Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Refazenda

Ex-namorados que me trocaram por suas exs:
1) Beto (estudante de Agronomia da Rural, tocava "Refazenda" no violão pra mim; em 1992, já plantava tudo orgânico em seu quintal , até maconha; fez minha cabeça pra comer macrô, ser yogin, estudar homeopatia e amar a terra. A gente tinha um lance todo telúrico. Nos conhecemos quando ele me deu carona do campus pra Seropédica. Ficou doido por mim e terminou com a namorada de 4 anos pra namorar comigo; 3 meses depois, ele me chutou e voltou pra Marta, o que eu hoje acho que foi um perfeito ato de justiça divina. Só que doeu pra dedéu naquela época, eu podia jurar que ia morrer de coração partido);
2) Roberto (estudante de veterinária; como eu já tinha experiência em pé na bunda, caguei quando ele voltou pra ex. A fila andou em exatos 2 dias);
3) Madeira (marombeiro da minha academia de ginástica: tinha mil casos mal resolvidos e uma bicicleta de 5 milhões de dólares que ele pedalava todos os dias, impreterivelmente às 4h30 da manhã. Não sei exatamente pra quem ele voltou, mas caguei também);
4) Pessoa-cujo-nome-me-recuso-a-pronunciar (intelectual, jornalista e completamente maluco; roubei dele dois discos dos Novos Baianos como indenização por danos morais pelo pé na bunda inexplicável, já que a ex dele morava no cu de Buenos Aires, fuckity fuck!);
5) Newton (gatão de meia idade que voltou pra ex dois dias depois do Natal: quanto sofrimento! Natal é uma época foda pra quem está com um cara que tem ex mal resolvida ativa no pensamento);
6) Adam (israelense nova iorquino; no duro, a outra garota não era ex dele: ela só deu o azar de estar viajando quando eu morei em NYC; e eu, obviamente, estava inocente na parada);
7) Al (estudou comigo; tinha duas ex-mal resolvidas. Este nem conta, porque não chegamos a namorar.).
E vou parar por aqui. Bêbado adora uma baixaria, é impressionante...

A mulher de 33 e o alcoolismo (ou "A mulher de 33 e o gravador digital")


Depressão é o cacete! Nódulo nas cordas vocais é o escambau! Hoje eu acordei achando que ia descer ladeira abaixo na minha montanha russa emocional (ah, a ciclotimia!), dormi à tarde (coisa que eu só faço quando estou no fundo do poço da poça do poço) e, de repente, acordei dando uma banana pra tudo isso. Marquei de tomar umas tequilas com a minha chefe à noite e, 2 shots later, eu estava ótima.

Podem me fuzilar, mas de modo geral eu fico bem mais feliz quando bebo! O problema é beber (destilado) demais, que aí eu posso ter amnésia etílica. Já tive 3 episódios constrangedores. Chatão a amiga dizer no dia seguinte que adorou quando eu mandei não sei quem tomar naquele lugar, e eu não sei do quê a maluca está falando. Sendo que a maluca, aquela que faz a doida e esquece, sou eu.

Mas hoje eu tive um insight entre uma frozen marguerita e outra: vou passar a andar com um gravador digital no bolso. E vou começar a narrar minhas peripécias a partir da segunda dose: "Agora eu vou pra pista de dança. Carinha de barba mal feita tipo interessante às nove horas. Caraca, tenta não ficar empolgada demais, mas está tocando 'It's raining men'. Agora você dança de olhos bem fechados que nem uma chacrete alucinada e e finge que não está chovendo homem porra nenhuma". E por aí vai. Os agentes do FBI já usam wireless technology há séculos, então por que não eu? Vou gravar tudinho pra não esquecer de mais nada do dia seguinte.


O ser humano tem que ser adaptável. Não dá pra beber e dirigir: vende-se o carro. Não dá pra beber e esquecer: usa-se um gravador digital embutido no broche. Hoje em dia não dá mais pra se dispensar a memória em chip.

E assim a vida segue linda, apesar dos nódulos nas cordas vocais.

Almoço solitário para pensar na vida.

Enfim descobri o motivo da minha rouquidão: nódulo nas cordas vocais. Tô triste.

Mais do que a cama

Esta noite, dormi mais do que a cama. Fui almoçar ontem com um colega de trabalho que pediu picanha, e eu me controlei, me belisquei, me dei três chutinhos por debaixo da mesa pra não falar, mas acabei falando que virei vegetariana. Ovo-lacto, mas vegetariana. Ele riu da minha cara e fez aquilo que todos fazem com uma escrotinha como eu, que cisma em tocar nesse assunto à mesa: "E essa sandália aí? É de couro ou não é?" Eu sei que mereço a chacota - afinal não tinha nem 24h que eu tinha me tornado vegetariana e já estava tirando onda, mas isto e o bebê da Pampulha, os mortos da Penha, o suíço afogado em Ipanema, os ingleses assaltados, o temporal que assolou o domingo e minha melhor amiga que desligou o celular e não me ligou pra dizer se chegara bem à Tijuca... Ah, tudo isso (e mais um tanto) me deixou de ressaca emocional. Estou cerebralmente embotada, preciso de uma lobotomia urgente!

domingo, janeiro 29, 2006

Os nossos filhos.


Hoje eu fui a um churrasco inusitado em Campo Grande e encontrei um colega de faculdade que não via há muito tempo, o Cláudio. Ele estava lá com suas três mulheres: esposa, filha de 5 e bebê de 3 meses. Não sei o que me deu, mas ver aquele bebezinho me fez perder a voz. Tudo bem que eu já vinha rouca há uns dias, mas eu sempre me emociono profundamente com filhotes.

