Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

segunda-feira, abril 30, 2007

Alguns gatos são ridículos...


Thats my Tiger
Originally uploaded by sansespiral.



Este é o gato do Jacob, Luno. Ele passou horas brincando com um ratinho antes de decidir se ia comê-lo ou não. Comeu. Quando eu perguntei pro Jacob, às lágrimas, se o rato sofreu muito, ele descreveu com requintes de crueldade o creptar dos ossos do rato, o barulho que os olhinhos fizeram quando lhe saltaram das órbitas, os guinchos que o pobrezinho dava enquanto morria, e eu nunca gritei tanto no Skype em toda a minha vida.

Alguns donos de gatos também são mais ridículos que outros. (Foto: Thats my Tiger, do Flickr do Jacob)

domingo, abril 29, 2007

Briga de cachorro grande.

Hoje o Clube dos Ridículos sofreu um violento atentado: Black e eu fomos mordidos por um American Staffordshire que já estava de olho na gente há um tempão. O brigão conseguiu se soltar do dono e partiu pra dentro do meu afilhado. Só porque ele é negão, grandão e, convenhamos, bem-dotado (não sejam maldosos: eu tenho um olhar absolutamente clínico pra essas coisas, o que é normal prum ser humano ridículo que estudou anatomia comparada dos animais domésticos). Porque eu e o Black somos ridículos, a gente demorou a reagir. Niki a gente demorou, o Tiranossauro Rex pulou na garganta do Ilustríssimo Senhor Presidente do Clube dos Ridículos. E eu parei de respirar por uma eternidade.

Parêntese aqui: não sei se vocês já viram uma briga de cachorro, mas, de forma geral, não dá pra ver nada e nem entender quem está por cima ou por baixo, batendo ou apanhando. Os cães rodopiam, as pessoas gritam e correm em volta, os condutores tentam achar uma brecha pra enfiar um pé ou achar uma ponta de coleira, mandíbulas trincam no ar com um som seco e angustiante que varre a espinha da gente com um arrepio polar. De repente, do caos faz-se silêncio e a cena trágica entra em slow motion: você vê sua perna passar entre os dois cães, mas não entende que parte de seu cérebro emitiu esse comando tão audaz e, convenhamos, tão estúpido. Finalmente, uma mão agarra uma coleira, e um dos cães, por sorte o agressivo, é controlado.

Atacante controlado, tudo volta a ter som, cores e ritmo normal nessa cena que eu espero que vocês nunca protagonizem. Empurrei o Black prum lado e corri-lhe as mãos trêmulas pelo corpo, tentando localizar o quanto antes os estragos, torcendo pra que ele não precisasse ser operado de urgência pra corrigir um colapso de traquéia ou um pneumotórax. Felizmente, a batalha de 5 segundos não deixou nenhuma seqüela física em nenhum dos dois cães. O American Staffordshire vomitava de nervoso, enquanto eu pensava: "Sabe que não seria nada mau vomitar, fazer xixi e um cocô bem mole agora?". É muito mais fácil lidar com o estresse quando se é cachorro, porque os cães assumem que são ridículos. Humanos ridículos que não se assumem, saem da cena fingindo que não foi nada:

- Muito bem, negão, você apanhou com muita dignidade!

E continuamos a caminhar como se nada tivesse acontecido, porque nada aconteceu de verdade. Eu não cansava de dizer pra ele: "Pronto, Negão, já passou, foi só um susto. Agora vamos apostar corrida?". Enquanto galopávamos, eu chorava discretamente de nervoso, com uma vontade horrível de vomitar mil bolas de pêlo, um desespero antigo que não me deixava parar de tremer. E quando o Black olhava pra mim pra verificar se estava tudo bem mesmo, eu repetia, tentando me convencer:

- Já passou, cara, foi só um susto!

Minutos depois, descobri uma marca de baba canina atrás do joelho, na calça, e fui ver o que havia por baixo: a prova de que a perna que entrou na briga era realmente minha, e não dum dublê de filme americano qualquer: eu fui arranhada de leve por alguma das bocadas desferidas, e agora estou vendo crescer o primeiro galo de coxa que eu já tive na vida.

Que ele não seja de rinha, esse galo safado!

Por falar nisso, desejo morte horrível a todos os imbecis que põem animais pra brigar, seja por ignorância ou por esporte. Rinha não é vício cultural: é demência. E o que é pior: um tipo intratável de demência. Que o diga o Duda Mendonça, que continua demente, solto e perigoso por aí.

***

PS pra Laura Rónai: ainda bem que nós já somos vacinadas contra tétano e raiva! (mas eu continuo sentindo raiva de gente ruim, sobretudo dessa gente de rinha: eu nunca vou ser zen-taoísta nisso)
PS 2: Conselho de um adestrador experiente da Polícia Militar para separar briga de cachorro forte: fogo no saco do agressor. Agora... vai dizer isso pro seu cérebro nesses cinco segundos que decidem a vida ou a morte do agredido, especialmente se o agredido é o cachorro que estava na sua mão até dois segundos atrás.

sábado, abril 28, 2007

A Leila precisa de nós.

Estou dentro de qualquer campanha por um mundo melhor, mas só compro a briga de quem faz o que eu gostaria de fazer e não faço, seja por falta de culhão, disposição ou disponibilidade. Por isso, estou divulgando aqui, na esperança de que vocês se sensibilizem e possam ajudar, a campanha da Cora Rónai para ajudar uma "gente que faz", a Leila da SOS gatinhos. Reproduzo aqui o texto da fada-madrinha da campanha:


SOS GATINHOS!

Amigos, nossa querida Leila, do sosgatinhos, está passando por sérias dificuldades. Desde 2002, o sosgatinhos conseguiu novos bons lares para cerca de 400 gatos; mas, antes mesmo disso, a Leila já cuidava de encontrar bons bípedes para bons gatos, e vice-versa. Graças a ela, a Tati veio morar lá em casa.

Leila agora está sozinha para cuidar do projeto, dos gatos, das adoções, do site e da divulgação; é muita coisa! Os gastos e o trabalho são enormes. Ela não dá conta de tudo, dar remédios, fazer curativos e a limpeza da casa de 250 m2. O que ganha não dá para pagar o aluguel, ração, veterinário, remédios e as contas da casa. No momento procura uma nova sede para o sosgatinhos, com o aluguel mais em conta. A ração em estoque acaba esse mês.

Há várias formas de ajudar:


  • Vários amigos de São Paulo têm se revezado ajudando-a com os gatinhos; se você mora em Sampa, entre em contato! Caronas também são necessárias para levar os gatinhos ao vet ou aos seus novos lares.

  • Adotar um gatinho é uma grande ajuda, e uma felicidade ainda maior; mas você também pode apadrinhar um gatinho, patrocinando seu tratamento e alimentação.

  • Doações de ração ou de areia podem ser feitas por telefone com pagamento em cartão de crédito ou depósito em conta na loja Fauna e Flora (tel. 11 5845-0969). É só avisar à vendedora Helaine que se trata de uma doação para o SOSGATINHOS. Ela conhece a marca de ração e areia que os gatinhos usam. A entrega é feita direto à Leila. Mas por favor clique aqui e mande um mail avisando de sua doação, para que ela possa manter o controle.

  • Comprar as maravilhosas camisetas criadas pela Leila, aqui: a renda reverte em benefício dos gatinhos.

  • Doar medicamentos, cobertores, caminhas e material de limpeza também é ótimo.

  • Doações financeiras também são muito bem-vindas. A conta do sosgatinhos é:
    Banco ITAÚ - AG- 0641 - CC- 63761-6
    Nome do Correntista: Pablo Barbosa dos Santos (filho da Leila)

  • Finalmente, outra grande forma de ajuda é divulgando esta campanha!

    Agradeço muito em nome da Leila e dos gatinhos. Ela é uma das melhores pessoas que conheço, uma amiga querida, que neste momento precisa de nós.


  • Vou logo encomendar um camiseta como esta aqui, da Bia. Há sempre uma forma de aliar o útil ao agradável, e comprar as camisetas lindas da Leila é uma delas.

    Alguns com tantos, e outros com tão pouco...

    Esta semana deu uma praga na minha caixa postal: recebi 4 vídeos fofos de bebês. Neste aqui, há um cara realmente sério na ninhada. Tente descobrir qual é. Os outros filhotes, assim como o pai, a mãe, eu e as gargalhidinhas de auditório somos todos ridículos.

    quinta-feira, abril 26, 2007

    Size-check

    Se você acha que seu pau é pequeno, não dê ousadia a macacos estranhos: eles costumam ser muito ridículos.

    Lugar comum.

    Eu sei que há coisas que não deveriam jamais ser ditas, de tão óbvias, arquetípicas e universais, mas existem alguns clichês que nunca irão se calar:
    1. Eu o-d-e-i-o imposto de renda.
    2. Esse governo é um lixo.
    3. Eu não entendo pra que serve essa bosta de imposto de renda.
    4. Pra que serve essa bosta de imposto de renda mesmo?
    5. Carah-le*o: ainda não fiz meu imposto de renda!
    6. Esse ano vai ter prorrogação do prazo pra entrega da declaração de imposto de renda?
    7. Se der praia amanhã, vou deixar meu imposto de renda pro dia seguinte.
    8. Acho que vai dar praia amanhã...
    9. E você? Já entregou seu imposto de renda este ano?
    10. voz choraminguenta: "Você pode me ajudar a fazer o meu imposto de renda?..."
    A propósito: eu odeio imposto de renda.

    quarta-feira, abril 25, 2007

    Crica, ma non troppo! (ou "Crica, ma non treppa" ou "ma non f*de a p*rra toda")

    Dica Eduardo Stuart de parcimônia crical (copyado e pastado do Falou & Disse, do blog da Cora):

    "Opa, claro que vou visitar o blog da VanOr e clicar nos ba_n-n)ers do G0*o_g(le!!! Mas só uma vez por dia! ;-)

    Hehehe, não estou sendo sovina, é que, de acordo com o relato nos fóruns que discutem o A_d-Sennnnnnnsssssse, cliques múltiplos em um curto espaço de tempo usando um mesmo IP (e mesmos c00kies, etc, etc) acabam sendo invalidados, podendo até ocasionar no encerramento da conta caso a ferramenta acuh_se (com ou sem razão) que os cliques surgiram do ed-ito_r do site.

