terça-feira, fevereiro 28, 2006
Carnaval, turfismo, Mônica R e fraturas

"Vou escalar um garoto para abrir o portão pra você." Foi assim que o Mion respondeu minha chamada dizendo que eu já tinha chegado ao portão da casa em Buzios. Funk rolando na vitrola, mulheres e crianças esticadas na piscina, homens em volta de latas e mais latas de cerveja e uma parabólica antenada no canal de corridas do Jockey Clube da Gávea e de São Paulo.
Havia um bom motivo pro Mion não ter ido me buscar no portão: a gota bateu forte, e bateu logo no pé. Gota dói pra dedéu. Logo depois, veio da churrasqueira uma bandeja com coração de galinha. Meu querido Mionzito ensinou: "Tá vendo isso aqui? É que nem veneno pra gota." E comeu logo quatro, pra provar que não tava nem aí. Então, me ofereceu um drink, que eu prontamente aceitei. "Vem, vida, me leva!" Eu amo esse menino, apesar d'ele ser turfista.
***
Mion é veterinário de turfe. Até sábado, isso pra mim só queria dizer que ele cuidava de cavalo, mas estar inserido no turfe é mais que isso. O turfe é uma dimensão paralela, com vocabulário exclusivo e hábitos alimentares bastante exóticos. Muitos turfistas, por exemplo, tomam purinol (remédio pra gota) no café da manhã, com um gole de cerveja. Cerveja, outro veneno pra gota. Eles prometem parar até a Copa. Disciplina pra isto eles têm: acordam às 4h30 todos os dias pra trabalhar os cavalos. A vida é dura, mas ninguém reclama. Mas os cavalos certamente reclamariam, se pudessem.
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Feliz aniversário, Mônica R!!!
Moniquinha, perdi seu aniversário ontem ou é hoje? De qualquer jeito, feliz, feliz, feliz dia!!! Adoro você e seus comentários espirituosos. Você, que é uma pessoa de bem com a vida, meu tipo preferido de gente, tem suíte presidencial cativa, com vista pro mar, no meu coração.
Aproveito o ensejo pra pedir-lhe desculpas pela ofensa da fantasia de diaba. Tenho em minha defesa apenas o seguinte: me fantasiei assim porque não acredito nadinha no coisa ruinzinha. Eu não me fantasiaria de Deus ou Heloísa Helena, por exemplo. Com coisa séria, não se brinca. E todo mundo tem um lado anjo e outro diabo, mas como é meu lado anjo que mais se destaca (quá quá quá), eu botei pra fora meu lado reprimido. Pra você ver como é verdade isso (de neguinho de fantasiar daquilo que não é mesmo), a anjinha que estava na festa deu show de sem-vergonhice: precisa ver como ela dançava até o chão, até rasgou o vestido. Era de corar qualquer diabo safado.
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Saldo do carnaval em Buzios
domingo, fevereiro 26, 2006
Buzios storm
O cachorro engarrafado. Tô achando tudo lindo. Eu amo você, Vinicius de Moraes. Amo Buzios. Viva o carnaval! Amanhã eu juro que vou à praia. Quero estudar filosofia. Ketinho, manda e-mail SMS. Depois do carnaval, eu juro q descanso. Vou precisar de detox.
Buzios é uma festa!
Baile a fantasia na casa do Ricardo, digo, Chacrinha. Vocês não tem noção! Aqui tá tudibom!!!
sábado, fevereiro 25, 2006
Not there yet.
Na segunda lotada, depois da carona de ontem, ainda a caminho de Buzios. Sou praieira, sou guerreira!
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Buzios

Buzios, amanhã? Marrelógico. Se estou preocupada com o engarrafamento? Nã... O carro estará lotado de gente boa e heterogênea, o crowd ideal pra se levantar uma polêmica de 5 horas. Quando é pra iniciar uma polêmica que não vai ter fim, eu geralmente sugestiono (ninguém em sã consciência começa uma polêmica; a lei da malandragem roga que as polêmicas sejam sugestionadas) algo bem vil e sórdido, como o aborto ou as próximas eleições presidenciais. E começo assim: "Heloísa Helena é que está certa." Aí fudeu. É assunto pra 5 horas de engarrafamento, na certa. Com direito a dedo na cara e tudo.
