóspita: Tia Daisy foi agarrada à força e beijada de língua (argh!) por um cara muito feio. Se fosse gato, tudo bem, a gente até poderia levar na brincadeira. Mas o erro do cara foi ser feio! Talvez o erro dele tenha sido nascer, mas como isso era um probleminha dele, e não nosso, enfiamos porrada no maluco. Eu, naquele pico de adrenalina em que não existe dor, alternava socos e tapas na cara com murros no peito do maníaco, enquanto a Daisy enfiava-lhe mil joelhaços no saco. Foi tudo tão rápido e divertido que eu nem sei quanto tempo se passou até que ele levantasse os braços, se rendendo e implorando para que nós duas parássemos de espancá-lo. Paramos, porque somos educadinhas, e seguimos, as duas, pela pipoca, onde as pessoas abriam espaço pra gente passar (porque ficaram com muito medo da nossa violência). Aí baixou uma onda criativa e inventamos, assim, de improviso, um singelo grito de torcida de futebol, que cantamos (caminho livre pra gente a bombordo, estibordo e etc) até chegar ao camarote israelita:

Tomá no cu
Vai se fudê
Eu vim aqui só pra bater!
Não sei porque, mas ninguém mais deu em cima da gente a noite toda. Só por via das dúvidas, eu mantive meus punhos cerrados até chegar em casa, de manhã cedinho, trêbada (open bar no camarote Skol) e feliz por ter passado um carnaval tão pacífico na ainda mais pacata terra de Nosso Senhor do Bonfim. A baianidade nagô gruda na gente, é incrível.

Moral da história: o Beleléu é foda, cuidado com ele. Nunca deixe seus brinquedos espalhados pelo chão e mantenha sempre uma distância segura de: 1) pernetas peludos, principalmente se eles estiverem de camiseta preta; 2) pessoas de pochete em geral; 3) mulheres com TPM. E se algum dia vocês encontrarem o Beleléu e conseguirem segurá-lo por alguns minutos, me chamem, porque eu vou adorar enfiar-lhe a porrada de novo e descobrir, usando métodos sórdidos de tortura, onde diabos o sacana enfiou aquela nota de 50 reais. Nem pelo dinheiro em si, seria mais pela diversão mesmo. Agora eu entendo porque os pitboys brigam tanto. Dar umas porradas de vez em quando é bom demais, sobretudo quando você é um peso pena de 50kg e o oponente tem pelo menos duas vezes o seu tamanho.

quinta-feira, março 15, 2007

Eu quéeeeeeeeeeeero!


Fabric
Originally uploaded by BPetri.
Aqui está a nova almofada de patchwork que a Bia Petri vai fazer pra mim! Foto do tecido-felino divertido descaradamente roubada do Flickr da moça, que aceita encomendas.

Peludoterapia, porque há coisas que só os bichos entendem.

O filhote de viking volta amanhã pra casinha dele, num reino tão-tão distante. Minha mãe me perguntou se eu estou triste, e eu disse que não tenho tempo nem pra me foder, quanto mais pra ficar triste. Ainda mais agora que eu tenho que aprender dinamarquês e ganhar dinheiro o bastante, até agosto, pra comprar uma passagem pra Dinamarca (e/ou talvez NYC, Lisboa, Paris, vamos ver, vamos ver...).

Mas é claro que eu menti. Levei quase 30 anos pra aprender a não dizer sempre a verdade pra minha mãe. Não vale a pena.

***

Um amigo extremamente sensível reparou que, quando eu estou feliz -- e todos os meus posts neste quartinho refletem isso--, quase ninguém comenta, ao passo que um post triste, dramático, trágico ou até raivoso chega a ganhar mais de 30 comentários. Observação digna de nota. Comentei com ele que é isso aí, bicho: a felicidade é retilínea, chata e entediante. Ser feliz o tempo todo deve ser um cu. Sorte minha ser ciclotímica, quase bipolar. A vida não é uma caixa de chocolates, repleta se surpresas kindereggianas, e sim uma montanha russa: depois de todo alto, há sempre a certeza de um baixo e vice-versa. Sinto um conforto quase desconfortável nisto. E na convicção de que, chata ou não, a felicidade independe de fatores externos. A felicidade é uma pílula azul que às vezes a gente metaboliza ou não.

Esqueçam a fluoxetina: ela e suas coleguinhas de prateleira jamais chegarão lá.