    E posso, parcialmente, corroborar essa tese. Já acessei o relatório no início da tarde, e constava uns 32 cliques. No final da noite, acessei novamente e somente estavam contabilizados 29. Não foram cliques meus, naturalmente, mas provavelmente de algum visitante interessado nos anúncios sobre jogos (na maioria das vezes, 4 dos 5 é sobre jogos). Pelo menos, não recebi nenhum recadinho do serviço perguntando se os cliques eram meus. =)

    Esse método para contabilizar os cliques válidos, porém, traz alguns efeitos colaterais, principalmente em computadores de faculdades e grandes empresas que compartilham o mesmo IP. Mas, mesmo assim, o A_d-Senso de Ridículo permanece sendo uma das opções mais confiáveis e rentáveis de ganhar algum com anúncios, mesmo que seja pouco."

    Obs: o texto original foi editado para despistar Aquele Que Tudo Sabe, Tudo Bla-Blá.


    PS: Obrigada, Eduardo! E, galera: tudo entendido, tudo entendido? Algum motivo pr'eu me desesperar?

    Dica Durango Kid by Laura Rónai

    Fim de mês, todo mundo fazendo aqueles bolinhos com dez moedas de dez centavos hermeticamente amarradas com dúrex, revirando bolso pra ver se encontra uma nota de cinco... Gente, não precisa ter vergonha... Chega mais, aê... Não tá fácil pra ninguém!

    E foi pensando em gente como a gente que minha segunda mãe, Laura Rónai (que pobre tem esse hábito horroroso de arrumar mãe postiça pra suprir carência), deu a seguinte dica cultural para os amantes da boa música:

    "Só para citar mais um [programa cultural para durangos]: a Série UNIRIO Musical, todas as segundas feiras às 19hs, no Museu de Ciências da Terra, ao lado mesmo da UNIRIO, na av Pasteur - Urca. Totalmente de graça!"


    A programação é tão boa que eu não entendi, mas vou mesmo assim. Valeu, Laura! ;o)

    Rambora cricá, chapeize!

    Que o coisa-ruinzinha não me leia, mas aparentemente eu já conquistei n*0v-e doletas com essa conversinha braba, pra boi dormir, de a(nuh_cyo. Três verdinhas só hoje, porque minha fada madrinha, Cora Rónai, fez um apelo em cadeia internetacional pra geral cricá (entendeu, entendeu?) aqui.

    Eu podia estar aqui pedindo, mas tô só roubando, burlando e trapaceando: passem no blog da Cora e no da Carrie (links à direita e sobre os nomes das moças, pra facilitar pra vocês) e dêem uma cricada (entenderam, entenderam?) nos a(nuh_cyos delas também. É a pirâmede da hora. Só não sei quem vai pagar essa conta à hora que o último não decolar.

    Meu amigo, o leão.


    Eu fiz veterinária porque, quando ganhei meu primeiro cachorro, um Pequinês, e ele me mordeu (eu já disse que era um Pequinês?), eu sabatinei minha mãe com perguntas do tipo:

    - Manhê, e gato? Também morde?
    - Morde. Morde e arranha.
    - Passarinho morde?
    - Não. Mas bica!
    - E hamster morde?
    -Ô!... E como!!! Morde mais do que todos. (minha mãe, como toda mãe, tinha horror à idéia de ratos passeando por suas roupas).
    - E leão, mãe? Leão morde? (minha lógica era: se os animais aparentemente inofensivos mordiam, talvez os mais assustadores fossem bonzinhos)
    - Como assim, filhinha? Leão não só morde, como morde e mata. Leão come gente! Come uma criança inteira assim, nhoque!, de uma só vez. (era muito importante que ela fosse enfática, porque em Brasília os animais ficam meio soltos, assim, à vontade, no zoológico; e eu sempre fui chegada a fazer uma merdinha.)
    - Se leão come gente, quem cuida do leão, coitado?
    - Ah, o moço do zoológico cuida. E tem o veterinário também.
    - Veterinário?!? Que qué isso?

    ***

    Aí o resto vocês já sabem. Eu decidi que ia fazer veterinária aos sete anos porque queria ser mordida por um leão. Eu, a megalomaníaca, desde sempre buscando metas maiores e invariavelmente fantasiosas.

    Na verdade, eu só queria ser amiga da leão. Sabia que ia ser mordida por ele de vez em quando, porque, afinal, se até meu cachorro me mordeu -- dá um desconto, que o cara era Pequinês, pô! --, imagina o que não faria uma besta fera em processo de cativação. O que eu não sabia naquela época é que:

    1. Veterinários de zoológico são pessoas esquisitas (e não são ricos, bonitos e gentis como nos filmes);

    2. Veterinários de zoológico são uma espécie em extinção porque zoológicos são politicamente incorretos;

    3. Eu não precisava ser veterinária pra ser mordida pelo leão todo santo mês, todo santo ano e em todo santo pagamento.

    Eu devia ter feito psicologia. Todo doido faz psicologia. Eu ia acabar encontrando minha turma na UFRJ, teria minha própria banda de garagem, a "Ato Fálico", e talvez virasse backing vocal de alguém importante de verdade, como a Kelly Key. Mas eu tinha que ter feito veterinária só pelo imediatismo de morar longe dos pais por cinco anos. Grrrr! Ou melhor: GRRHUM-HUMRRR!!! (como diria meu amigo, o leão)

    terça-feira, abril 24, 2007

    O Clube dos Ridículos

    Black e eu criamos o Clube dos Ridículos. Em parte, graças ao ...***... -- Aquele Que Tudo Sabe, Tudo Lê e Tudo Rastreia --, em parte pela milícia da maturidade e, por fim, para quebrar a monotonia da repressão moral e cívica. Se a linha tá dura, enfia no c*uh (do censor) e rasga. No Clube dos Ridículos, a ordem é ser irreverente. Não há taxa de admissão nem mensalidade, o que é um dado fundamental pros ridículos duros, mas, em compensação, também não há mensalão. Ser ridículo não põe comida na mesa, mas a gente não quer só comida, a gente quer ser comida, diversão e arte.

    Ridículo que é ridículo não perde uma chance de fazer um trocadilho infame. Nem de fazer uma piada politicamente incorreta:

    Cena ridícula 1: no posto de gasolina Esso.

    Um ridículo canino late prum ridículo tigre gigante de fibra de vidro. Ridículo humano observa a cena, às gargalhadas, e acaba desviando a atenção do canino quando sai da loja mastigando um suculento pão de queijo. Ridículo de quatro patas saliva, senta, deita e dá a patinha. Ridículo bípede tortura o pobre cão, comendo o pão de queijo, migalha por migalha, enquanto a baba do peludo encosta no chão. Menino de rua se aproxima e pede:

    -- Ô, tia, me dá um trocadinho aê.
    -- Ô, meu amor... a tia não tem... não tem nem pra dar comida pro cachorro, coitadinho. Olha como ele tá morto de fome.
    -- Ah, vá pá porr_a!
    -- Ah, vá pá p*orra você também!

    ***

    O bom de ser ridículo é poder terceirizar pras pessoas realmente sérias as mazelas do mundo. Isso já tira um baita peso dos ombros.

    segunda-feira, abril 23, 2007

    0800

    Dou o maior valor ao Durango Kid e não quero que pareça aqui que lhe estou cobiçando o emprego, mas resolvi fazer uma lista, pra minha própria clareza mental, de programas gratuitos (ou quase) para pessoas duras e orgulhosas demais pra pleitear bolsa-esmola ou um vale-pobre-cultural:

    1. Praia. Pra evitar cair no golpe do coco gelado e do queijo coalho, os duros devem sempre levar de casa: um sanduíche de queijo (sem molhos ou saladinha, que estragam em questão de segundos sob o sol); uma garrafa de litro e meio de mate caseiro (Leão é só pra quem pode) e outra de água, ambas congeladas pra guardarem o frescor ártico sem o mico do isopor. Duro que é duro mesmo, economiza os quatro reais do ônibus, vai à praia de bicicleta e "estaciona" o veículo na areia, que mesmo com cinco cadeados não dá pra dar mole pra mané.

    2. Teatro nas salas da prefeitura. Ingressos no último domingo de cada mês são vendidos a preços simbólicos, subsidiados -- olha que maravilha! -- pelo próprio suor dos artistas. O valor dos ingressos ainda pode cair à metade se você, como toda a torcida do Vasco (ô, gente sem coração!), apresentar uma carteirinha falsa de estudante de Engenharia de Produção da UFRJ. A minha já venceu, mas durango que é durango não tem dinheiro nem pra reimprimir uma carteira falsa (e atribui a não-"renovação" do vale-meia a valores morais elevadíssimos).

    3. Museu de Arte Contemporânea, Niterói. Dá pra andar das barcas ao MAC: o trajeto todo oferece uma vista linda pro Rio, o que é o pretexto ideal pra se economizar dois reais por trecho. Às quartas, a entrada no museu é gratuita. Além de ser o edifício mais incrível do planeta, do arquiteto mais ídem, tem sempre uma exposição bacana por lá.

    4. Todos os museus do Rio também tem seu dia "digrátis". Durango que é durango, vê de graça todas as exposições da cidade e acha ridículo, mané e inculto quem perdeu, por exemplo, O Aleijadinho do CCBB. O tema "exposição" é ótimo pra mudar de assunto quando alguém começa a falar sobre uma peça que está em cartaz num teatro ricaço-friendly, do tipo que cobra 50 pratas na meia, só porque hoje em dia toda a torcida do Vasco (ô, gente pérfida!) é estudante falso de engenharia de produção da UFRJ, com carteirinha carimbada e tudo.

    5. Roda de capoeira. É onde os duros sarados e suados se aglomeram. Procure a roda de capoeira mais próxima de você e: a) aprenda a bater palmas, tocar pandeiro e berimbau de graça (há cursos que cobram os olhos da minha cara pra isso e, mesmo com o melhor dos professores, estatísticas americanas seriíssimas revelam que um terço das pessoas jamais aprende); b) ganhe uma barriguinha tanque em sete cordéis (o tempo pra se chegar ao sétimo é bastante subjetivo); c) case com um suíço, sueco ou alemão (duro e/ou estudante e/ou antropólogo e/ou sociólogo) em um ou dois cordéis e, de brinde, ganhe uma cidadania européia pra ser fodido num lugar mais chique e mais distante do olhar crítico dos seus pais e amigos de infância. Geralmente, nesses reinos tão-tão distantes, se você souber cantar e tocar qualquer música do Roberto Carlos, você também é rei. Convém, contudo, jamais traduzir a letra.

    6. Jantar na casa dos pais. Por pior que seja a ocasião, por mais banal que seja a conversa, terá sempre cerveja, vinho e comida de graça. O vale-tique agradece a poupança.