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Uma vez entrei de penetra num casamento esotérico, celebrado por druídas e moças vestidas de fadinhas, no Iate Clube de Buzios. Na verdade, eu e meu par estávamos acompanhando um casal que fora devidamente convidado, e nós teríamos nos misturados perfeitamente aos convidados normais, não fosse pelo fato de eu estar de saída de praia, e ele de jeans (não estávamos mesmo preparados para a pompa). No altar da celebração, havia uma espécie de aquário com vários cristais submersos em água. E pirâmedes. E - eu posso até estar fantasiando - também tinha aqueles gnomos de durepox. Eu não consegui entender nada do que a... bruxa? fada?... dizia aos noivos, mas eles choravam muito. Ventava barbaramente. Acho que o vento soprava as palavras relevantes pra longe, porque a cerimônia toda passou sem o menor sentido pra mim. Ri-me em silêncio - todo penetra é mau e um pouco debochado - e passei a festa inteira tentando entender que tipo de celebração religiosa era aquela. Não era religiosa, descobri. Os noivos eram absolutamente contra religião. Por isso inventaram essa coisa meia bomba dos gnomos, fadinhas, cristais e duendes. Ah, se eles soubessem que eu atropelo duendes...
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Cismei que quero me casar em Buzios. Ou na Polinésia Francesa. Algo bem nesse estilo: pés descalços, mar, vento, flores no cabelo, tochas fincadas na areia, algum maluco falando algo ou alguma língua que ninguém possa compreender, cada um pensando o que quiser, os penetras rindo em silêncio e eu, olhos marejados, achando tudo lindo, super lindo, mil vezes lindo. It only takes 2 caipirinhas to soften me up.
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Este será um carnaval super soft, pelo visto. Minha única expectativa é voltar preta e beber até achar tudo lindo.
É carnaval. E daí?
Minha mãe me ligou há pouco perguntando se eu queria ir com ela e meu pai pra Salvador. "Claro", respondi mecanicamente. Dias atrás, a mesma pergunta teria me dado uma taquicardia e uma síncope de felicidade histérica. Minutos depois, ela liga dizendo que desistiram. "OK", disse eu. Dias atrás, a frustração de ter perdido uma viagem para Salvador teria me dado uma parada cardíaca e uma convulsão.
Estou anestesiada.
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Mion, meu amigo que se deixa levar pela vida, sumiu dias antes do carnaval. "Furou o esquema de Buzios", deduzi. Hoje ele reapareceu feliz da vida, a caminho de Buzios, me passando o endereço da casa. "Se eu for, você vai cuidar de mim?", perguntei chorosa. Ele disse que na casa teria mais 35 pra ajudá-lo nesta árdua tarefa. Achei bacana, mas sei que bastaria um cara de 193cm que vale por 35 pra dar conta do recado.
Estou carente.
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Hoje, no trabalho, me deram uma sprayzada daquela espuma inflamável que vem gradualmente tomando o lugar do confete e da serpentina no carnaval carioca. Concluí que há certas coisas que eu não tolero mais no carnaval, como espuma inflamável no meu cabelo e homem ultra bêbado vestido de mulher, se fazendo de piranha.
Estou rabugenta.
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terça-feira, fevereiro 21, 2006
As cartas de amor que eu nunca enviei.
Querido...,
Somos perfeitos um para o outro e eu poderia ter te amado para sempre
Não fosse você ter se ausentado de si e eu de mim mesma na mesma época
Você é manipulador, e eu manipulável
Você precisa ser cuidado, e eu preciso cuidar
Você acha que vai morrer, e eu... também.
*********
Querido P.,
Eu nunca te conheci e, embora você tenha dito que a vida não acaba amanhã,
Acho que nunca vou te conhecer.
Apesar de você ter uma voz incrível e ser tão instigantemente legal,
E talvez por isso mesmo.
O amor nunca acontece na hora errada.