Na faculdade, quando vi pela primeira vez uma égua parindo no hospital veterinário, eu passei dias chorando só de lembrar do olhar arregalado da égua, do potrinho ficando de pé e da mãe, já serena, examinando-o. Eu estava justamente comendo carne quando lembrei dessa cena, e me ocorreu que a carne que eu estava comendo era do filhote (ainda que adulto) abatido de uma mãe que um dia arregalou os olhos ao parir, mas que logo ficou tranqüila ao ver-se acompanhada de seu bebê sadio. Olhando o sangue da carne no prato, perdi o apetite completamente. Quando eu fico assim, passo dias sem conseguir comer qualquer coisa dotada originalmente de olhos. E eu sempre espero que seja para sempre.

Passei longos minutos tirando fotos do bebê do Cláudio, me escondendo atrás da câmera e me controlando pra não chorar de emoção diante da perfeição da vida. O neném escondia o dedinho na boca, e a cada movimento de sua respiração forte, eu tinha ímpetos de pedir desculpas de joelhos a todas as vacas, porcas e frangas cujos filhotes eu já devorei.

De volta à casa, vi pela primeira vez na TV a cena que todos comentavam esta semana: a de um bebezinho humano sendo resgatado de um lago, dentro de um saco plástico preto. Estou tremendo e chorando até agora só de imaginar a loucura de uma mãe com coragem de vestir seu rebento como se fosse dia de festa e atirá-lo à água dentro de um saco plástico. Como pode existir gente que faça isso, enquanto a maioria das pessoas mataria e morreria para salvar um filhote de gente? O que eu não faria por um filho meu? O que eu não faria com quem ameaçasse um filho meu?

Estou muito triste e sem voz porque eu, que sou visceralmente uma mãe, que sinto que vim ao mundo especialmente para arregalar meus olhos ao parir meus rebentos e então ampará-los em meu colo e prometer-lhes que nada de mal jamais irá atingi-los, percebi toda a maldade do Homem. Não só a maldade que joga bebês al mare, mas também aquela que condena à morte os filhos que não são nossos.

Quase todo veterinário é pagodeiro.

Tem Betty Boop no samba.

Bruna Surfistinha

Acabei de descobrir a Bruna Surfistinha, a capa da Época desta semana. Quando pessoas me falavam dela, eu achava que fosse mais uma dessas paquitas, garotas do Caldeirão ou algo do gênero. Quando eu descobri que a moça era afiliada da DASPU, passei a prestar atenção. Não quero levantar polêmica moral, mas acho muito bacana gente que se assume. OK, muita gente boa diria que até o Beira-Mar se assume e não há mérito algum em assumir marginalidade, mas acho a prostituição ADULTA uma profissão altamente inofensiva à sociedade (só quem se prostitui pode ter algum ônus afetivo) - e sem essa de que não se paga IR! Imposto de renda é coisa de bunda mole, e puta de luxo geralmente é bunda dura.


Entrei no blog na moça, linkado neste título, e encontrei um ser humano. Muito legal esse bicho, ser humano: nenhum é igual ao outro.

O casamento no futuro, segundo a Martha Medeiros.

In http://www.prohealth.com.br/djop/imagens/traicao.jpg

"No futuro, as pessoas reavaliarão seu enfoque romântico: o “pra sempre” perderá a importância. Mais valerá uma relação curta e intensa, sem válvulas de escape, do que uma eterna, porém propensa a frustrações. As crianças serão educadas para amores provisórios, e não definitivos. Os filhos saberão desde cedo que o pai e a mãe provavelmente constituirão mais de uma família, com possibilidade de novos irmãos. Como já vem ocorrendo, nenhuma novidade até aqui. O problema é que esta fórmula ainda gera muito sofrimento, porque continuamos sendo educados para o “pra sempre” e cultivando uma culpa infinita, todos: tanto aqueles que se resignam como aqueles que se rebelam."

(Revista O Globo, 29/01/06)

Comentário histérico de uma mulher de 33 essencialmente monogâmica: ESTOU DEFASADA!!! PRECISO ME ADAPTAR URGENTEMENTE, SENÃO EU NÃO VOU CASAR NUNCA!!! (mas pensando bem, se você não pode vencê-l0s, junte-se a eles...)

Garota Super Poder Rosa


Eu sei, é feio o narcisismo, mas dá licença d'eu ter adorado meu corte de cabelo?!? Já estou até animada para emagrecer, pedalar, malhar 3 horas por dia, pôr um piercing no nariz, falar outras línguas, lutar krav-magá e fazer acrobacia aérea, enfim: meu cabelo despertou um outro personagem em mim. A mulher de 33 adormeceu: agora eu sou Garota Super Poder Rosa.

sábado, janeiro 28, 2006

Ei-lo: o corte de cabelo!


Ei-lo: o corte de cabelo!
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Tosada.

O que houve, meu amor, você cortou os seus cabelos?

"Foi a tesoura do desejo
Desejo mesmo de mudar"



Tosei geral. Falei pro Dudu: "Bicho, pira aí! Eu quero mudar de cara".

Não deu outra: fiquei a cara da Betty Boop.



sexta-feira, janeiro 27, 2006

Eu amo o meu trabalho.


Eu amo o meu trabalho.
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Men at work.

Tempos de Mozart

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A mulher de 33 e o esoterismo.


Toda mulher de 33 que se preze, tem de ter um guru. Pode ser um tarólogo, um ufólogo, um astrólogo ou mesmo – de preferência, inclusive – um professor gostoso de Yoga. Nesses 33 anos bem distribuídos de vida esotérica, eu só não tive um ufólogo (embora tenha tentado muitas vezes ser abduzida por seres estranhos terrestres).