    7. Festa na casa de amigos. Se a cerveja for compulsória, passe no Mundial e compre seis latas de qualquer marca a oito reais. No meio de duzentas latas de Skol, ninguém vai perceber que foi você que levou Kaiser ou Bavária. Se não for obrigatório levar algum come ou bebe, leve apenas a sua cara-de-pau e mostre o quão feliz você está por estar na presença de gente tão ilustre e generosa. Beije os pés do anfitrião e chore de emoção, se você estiver muito na m*e-rda: vai te fazer bem.

    8. Corrida de rua. Dispensa academia de ginástica, emagrece e, se você for geneticamente selecionado, obstinado e desesperado, ainda pode render algum prêmio. Morra tentando: o pior que pode te acontecer é... morrer. Mas as despesas do enterro não serão suas, fique tranqüilo.

    9. Trampo. Arrume um frila pra te ocupar enquanto o resto dos teus amigos gasta tudo, até a última ponta. Quando reclamarem que você sumiu, faça um sorriso enigmático, levante apenas uma sobrancelha e diga que "o sinhozinho tá te dando no couro legal". Eles nunca saberão ao certo se isso quer dizer que você está trabalhando ou trepando mais do que um ser humano normal suportaria num dia de 24h. E você ainda pode tirar uma onda de mistério se não abrir a matraca pra dizer que é um trabalho chato pra cac*eta, mas fazer o quê, é isso ou isso mesmo, bla bla bla, aquela chatice de sempre.

    10. Seja ridículo. É gostoso, leve, engraçado e não custa nada. E quando a gente dá de ser ridículo, até o Labrador preto da sua amiga pode te render boas gargalhadas durante uma luta corporal pela última gota d'água mineral duma garrafa que estava na geladeira há decênios. Eventualmente, deixe o labrador ganhar a luta: afinal, ele não só é mais ridículo que você, como também é infantil. Como todo cachorro.

    I am so smart!

    Eu morro de rir. Deve ser porque eu sou tão esperta: e-s-p-e-t-a.

    sábado, abril 21, 2007

    Combinado?

    Dizem que se toda população da China pulasse ao mesmo tempo, a Terra mudaria de órbita; que se todo mundo parasse de votar em candidatos que não têm freqüência integral no plenário, a corrupção cairia à metade; que se o brasileiro soubesse ler e escrever, não votaria mais no Evangelho ou no PT, o que hoje em dia dá no mesmo. Eu acho que tudo isso é muito bonito, muito teórico, mas a única conclusão concreta que se pode tirar dessas elocubrações é que a união faz a força. Todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco, todos nós no mesmo barco, não há nada a temer (ao seu lado há um amigo que é preciso proteger...).

    Pois minha proposta modesta é que ninguém mais toque aqui no assunto c_h*e-q)u-e ou $, pra gente ver se o ...***.... pára de acessar minha c-on_ta no R*e*a*l. Tudo bem que eu tenho um blog, mas mesmo os blogueiros precisam de privacidade, paz e tranqüilidade pra sobreviver sem mortes forjadas ou medicamentos de receita azul e tarjas pretas. Eu estou com problemas com o G000000ooooooo_g-l****e. Ele sabe demais, mas não tenho como vencê-lo sozinha. Preciso da ajuda de vocês. Daqui pra frente, só falaremos em código. E nunca mais sobre d_i***nh_ey-ro.

    Quero ver a cobra fumar, a vaca tossir e a porca torcer o rabo. Todos juntos somos fortes, não há nada a temer.

    PS: antes que a milícia da maturidade me denuncie pro ...***..., venho por meio deste singelo PS decretar que não pirei: só estou me divertindo. Que se fosse líquido, eu bebia e se fosse sólido e concreto, marrom e imponente, etc. Vamos combinar aqui, cá entre nós: gente chata de c-uh é rola!

    Mêda, medona, medaça.

    A culpa é do Roberto Carlos! Eu fiquei paradóida desde que ouvi Cavalgada. Leiam a letra abaixo e imaginem isso em arranjo orquestrado, com todas as cordas do mundo sintetizadas num teclado de duas escalas, uma base eletrônica de bolero, um palquim de botequim de estrada, cinco mesinhas de prástico forradas com papel timbrado com o nome da churrascaria de Passa Quatro, Passa Três, Passa Boi, Passa Boiada e meia dúzia de barrigudos tomando cerveja em copo de geléia de mocotó, os olhos marejados. Nas cercanias, duas mulheres da vida (ou não!, só porque são barangas não quer dizer que elas sejam profissionais) suspiram pelo músico. Uma delas já deu pra ele cinquenta vezes de graça, mas aparentemente, ela comenta c'a outra, ele não vai largar daquela esposa doente, carcunda e chata.

    Imaginou? Agora, a letra. Tenho certeza que você já ouviu, não precisa mais mentir: em sua defesa, pode dizer que está bombando na Dinamarca.

    Cavalgada
    (Roberto e Erasmo Carlos)

    Vou cavalgar por toda a noite
    Por uma estrada colorida
    Usar meus beijos como açoite
    E a minha mão mais atrevida

    Vou me agarrar aos seus cabelos
    Pra não cair do seu galope
    Vou atender aos meus apelos
    Antes que o dia nos sufoque

    Vou me perder de madrugada (as cordas entram aqui)
    Pra te encontrar no meu abraço (e vão crescendo...)
    Depois de toda a cavalgada
    Vou me deitar no seu cansaço (caraca! tô toda arrepiada!!!)

    Sem me importar se neste instante (as cordas estão chegando lá...)
    Sou dominado ou se domino
    Vou me sentir como um gigante
    Ou nada mais do que um menino (virada de batera, é o clímax)


    Chorus: (em inglês, pra facilitar pra galera da Dinamarca)
    Estrelas mudam de lugar

    Chegam mais perto só pra ver
    E ainda brilham de manhã
    Depois do nosso adormecer

    E na grandeza deste instante
    O amor cavalga sem saber
    E na beleza desta hora
    O sol espera pra nascer.


    ***

    PS: Por falar em mêda e paranóia, niki eu tou escrotizando o Rei RC -- e todo mundo sabe que os Reis são eleitos por Deus, assim como alguns presidentes latinoamericanos -- eu sofro um castigo divino: uma merdeca dum aviãozinho minúsculo deu um rasante na minha janela, estourando a barreira do som e dos meus tímpanos, e eu me mijei de susto. Se eu fosse um cachorro com fobia de ruído, teria pulado do doze. Numa boa. Achei que era o fim do mundo. Até eu me dar conta de que é só a exibição de acrobacia aérea na Praia de Botafogo, fiquei batendo entre 150 e 160 por minuto.

    Testando o ***.

    O último a-n*UH+n_cyiyy*o do... ***... (sorry, guys, mas eu estou no ápice da paranóia, assim como o Lula está no ápice do ser humano) que aparece aqui, ao menos enquanto escrevo essas ex_quiyzóy_des linhas, é sobre auto_ma_ção.

    Acho que foi porque eu disse no último post que o... ***... é um ro*bo_zi-nho. Entenderam a relação? Auto_ma_ção X ro*bo_zi-nho? Sacaram a malandragem do... ***...? E agora, me digam: é ou não é sinistro? Eu, que já vendi ração, já fui modelo artístico e dei aula de inglês pra complementar a renda, nunca, em toda a minha vida, tive essa sensação tão real de que eu estou vendendo minha alma ao diabo. E o diabo, é claro, é o... bem, nem preciso mais dizer.

    Agora vou escrever um parágrafo nonsense, cheio de palavras-chave, pra ver que tipo de a_n-ú_ncio o... ***... vai escolher. Se ele não me enlouquecer, eu juro: eu vou enlouquecê-lo, seja ele um ro*bo_zi-nho, um MIB ou um fruto da minha imaginação. Comecei!

    Hoje é domingo, pé de cachimbo, cachimbo é de ouro, bate no touro, o touro é valente, bate na gente, a gente é fraco, cai no buraco, o buraco é fundo, acaba o mundo. Mas aí, imaginemos que, de repentelho, esse mesmo mundo se descabaçasse: o que siririca de nós? Nádegas, nádegas. Ó, que pênis! Isso aqui, ô ô, é um pouquinho de Brasil, ai, ai! Esse Brasil que canta e é feliz! Feliiiiiiz!... Feliiiiiiiiiiiiz! Éééééé.... também um pouco de uma ra-ah-ça (não pode ter racismo, Carrie!), que não tem medo de fumá-çaiá e não se entrega, ó não. Ê-ê. Ele não é de nada. Oiá!!! Essa car'amarrada é sóóó um jeito de viver na pioooor. Ê-êêê... o nãnã*** né de nada, oiá, agora eu quero é ver que tipo de a_n-ú_nc-yo ele vai escolher!

    ***

    Update: eu sabia! Dei um nó na cabeça do coisa ruinzinha. Nos últimos 5 minutos, ele já anu)n_cy*ou cabos de celulares e máquinas para preencher cheques. Despistei o monstro. Legal. Valeu a pena ter assistido tudo de Matrix.

    Update 2: Desisto! O cara pôs um anu)n_cy*o de che_ques sem fundos. Ele já tem minha senha do Real e sabe de tudo da minha vida. É o fim do mundo. 1984 é aqui e agora. Fudeu.

    sexta-feira, abril 20, 2007

    Minha primeira teoria conspiratória (há sempre uma primeira vez)

    Como ninguém se apresentou para me dar uns trocados em troca d'uma ligeira apreciação visual de minha bunda, mas sem aquela pegação do Cheiro do Ralo, pensei forte, pensei rápido, pedi pro Universo e Ele me deu uma dica pra ganhar cerca de 10 centavos por ano -- o que, bem ou mal, é uma renda fixa que nem eu, nem vocês podemos desprezar nos dias de hoje -- sem fazer esforço: colocar anúncios do Google no meu blog. Como eu disse, para isso eu não preciso fazer nada: só reconfigurei meu modelo, prometi por escrito nunca clicar nos anúncios (mas já desobedeci 3 vezes, nos primeiros 25 minutos) e esperar pra ver se funciona.