*********
Querido B.,
Você entrou em minha vida como um ópio
E como ópio, foi me roubando os sentidos e a razão.
E assim, despida de moralidades, eu te dei meu amor mais puro.
Naquele dia em que você esqueceu de tirar a aliança da mão direita antes de me encontrar
E eu fiquei olhando praquele anel como quem vê as Torres Gêmeas desmoronando
Eu vi desmoronar toda e qualquer esperança de tê-lo ao meu lado no futuro.
Quero que saiba que, embora você me ache louca e instável,
Eu nunca te menti. E nunca teria te mentido.
**********
Querido C.A.T.,
Estou reenviando minha última carta de amor pra você.
Quero ratificar tudo o que está ali escrito:
Que quero completar aquele caderno em branco contigo,
E quero tentar não ser apressada, porque a pressa é a inimiga da perfeição.
Você é definitivamente uma das pessoas mais incríveis que eu conheço
E o futuro nos pertence.
Tenha paciência comigo. Eu não sou sempre assim.
As cartas de amor que Alanis nunca enviou.

Unsent
Alanis Morissette
http://radio.terra.com.br/busca/musicas.php?musica=Unsent
Dear Matthew
I like you a lot
I realize you're in a relationship with someone right now
and I respect that
I would like you to know that if you're ever single in the future
and you want to come visit me in California
I would be open to spending time with you
and finding out how old you were
when you wrote your first song
Dear Jonathan
I liked you too much
I used to be attracted to boys who would lie to me
and think solely about themselves
And you were plenty self-destructive for my taste at the time
I used to say the more tragic the better
the truth is whenever I think of the early 90's
you face comes up with a vengeance like it was yesterday
Dear Terrance
I love you muchly
You've been nothing but open hearted and emotionally available and supportive
and nurturing and consummately there for me
I kept drawing you in and pushing you away
I remember how beautiful it was to fall asleep on your couch
and cry in front of you for the first time
You were the best platform from which to jump beyond myself
What was wrong with me?
Dear Marcus
You rocked my world
you had a charismatic way about you with the women
and you got me seriously thinking about spirituality
and you wouldn't let me get away with kicking me own ass
but I would never really feel relaxed and looked out for around you though
and that stopped us from going any further than we did
and it's kind of too bad because we could've had much more fun
Dear Lou
We learned so much
I realize we won't be able to talk for some time
and I understand that as I do
you the long distance thing was the hardest and we did as well as we could
we were together during a very tumultuous time in our lives
I will always have your back and be curious about you
about your career, your whereabouts
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Ah, a ciclotimia!
Comecei a achar que minha depressão era fome, então fui almoçar com um amigo japa que fala pouco e mandei logo: "Gente que fala muito me irrita profundamente." Como se eu falasse pouco, mas tudo bem. Almoçamos bem quietinhos, depois eu comi um doce, tomei um café e fiquei ótima. Voltei pro trabalho e arrebentei a boca do balão: produzi mais em 4 horas do que nas últimas 4 semanas. Tomei mais meio litro de café; sinto que o café é um antídoto eficaz contra a depressão.
Há pouco, saí do trabalho com dois colegas e fomos tomar mais um capuccino e um espresso na livraria da esquina. Era o golpe de misericórdia que faltava pra destruir a depressão mais efêmera da minha história: 28h. Estou curada. Ou talvez não. Talvez eu esteja apenas ligeiramente hipomaníaca, o que é o revés do chororô. Mas foda-se. Amanhã eu fico normal. Um dia, um dia. Caso contrário, foda-se também. O que importa é que tudo na vida é passageiro, menos o trocador e o motorista.
Falar nisso, tenho de pegar um busum. A vida me espera na Travessa de Ipanema. E depois no Árabe da Lagoa. E depois... a noite é só uma linda criancinha guti-guti (Thank God it's Monday, for I don't work on Tuesdays!!!).
Ah, só mais uma coisa: tentei ouvir o clip da música tema de "Closer" ainda agora e não aguentei chegar ao refrão. Fiquei refratária ao filme e sua música de fossa. Preciso de uma droga mais pesada da próxima vez. Talvez, como minha sister Wal sugeriu, uma releitura de "Insustentável leveza do ser".
domingo, fevereiro 19, 2006
Desculpe-me, snoopy.