***

Hoje é aniversário do Joel, galera. Vamos comemorar (e eu, bebemorar) definitivamente a data em Mauá, onde tudo é sloooow, onde tudo pode voltar pro lugar sem grandes transtornos bipolares e pra onde eu vou levar o Black, meu afilhado negão. Peguei o Black emprestado da Tia Daisy por dois motivos: primeiro, pra ele não ficar sozinho, porque ela mesma está indo pra Mauá neste finde, mas num esqueminha romântico em que cachorro-demolidor não entra; depois, porque, embora o Joel até seja bem peludo do pescoço pra baixo, não é a mesma coisa que um peludo quadrúpede numa hora dessas.

Há momentos na vida em que tudo o que a gente mais quer é afundar os dedos num pescoço bem peludo, fazer cafuné de mão cheia numas orelhas de veludo e ficar ali, deitada no chão, bem quietinha, sem dizer uma palavra, só deixando fluir, entre uma lágrima furtiva e outra, um rio de emoções que só os bichos entendem (e o que é mais legal: eles se reservam o direito de não dar opinião; não há nada mais desagradável que opinião nessas horas).

***

Talvez os leitores deste blog sejam todos como eu: mezzo caninos-que-sabem-calar-na-hora-certa, mezzo verborrágicos. Eu amo a palavra: pra mim, todas elas são feitas de ouro. Mas o silêncio oportuno, ah... este é feito de paz, cheiro de mato e outras coisas essenciais invisíveis aos olhos.

***

Obrigada, Joel. Obrigada, Daisy.

Lambidas, Black.

Linger

Uma música dos Cranberries. Antiga e sempre atual.

Linger

If you, if you could return
Dont let it burn, dont let it fade
Im sure Im not being rude
But its just your attitude
Its tearing me apart
Its ruining everything
And I swore, I swore I would be true
And honey so did you
So why were you holding her hand
Is that the way we stand
Were you lying all the time
Was it just a game to you

But Im in so deep
You know Im such a fool for you
You got me wrapped around your finger
Do you have to let it linger
Do you have to, do you have to
Do you have to let it linger

Oh, I thought the world of you
I thought nothing could go wrong
But I was wrong
I was wrong
If you, if you could get by
Trying not to lie
Things wouldnt be so confused
And I wouldnt feel so used
But you always really knew
I just wanna be with you

And Im in so deep
You know Im such a fool for you
You got me wrapped around your finger
Do you have to let it linger
Do you have to. do you have to
Do you have to let it linger

And Im in so deep
You know Im such a fool for you
You got me wrapped around your finger
Do you have to let it linger
Do you have to, do you have to
Do you have to let it linger

You know Im such a fool for you
You got me wrapped around your finger
Do you have to let it linger
Do you have to, do you have to
Do you have to let it linger

terça-feira, março 13, 2007

Buzios, Bardot et Moi


Quem nunca quis beijar Brigitte Bardot?

segunda-feira, março 12, 2007

Mais uma festa de aniversário e despedida


Foto: Nelsinho
Jacob, eu, Dri e Jussara no Palaphita, em convescote comemorativo de dois aniversários importantes e uma prévia da despedida do Jacob



Nesta quarta, 14 de março, às 20h, teremos mais uma festinha prática, do tipo pelo-menos -dois-em-um: come&bebemoraremos o aniversário do Joel (quinta) e faremos mais uma despedida pro Jacob, que parte na sexta. Temos 3 mesinhas reservadas no meu nome no mezanino, mas pra sentar tem que chegar no Carioca da Gema até 20h. Eu devo chegar às 20h, 10 min antes, 10 min depois, por aí.

Repetindo tudo, dessa vez bem mastigadinho, pra acessar quem não está conseguindo ativar Tico & Teco simultaneamente, como muitas vezes acontece com quem bebeu demais na véspera (hum-hum):

FESTA DE ANIVERSÁRIO DO JOEL & DESPEDIDA DO JACOB (LAST CALL)

Dia: quarta-feira, 14 de março de 2007
Local: Carioca da Gema (Rua Mém de Sá, 79 - Lapa)
Horário: ente 19h30 e 20h10 (quem chegar depois, não garantirá um lugar pra sentar o derrière cansado de guerra. Mas lugar pra pôr bolsas, sempre tem.
Música: Tocará, nesse dia, a banda Tempero Carioca. Samba puro. Muito apropriado pra despedida de um dinamarquês com o molejo de um velejador intrépido.
Detalhe importante: É possível que o aniversariante tenha a cara de pau de se ausentar. Neste caso, pau no Joel! Um pau espada, por favor, que ele não gosta de brincadeiras desse tipo.