Hoje eu fui ao Greg, meu tarólogo, que é cigano até na altivez do molejo flamenco. É bom fazer aqui um adendo: a mulher de 33 não acredita em tarô, astrologia, magia, nada disso, mas como não está fácil pra ninguém, ela consulta (embora não acredite) o tarô, as urnas, os búzios e os astros regularmente, quase que por distração, só pra ver se as coisas batem, sabe? Se o mapa bate com o tarô, que bate com as urnas, que bate com o meu santo, que bate com o que eu quero e sei... só pra saber se eu REALMENTE sei aquilo que eu quero, e se o que eu quero e sei tem algum tipo de endosso místico, tipo um aval da Cigana Sarah Shiva ou uma benção do meu orixá. A mulher de 33 é uma mera observadora crítica do Mistério e adora repetir, como se fosse da boca pra fora, que “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!”

Pois o Greg me garantiu, depois de abrir três baralhos diferentes, que 2006 será um ano foda para mim, uma vez que está sendo regido pela carta da Imperatriz, mulher bonita, garbosa e tesuda que faz e acontece. Pelo visto, vai chover muito na minha horta. E quanto à insistente pergunta objetiva que eu sempre faço ao tarô (“EU VOU ME CASAR, PORRA?!?”), o Greg fez cara de Buda e disse que eu vou, sim, mas eu preciso ter muita calma nessa hora, que ainda não será em 2006.

Ou seja: só me resta relaxar e cair na vida por mais um ano. Eu não tenho culpa se o tarô é a minha melhor desculpa pra ser assim, tão solteira no Rio de Janeiro. Solteira, vejam bem, mas não necessariamente disponível. A mulher de 33, por definição e classe, não dá ousadia pra mané.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

No Circo Voador


No Circo Voador
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Ma y Va

Desculpas esfarrapadas: "Lígia"


Desculpas esfarrapadas: "Lígia"
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"Eu jamais poderia casar com você. Fatalmente eu iria sofrer tanta dor pra no fim te perder."

terça-feira, janeiro 24, 2006

Sempre fui amorosa.




1970 e pouco.
Eu e Ilton Hemetério, meu irmão mais velho, vivendo uma cena cotidiana de idílio familiar: eu, como a então caçula (portanto a favorita de todos); ele, como meu escravinho dedicado que, entre outras coisas bacanas, girava com a espada o móbile de meu berço pr'eu gargalhar. Quando eu aprendi a falar o nome dele, passei a gargalhar sozinha. Ele, por sua vez, se ria ao me chamar de Badeta na Palhinha. Explico: é que eu fui o menino Jesus no Presépio de Natal da creche dele; então, quando o cara me viu ali interpretando meu primeiro papel, na maior concentração, começou a gritar: "Mãe, ói a Badeta na palhinha!" Apesar da intermissão, eu fiz o maior sucesso naquele dia. Depois eu tive de explicar umas coisas pro me'rmão sobre o teatro e o silêncio, mas o cara aprendia rápido. Fazíamos uma dupla fantástica, como Garfiled e Odie. Tudo era perfeito em nossas vidas.


Até nascer outra caçula.


Ilton já tinha experiência em superação, mas eu, por todo o sucesso que eu fiz e por todo amor que eu tinha pelo meu público, levei mais de 20 anos para superar. Vocês, que são filhos únicos, não sabem como é duro perder o colo da mãe prum bebê qualquer. Hoje, eu acho bebê uma coisa linda, mas na época eu não conseguia entender o que minha mãe via naquela merdeca careca e banguela que não sabia fazer nada além de gargalhar (e eu juro que não fui em quem destruiu o móbile do berço da Samantha!). Mas os anos se passaram e, depois que eu parei de arrancar sistematicamente os cabelinhos de minha irmãzinha, ela cresceu e se tornou uma moça bonita.


A minha irmã é a da esquerda (não me confundir com o primata de pelúcia do meio).



Agora o Ilton mora em Salvador, a Sam em Nova York... eu, aqui, largada, no Rio... sem ninguém pra implicar, pra contar pra mamãe... pra fazer cafuné na orelha e dormir abraçada... ninguém pra pentear o meu cabelo... nem pra dizer que vai dar porrada nos caras que me trocam por outra... nenhuma irmã pra me tocar violão fazendo uma acorde por hora e dizendo "peraí, tá louca, peraí!"...

Eu amo os meus irmãos, mas é pela minha irmãzinha Sam que meu coração bate mais acelerado. Afinal, ela é a caçula, e os caçulas sempre fazem mais merda que os mais filhos velhos e os sanduíches. Sam, eu te amo. Deixa de ser mala e me manda fotos!

"Sister, you been on my mind
Oh, sister
We're two of a kind
Soul sister I'm keeping my eyes on you
I betcha you think I don't know nothing
But singing the blues
Oh, sister
Have I gotta news for you
I'm something
And I guess you know that you're something too"

(Miss Cellie's Blues - The Color Purple)

Dançando para não dançar


Dançando para não dançar
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Aula de Forró I no Carlinhos de Jesus.

Fiz uma aula sample com o Paulo César e adorei. É o único lugar no planeta Terra onde há mais homens que mulheres e eles, ainda por cima, nos chamam de *damas*.

A mulher de 33 repensa sua orientação sexual.



Fazendo um balanço bastante realista de sua vida razoavelmente esclarecida, a mulher de 33 começa a desconfiar que sua orientação sexual, aquela que praticamente a obrigaram a escolher tão ou mais cedo que o curso universitário, pode ter sido uma escolha equivocada.


É sabido que o vestibular obriga o adolescente a fazer uma opção de carreira precoce, da qual muitos se arrependem. Eu, por exemplo, na impossibilidade de decidir o que queria, fiz vestibular para Veterinária e Psicologia; para minha desgraça, dúvida existencial e horror, eu passei nas duas provas. Acabei parando na Rural depois de ter me consultado com uma astróloga e taróloga que tinha 5 cachorros, 2 jabutis e 3 gatos; nem preciso dizer que ela achou veterinária a minha cara e foi longo desfilando uma mar de trígonos de rosas pelo meu ciclo solar estrelado, com bons presságios que nunca ocorreram, pelo menos não como essa vaca doida antecipou. Detesto cuspir sobre o diploma emoldurado, mas se eu tivesse ouvido meu saudoso professor de português, e não uma maluca de cabelo vermelho que atende pela alcunha de Madame qualquer coisa, eu hoje poderia ser uma Paula Coelha - ou seja, uma fraude tal qual eu sou como veterinária, mas pelo menos uma fraude muito mais rica.