Meus queridos amigos, gostaria de pedir desculpa a todos por não estar assiduamente respondendo aos seus ternos comentários neste bloguito. Eu leio tudo, me emociono, dou gargalhada... às vezes sinto uma vontade incontrolável de telefonar, escrever ou beijar todos vocês na boca, mas algo me impede... e na hora H, eu não faço nada disso. Aliás, eu falo muito. E faço muito pouco. Mas em breve eu voltarei ao normal ou a um estado mais normal, menos descontrolado.
São os ciclos, estrais e emocionais. Life is so repetitive.
Can't take my mind off you.

Hoje acordei nublada e assisti "Closer" pela enésima vez. É o tipo de filme que eu gosto de assistir quando estou deprimida, da mesma forma que é praticamente um ópio ouvir música de fossa em tais condições. Acho que vou comprar o DVD para tê-lo sempre disponível nesses momentos e me habituar ao fato de que eu sou uma pessoa ciclotímica, bipolar e ponto. Isto vai acabar saindo mais barato que antidepressivo e psicanálise e, ei!: muito mais natural.
Rolling Stones
Fomos ao show dos Rolling Stones ontem. Do alto onde estávamos, dava pra se ver um pedaço do palco e até um pontinho preto que se mexia como o Mick Jagger. E era o Mick Jagger, a pessoa mais importante do Rio de Janeiro no dia 18 de fevereiro de 2006. Aquele mar espantoso de gente, lambendo cada centímetro quadrado da orla do Copa ao Leme, não me deixa mentir.
Adoro multidões. Multidões justificam a solidão.
Hannah e suas irmãs
Hoje eu li um comentário neste blog que me fez abrir a boca a chorar: minha irmãzinha de 10 anos, Hannah, escreveu dizendo estar com saudades e pedindo pra eu passar um dia na casa dela, que é também a casa do meu primeiro pai. Moro a 15 minutos de ônibus da casa deles e não vou lá há 3 anos. Eu devo ser algum tipo monstruoso de gente.
Câncer
Ontem, quando eu me despedia da festa do rock, uma amiga me pediu que eu examinasse sua cadelinha com câncer. Disse-lhe que não faço mais atendimento clínico, mas que eu faria essa exceção para deixá-la mais tranqüila. Eu sei que consigo, de alguma forma que eu mesma desconheço, sorver toda a dor do outro para dentro de mim mesma. E ali, naquele buraco negro de dores minhas e alheias que nunca passarão, encontro a minha própria constelação; é onde eu me reconheço.
Quoting Tasso
Não me lembro das palavras em italiano, mas na biblioteca do Sr. Antônio Bulhões havia um quadrinho com uma frase escrita a mão por um moço que assinava "Tasso" que dizia mais ou menos assim: "Perdido é todo o tempo que se passa sem amor." Quero que escrevam isso em minha lápide. Em italiano, por favor.
Delírio puro
Chacal
Quanto mais louco lúcido estou
No fundo do poço que me banho
Tem uma claridade que me namora
Toda vez que eu vou ao fundo
Me confundo quando bóio
Me conformo quando nado
Me convenço quando afundo
No fim do fundo, eu te amo
The Blower's Daughter
Damien Rice
And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...
Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Desconjuro!
Acabo de receber o seguinte e-mail de minha mãe meio-sangue italiano:
Ednea Ornella 12:05 am (49 minutes ago)
Eu conheço umas garotas super sabidas - EU, NO CASO! - que tentam arranjar namorado pela internet. Ou eu estou ficando maluca, ou os tempos enlouqueceram. No meu tempo de adolescente, a gente organizava festas uns nas casas dos outros e eu sempre soube que namorado se arranja na escola, no trabalho, na família. Ou é isso, ou é pra ficar pra titia....Ednéa
PS: De resto, é ter paciência que as coisas acontecem no tempo certo.
Aí começa o relato que minha mãe copia:
"Oi, Boa noite. Tudo bem? Eu queria relatar um fato que conteceu comigo.