Buzios


PICT0646
Originally uploaded by sansespiral.
Como eu disse, andei muito ocupada! ;o)

Homenagem do Nelsinho

O Nelsinho fez um post super fofo sobre o Jacob e eu, com direito a fotoshopada e poesia no blog dele. Achei duma lindeza digna do autor, cujo aniversário, aliás, foi no sábado 10.

Obrigada, querido.

Filhos, sim; casamento, não sei.

Fui a uma festinha de aniversário adulto na última sexta, e lá encontrei pelo menos 3 filhotes humanos fralda-dependentes. De repente, e não mais que de repente, meus peitos encheram-se de leite. Talvez pelo cheiro de bebê no ar; talvez por minha proximidade físico-afetiva com um macho adorável e paternalmente viável; talvez por causa da minha disfunção cognitiva: muitas vezes eu tenho certeza absoluta de que sou uma cadela com gravidez psicológica. Engraçado isso, porque meus ovários não são policísticos e... pensando bem, rigorosamente levando a coisa pro racional, eu sou um bípede humanóide, carajo! Sou, não sou? OK, vou falar com minha joelhaço sobre isso mais tarde, não se preocupem.

Tá certo, tenho de confessar: o peito encher de leite é só uma hipérbole barata que eu uso com freqüência pra repetir à exaustão meu desejo de ser mãe. Contudo, observando os pais das crianças e até mesmo meu candidato viável à paternidade -- apenas candidato, como eu disse: eu me prometi não fazer nenhum pré-natal até 2008, coisa que faço todo ano desde 2005; mas este ano, só por precaução, já me vacinei contra sarampo, rubéola e hepatite B, coisas que estão no check-list de toda mulher que quer engravidar a qualquer momento --, pensei lá, com meus botões: o convívio com uma mesma pessoa, sob o mesmo teto, com crianças chorando, correndo ou enfiando o dedo na tomada, num contexto em que há TPM e contas a pagar todo mês, deve ser mesmo letal. E aí eu penso que, da mesma forma que um homem se aproxima da perfeição quando passa a SENTIR de forma cada vez mais parecida com o sentir de uma mulher, é bem possível -- e seria pelo menos justo, do ponto de vista de igualdade entre os sexos, essa balela que criaram entre fumacês de maconha e sutiãs -- que a recíproca seja verdadeira: uma mulher se aproxima da perfeição quando passa a entender cada vez melhor como o homem (se) sente diante das nossas manias fossilizadas de associar sexo a amor, amor a filhos, filhos a casamento, casamento a monogamia, e por aí vai.

Não me interpretem mal: sou monogâmica por natureza. Tatuei "semper fidelis" na pele e, embora a expressão seja alusiva ao meu amor pelos cães e sua internacionalmente reconhecida fidelidade (exceto na China, onde todos são irreversivelmente malucos), ela fala também da minha predileção pela serenidade de viver uma história afetiva de cada vez, sem atropelos. Só acho que os homens podem estar certos em relação a muitas coisas que nós, mulheres, teimamos em combater conceitualmente, sem nem pensar no porquê.

Só pra ilustrar o que estou dizendo, aqui vão umas dicas de como homens e mulheres podem conviver melhor (mesmo que para isso todos tenham de abrir mão do excesso de convívio) se as mulheres se comportassem mais como os homens e os deixassem pôr pra fora essa exuberância troglodita que eles têm naturalmente:

1) Cada um devia ter seu espacinho no relacionamento/apartamento; talvez um banheiro só pra ela espalhar suas maquiagens e cabelos na pia sem que ele reclame, toda santa semana, que o ralo entupiu de novo; e um banheirinho só pro homem poder deixar a tampa levantada o quanto queira, manter por perto sua pilha de gibis do Pato Donald pra ler enquanto põe as crianças pra nadar (acho lindo esse eufemismo!), e sempre deixando aquele típico rastro alastrante de macho demarcador de território, que fica impregnado nas toalhas (e às vezes até no nosso cabelo);

2) Ter na sala um sofá confortável onde cada um possa dormir vez por outra, quando chega tarde e bêbabo em casa, sem ter que acordar o outro e pedir, pufavô, 30 cm de lençol, porque uma banda da bunda está no tempo; ou mesmo pra não acordar no meio da noite a pessoa adulta-chata que não foi à festa porque trabalha às sete no dia seguinte;