    Na verdade, eu deveria esperar pelo menos um ano pra saber se realmente dá pra ganhar 10 centavos por ano ou mais com isso, mas não sei se vou me agüentar: a entidade espírita que escolhe os anúncios pra que eles se adequem ao meu blog parece ter um pacto sinistro com alguma pombagira recalcada. Só hoje, essa pombagira eletrônica anunciou três produtos ou serviços que -- eu tenho cer-te-za! -- foram indiretas pra mim:

    1. uma clínica que faz cirurgias plásticas em 24 vezes sem juros (não adianta, que eu não vou botar silicone nem assim!);
    2. um livro sobre separações e relacionamento falidos (um assunto que eu domino "pouco", pra dizer o mínimo);
    3. um site tipo Par Perfeito, pr'eu me arrumar "antes do dia dos namorados" (como se eu não soubesse que faltam 53 dias pra esse dia estúpido dos namorados, uma data comercial como o Natal ou qualquer outra);

    Não sei como, mas em 6 ou 8 palavras por anúncio e 3 anúncios, e depois d'eu muito refletir, que quando eu fico bolada eu matuto, o Go**o-g_l%e*** conseguiu me deixar paranóica. Eu acho que há mais entre o...*** (não quero mais falar o nome do ***, pois ele pode estar me espionando neste exato momento) e a terra do que supõe minha VanOr filosofia. Essa historinha pra boi dormir de que o *** "é só um robozinho" não me convence mais! Pra mim, o *** é o banco de dados do F_B*¨%I dotado de inteligência artificial. Ou seja: é pelo menos um andróide com óculos de armação quadrada e cabelo pretos.

    Por via das dúvidas, e pra não ter problemas para renovar o meu visto a*me_me*riri-caca-nono, porque afinal minha irmã mora l_ah, eu fui no gmail e apaguei quase todas as mensagens que o *** e o F_B*I pudessem usar contra mim: senhas, troca de confidências, e-mails falando mal dos EE*UhU!_A-hA, mensagens de cunho pornográfico e outras, com fotos impublicáveis, como a do meu passaporte, que eu fui forçada a tirar na máquina.

    Alguém aqui já teve a casa invadida pelos Mariners ou Navy S.E.A.Ls depois de adicionar os anúncios do *** ao blog? Em caso afirmativo, acho que vou ficar pelo menos mais 53 dias com esses anúncios aqui. Vai que até lá eu continuo disponível pra jantar com alguém no dia dos namorados: esses caras podem até ter titica na cabeça, mas são marombados e fazem vista. E o que é melhor: eles não podem falar nada, senão terão de me matar. De vez em quando eu acho ótimo homem que só ouve e não fala nada.

    Lady Laura do céu santíssimo!

    Às vezes a gente precisa ficar um mês longe de uma pessoa pra criar o distanciamento crítico necessário para sacar quem, afinal, ela é. Pois eis que hoje eu descobri que meu personal filhote de viking, Jacob, que passou uma temporada aqui baixando músicas no meu iTunes e abastecendo seu gigacavalar iPod, é fã do Rei Roberto Carlos.

    Eu dei Chico Science pro cara ouvir. Dei Tom, Elis, Lulu, Nando Reis, Lenine, Chico, Caê, Gil, Bebel Gilberto, MM, DJ Patife, Cássia Eller, Itamara Koorax, Gonzaguinha, Rappa, Djavan, enfim, eu fui eclética. Fui, porque não queria induzi-lo a nada, mas, de certa forma, eu torcia pra que ele gostasse pelo menos dos Novos Baianos. Só que -- descobri agora! -- ele gostou mesmo foi de Roberto Carlos: hoje abri a função shuffle do meu iTunes e dei de cara com "Lady Laura". Achei que fosse só um surto do meu cérebro eletrônico, adiantei uma faixa, e logo caí em "Calhambeque" (bibi). Eu tive de ouvir o Bibi, que não ouvir uma música da Jovem Guarda até o fim há de ser algum tipo de pecado capital para o qual não há perdão divino. E aí, duas faixas depois, o iTunes tocou "Cavalgada".

    Mermão, abre um parágrafo aqui: que qué isso!!! Fiquei arrepiada com Cavalgada!!! O que é a letra dessa música?!? Foi só então que eu entendi porque mulheres domésticas, histéricas mas íntegras, jogavam suas calcinhas pro Rei: a música é soft-porn na veia! Coisa boa, arrepiante, mas o arranjo, infelizmente, é uma boa merda. Um bostume completo, nada ali presta: das cordas à bateria, tudo é cafona. É música pra caminhoneiro mermo, do tipo que passa horas ao voltante vendo estrelas que mudam de lugar numa estrada que não finda.



    E aí eu me pergunto: como foi que um dinamarquês que só conhece meia dúzia de palavras em português conseguiu curtir "Cavalgada", dessa maneira arranjada e cantada pelo nasofônico Rei? Como ele gostou duma música ruim com letra boa sem entender a letra? Será que ele intuiu?

    Muito estranho, esse viking. Ou eclético, ainda não sei. Não vou tascar um rótulo no cara só por causa da predileção pelo Rei, que com soberania não se brinca. Quem é Rei aqui, é Rei na Dinamarca e em qualquer lugar do mundo, mas pô: não tinha nem uma faixa dos Mutantes no iTunes. Fiquei intrigadaça com isso. Numa boa.

    quinta-feira, abril 19, 2007

    Do meu jeito!

    Meu sobrinho, o incrivelmente fantástico e internacionalmente conhecido Devorador de Pilhas, virou um rapazinho: está numa série & idade em que tem de fazer dever de casa.

    Um parêntese aqui pra reclamar do mundo cão: eu não sei se quero ter filhos num mundo que põe suas crianças pra fazer dever de casa no clímax do imaginário mágico. Depois de 4 anos só de bem-bão, neguinho chega na escola, numa bela segunda-feira de fevereiro, seja em São Paulo ou em Salvador, e a professora, como quem não quer nada, como se fosse a coisa mais normal do mundo, vai e pede um dever de casa. E o que é pior: é pro dia seguinte! Sinceramente, bicho, eu acho o fim da picada! É o fim da infância, da inocência e da vida boa. Onde está o Siro Darlan numa hora dessas?!? E pra que diabos serve o Estatuto da Criança e do Adolescente? Será que o ECA sabe que professorinhas primárias obrigam seus pimpolhos, mesmo os fantásticos e extraordinários engolidores de pilha de renome internacional, a perderem seu tempo de atividades lúdicas fazendo "dever de casa"? Duvido! Quem sou eu pra dizer, mas, sinceramente, acho que isso é pau, é pedra, é o fim do caminho!

    Minha cunhadinha querida, que acumula as funções extremamente paradoxais de mãe, professora e psicopedagoga, ajuda meu sobrinho, O Cara, a fazer o dever de casa. O dever de casa geralmente é algum desenho ou número ou letra que ele tem de escrever num papel, a lápis, pra poder corrigir, caso esteja uma merda. Pois Mamãmone, como professora experiente que é, vê o resultado (merda) e estimula: "Ô, filho, dá uma caprichadinha!...". Mas como ele estuda numa escola muderna, em que o aluno é estimulado a pensar e agir com a própria cabeça, ele devolve: "Mamãe, não! Vai ser do meu jeito." E aí fica aquele climão: a mãe sabe que as colegas de trabalho vão ver o dever de casa do moleque e comentar: "Vixe, mainha: olha só o dever de casa de Pedro Augusto!... o filho daquela professora, lá de São Paulo... Ela, que é toda metida a psicopedagoga pós-graduada na PUC, nem consegue ajudar o filho a fazer um dever de casa direito. Ôxi...". E aí, pensando no day-after, ela insiste: "Filho... e se você puxasse essa linhazinha aqui, mais pra cima, e terminasse de pintar o chão, pras pessoas não pensarem que você tem problemas de relacionamento com os pais?". E ele -- firme, fantástico e extraordinário: "Mamãe, não! Já disse: vai ser do meu jeito!".

    ***

    Isso é bom pra pagar a língua da minha cunhada, pois é assim mesmo que ela ensina pros seus alunos, que devem fazer suas desesperadas mães passarem pelo mesmo vexame diariamente. Escola progressista é foda. É a mãe criando um filho, e a escola gerando um sindicalista, quiçá um futuro presidente da República.

    ***

    Termino aqui este post com um orgulho insuperável, daqueles que inflam o peito, estufam a alma e fazem qualquer ser-humano-tia sentir-se como um digníssimo dirigível prateado, impávido-colosso, a cruzar os céus do planeta, de norte a sul e leste a oeste. Eu, que desde sempre pensei assim, mas precisei esperar 34 anos até que um Fantástico e Incrivelmente Extraordinário Engolidor de Pilhas, e não por acaso meu sobrinho, sangue do meu sangue, me desse moral pra assumir: eu sou mais eu. E nem vem que não tem: ninguém vai dizer como fazer melhor. Prefiro me estrepar sozinha a ganhar um mapa que me leve direto ao tesouro. O que é tesouro pra uns é bostume pra outros. Na verdade, a gente só quer ser livre e mais nada.

    O Povo Brasileiro pode ser ainda mais feliz!

    O Lau me mandou por e-mail uma notícia que revolucionará a vida do Povo Brasileiro, meu canino estuprador serial de almofadas; por tabela, revolucionará a vida da Princesa Radija, que foi castrada antes do primeiro cio e não consegue entender os surtos de tara do Povo, que, mesmo castrado, não perdeu o costume da monta: é a Tabajaríssima boneca inflável para cães!




    Trata-se de um produto (cough cough) inglês seriíssimo, com cyber skin e o escambau. Se eu fosse cachorro, tivesse um cartão de crédito e livre acesso a sex-doggy shops, compraria uma. Deve custar tanto quanto os olhos da minha cara. Se eu não precisasse tanto deles pra poder ler notícias tão incríveis, fantásticas e extraordinárias como esta, eu juro que ficaria caolha.

    Helpful hints

    1. Tradução livre: "Seu cérebro era uterino, digo, histérico."

    2. Tradução livre: "Há mais entre o Ipod e a Terra do que supõe nossa vanOr filosofia." ou "Digas-me quem sou, e eu vou te achar um pedaço de plástico que toca músicas (ou algo intelectualmente inferior)."

    All stolen from Gaping Void


    quarta-feira, abril 18, 2007

    Scrapbook

    Exemplo singelinho tirado daqui.


    Terapia ocupacional para quem tem tempo: scrapbook. Descobri uma loja no Rio que vende tudo o que existe de mais bacana para scrapbooks -- aquelas colagens fofas com combinações malucas de estampas, relevos e texturas que fazem lindos álbuns de foto, porta-retratos e cartões de aniversário super personalizados. A AC album & scrap também oferece cursos pra quem não sabe nada e pra quem-não-sabe-quase-nada, nos níveis intermediário e avançado, em grupos etários: baby class, adolescentes, adultos, adultos chatos e adultos tão chatos que só conseguem ter aula particular. Estou inscrita no baby class.

    Mudei...

    ... minha mensagem do perfil; aquela que tenta resumir quem é o blogueiro, essa pessoa igual a todos os outros milhões de blogueiros, mas que há de ter uma particularidade, e foda-se.