Meu nome é Debora. Eu conhecei um rapaz aqui na net com o nick de RODRIGO-DF. Durante um tempo eu troquei e-mail com esse cara, até que então eu marquei um encontro com esse sujeito, que parecia ser uma pessoa bem interessante. Nós marcamos de nos encontrar em um Café que tem no shopping Pátio Brasil. Preferi ir lá, pois é um local movimentado, com várias pessoas. Não teria perigo, pois não era um local ermo. Engano meu. O rapaz era bem simpático, bonito. Depois de tormarmos o nosso café ficamos conversando e andando pelo o Shopping até que do nada ele saca discretamente um revólver por debaixo da sua jaqueta e coloca nas minhas costas e manda eu ficar calada. Se se eu fizesse alguma coisa ele me daria um tiro nas minhas costas ali mesmo no meio do shopping."
Daí pra frente a Débora conta minuciosamente como foi raptada, espancada com barras de ferro e estuprada por 3 caras por várias horas. "Fizeram de tudo comigo. [...] Na verdade esse sujeito que conheci na net faz parte de uma gangue de estupradores que marcam encontro na net para estuprar." E a moça teve afundamento de crânio, perdeu dentes, o olho direito e 25kg. Por fim, pede que sua triste história seja repassada para o maior número possível de pessoas, para evitar que o mal se propague.
Não estou sendo debochada com relato tão triste, juro! Se isto ocorresse comigo, ou eu viraria a Noiva Vingadora do Tarantino, ou pularia de paraquedas sem paraquedas. Só achei graça d'a minha mãe ter me mandado isso justo agora, que eu não preciso mais procurar ninguém pela internet: encontrei meu Valentino. Que seja eterno enquanto dure.
PS relevante 2: Saí do Par Perfeito há uma semana. Encontrei figurinhas incríveis por lá, a maioria das quais vou querer ter sempre por perto, mas no tocante a arrumar namorado, minha mãe está certíssima: tem que ser por intermédio e prescrição de amigos.
Happy Valentine's Day!!!
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Uma das mulheres mais brilhantes que eu conheço, no esforço de me fazer entender o peso estigmático que tem o noivado para pessoas, digamos assim, mais tradicionaizinhas, relatou uma propaganda de rádio que ouvia ainda criança:
(narrador): Ela é linda!
(vozes exclamando): Óóóó!
(narrador): Está noiva...
(vozes exclamando): Uuuuuuh!
(narrador): Usa Pond's.
(vozes exclamando): Ahhh!.....
Moral da história: noivado é uma questão tão profunda quanto a auto-estima. Continuo sem entender, mas já entendi o karma da instituição.
Se alguém me pedisse em noivado, acho que eu gargalharia. Sem querer, mas gargalharia. E depois ficaria muito, mas muito zangada: tudo bem, "noivar", mas como assim: "NOIVAR"?!? Vê lá se eu tenho cara de Pond's ou de palhaça! Quer casar comigo, casa. Mas não me enrola.
Bodas de prata e outras coisas cafoninhas bacanas
Hoje de manhã eu descobri o meu lado mais cafona. Perguntei casualmente aos meus pais (mãe biológica e pai relevante), durante o café da manhã, há quanto tempo eles estavam casados. Descobri, estupefata, que eles estão extra-oficialmente juntos há 25 anos.
- 25?!? Bodas de prata???, eu engasguei.
Minha mãe, entre um gole e outro de café, respondeu super blasé:
- Sim. Alguma questão?
- Pô, mãe! Se liga: Bodas de Prata! Quando vai ser? Isso precisa ser comemorado com pompa, com vestido de noiva, com algum líder religioso dizendo amém... pô, com bolo de glacê!
- Ah, mas eu nem sei o dia direito. Acho que já passou. Pergunta pra ele, disse ela apontando com o olhar meu pai, que se fazia de morto durante a conversa.
- E aí? Qual o dia? - O danado rodava os olhinhos pra não encontrar os meus.
- Sei lá, fevereiro. Ela é quem sabe.