Isto tudo me faz pensar que, se minha vida adulta começou assim tão equivocada, talvez eu devesse ter optado por ser gay lá no início. Se o Marcelo Capivara nunca tivesse enfiado a língua na minha goela naquele fatídico baile de carnaval de 1986, eu talvez tivesse me encantado por alguma odalisca solitária que fora ao baile do Atlético Clube de Miguel Pereira obrigada por sua família (pra arrumar um namoradinho, boba) naquele mesmo dia. E nós teríamos nos unido contra nossas famílias patéticas e teríamos sido namoradas em segredo até o ingresso na universidade, quando nossas vidas tomariam rumos diferentes (ela faria Engenharia, e eu Comunicação). E já na ECO, eu logo me apaixonaria por uma professora 20 anos mais velha, que me seduziria com suas histórias do exílio em Paris, e com quem eu só faria amor em francês e estaria casada até hoje, não fosse ela ter morrido de câncer, já que fumava que nem uma chaminé.


Ou seja, se eu tivesse optado por ser gay lááááá atrás, minha vida afetiva teria sido muito mais simples, com muito menos sobressaltos. Mesmo relevadas nossas alterações hormonais, mulheres são mais estáveis afetivamente que os homens. Mulheres, a despeito do que o puto do Sigmundo disse, SABEM O QUE QUEREM E SABEM A QUE VIERAM. E a gente não quer diamante, não! A gente não quer vista pro mar nem carro do ano, não, seus cegos! A gente quer toque, quer troca; a gente exige conteúdo, mas não abre mão de gentiliza, carinho, sinceridade, poesia, amor e amizade. E já que eu estou falando de quesitos intangíveis mesmo, a gente gostaria que vocês, bobões, estudassem só um pouquinho o modus operandi do Vinicius de Moraes.


Não sei se vou virar a casaca a esta altura do campeonato, mas também não estou bem segura de que eu ainda tenho fé no macho de nossa espécie. Tenho a incômoda sensação de que o próximo cara por quem eu me apaixonar me dirá, depois de 30 dias intensamente maravilhosos de amor, que tem uma ex-namorada pra quem ele tem de voltar correndo, senão a coitadinha corta os pulsos.


Se isso voltar a acontecer, bicho... eu tasco um piercing na língua e vou correndo me matricular num curso de paraquedismo para moças. É burrice demais limitar a busca da minha cara metade a um universo que hoje em dia nem chega a 50% da população mundial.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Música alegrinha de recuperação pós-traumática do dia

Jussara e nossas bikes na ciclovia de Ipanema

Pela Ciclovia
Leila Pinheiro
Composição: Marcos Valle - Jorge Vercilo

Ouça em: http://radio.terra.com.br/busca/musicas.php?musica=Pela%20Ciclovia

Tarde cinza é não te ver
Oceano, te olhar
Sudoeste quer dizer
Chuva de vento no mar

Onde anda o meu viver
Quero vê-lo voltar
De mãos dadas com você
Na beirinha do mar

Só ele sabe
A natureza espontânea e saudável do seu gostar
Me tirou pra dançar com a própria vida
O que pode fazer esse conviver

Toma e opera milagres
Sem mais, transforma
O deserto em oásis
Por vezes até parece miragem olhar você
Tarde cinza é não te ver...

Só ele sabe
Ah, não te ver na praia me desnorteia
Essa orla tão clara toda essa areia
Parece um saara a me castigar

Ah, essa mente aérea recria o mar
Escorrendo em sua pele
A onda quebra, meu sonho se fere
E me faz voltar

Vai amanhecendo pela ciclovia
Ver você correndo, a vida se irradia
O leme, o lido, a barra, o sábado inteiro
O sol estende o seu tapete-luz só pra você passar

Mítica manhã dos pescadores
Salva-vidas, futevôlei
A bola pega alguém lá no tai chi chuan
É como um balé à beira-mar
Olha a bandeira do quiosque é um arco-íris


domingo, janeiro 22, 2006

Na ciclovia da orla sul...


Na ciclovia da orla sul...
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Ju y yo no mirante do Leblon

Eu quero a minha mãe.




Tô carente e precisando muito dum colinho, mas minha mãe está em São Paulo. Pra piorar, meu maior bichinho de pelúcia é um gato magrelo que mal abraça minha mão. Quero meus peludos! Esta noite tive de dormir com 6 travesseiros, abajur e música suave.

Será que a gente nunca cresce?

Meu último sábado à noite com carro.

Última caipirinha de tangerina na madrugada do Palaphita. Permissões que só um carro...

sábado, janeiro 21, 2006

Música de fossa (ou bossa) do dia


How Insensitive
Composição: Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes / Norman Gimbel


How insensitive
Imust have seemed
When she told me that she loved me
How unmoved and cold
I must have seemed
When she told me so sincerely

Why she must have asked
Did I just turn and stare in icy silence
What was I to say
What can you say
When a love affair is over

Now she's gone away
And I'm alone
With a memory of her last look
Vague and drawn and sad
I see it still
All her heartbreak in that last look
How she must have asked
Could I just turn and stare in icy silence
What was I to do
What can one do
When a love affair is over

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Música de fossa do dia


A Sua
Marisa Monte


Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que eu te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz

Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas, te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
Eu só quero que você caiba
No meu colo
Porque eu te adoro cada vez mais

Eu só quero que você siga
Para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás
Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas, te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Mas, te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
E que eu te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem

Navegar é preciso.