    Definir ou rotular alguém é ridículo, por definição, mas quando se trata de se definir, é ainda mais patético: é orkut. Pra dizer o mínimo. Estou tentando limitar os palavrões a dois por post, mas tá foda. "Foda", palavrão repetido: então foda-se: repetido de novo.

    Foi assim que troquei o efusivo auto-clichê "A minha saúde mental é perfeita, eu não nego amor nunca!" pelo mote mais realista, atual e pé no chão: "Digas-me quem sou, e eu te mandarei à merda."

    Básica. Dei meu recado. Doravante, que só quero ferimentos leves e meu superego está à solta, eu não respondo por mim.

    Só quero ferimentos leves.

    Hoje "conversei" no skype com uma amiga adorada, salve-salve, que mora num reino tão-tão distante. Ela me encheu de boas notícias: está se mudando pra uma casa maior porque vai partir pro segundão (filho), seu irmão vai ser papai, too, a filha vai linda, o casamento bem, obrigada, tudo lindo e maravilhoso, e, de repente -- e não mais que de repente --, eu me toquei de que ela era a primeiríssima pessoa, em muito tempo, que só tinha boas notícias pra dar. Não tinha nem um tom de "ah, a vida é uma merda, mas vamos levando" ou "tá foda, má vamu-ki-vamu". Ela era pura e simplesmente: "tudo bem, tudo zen, meu bem".

    Fiquei chocada.

    Aí ela perguntou da minha vida. Eu tive vergonha de tocar a real, mas toquei, que pra amigo a gente não mente. Fiz um breve retrospecto dos últimos dois anos. Estou esgotada disso. É muita ferida, muita gangrena, muito câncer e muita doença terminal. Depois dessa conversa, onde contrastaram peso X leveza, percebi que chega: doravante, só quero ferimentos leves. Chega de feridas que não fecham, de sangramentos que não estancam e dessa hemorragia aórtica de lamúrias agonizantes. Chega de ler jornal, de discutir sobre os mortos da Virgínia, do tráfico e do trânsito. Só quero ferimentos leves.

    No máximo, um papinho sobre cinema nacional. Que o cheiro do ralo.com.br está em nós. É só a gente inspirar profundamente, que ele estará lá. Cabe a nós fazer as vezes do bombeiro hidráulico que destruirá a porra toda ou eleger um pato-purific paleativo pra se livrar do fedor.

    terça-feira, abril 17, 2007

    Frase do dia

    Não sou dada ao orgulho de autor, que olha a própria obra -- seja ela um poema, um post ou um mega cocô encaracolado sem um trinco de falha, depositado solenemente no fundo de um vaso sanitário -- e se admira: ó, isto é realmente incrível! Mas hoje eu escrevi algo do que me orgulhei -- mais pelo contexto, do que pela frase em si:

    Só escrevo porque acho divertido, que se fosse líquido eu bebia, e se fosse sólido eu cagava.


    O contexto era: por favor, pessoas crédulas e crentes em geral: este blog não é meu querido diário. Querido diário de cu é rola. Esta mulher de 33 ou 34 não sou eu: mulher de 33 ou de 34 de cu é rola. Nada aqui é real, e qualquer semelhança com a realidade é mera infelicidade. E das semelhanças, só quem sabe sou eu. Minha vida, só quem vive sou eu. Vocês, claro, podem e devem viver a vidinha de vocês. Cada um com seu cada um.

    domingo, abril 15, 2007

    O esporte é meu pastor, e nada me faltará.


    Arrumei um sucedâneo de marido. Ele não é muito sociável, não gosta de beber e nem de sair à noite. Acorda às 6h todos os dias, e pra ele não existe diferença entre domingo e terça: todo dia é dia de ralar e acordar cedo. O cara é meio exigente, em todos os sentidos, e não me deixa comer chocolate, coisas gordurosas e enlatados, em geral. Em compensação, dá no couro legal: tem dias que ele me faz dar 15 sem sair de cima. Eu sempre acho que vou morrer, claro, mas no dia seguinte eu quero mais! Só que ele impõe um recesso de 24h. Não é ciumento: deixa que eu o troque por outro dia sim, dia não. Aliás, ele até exige isso pra poupar meu pobre esqueleto de lesões irreversíveis. Com tanta generosidade, um dia vou me tornar triatleta, pois já estou correndo e pedalando bem, e natação eu pratiquei dos 4 aos 24: é só retornar.

    Eu nunca achei que fosse me realizar em algum esporte, mas definitivamente estou empolgadíssima com o treino para a meiúca do Rio. Culpa do Lau, que me apresentou às maratonas. Fiz minha inscrição pra meia (maratona) deste ano, meu marido rigoroso até o dia 24 de junho, e estou empenhadíssima: a partir desta semana, meu menor treino terá 8km, mas minha planilha prevê corridinhas de até 16km: duas voltas e tal na Lagoa. A O2 virou minha revista de cabeceira e, na minha cabeça megalomaníaca, já estou planejando até correr a marotona de Lisboa ou Paris ou NYC no ano que vem. Qualquer maratona é um bom pretexto pra passar meses economizando (evitar a naite e suas bebedeiras é um puta alívio no bolso do contribuinte) e emagrecendo. A corrida, quando levada a sério, seca um ser humano adiposo em poucas semanas. Mais dois meses assim, e vou economizar em cremes e massagens anticelulite pro resto da vida.

    Eu sei, vocês vão dizer: corridas não fazem filhos nem fotos de casamento na sala. E eu serei obrigada a replicar: mas não falam merda, não mentem que vão ligar no dia seguinte, não têm medo de mulheres com M maiúsculo e ainda dão mais prazer que a maioria dos homens mezzo imbecis, mezzo metrossexuais, que são praticamente os únicos que sobraram nessa xepa de bofes solteiros ou descasados que não dão a bunda como primeira opção.

    Talvez eu esteja correndo só pra fugir do apocalipse: afinal, o efeito estufa taí, o papa nazista vem aí, e eu começo a cogitar se não é muita loucura querer ter filhos com um débil mental qualquer, só pelo prazer de parir (já que um dos principais sintomas do apocalipse é o desprezo pelos machos de nossa espécie, um desprezo crescente que não é só meu, é geral), ainda mais num mundo doido como este. Hoje me deu um desespero tão grande, que eu pensei: prefiro me fuder assim no Quebec, que pelo menos lá não há densidade populacional pra que testemunhem o naufrágio da minha fé no futuro da Humanidade.

    Vou correr pra esquecer. É como qualquer outro vício, só que faz bem.


    Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
    Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
    Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
    Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade.

    Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
    Que são crianças e são trágicas e são belas
    Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
    E que têm a única emoção da vida nelas.

    Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
    Ter piedade de si mesma e de sua louca mocidade
    E outra, à simples emoção do amor piedoso
    Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.

    Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
    A vida fere mais fundo e mais fecundo
    E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
    E a loucura reside nesse mundo.

    (Trecho de Elegia Desesperada, do Poetinha)

    sexta-feira, abril 13, 2007

    Obrigada, admirador(a) anônimo(a)!

    Niki eu estou colocando minhas finanças em dia, e eu acredito que levarei mais algumas semanas pra pôr em ordem o que está fora de lugar há 2 anos, eu tenho um reencontro fantástico com meu cartão de senhas eletrônicas do Banco Real e, já que o internet banking é de graça mesmo, entrei lá pra ver a real situação da minha conta nos últimos 90 dias.

    Não sei se os bancos de todos vocês padecem da mesma insensibilidade do meu, que, pra constranger o cliente, grifa todos os débitos em conta em vermelho, deixando só saldo e um ou outro crédito solitário em preto. Pro meu horror e choque, eis que eu me deparo com um extrato flamenguista típico: pobre, mas limpinho, e bem mais rubro do que negro (porque o vermelho é a cor da paixão!). Como o que passou, passou, e quem vive de passado é museu, dei uma de Pollyanna Moça, que é o único alter-ego que me protege do suicídio nessas horas, e verifiquei, naquela maldita lista avermelhada de cinco páginas, o que eram aquelas coisinhas simpáticas, em preto. Pois não é que no dia 09 de abril de 2007 -- por coincidência ou não, um dia depois d'eu ter postado aqui o número da minha conta*--, constava um depósito em cheque de vinte reais?! E o que é melhor: o cheque tinha fundos!!!

    Perguntei pra minha mãe e pro meu pai se eles estavam expiando seus pecados com cheques em minha conta, ao que eles disseram que "claro que não, sua ridícula". E ainda falaram mal da minha analista, como é típico (a culpa é sempre imputada ao pobre do analista, que afinal desbloqueia o super ego do contribuinte pro bem e pro mal).

    Matutei por uns instantes e fiz uma detalhada lista de todos os suspeitos amigos caridosos semiduros (ah, sim, que se fossem duros, teriam cagado; e se fossem ricos, teriam depositado mil, e não vinte!) que poderiam, porventura, depositar vintão assim, distraidamente em minha conta. Noves-fora-zero, concluí que meus amigos são equilibrados demais (com duas ou três exceções que não estavam entre os suspeitos) pra depositar um cheque de vinte reais na minha conta, até porque eu sou a única pessoa no planeta que descobriu só este ano que se paga uma taxa absurda na emissão de um cheque inferior (inferior a quem, cara pálida?).

    Como ninguém me devia nada do dia 9 em diante (muito pelo contrário!), e como eu nãoacrediteinosegredo.com.br, que é um filme de auto-ajuda auto-repetitivo que passa duas horas dizendo que é só pedir, que o Universo dá, Sherlock Van Homes chegou à brilhante conclusão de que algum leitor benfeitor -- ou talvez até meu gerente querido do Real, que me viu chorar como uma heroína de novela mexicana -- fez uma caridadezinha pra cima de moi. A essa pessoa boa, de coração puro, alma elevada e espírito evoluído (desculpe a redundância, mas sempre me faltam adjetivos quando eu puxo o saco de alguém), o meu sincero muito obrigado! Fique à vontade pra depositar todo mês, tá bem, meu amor?

    Ó, pode parecer que estou mudando de assunto, mas não estou: eu vi OCheirodoRalo.com.br ontem (sorry, Marina, mas eu vejo de novo quando você voltar!) e tive uma idéia excelente pra ganhar dinheiro: eu posso mostrar minha bunda! Quando eu vou à praia, eu mostro e não ganho nada com isso, então não custa nada oferecer uma rápida visão da minha região glútea em troca de dinheiro. Se algum leitor pervertido tiver interesse em ver minha bunda ao vivo e em cores, é só trazer dinheiro o suficiente pra eu cobrir meu cheque especial (é só um valor simbólico, o que importa é a arte, a entrega e a poesia do ato de mostrar a própria bunda em troca de dinheiro) e se apresentar, aqui em casa, ao meu pai e ao meu irmão, que são as melhores pessoas do mundo pra tratar de tarados com requintes de crueldade.