E ficaram nesse jogo de empurra, me despistando, até que eu percebi que eu devo ter sido adotada. Eu nunca acharia Bodas de Prata tão importante se tivesse alguma relação genética com essas pessoas. Por outro lado, eu nunca acharia tão bacana ter um casamento de 25 anos, agregador como o deles, se não tivesse sido criada no seio dessa família. Enfim: talvez eu não seja adotada, mas apenas saudosista de ritos que sumiram ou que ficaram restritos à minha memória poética ou à margem das metrópoles.
Well, nem tanto assim. Continuo achando festa de 15 anos uma das coisas mais cafonas e humilhantes da vida - eu fui obrigada a ter uma, mas fiz questão que fosse na serra, a 134 km da minha tchurma, pra restringir o acesso de testemunhas visuais do meu ridículo. Noivado: nada mais cafona (alguém poderia me explicar a diferença querer casar e querer demonstrar a intenção de casar?).
Mas tem muita coisa cafona que eu adoro. Casais se chamando de nomes fofos e até um pouco ridículos, como "Bubu", "Bibi", "Baby", "Gata", "Docinho", etc. Pinguins em cima de geladeiras. Penteadeiras com coleção de frascos de perfume vazios. Diário com colagens de tudo, da embalagem de chokito ao ingresso do cinema. Caderno de dedicatórias. Álbum mofado de retrato da década de 70, com aquelas fotos totalmente desbotadas e legenda da mãe com letra ainda meio infantil e conteúdo duvidoso. Portas pantográficas. Carro bacana pra levar noiva na igreja. Madrinha de casamento. Casamento, com direito a buquê, chuva de arroz e convidados previamente transfigurados em salões de beleza. BINÓCULOS no Teatro Municipal! (Importantíssimo, por sinal) Cofre de porquinho. Sala lotada de porta-retratos dissonantes. Churrasco com pagode. Bibelôs que não se dão bem, esteticamente falando, mas que contam a história do dono da casa. Missa de ação de graças por graças gritantes, como o aniversário de 90 anos da minha falecida avó. Imagem de São Jorge em altar luminoso nos bares e açougues. Fitinha do Nosso Senhor do Bonfim. Manadinhas de bibelôs de elefante voltadas com a bundinha para a porta. Enfim, há todo um universo de coisas de gosto duvidoso que eu gosto muito. E gostaria muito mais que os meus pais me dissessem quando eles fazem aniversário de casamento pra que eu pudesse organizar uma bodinha de prata surpresa, coisinha simples, assim, com direito a big band e caviar.
Não acredito em coincidências: eu não teria vendido o carro se não tivesse um festão desses pra organizar. Minha mãe não me forçou a fazer 15 anos? Pois chegou a minha vez de me vingar, no bom sentido.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Quando a fama é um mal necessário

A fama, de forma geral, é uma coisa muito perniciosa: tolhe a liberdade, atrai a inveja e subtrai a espontaneidade, uma vez que o famoso tende a se comportar como se estivesse permanentemente diante de uma platéia. Contudo, para algumas carreiras, o retorno financeiro para a subsistência basal chega apenas com o advento da fama. Vejam os músicos, por exemplo. Pra eles, a fama faz toda a diferença. Gente desprovida de qualquer tipo de talento (eu sou uma pessoa antiga, do tipo que não considera bunda um tipo de talento), como a Kelly Key, enche a burra de dinheiro e dá show pra platéias de milhares, ao passo que gente com o talento vazando pelo ladrão, como meus amigos Pedro Mills Milman & Alma Thomas, muitas vezes dão shows para platéias de 2 pessoas (sem contabilizar os garçons).
Na quarta passada, eu fui ouvir o piano elegante de Pedro e a voz visceral de Alma no Espaço Cultural Maurice Valansi, em Botafogo. Saí de lá extremamente feliz, porque não há um dia que passe sem que esses dois cresçam e me emocionem ainda mais; mas ao mesmo tempo, saí revoltada porque ainda havia gente naquele lugar pequeno que conseguia (não sei como!!!) ignorar o talento dessa dupla, manifestando o que pra mim é a mais grotesca tradução da má educação: gritar e gargalhar enquanto músicos de verdade doam generosamente sua emoção e virtuosidade à platéia.