Pela primeira vez em tempos, entrei na página de controle de visitas do meu blog e descobri que, somente hoje, este quartinho de bagunça recebeu visitas de pessoas da Alemanha (EI, MONIQUINHA!!!), Estados Unidos, Bósnia (!!!), Hong Kong e Malásia. Imagino que a maioria deva ter entrado aqui via palavra-chave equivocada no Google, provavelmente atrás de uma erva medicinal amazônica que cura da unha encravada ao câncer (tipo assim, uma "VanErv"). Eu fico imaginando a cara de decepção do pessoal de Hong Kong ao não encontrar aqui nem a tal da vanErv, nem a Garota de Ipanema (em se tratando de um blog local).

Esse lance me fez sentir na própria pele como a internet transformou o mundo em uma pequena aldeia global. Ao mesmo tempo em que isto é fascinante - porque estamos todos interligados e somos todos responsáveis uns pelos outros -, é também um pouco assustador: não podemos desprezar a informação, mas sabe-se que cada um a processa de acordo com sua própria índole. E há índoles de todos os tipos entre os seres humanos.

Conjecturas paranóicas à parte, gostaria de dizer, sabendo agora que tenho leitores acidentais ou não no mundo inteiro (ha ha ha), que não acharei nada estranho se um dia o Fantástico anunciar que a nova onda na Ásia (sem trocadilhos, por favor!) é pintar a bicicleta de rosa.

Aliás, rosa fica super lindo com amarelo. Sabendo combinar, não vai falhar.

A mulher de 33 e sua bicicleta cor-de-rosa

Porque minha bike passou anos numa garagem de frente pro mar, eu quase a perdi pro ferrugem. O ferrugem é a causa número um dos óbitos de bicicleta no mundo inteiro. Desesperada de medo de perder minha amiga, levei-a a uma oficina conhecida de Botafogo, onde me sugeriram que eu comprasse outra, que aquela ali era caso perdido. Ponderei que minha bike tinha valor estimativo, então fizemos uma lista, o homem insensível e eu, das coisas que eu precisaria trocar nela. Troquei praticamente tudo, menos o quadro de alumínio e os pneus com aro de aço inox. O quadro de alumínio, a propósito, parecia cagado por biguá: é que o verniz da pintura, segundo o cientista da loja, também enferruja. Aí, já que eu ia trocar tudo mesmo, pedi: "troca a cor também". Escolhi um tom bem chamativo de rosa, que é uma cor mais a minha cara - e menos a cara dos pivetes roubadores de bike - que prata.

Foi com um aperto no peito que eu a deixei na oficina assim:



Pois bem: minha bicicleta ficou na oficina, sabe-se lá suja do quê e armazenada sabe-se lá em que muquifo, por dois meses! Passou o Natal fora de casa! E o reveillon! A desculpa é que a pintura só poderia ser feita num domingo de sol, e depois do segundo domingo de sol sem o serviço pronto, eu tive de fazer a louca e usar a palavra PROCON pra que esses sequestradores me devolvessem a magrela.

E ela chegou, toda-toda:



Hoje eu vou pegar a magrela e dar umas voltas por aí. E a vida segue cor-de-rosa.

Não há nada que uma boa brisa do mar no rosto não atenue.

Chega de nhenhenhém!


Uma querida amiga, queixando-se das situações vexatórias que ela faz seu namorado passar nos duros dias de TPM alastrante, deixou-me em estado de alerta com a seguinte filosofada:

"Mulheres são chatas e homens são bobos."



Fiquei boquiaberta. Caraca, se mulheres são chatas e eu sou mulher... logo, eu sou chata! OK, tudo bem "chata", mas como assim: "chata"?!? O que vem a ser isso? Fica chato perguntar?


O Oswaldo tentou definir o chato, mas não sendo ele uma pessoa "de fora" (ha ha ha), nada ficou esclarecido. Eu, mesmo não sendo uma pessoa isenta, posto que sou mulher (e vai que minha amiga tenha razão!), acho que melhor se define o chato como aquele que enche o saco dos outros com nhenhenhém.


Fiz uma varredura em minha vida em busca de chatices em potencial: amores impossíveis, amores não correspondidos, prazos de trabalhos e verbalização de pobreza (tudo bem ser pobre, o que não dá é ficar de "nhenhenhém, sou pobre"). Não vou mais tocar nesses assuntos. Decidi que não vou (mais?) ser chata. Eu tenho uma bicicleta, caceta, não preciso ser chata!!!

(Aliás, eu acho super chato isso de alguém dizer uma coisa sem sentido como se fizesse o maior sentido do mundo).

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Tudo passa na vida.


Tudo passa na vida.
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A gente está aqui só de passagem.

To whom it may concern


Prezado Sr. O Cara,

Venho por meio destas tortas linhas que mal fazem um quatro - aproveitando meu estado etílico de sinceridade, languidez e depressão alastrante - dizer nada mais, nada menos que eu estou perdidamente apaixonada por você. Aliás, é exatamente por isso que eu estou tão devastada. E tão infinitamente arrasada (esta é a deixa pra você sentir um remorso tremendo e derramar uma lágrima por mim) .

Seria tudo mais fácil se você fosse banal. Mas não: é bonito e desengonçado; inteligente e divertido; sexy e de óculos; malandro e desafinado; gentil e carinhoso; e pra piorar, Cara, você gosta de mulher. Não é como aqueles mexilhões sarados que encaram a fêmea como uma concavidade ambulante ou um acessório peniano luxuoso.

Minha religião não permite que eu sofra demais por uma pessoa só, então considere este texto um epílogo bem epilogado da minha auto-comiseração. Amanhã, quando este cabernet já tiver saído do meu sistema, eu farei spinning, irei trabalhar, terei duas reuniões importantes, pintarei as unhas de café e sairei de casa sem hora pra voltar. Te acho um lindo e respeito pra caramba a tua decisão (de me deixar de banda e voltar pra ex) mas, se eu fosse você, de verdade, assim, na sinceridade mesmo, eu ficava comigo.