3) Talvez o ideal seja mesmo que cada um tenha a sua casa; e que até haja alguma rotina, tipo jantar e dormir na dela nos dias pares e na dele nos dias ímpares, mas nada assim, tão hermético, que não possa ser flexibilizado;

4) No advento de filhos, o casamento ideal deveria funcionar assim: as crianças morariam com a mãe, pois como a mulher é fisiologicamente mais responsável e afetivamente ligada à prole, ela providenciaria, com prazer e sem má vontade, o café da manhã, arrumaria mochilas e lancheiras e deixaria o pequeno time de futebol na escola; o progenitor, que é fisiologicamente mais insolente e preguiçoso que as fêmeas de sua espécie, ficaria encarregado de buscar as crianças na escola e levá-las para a natação, balé, teatro e o carajo-a-4, só para não dizer que não teve a chance de passar 30 minutos por dia com os filhos e reiterar, diariamente, sua própria convicção de que as crianças têm mesmo é que ficar com a mãe. Homens são incapazes de lidar com isso sem uma babá, mãe, mulher ou escrava por perto.

Enfim, não tenho dúvidas de que quero ter filhos; mas talvez o casamento ideal seja aquele em que o marido comparece, no sentido bíblico, com uma rigorosa regularidade, mas sem essa obrigação de ficar junto o tempo todo. Junto, o tempo todo, cansa.

Eu, por exemplo, estou esgotada. E olha que foram só 40 dias. O saldo foi super positivo, por sinal, mas 40 dias, sem sair de cima (ah, por favor, me poupem do trocadilho numa hora dessas!), é desgastante. Sobretudo quando uma tem 3 empregos e o outro está de férias, cheio de vontade de ficar com o tempo "livre" da mocinha só pra ele.

Sobrevivemos, enfim. E nos divertimos à vera. No fim, é só isso que importa. A vida é curta demais pra gente ficar pensando nos prós e contras de tudo. Tem horas que o lance é cair dentro e ver que bicho vai dar.

Sempre na esperança de que dê cachorro, claro, que é pra durar.

Respondendo comentários via post (às vezes o Haloscan tem TPM)

Marcinha, recebi seu SMS não... E olha que minha madrugada de sábado pra domingo terminou às 4h30. Isso porque eu tinha que estar de pé, pro estágio num reino tão-tão distante da minha casa, às 8h30. :)

Joel, la donna é mobile, como já diria o Verdi. Eu achava que não estava pronta pra namorar, mas acho que já desencantei dessa praga que uma bruxa má (ou talvez duas, ou três, ou quatro, sendo algumas dessas lésbicas -- e adoro usar lésbica em vez de gay qdo estou rancorosa, porque a palavra soa gosmenta) da zona sul me rogou. Ou rogaram. Mas finda a maldição, é findo também o rancor. Que elas sejam felizes (e pelo menos 20kg mais magras, pro bem e longevidade delas) para sempre. Quando a gente tá contente, nem pensar que tá contente quer; a gente quer é viver! (lá.... laralalá lalalá...)

Agora, de uma vez por todas e definitivamente, não estou pronta pra casar. Para mais informações, favor ler novo post emergencial.

Eu voltei, voltei para ficar/ Porque aqui, aqui é o meu lugar!

Amigos queridos, peço perdão pela ausência da mulher de 34, de 33 e, em breve, de 35. Peço perdão pela ausência da mulher amada. Quando falo em mulher amada -- sim, é claro que é uma alusão ao único homem da minha vida --, não achem que estou me julgando importante demais, que padeço de inflamação edematosa do ego: estou apenas dizendo de forma sutil que nos últimos dias eu estava sendo muito bem amada por outrem que não eu mesma ou minha mamma. Eu podia estar aqui roubando, matando ou até estuprando, mas estou apenas pedindo perdão por ter me ausentado por tantos dias. Foi o tempo necessário pra viver uma breve (ah, que se foda, o futuro a Deus pertence!) história de amor.

Passei semanas de cigana, pulando de casa em casa, graças ao amor caridoso de amigas e uma certa dose de porralouquice de todas as partes. Ganhei uma afilhada humana adulta e um afilhado canino filhote nesse interim. Minha vida mudou para sempre.

Agora estou fucking late for work, mas à noite eu postarei fotos elucidativas e ilustrativas. E bola pra frente, que atrás vem gente!