    Os tarados que sairem daqui fraturados e com olho furado (há bundas que furam o olho só de se pensar nelas) estarão automaticamente proibidos de voltar, que na minha casa nós somos todos sádicos, mas temos horror a masoquistas.

    * Pra quem não viu o post com minha conta do Real, seguem novamente os dados para depósitos de origem, datas e valores randômicos: ag 0454-5, cc 6710686-6. Esta é minha conta Real de verdade, gente, mas nem adianta tentar hackear, que ela está no osso! Tentem alguma coisa com a conta do filho do Lulla ou dos Secretarios Municipais investigados por improbidade administrativa em convênios misteriosos. Essa galera, sim, tem mais entre o contracheque e a Terra do que supõe nossa VanOr filosofia.

    quinta-feira, abril 12, 2007

    Diálogo insólito 3

    Uma mulher de 34 e um cara de 43. Idades espelhadas, amigos há 2 anos, nunca tinha rolado nenhum clima, e de repente ela vira pra ele, entre um espumante e um Irish coffee, e manda:


    Ela: Aê... você toparia casar comigo?

    Ele: Ha, ha, ha. E por que eu me casaria contigo, lindinha? A gente se dá tão bem!

    Ela: Por isso mesmo. Sejamos racionais: 1) a gente se dá tão bem; 2) você é gostoso e todo durinho, eu sou gostosa e toda durinha, mas, por outro lado... 3) a gente tá ficando velho: daqui a pouco, tudo cairá e só nos restará a xepa humana.

    Ele: É, isso é verdade. O tempo passa...

    Ela (continuando): 4) Como eu não sou apaixonada por você, nem você por mim, nunca teremos ciúme um do outro: você vai poder comer a vagabunda que quiser, e eu vou poder dar pra quem eu quiser também. Mas não vou, porque tenho princípios e mêda de doença venérea.

    Ele: E pra que casar assim? Cadê seu romantismo?

    Ela: Meu querido, eu acredito no amor tanto quanto em Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa.

    Ele: Ah, mas eu queria casar apaixonado...

    Ela: Querido, me ouve bem, olha pra mim: es-que-ce! Isso nunca vai acontecer. Você não é feito dessa matéria. Você e eu somos cidadãos do mundo! Ninguém amarra a gente, a gente é inteligente demais pra cair nesse golpezinho baixo. Não vamos nos apaixonar, pára de se iludir! Por ninguém. E vamos envelhecer sem casar. Isso pra mim é foda.

    Ele: E por que é tão importante pra você se casar?

    Ela: Ah, eu quero fazer uma festa maluca, com um monge taoísta, fumar uma coisinha orgânica, tirar umas fotos da bagunça e botar num mural na sala; depois sair por aí, usando uma aliança e enchendo a boca de saliva pra dizer: "porque o MEU marido trocou uma lâmpada e-nor-me...", e jogar o cabelo assim, sabe, que nem essas peruas fazem? Só por curtição mesmo.

    Ele: Ah, não. Seu argumento tá fraco. Tem que ter algo mais.

    Ela (tom desesperado): Um filho! Não, quatro filhos! Cinco, com o que você já tem. Eu serei uma mãe exemplar pra eles cinco. Vou viver pras crianças, não vou te pedir pensão quando a gente inevitavelmente se separar, não vou te acordar de madrugada pra ver porque diabos o Junior está gritando... Pensando bem, eu até vou ser uma mãe pra você também.

    Ele coça o queixo e se mexe na cadeira. Evidência corporal inequívoca de que está pensando no assunto seriamente.

    (Um parêntese aqui: por que todo homem quer trepar com a mãe? Isso é foda, heim!)


    Ela: Pára de pensar e deixa de ser egoísta! Você tem um filho e eu quero um filho também. Já chega! Casa comigo, a gente faz umas fotos pra provar pras crianças que fomos casados um dia, porque vai ter um dia que ninguém vai acreditar em casamento, você me emprenha, eu fico feliz da vida, vou esquecer que você existe enquanto estiver ocupada demais com o bebê, você vai ficar carente e achar que se apaixonou por alguém, a gente descasa, você vai lá, quebra a cara e volta pra mim depois de dois meses. (é que quase todo mundo volta pra mim depois de dois meses, mas encontra a porta hermeticamente fechada.) Se a gente combinar que vai ser assim desde o início, se não houver quebra de contrato, eu deixo você voltar. A gente vai ser um casal e tal. Podemos até fazer ménage, suruba, eu juro que não me importo. Desde que as crianças estejam na casa da avó. Da minha mãe, claro. Nada contra a sua. Pelo menos até a gente casar.

    Ele: Sei não... Muito esquisito isso. Muito modernoso.

    Ela: Modernoso é a mulher dar pra quem quiser com a conivência do marido, vamos combinar?!? Porque isso de homem comer quem quiser já está faz parte do contrato nupcial de qualquer noivinha tijucana. Acho apenas justo: direitos iguais. Pense a respeito. Mas pensa logo, que se você não topar até a metade do ano, vou sequestrar alguém num caixa automático e casar à força. Homem algum vai me impedir de realizar o sonho de casar de Tao e grinalda de margaridas!

    A falta que o celular me faz.

    Achei que fosse ser moleza ficar sem celular. Alguns dias antes de me tornar uma mulher pré-paga, meu Motorolinha quebrou. Pra minha sorte ou azar (do meu desapego), Tia Daisy tinha um Motorola Oi encostado, prontificou-se a emprestá-lo, eu aceitei imediatamente (como um bêbado que suga a última gota da garrafa), corri pro computador, repassei os dados do meu quebradão pro emprestadão, e a vida seguiu feliz e despreocupada por algum tempo. Até que eu fiz aquela fatídica ligação de uma hora pro *144 da Oi, dando um basta na nossa relação. Apesar da atendente ter feito de um tudo pra me convencer a permanecer pós-paga, eu fiquei firme e forte, rezei pro meu anjo da guarda e consegui trocar "o céu é o limite" pelos 25 reais mensais que duraram 24h. E no final do último centavo, de tão deprimida, desliguei o celular e fiquei assim, sem minha muleta social, por 4 dias. Criei olheiras, perdi o apetite e pensei em suicídio umas vinte e nove vezes durante todo o feriado.

    Vocês vão dizer: Ah, Vanessa, deixa de drama... É só um celular! Seria pior se você tivesse perdido um pai, uma mãe, um filho ou (bate na madeira, esconjuro!) um peludo! Mas eu estou mal, gente. Meus sinais vitais estão fracos e estou me sentindo paralisada, como se tivessem amputado meu direito de ir e vir, de falar com quem eu quiser à hora que me der na telha. De ligar pra alguém de quem eu acabei de me despedir e dizer: "Ih, menina, não sabe da maior!...", e encarar 40 minutos num 592 como se estivesse me bronzeando numa ilha deserta, cercada de mar azul, coqueiros e surfistas musculosos por todos os lados. Celular é uma máquina de produzir endorfina.

    Nos primeiros dias, confesso que até senti um certo alívio auricular, parecia que minha audição tinha melhorado. Eu não notava, claro, mas vivia com os pavilhões auditivos tampados, ora de um lado, ora do outro (porque celular esquenta a orelha do contribuinte que fala muito). De repente, eu passei a notar que ainda há passarinhos piando nas árvores carcomidas de cupim da cidade; que bicicletas fazem um barulhinho gostoso, e há muitos barulhinhos gostosos ao entardecer. Notei também que é muito desagradável ouvir uma perua na sua frente entrar no 592 aos gritos de "Ih, nem te contei, minha filha!..." e passar os 40 minutos inteiros do trajeto narrando uma história que, se espremida com fúria e força, não renderia nem uma cena de ruim de Malhação. Ainda mais desagradável que a perua fútil que grita ao celular é você querer ouvir passarinhos, crianças saindo da escola, ronco de motor de ônibus, TUDO, menos a voz estridente dessa mocréia nojenta, que quebra sua concentração e te mantém ad nauseum na mesma linha do livro, nos 40 minutos do trajeto.

    Pollyanna Moça até que achou bom fazer uma autocrítica de seus maus hábitos telefônicos. Sua fonoaudióloga sempre dizia -- mas ela não acreditava, porque toda pessoa contente é alienada -- que o celular nada mais é que um microfone e, como todo microfone, amplifica a voz (não precisa gritar, que gritar é feio, gente). Mas a verdade, a verdade única e profunda, é que a gente quer mais é que a Pollyanna se foda, vá ficar contente lá na casinha do caralho e, de lá, me remeta -- sem trocadilhos, que eu tou puta! --, de preferência por SEDEX HOJE, o celular perdido.

    O desespero da abstinência celulárica foi tanto que hoje eu quebrei um jejum compulsório e conversei com meus pais. Estamos há 3 semanas sem nos falar, porque esta é a dinâmica da minha família mezzo italiana, mezzo louca; mas hoje eu puxei assunto e assim, como quem não quer nada, perguntei, mui casual e desinteressadamente, se eles não teriam vontade -- ou um desejo remoto... -- de fazer um pacotão família de telefonia móvel, com larga fartura de minutos, torpedos, roaming, MMS e tudo que uma família feliz tem direito. Fui tão elouqüente, que chorei no meio do meu discurso de apresentação, dizendo que o pacotão aproximaria a gente: afinal, são 250 minutos por mês pra gente se falar DE GRAÇA! Porque, afinal, eu amo meus pais e eles me amam, não há a menor dúvida -- o problema é que a gente não está se comunicando direito, e pra gente se comunicar efetivamente, como todo mundo, a gente precisa poder falar mais no celular. A gente precisa falar mais no celular pra ser mais feliz, mais unido, mais grudadinho, mais (e tome lágrimas pra desenvolver a idéia)... gente, entende?

    ***

    Desculpem, tive de fazer uma pausa pra enxugar os olhos. Foi uma conversa muito difícil e tensa, vocês não têm noção do que eu passei!

    ***

    Meu pai ficou cabreiro, afinal ele teria de trocar seu tijolão e número bicentenário da Vivo por outro número e aparelho ligeiramente menos medonho (mas gratuito) de uma operadora GSM qualquer, porque meu aparelho (GSM) tem garantia estendida até 2008; e, na minha modesta opinião, a Vivo não ficará Viva por todo esse tempo. Ele quase desistiu, pro meu desespero, quando cismou de entender o que diabos é um MMS e pra que serve pacote de dados; sugeriu que parássemos de assinar o Velox por causa do mísero 1 MB/mês que nós 3 ganharíamos se fizéssemos o pacotão, mas eu o confortei dizendo que ele podia ficar despreocupado que eu utilizaria sozinha aquele mega, porque o celular dele é ruim demais pra entender pra que serve isso.