Desculpa. Falei. O pior que pode acontecer é você me achar engraçada. Eu também me acho muito engraçada, menos quando estou sofrendo pra cacete por causa da mesma história nove vezes.

E não esqueça: se sair, é meu.

bjs,

VanOr

terça-feira, janeiro 17, 2006

Três mocinhas elegantes.


Três mocinhas elegantes.
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Bee, Little-Bird & Kitty Cat

É o começo do fim!!!


É o começo do fim!!!
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A Ibeas, melhor academia do Rio (porque é a minha) vai virar Argh!Body Tech. Só descendo o Krav Magá nesse mafioso do Accy!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Tudo Novo de Novo



Foto: Tom Taborda

Letra e Música: Moska

Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou

E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou

Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

O Mito do Eterno Retorno pela mulher de 33


Neste fim de semana, eu fui novamente vítima do eterno retorno. Não sou coisa alguma pra falar de filosofia, mas o Eterno Retorno é uma teoria fantasmagórica descrita por Nietzsche em "Assim falou Zarathustra", pela qual tudo se repete da mesma forma tal qual um dia a eperimentamos, e que a própria repetição repete-se ad nauseum, o que faz muita gente boa - eu, por exemplo - pensar "QUE MERDA ESTOU FAZENDO AQUI ENTÃO, PÔ?!. O Eterno Retorno, mesmo assim, de raspão, é uma coisa angustiante. Segundo o próprio Nietzsche, é o mais pesado dos fardos. Tão pesado, que Milan Kundera brincou de peso e leveza com isso, mas isto já é assunto pra outro post.

Pois o Sol se põe todos os dias. E raia todos os dias. Pessoas nascem todos os dias. E morrem todos os dias. Bolhas de vapor surgem na superfície da água fervente da chaleira e somem, sendo logo substituídas por outras - e no geral, ninguém repara a diferença. Com as pessoas seria assim: você chega na recepção de uma firma e vê que a mocinha do atendimento não é mais aquelazinha loura, o que houve com ela?, morreu, ah bem, o Dr. Fulano se encontra? E a vida segue igualzinha, a despeito da morte da mocinha do tailler marinho e maquiagem azulmente cafona ora utilizados pela morena que lhe tomou o lugar.

Só o amor nos tornaria únicos. Mas como, se - não obstante a etnia, classe social ou econômica - somos todos iguais no jeito de amar? Todos temos medo da entrega, da queda, da falta, do excesso, da perda do passado, da perda da promessa... medo, medo, medo, desamparo e medo. Os medos são tão parecidos que me fazem odiar Nietzsche por pensar que ele talvez possa ter acertado quando disse que tudo na vida se repete. Que graça há nisso?

Pois seguindo essa premissa hedionda, eis que eu, pela enésima vez na vida, conheci O Cara. É, o Cara. Sem entrar em minuciosos detalhes, ele tinha tudo que eu acho importante num par perfeito. E o mais importante, por mais que eu nunca tenha listado ou definido bem o que é importante num par, é que ele me fazia rir, cantar, suar e suspirar.

Contudo, quando a esmola é gorda demais, o santo desconfia. Investiga daqui, observa pupila dilatando dali (é incrível como elas dilatam quando a gente mente!), surge a revelação de que O Cara tinha namorada. Pior: uma ex-namorada, o que é ainda mais difícil de contornar que a viuvez: a ex-namorada sempre dá um jeito de ressurgir das cinzas, como um Phoenix indolente. E não deu outra. Eterno retorno. É a nona vez que isso me acontece. Se eu não fosse uma pessoa realmente cabeça dura, obstinada e otimista, eu já teria feito uma histerectomia e uma pulsectomia (com o perdão do neologismo médico) pra tentar controlar minha histeria pós-traumática. Gente: nove vezes! Talvez eu deva tatuar na testa: "SE VOCÊ TEM UMA EX-NAMORADA MAL RESOLVIDA, MANTENHA DISTÂNCIA!" Eu sou uma pessoa super temente a Deus e à lei dos homens, mas juro que o décimo caso vai ser crime passional. O Eterno Retorno ainda vai me levar à primeira página, algemada e com cara de "fiz e faria de novo".

Tudo bem que eu tenho ficado cada vez menos histérica quando isso (de o Cara voltar pra ex-namorada) acontece. "Não era pra ser.", diz a moça da peça "Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou". Esse mantra me consola. Eu até choro, mas choro bem pouco. Pelo menos na frente do cara. É no carro, indo embora rumo ao desconhecido, ouvindo o Moska cantar o hino do Eterno Retorno ("Tudo novo de novo"), que eu desabo, tenho febre, perco a voz e a vontade de comer. 24 horas de sofrimento intenso terminal. Até que no dia seguinte tudo volta ao normal: ufa, o eterno retorno! Me arranco da cama pra ir ao barzinho do Arpoador às 16h, onde ameaço um garçom pra ele conseguir uma mesa grande no calçadão pros meus amigos, e fico ali, cercada deles, como se fosse eu uma ilha de felicidade, até o sol se pôr atrás dos Dois Irmãos.

Por tudo de bom que se repete; por tudo de bom que não volta jamais; por tudo de ruim que se repete e me faz valorizar os eventos bons que infelizmente se provam únicos: obrigada, Eterno Retorno. Estou começando a te entender: é importante praticar, né? Tô começando a sacar esse puto do Nietzsche.

domingo, janeiro 15, 2006

Sem palavras.


Sem palavras.
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É, é foda mesmo.

Multimedia message


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É, eu amo.

No Arpex


No Arpex
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Felicidade.

No Arpex


No Arpex
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Tom Taborda

sábado, janeiro 14, 2006

Por isso eu corro demais.


Por isso eu corro demais.
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Rocinha

Por onde andei?