O show é composto de lindas canções originais, standards do jazz e MPB em arranjos jazzeados. A primeira música, pra vocês terem uma idéia, é "Lullaby" (aquela que diz: "Somewheeeeeeere oooooover the raaaaaainbooooow..."). São dois sets de aproximadamente 40 minutos, o que dá ao público a enorme vantagem de poder conversar, durante o intervalo, com dois monstros da música às vésperas da consagração mundial, do Grammy ou de algo do gênero. Além disso, o Espaço Cultural Maurice Valansi - à Rua Martins Ferreira, 48, Botafogo - é uma coisiquinha linda e aconchegante que serve crepes, drinks sensacionais e está com uma exibição de design de cadeiras no segundo piso que é no mínimo instigante. O couvert artístico é R$15 ou R$12, com filipeta. A última apresentação do casal nesse local será na quarta que vem, dia 15 de fevereiro, às 20h. Eu irei de novo nesse dia e conclamo todos a juntarem-se aos bons antes que o Japão os roube de nós!
Ponto de virada

Ontem assisti o último filme do Woody Allen, "Ponto Final", que a Cora Rónai classificou acertadamente como um filme sobre a sorte. Embora eu concorde com ela, o encarei mais como um filme sobre a obsessão.
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
AVISO IMPORTANTÍSSIMO!
Faço aqui um mea culpa por ter plantado falsas esperanças em vocês, mas o Ribondi não virá neste final de semana, e sim no próximo (sorry, Nelsinho). Lucas França, nosso diretor social, os manterá informados.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Colcha de fuxico
Em setembro de 2003, minha avó Izolina desencarnou aos 94 anos. Foi um grande choque para nós pois, apesar da idade, a véia era totalmente hígida, lúcida, animada, fazia planos pro futuro, tinha uma tchurma na hidroginástica, falava mal de quem merecia, trabalhava e pagava suas próprias contas enfrentando fila nos bancos, como todo velhinho gosta muito de fazer (e ai de quem sugerisse débito automático!). Ela morreu porque foi colocar um marcapasso, uma coisa à toa. Acontece que o coração dela já estava acostumado com um ritmo, e o marcapasso cismou de tentar imprimir um ritmo outro, aí brigaram, o coração e a máquina, e venceu a máquina estúpida. Eu tinha passado a tarde com ela no hospital e falei: "Vó, vou em casa tomar banho e já venho. Chego antes da sua cirurgia. Quer alguma coisa da rua? Alguma revista?". Ela pediu uma revista chamada "Fuxico". E ainda acrescentou, plenamente lúcida: "Mas, olha, eu tenho aquela com uma bolsa de coração na capa. Pode trazer qualquer outra diferente dessa." Comprei duas.
O fuxico, pra quem não sabe, é um tipo de artesanato feito com uma rodelinha de pano franzida a ponto de alinhavo sobre o próprio centro.
Pois eu voltei pro hospital, revistas em punho, pouco antes da hora que me disseram que ela sairia do quarto pro centro cirúrgico. Acontece que os médicos, justo naquele dia, deram de antecipar a cirugia. E eu não vi mais a minha avó viva. Tenho as revistas de fuxico comigo até hoje.
Por sorte, eu tenho mais duas avós vivas. Se há alguma vantagem no divórcio dos pais, isto deve ser o milagre da multiplicação de avôs e avós. Pois uma delas, pouco depois da morte da Zozola, perguntou o que eu queria de presente de Natal. Eu pedi algo de fuxico. Naquele ano, ela não me deu nada, pois resolveu me tecer uma colcha de fuxico que levou um ano fazendo. A minha colcha de fuxico tem mais de mil bolinhas minúsculas e coloridas. Enche meu quarto de vida e pesa uns 10 kg. E eu choro de emoção sempre que penso no peso deste emblema: uma colcha de fuxico é sempre muito mais que simplesmente uma colcha de fuxico: é amor alinhavado em pontos miúdos. Só sabe disso quem tem ou teve a sorte de ter ao menos uma avó adorada.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Ele estará entre nós!