    No final, sentamos na frente do computador, como uma família unida, e escolhemos um pacotão do nosso tamanho e os aparelhos menos medonhos que a operadora dá em troca de um ano de fidelidade. E fomos felizes para sempre. Já faz 25 minutos.

    ***

    Nos dias de hoje, eu não daria nada por um ano de fidelidade. As pessoas são naturalmente infiéis. Tomem-me como exemplo: troco de celular como quem troca de namorado; de provedor de internet a cada décimo terceiro mês; e de idéia -- perche la donna è mobile qual piuma al vento -- sempre que aparece uma melhor. Ou um pouquinho mais obstinada.

    quarta-feira, abril 11, 2007

    A falta que o celular não faz.

    Estou há uma semana sem celular. Ou melhor, há uma semana com celular, só que num esquema pai-de-santo: o aparelho só recebe, mas não dá nada em troca.

    Descobri que um telefone celular que não faz ligações pára de tocar em 4 dias: as pessoas só ligam pra quem liga pra elas. É um orgulho bobo, mas extremamente coerente nesse contexto individualista, capitalista selvagem e Madre-Teresa-de-Calcut-é-rola.

    No sexto dia sem fazer ligações, um ou outro telefonema de trabalho irrompe o delicioso silêncio que o celular moribundo me permite curtir: meu coração dispara quando vejo que o prefixo é de São Paulo, e de repente eu tenho um insight: o BINA tornou o ser humano paranóico. Há várias coisas que eu preferia não saber, como o dia em que vou morrer, o sexo do meu primogênito (eu definitivamente ficaria decepcionada se não fosse menina, mas passar 5 meses sabendo desta merda irreversível iria me transformar numa grávida desgovernada) e se a pessoa do prefixo 11 está do outro lado da linha, puta e engravatada, num escritório climatizado para nativos da Sibéria na Paulista, querendo saber por que raios não recebeu ainda o trabalho que eu prometi pra ontem.

    PORQUE AQUI TEM PRAIA, PORRA! VAI SER RECALCADO ASSIM NO ITAIMBIBI!

    No sétimo dia, deixei o telefone desligado 90% do dia, para condicionar aqueles que ainda insistem em me ligar a só falar comigo em meu confortável ambiente doméstico ou pelo Skype. Vou seguir dando um tratamento de choque nos meus contatos até que todos esqueçam que eu tive um celular um dia. E parem de me mandar torpedos que eu não responderei. E parem de tentar deixar recados na caixa postal que eu cancelei. E que nem sonhem com a possibilidade remota, remotíssima d'eu porventura ter aquele serviço mala sem-alça das operadoras que avisam quem diabos te ligou enquanto você estava meditando, cagando ou dormindo de celular desligado.

    Quando eu medito de celular desligado, eu fico repetindo ad nauseum um mantra para lobotomizar o Universo: quero ser telepata, quero ser telepata, quero ser telepata, não custa nada ser telepata, me deixa ser telepatinha, Seu Universo, pufavô... Cheguei à dura conclusão que a telepatia é a única forma econômica de não perder os amigos; ou seja: sem precisar usar um telefone ou um computador. As pessoas estão muito viciadas em comunicação, perderam a tradição dos tambores, do pombo correio, do correio em si, dos sinais de fumaça... Quantas pessoas vocês conhecem que ainda passam telegrama fora do ambiente de trabalho?

    De minha parte, acho que a comunicação rápida-urgentíssima virou uma espécie de droga altamente viciante. A gente acaba falando mais do que necessário e escutando -- ou o que é pior: se escutando! -- menos do que precisa. Dando voz à Pollyanna moça que mora em toda mulherzinha pós-TPM, eu confesso estar muito contente com a primeira lição que a bancarrota financeira me ensinou: livrar-se do celular é ter um dia 20% mais produtivo e 150% menos estressante. Se você não é japonês, Cora Rónai, presidente de alguma empresa ou médico, jogue esta merda no lixo imediatamente. E tenha fé: sua vida vai melhorar!

    Se não melhorar, procurem o Flávio Felipe, meu gerente do Real, ou minha psicanalista. Seja lá a merda em que vocês se encontrem, eles darão um jeito. Com juros e joelhaços, mas isso é probleminha de cada um.

    domingo, abril 08, 2007

    Coelhinho, se eu fosse como tu...

    A Santa Ceia. No dia em que não-hereges não comem carne, tomamos muito vinho pra compensar a lei da carne-seca. Talvez não exista o termo, mas como visionária, inventei. E foda-se.

    O Povo Brasileiro vigia seu território para manter o Diabo da Tasmânia (ou Taz, ou Black Label) sob controle. Nem precisamos contratar babá pra cuidar do nosso bebê-demolidor: Povo e Radija deram tanta porrada nele, e ele achou tão divertido apanhar, que o filhote canino hiperativo teve uma Páscoa auto-esgotante. Entre os dois meninos, detalhes da lixeira que o Taz destruiu quando o Povo e a Radija estavam dormindo, distraídos.

    Meu afilhado, o Diabo da Tasmânia, me deu um ovo de Páscoa. Mas ele fez questão de morder primeiro. Meu pai fechou o diagnóstico: o pobre animal é subnutrido. Ah, coi-ta-do!

    Na creperia de Itaipava, fazendo hora pra voltar pro rali, eu, Adriana e Daisy.

    Onde tem Princesa Radija, tem nareba investigando todos os detalhes. E caninos arreganhados para eventuais demônios da Tasmânia invasores de território. Descobri o maior talento do Black, aliás: ser um sem-noção: de perigo, de ridículo, de espaço, de limite, enfim, sem noção de coisa alguma. Como a primeira, única e mais fuderosa visionária homologada do Brasil, digo, sem medo de errar, que ele será o líder mundial do MSN (Movimento dos Sem-Noção). Assim que Lula morrer, é claro.

    O nosso amor é lindo. Tão lindo! Nada pode ser mais lindo que um personal peludoterapeuta que faz "Uau!" de manhã, assim que a gente abre o olho por causa do bafo quente da respiração quase boca a boca que ela faz todos os dias, pra checar se a gente está vivo, morto, dormindo ou prestes a preparar seu café da manhã.

    André e Marina, o casal mais fofo (e com as rimas mais insólitas) do planeta.

    Raul-rali-Daisy-son. Meus hiperativos (de formas opostas e complementares) preferidos. O Raul pilota e a Daisy orienta, sem parar de exercer suas funções de go-go dancer e DJ num carro trepidante no limite da náusea. Se depois daquele sacolejo todo ela não vomitou, não desmaiou e nem teve uma convulsão, o estagiário de onze anos e meio da Faculdade de Medicina de Tribobó City (noite) que a atendeu na emergência do Barra D'Or não tem noção do ridículo. Ou seja: labirintite de cu é rola.

    ***

    Esta Páscoa foi super divertida, porque eu mantive a tradição de subir a serra com uma galera bacana. Juntei dois casais queridos e uma amiga nova, bonita, solteira e revoltada contra o gênero humano por causa de uma babaquara qualquer (mas, como eu, está naquele limbo em que nem gosta mais de homens, nem consegue ser evoluída o bastante pra ser lésbica).

    A Marina e o André, que fazem brotar uma sementinha de esperança em qualquer pessoa descrente na reprodução não-acidental de seres humanos no século XXI, estão apaixonados a ponto de dar opilar o fígado de pessoas amarguradas (mas visionários pensam grande: pensam que o mundo só vai acabar depois que eu me casar, por exemplo), passavam o dia fazendo brincadeirinhas fofas de amor. A Marina, pro meu deleite, só se comunicava com o namorado através de rimas inusitadas, como: "Bonitinho, se eu fosse como tu, saía daí onde você tá e sentava aqui do meu lado." Eu sempre ouvia esses versinhos e pensava, cá com meus botões, gargalhando por dentro (e achando tudo muito fofo): amar é perder a noção da rima. E da crítica externa, pra não dizer o óbvio. Obviamente, eu provavelmente não amo ninguém desde batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão, se você me trair ou voltar pra ex, vou cortar teu saco e te fazer comer teus bagos, filho da puta!

    ***

    A fome é o melhor tempero, já dizia a Adriana.

    ***

    Fizemos um rali no sábado à noite. Levamos 1h20 pra fazer Paty-Itaipava. Chegando lá, comemos um crepe, ouvimos uma bandinha local com cozinha e sax bastante honestos, reclamamos da conta exorbitante (básico!) e voltamos pra Miguel Pereira. O Raul, que faz rali há 3 anos, mas estava sem bússola e mapa, só contando com o instinto uterino de 3 mulheres distraídas numa estrada de terra sem placas e bêbados nativos para dar informações desencontradas, decidiu que nossa estratégia para chegar ao destino era seguir a Lua. Seguimos a porra da Lua e nos perdemos algumas vezes por causa disso, pois me parece que, às vezes, essa porcaria de satélite desgovernado muda de lugar. Ou vai pra lugares onde simplesmente não há estrada, nem pra 4x4, nem pra 5x5, nem pra 6x6. Na volta, o rali foi BEM mais fácil, porque decidimos que nos afastaríamos da Lua em vez de persegui-la, e fizemos o trajeto na metade do tempo. Foi uma puta vivência zen-taoísta: o caminho, e não o destino, é o objetivo. E quanto mais fodido o caminho, melhor, mas isto já é o zen-taoísmo dos adeptos de rali. Só fizemos essa loucura de 2h de deslocamento tresloucado, no meio do mato -- eu morta de medo de atropelarmos um cachorro, uma vaca ou uma coruja e ter de trabalhar em pleno feriado -- pelo rally. E foi bom pra melancia!

    ***

    Como a única, primeira e última visionária homologada do Brasil, decreto que doravante a palavra melancia deverá ser usada no lugar de caralho enquanto e a nível de interjeição de espanto, choque, incredulidade e locução adverbial de intensidade. Quem muito caralho diz, muito caralho leva. O Universo tudo ouve e tudo devolve, mas nem sempre onde e quando a gente espera. Sobretudo, nem sempre com equipamento de proteção individual devidamente lubrificado. O Universo, galera, é foda pra melancia. E anotem o que eu estou prevendo antes de qualquer outro charlatão não homologado e não sindicalizado: o Brasil será o maior exportador mundial de melancia nos próximos 6 meses se todos trocarem o caralho* pela fruta.

    Como toda visionária que se preze, já comecei a plantar melancias no meu quintal.