Por Onde Andei
Nando Reis

Desculpe estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado e eu entendo

As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias até pr'uma criança

Por onde andei enquanto você me procurava
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava

Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança

Que a vida é mesmo coisa muito frágil
Uma bobagem uma irrelevância
Diante da eternidade do amor de quem se ama

Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada

E o que eu deixei algumas roupas penduradas
Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava

"O mundo dá tantas voltas...", disse ela, riscando o chão com a ponta dos pés, "só espero que ele passe de novo por essa história." E lá do fundo de seu peito, ouviu-se um gemido sentido: era o batimento solidário de seu coração dizendo:"Güenta, minha véia, nossa hora há de chegar". E seguiram estropiados, cabisbaixos e abraçados - ela e seu coração - rumo ao desconhecido.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Fim do detox: nem deu 7 dias...


Fim do detox: nem deu 7 dias...
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Já chega!

Muito romântica.


Muito romântica.
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Eu vejo flores em você.

Bom finde!


Bom finde!
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Guarda Bello na função.

Parlaê, meu Poetinha.

A hora íntima
Vinicius de Moraes


Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: – Nunca fez mal...
Quem, bêbedo, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: – Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: – Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançará um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: – Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: – Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Heart needs a home


Não quero parecer piegas, mas hoje foi um dia especialmente romântico, não só para mim, como também pra muita gente boa que eu conheço. Prova disso é que até no
Blog da Cora Rónai, um post com a fotografia de dois latões de lixo - um verde, outro laranja - sob o título "Casal", disseminou suspiros enamorados.

Quem passa a vida como eu, pulando tresloucadamente de paixão em paixão - às vezes voltando rapidinho numa ou noutra mal resolvida pra ver se é isso mesmo, se caput, finito, bau-bau -, num dado momento atinge um estado quase terminal de fadiga romântica. Parece coisa grave, mas eu digo de cadeira que esse tipo de canseira é efêmera: dura não mais que 72 horas. Mas são 72h intensas, nas quais todos os amigos são alardeados com a bombástica notícia de que:
Hoje eu trago apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor

Tudo mentira, é claro.

Meu coração, coitado, está todo roto e amarfanhado dos altos e baixos dessa montanha russa emocional. Ainda fico impressionada com o fôlego desse músculo estriado que não desanima: cai, sacode a poeira e dá a volta por cima. Porém há dias, como hoje, em que ele faz que vai parar de bater à simples visão de um casal de namorados perdidos no colo um do outro. Eu me preocupo com o pobrezinho, me lhe escapam as palavras de conforto e eu, num misto de fé e auto-comiseração, murmuro pra dentro (pra ele, meu coração): "Güenta firme, meu véio, nossa hora há de chegar." E seguimos nós dois - rotos, remendados, um olho vazado e mancando das duas pernas -, rumo ao desconhecido.

O amor, esse velho desconhecido. O amor, minha pátria e meu lar.

Deus ajuda quem cedo madruga.


Deus ajuda quem cedo madruga.
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A vista da minha janela às 6 da manhã parece o "Trem das cores" do Caetano. Tem dias em que eu choro de alegria pelo simples fato de ter olhos funcionais.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Bye-bye, amígdalas, bye-bye.

Descobri ontem que não é a intoxicação que tem deixado minha voz patologicamente rouca: são as amígdalas cronicamente inflamadas (além de uma esofagite). Ontem meu doutor da voz, o Bam-bam-bam do Bairro Peixoto Marcos Sarvat, bateu o martelo: as amígdalas saem!

Passei a infância inteira trocando de pediatra, pois a cada vez que um maluco dizia "Mãe, ela tem que operar as amígdalas", a mãe dava-lhe uma banana e procurava um médico preservacionista. Agora, décadas depois, parece que não há mais lugar para amígdalas em minha vida.

O médico citou como vantagens da cirurgia o retorno da minha voz à normalidade e o fim das dores de ouvido; como desvantagem, disse que eu provavelmente emagreceria um pouco porque passaria uns 10 dias sem conseguir comer direito. Acho que me opero amanhã!

terça-feira, janeiro 10, 2006

Quando a neura é salutar.



Moniquinha R, essa é pra você, que não se conforma:

Dia desses um amigo ficou tão revoltado com meus planos de emagrecimento que mandou essa: "Pô, se você não gosta da sua bunda, dá pros outros!". O engraçadinho é contra a extinção da bunda, eu não. Aliás, a brasileira padrão que já morou e teve de comprar roupas nos EUA ou Europa sabe bem que o mundo não prevê espaço para a bunda. A bunda é uma entidade excedente, um penetra na festa, a água no feijão. Mas independente do tamanho da jaca, eu nunca deixei de me sentir atraente por causa dos 8 kg a mais. Acho até uma coisa kinky, meio pervertida, isso de ter 8 kg a mais. Acontece que eu resolvi que quero voltar a ser, entende?, magra. Sem grilos: minha auto-estima anda em dia. Uma mulher incrivelmente inteligente me disse que se um cara não me quiser por causa do peso ou de celulite, só há duas hipóteses: ou ele é brocha, ou é viado. Esse mantra me consola e a vida segue linda, apesar da falta de café.

Cafeinômaca

Já estou fazendo detox há 26h. Levei 3 horas pra conseguir acordar sem minha cafeína matinal. Na hora do almoço, enquanto todo mundo fechava a refeição com um cafezinho de ouro, eu tive um delirius tremens e quase desmaiei com a intangibilidade do aroma. Resisti bravamente e não compensei a falta de café com um mousse de chocolate. Estou de parabéns! Faltam 6 dias pra eu voltar a tomar café, e daqui a 6 dias eu vou encher a cara de café, não quero nem saber! Vou à Travessa e vou pedir de uma só vez um capuccino, um espresso e um pingado batidos num copo de milk shake com uma bola de sorvete de café. Fico agitada só de pensar: 6 dias. Estou quase lá.
Hoje tomei 5 litros d'água pra ajudar meu organismo a se livrar das toxinas. Eu me senti um carro-pipa. Passei o dia que nem um zumbi fazedor de xixi. Primeira lição do detox: água demais tira a fome: não consegui fazer as 5 refeições. Chutada de balde, mas amanhã eu melhoro esses números.

domingo, janeiro 08, 2006

Eu não estou gorda, estou intoxicada!