Gente, nossos apelos histéricos foram atendidos: Alexandre Ribondi estará entre nós, cariocas, no próximo fim de semana!!! Reservem seu sábado à noite para ouvir as histórias capixabas desse quase-candango cidadão do mundo e do Oriente Médio (este sim, um mundo à parte). Nosso diretor social, Lucas França, em breve fará contato com as pessoas que normalmente não necessitariam pegar um avião para tomar uns tragos no Palaphita. Aguardem as coordenadas.
domingo, fevereiro 05, 2006
Música que-eu-queria-que-cantassem-pra-mim do dia
Espere por Mim, Morena
Composição: Gonzaguinha
Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena
Faz a saudade me apressar
Tire um sono na rede
Deixe a porta encostada
Que o vento da madrugada
Já me leva pra você
E antes de acontecer
O sol, a barra vir quebrar
Estarei nos seus braços
Para nunca mais voar
E nas noites de frio
Serei o teu cobertor
Quentarei teu corpo
Com meu calor
Ah! minha santa, te juro
Por Deus, nosso senhor
Nunca mais, minha morena
Vou fugir do teu amor
Café da manhã no Meridien

Eu tentei postar esta foto hoje de manhã pelo celular, via Flickr, porém algo aconteceu e a foto foi pro Flickr, mas não veio pro blog. Este café da manhã aqui registrado foi o jeitinho singelo que eu encontrei de dizer que a vida pode sempre ser mais bela e colorida, mais divertida e prazerosa se nós nos permitirmos, vez por outra, pequenas variações. Há mil e uma possibilidades nos espreitando, basta agarrar uma e seguir em frente.
Não, amigos queridos, não sumi porque estou namorando. Aliás, eu quero muito namorar, casar e ter filhos, mas quando isso acontecer, vocês ficarão sabendo aos pouquinhos. O Greg me garantiu que eu não passo dos 35 sem ter filhos. Isto me faz vislumbrar uma luz no fim do túnel, já que em 20 de julho eu me tornarei uma mulher de 34. Ou seja, pelas minha contas, se a profecia do Greg estiver mesmo certa (e se eu for mesmo sugestionável), eu estarei prenha até 20 de outubro de 2006! Ou, na pior das hipóteses, serei mãe no máximo às vésperas de completar 36.
Se você for homem e estiver assustado com essas minhas contas proféticas maternais, por favor, mantenha distância e deixe espaço pros que não se assustam com tanta facilidade. A mulher de 33 só quer saber do que pode dar certo e não tem tempo a perder.
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Valsando com a vida.
Ana Clara, adorei este texto que você me mandou por e-mail, mas, por princípios, não vou atribuí-lo ao Verissimo, já que rola muita fraude pra cima dele na internet.
Dez coisas que levei anos para aprender
Autor desconhecido
1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o
garçom, não pode ser uma boa pessoa.(Esta é muito
importante. Preste atenção. Nunca falha).
2. As pessoas que querem compartilhar as visões
religiosas delas com você, quase nunca querem que você
compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e
dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um
remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a
razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e
nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra
seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença
mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de
que um amador solitário construiu a Arca. Um grande
grupo de profissionais construiu o Titanic.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em
vão... que o AMOR existe, que vale a pena se doar às
amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu
sempre dei o melhor de mim... e que valeu à pena!!!
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
English class
Who?
- quantos caras eu já namorei;
- quantos caras eu amei de verdade;
- quantas viagens malucas (e quantas coisas eu vendi para isso) eu fiz por amor.
Coisas que eu não posso contar:
- quantas vezes eu achei ter encontrado o Cara;
- quantas vezes eu quebrei a cara;
- quantas vezes eu me enganei, buscando a felicidade no outro, e esquecendo que ela está em mim;
- quantas vezes eu entreguei todo o meu ouro pro bandido: com o tempo, aprendi com isso que eu sou uma romântica irrecuperável (ou seja, uma boboca); e que, quando o bandido foge, só me resta chorar bem baixinho (até secar alma de toda mágoa) e logo poder partir pra outra.