    *É bom observar que estou falando da palavra, e não do dito cujo (e eis que há um abismo de diferença entre caralho, benga, pau, pica, piru, pênis, pinto, pintinho, bilau e bilu, mas isto é assunto pra outro post). Se eu fosse homem, não trocaria meu caralho (se eu fosse homem, defintivamente teria um caralho, jamais um pênis!!!) por uma fruta. Eu, que sou mulher e freqüento sex-shops, sei bem a diferença de preço entre as duas coisas.

    Profissão: VISIO-FUCKING-NÁRIA

    Mudei de profissão, galera. Agora não sou mais tradutora, veterinária, professora, adestradora, consultora, homeopata nem voluntária de porra nenhuma. Sou visionária. Podem mandar cheques com fundos pra minha conta, no:
    Banco Real
    Ag.0454
    Cc 6710686-6


    Eu prometo que não cortarei mais o cabelo no Dudu -- nem quando eu estiver triste, mas triste de não ter jeito! -- , não farei unhas no Crystal, Day-Spa no Nirvana e nem unzinho tratamento estético sequer não-endossado pela ciência para o combate da celulite, às vésperas do carnaval, com essa dinheirinha. Como a primeira visionária homologada do Brasil, eu só vou investir meus cheques caidos do céu na coisa óbvia, certa e garantida: sutiã de titânio no Pitanguy, primavera na Bélgica, outono em Barcelona, verão no Caribe e inverno de cu é rola, que, com dinheiro, mermão, não existe inverno neste planeta para pessoas friorentas, como eu.

    É claro que se eu tiver que trabalhar para ganhar dinheiro (visionários às vezes fazem coisas radicais extremas, como trabalhar honestamente), eu vou contratar a Daisy como minha personal consultora em investimentos fashionistas, meu ex-ex-ex-ex-ex-ex-ex-ex-ex-ex-ex (caralho, ex pra caralho!) namorado como personal consultor em investimentos diversos e, noves-fora-zero, vou passar meus atribulados dias tendo visões maravilhosas do meu dinheiro se multiplicando nesses fundos impossíveis de compreender e acompanhar, mesmo com calculadoras científicas com manuais de 800 páginas (só em inglês). O segredo.com.br é imaginar a coisa crescendo, que tudo o que pedimos pro Universo, o Universo nos dá em dobro.

    Às vezes o Universo troca penny por pênis, mas isto é mero detalhe. Tamanho não é tudo na vida, Universo. Agora, eu quero é dinheiro. Sou visionária, caramba! E, como uma visionária honesta, eu não poderia querer outra coisa.

    Quem quiser me contratar como visionária, independentemente do que isso queira porventura dizer (eu me homologuei antes de descobrir, que o mais importante de ser visionário é ser na frente dos outros), favor ligar para 21-83044167. O telefone, já vou avisando, só recebe ligações e cheques, mas não dá nada em troca. Há pais de santo que fazem pior e ganham mais do que eu.

    ***

    Maldita revista de domingo do Globo: eu estava de olho num fusca bicolor de vermelho com branco, encalhado na Barão da Torre há séculos, e foi só a revista de hoje dizer que o "fusca bicolor está na moda, nhenhenhém", que o preço do veículo 77, fodido e estropiado pela maresia, triplicou da noite pro dia. É uma merda ser visionária e só se fuder. Eu devia ter comprado o fusca antes da matéria, mas não vou mandar o Universo tomar no cu, senão ele vai me mandar tomar no cu em dobro. E isso não é bom pra carreira de nenhum visionário de respeito.

    E por falar em menstruação...

    ... não há nada mais anticlímax que um mega-ultra-absorvente noturno super-hiper maxi grande para mulheres de fluxo intenso.

    Não posso afirmar com certeza, mas acho que o Yorkieshire Terrier que faz uma ponta no filme é o Sushi, da minha irmã. A bunda, garanto, não é dela.

    quinta-feira, abril 05, 2007

    A mulher pré-paga

    Meu nome não é Sybill, não tenho múltiplas personalidades e nem sou bipolar. Acho importante começar este post assim, cagando esclarecimentos, pra que vocês entendam, claramente -- e se tem uma coisa que eu tenho, é paciência pra explicar -- que rótulo de cu é rola.

    ***

    Sentindo a barra pesar pra cima do meu cheque especial, sentei minha volumosa bunda na cadeira, fiz umas contas de soma e subtração (mais subtração que soma, na verdade), tudo na calculadora científica, a invenção mais complicada e MBA-friendly do século passado, e percebi que estou num beco sem saída. Num mato sem cachorro. Mais fodida que cego em tiroteio. Mais soterrada que pobre em desabamento. Os últimos meses, talvez anos, de gastança me levaram à bancarrota. E o pior é que, agora, nem carro eu tenho pra vender. Nem cabelo! Tem gente que vende cabelo e se dá bem com isso, mas se eu corto (e no Dudu!!!, vai se fuder, sua perdulária loooooouca!) sempre que fico triste, assim como compro um vestidinho sempre que fico triste, e eu fico triste com uma certa freqüência, como vocês já devem saber, nem cabelo eu tenho pra vender. (mas talvez tenha vestidos, o que pode ser uma boa idéia...)

    Abri um grupo de auto-ajuda, os Perdulários Anônimos Ex-Clientes do Crystal Hair (PAEC-K-to go-CHair-ity). Não sei se pelo nome longo, não sei se pelo estrangeirismo (eu perco o grupo de auto-ajuda, mas não perco a piada), ou porque perdulário nunca é anônimo, de fato, pois está sempre sobrecarregado de sacolas de compras, mas o grupo não obteve o quórum mínimo pra começar a se ajudar. Então eu tive de me virar sozinha, até porque eu conheciosegredo.com.br e compreendi claramente que não adianta esperar cheques chegando na minha caixa postal: isso só acontece com gente cuja profissão é "visionário" (what the fuckity fuck is this?!?) ou pessoas feias, bobas, repetitivas e com dentes medonhos em geral.

    Meus dentes são bonitinhos, mas eu não vou vendê-los.

    Então, muita calma nessa hora, fiz uma lista das despesas a cortar:
    1. Celular. Depois de passar uma hora pendurada no *144 da Oi, uma verdadeira maratona zen-taoísta que só ganha quem conseguir não gritar ou falar palavrão depois de 45 minutos de gerundismos e "aguarde só mais um momento, por favor", consegui passar do Oi Roubo Total pro Oi Controle, que me "dá" 25 reais por mês pra gastar em ligações, torpedos, etc. De ontem pra hoje, nas primeiras 24h do plano, gastei quase R$21. É um treinamento de choque, como os acampamentos militares de sobrevivência na selva: a cada ligação que eu faço, recebo um torpedo da Oi dizendo: "Oi, você gastou R$1,04. Seu saldo é R$3,72. Obrigado." Minha vontade é escrever de volta, dizendo: "Oi, seu bandido vigarista de merda. Você cobra 0,52 centavos por minuto e ainda diz 'obrigado'? Ah, me deixa em paz! E vai se fuder!!!" Mas em vez disso, eu respiro fundo, penso na serenidade do Fran, meu guru, conto até 10 e desenvolvo meu desapego do celular. Eu não nasci com celular, não preciso de celular e tudo bem, ficar sem celular. Mas "Oi" de cu, gente, é rola. Evitem a palavra "oi" comigo nos próximos 6 meses, por favor. Digam ei, olá, hola, hey, hi, ciao, iiiii-ha, coé, "ó o auê aí, ô", tudo!, menos "oi". Eu posso arrancar os olhos de vocês em questão de segundos. O tratamento do perdularismo, como qualquer outra crise de abstinência, deixa o ser humano deveras estressado. Estressadíssimo.
    2. Amex. Picotei em pedacinhos tão minúsculos, que nem a Estamira vai conseguir saber com que letra começa meu nome. Foi bastante terapêutico usar a tesoura de ponta com requintes de crueldade num plástico maldito que mente sobre milhagem.
    3. Manicura e pedicura. Agora quem cuida das minhas unhas, sou eu. La garantía, soy yo! E eu tenho certeza absoluta que eu nunca vou pegar hepatite C fazendo minhas próprias unhas, com o meu próprio material.
    4. Cosméticos. Descobri, pra minha sorte e graça, que tenho alergia de contato a propilenoglicol e bicromato de potássio. Ou seja: sou alérgica a quase todos os cosméticos, do xampu ao creme de celulite, passando pelo La Roche-Posay para o contorno de olhos e as sombras e máscaras da MAC. Ufa. Um terço das minhas despesas abusivas terminam aí. Serei uma mulher pré-paga in natura. Quase uma boa selvagem, ou uma selvagem boazuda de cara lavada.
    5. Personal esotéricos. Chega de Greg, revolução solar, sinastria e caboclas jupiras. Serei, eu mesma, a minha própria visionária, o que quer que seja isso. Nos EUA, isso até dá dinheiro e rende filmes ridículos de auto-ajuda. O que me leva ao item 6:
    6. Cinema. Nunca mais verei filmes americanos ou americanóides que não sejam do Woody Allen. Não valem à pena.
    7. Teatro. Vá ao teatro, mas só nas peças que derem 50% de desconto do Globo. Senão, não me chame.
    8. Cachaça. Farei uma lista de botecos que aceitam Smart VR em qualquer horário, que quem enche a cara na hora do almoço tá mais dodói que eu. Na hora do almoço, eu vou comer minha personal marmita, como qualquer trabalhador honesto do Brasil (ha ha ha, nunca fui tão hipócrita quanto agora);
    9. Tênis de corrida. Quando meu Mizzuno Wave Creation 7 se desintregrar, vou correr descalça na areia. E ainda ganharei coxas de fazer inveja àquele baixinho que não consegue emplacar o milésimo gol. Talvez ele morra antes, coitado, afinal está bem velhinho, mas eu não torço por isso (só porque ele troca de camisa como eu troco de namorado), porque agora sou uma pessoa totalmente Tao, de pensamento elevado.
    10. Namorado. Chega de namorado duro, do tipo "Ih, tô sem cheque, paga a minha e amanhã eu deposito?", querendo dizer: "Amanhã será outro dia e minha memória é curta." Daqui pra frente, só namoro caras com seu próprio talão de cheques e Smart VR, que não tá fácil pra ninguém.
    Eu tenho fé na minha política de contenção de despesas, e como a primeira visionária homologada do Brasil, sei que até junho terei saído dessa lama. Mas rezem por mim, que não custa nada e ainda cataliza a concretização do Segredo.

    Aliás, O Segredo de cu, bem cá entre nós (ninguém precisa saber, é segredo)... é rola! Mas isso, acho que todo mundo já sabia.