Saltei da cama hoje, depois de duas longas horas de sono, animadíssima com uma epifania que tive: eu não estou gorda, estou apenas intoxicada. Desses 58.3kg bem pesados, provavelmente 5kg devem ser só de retenção de líquido, coisa de intoxicação mesmo! Ou seja: eu preciso entrar num programa sério de desintoxicação para perder peso mais rapidamente.


Catei dicas no Google de DETOX, que é como os americanos chamam a desintoxicação, forçando uma intimidade nada a ver. Aliás, americano tem mania de intoxicação, e por isso eles têm estatísticas incríveis sobre toxinas, radicais livres e a relação deles com o fim da humanidade, tudo muito científico e com um layout maneiro, que é pra ajudar a vender aqueles livros, sucos, sopas, cremes e suplementos caréssimos que 11 em cada 10 nova-iorquinos consomem religiosamente. Por puro medo do fim. Gente sem religião sempre pode apelar pra desintoxicação quando a barra pesa.


Eu vou me desintoxicar à minha maneira, que é, antes de ser boa ou ruim, uma maneira dura. Brasileiramente dura e criativa. Compilei algumas dicas (muitas se repetem) e criei o Programa Vanessa Ornella de desintoxicação-espada em 7 dias. Nele, eu basicamente terei que dormir mais, tomar vários litros de água e comer uma gama muito restrita de alimentos crus, o que exclui quase tudo o que tem sabor, cinco vezes por dia. Os frufrus do meu programa ficam por conta de uma rotina de cuidados com o corpo e a pele, que eu certamente não vou ter tempo de fazer. Pra me ajudar a fazer 5 refeições por dia, vou andar pra cima e pra baixo com uma sopa na garrafa térmica.


Aqui a receita da tal sopa que eu sempre uso quando entro numa de detox:
  • 1/2 aipo;
  • 2 cebolas;
  • 2 cenouras;
  • 4 tomates;
  • 1/2 acelga;
  • 1 pimentão;
  • 1/2 xícara de shoyo.

Como fazer: enfie tudo isso mais ou menos picado numa panela com água até amolecer a cenoura e voi lá: se vira pra comer. Não vale botar sal!

Tem zero caloria, mas é uma merda. Não recomendo pra ninguém.


Estou animadíssima pra começar meu programa na segunda. Hoje não rolou porque meu pai fritou um peixe... minha mãe abriu um vinho espanhol pra acompanhar... e a gente encontrou a torta de chocolate do Natal que algum esperto guardou no freezer. Mas daqui a duas segundas, serei uma nova mulher: linda, magra, limpa e desintoxicada!

Olhos falantes

Meu pai, que é um gênio, teve a brilhante sacação de apelidar alguns olhares famosos em nossa família. Vou aqui exibir alguns deles (e mais umas criações de última hora):


Radija e seu olhar "não-sei-o-que-é-mas-eu-quero-dois".



Povo Brasileiro interpretando seu melhor olhar "E-lá-se-vai-o-velho-lastro-ouro".



Dois olhares na mesma foto: Meu pai ostenta o já extinto "pegue-quanto-você-quiser-na-minha-carteira" (bons tempos...); minha mãe exibe o clássico "eu-amo-meu-marido-mas-um-bom-vinho-é-tudo-num-casamento-feliz".



Radija fazendo chantagem, no fim de mais um final de semana idílico em Miguel Pereira, com seu olhar "eu-já-sei-que-você-está-indo-só-espero-estar-viva-quando-você-voltar".

sábado, janeiro 07, 2006

Quando o cansaço derrota uma criatura.


Estou com medo de entrar em extinção: não tenho mais forças nem para sair da cama. E voz? Não tenho mais voz nem mesmo pra jogar conversa fora. Estou um bagaço completo. Arrumei umas olheiras. Começo a duvidar da minha capacidade de voltar a levar uma vidinha saudável, do tipo "bom é não fumar, beber só pelo paladar". Preciso de desintoxicação na veia! Talvez eu também precise de uma cirurgia de redução de estômago para perder 6kg, porque qualquer coisa que eu faça sob anestesia será mais fácil que essa trabalheira toda de acordar cedo, trepar numa bicicleta que não sai do lugar ao som de U2 e fingir que estou subindo o Sumaré às 7h da manhã. It's a beautiful day my ass! Tudo parece fácil pra quem tem 10% de gordura corporal.

O último livro do Saramago que chegou às minhas mãos continua não lido (também, tendo a morte como tema, não era este mesmo o melhor momento). Não li as previsões astrológicas pro meu signo, meu signo ascendente e meu signo lunar em 2006. Não marquei consulta com o puto do tarólogo que tinha me garantido que eu encontraria o pai dos meus filhos no início de 2006 (o tempo está passando, já estamos no dia 07 de janeiro, e até agora, nada!). Não fiz a sopa milagrosa da Adriane Galisteu, que faz uma mulher perder até 5kg em uma semana. Enfim, eu não estou de parabéns. Estou muito preguiçosa, e se tem uma coisa que me revolta é a preguiça.

Estou também com um pouquinho de raiva do futuro pai dos meus filhos, que deve ser um preguiçoso de marca maior, dado o baixíssimo empenho dele em me encontrar. Pensando assim, deve ter sido por isso que os dinossauros entraram em extinção: cada um na sua, ninguém tem filho, aí quando se vê, pimba: é o fim de uma espécie interessante.